Impeachment | A Construção do Povo Brasileiro
e lá vai o vídeo da treta no Canal do Pirula:
https://www.youtube.com/watch?v=wYQ-GdtydZY
Compreender o que vem acontecendo na política e na economia brasileira tem se mostrado uma tarefa quase que impossível. Isso porque a crise em que nós nos encontramos é, acima de tudo, uma crise ideológica.
E na tentativa de entender melhor que crise ideológica é essa, o episódio de hoje vai tratar sobre uma questão fundamental: a formação do povo brasileiro.
Antes da gente começar nossa análise eu queria deixar claro que definir o perfil sociológico da população brasileira é simplesmente impossível. O que a gente vai criar aqui é uma narrativa, baseada na história do Brasil, cujo objetivo é elucidar alguns pontos importantes de nossa trajetória.
Infelizmente não abordaremos muito do Brasil antes da conquista pelos portugueses. Não entendam isso como desconsideração por esse período, no fundo é apenas uma escolha estratégica feita por conta do recorte específico que queremos comentar.
Dito isso, vamos ao que interessa.
Em 1500 a expedição de Pedro Álvares Cabral chegou ao território que posteriormente seria conhecido como Brasil, não vou nem entrar no mérito se ele queria ter chegado até aqui ou se foi um desvio acidental, o fato é que ele veio e tomou posse da terra em nome do rei de Portugal, na época era o Manoel I.
Não sei se vocês sabem, mas desde 1494 estava valendo um tal de Tratado de Tordesilhas que dividia as terras “descobertas e por descobrir” entre o Reino de Portugal e o recém-formado Reino da Espanha, e olha que isso tudo tinha o visto do papa Alexandre VI.
Voltando ao Brasil.
Esse primeiro contato dos portugueses com o futuro Brasil se deu na costa da Bahia. Lá eles travaram contato com índios Tupi, não ao exato qual tribo, e aprenderam algumas coisas sobre o que rolava aqui. O escrivão da frota, Pero Vaz de Caminha, tomou nota dessas impressões e em uma carta dirigida ao rei relatou o episódio vivido.
Em linhas gerais o que ele escreveu foi o seguinte:
Os nativos são subdesenvolvidos, com tendências a submissão e precisam ter suas almas salvas pelo cristianismo. Ahhh, a terra tem valor.
Mas por que eu estou dizendo isso?
Essa carta não é nem de perto um retrato fiel do que os portugueses realmente encontraram, mas ela diz muito sobre como eles queriam que enxergassem o novo continente.
Nascemos perante o mundo ocidental como um pedaço de terra a ser explorado. Será que isso mudou?
Enfim, durante um tempo não rolou muita coisa por aqui, já que o real interesse de Portugal estava nas Índias Orientais. Então foi aquele esquema: umas feitorias aqui, outras ali, uns escambos (é bem nessa época que vigorava a exploração do pau-brasil, uma árvore cujo tronco servia para a produção de uma tintura vermelha utilizada na região de Flandres, nos Países Baixos, para tingir tecidos; aliás, o nome Brasil veio desse produto, sim Brasil é o nome de um produto), umas missas...
Como o negócio ia devagar o rei Dom João III decidiu mudar as coisas. Ele instituiu o regime de capitanias hereditárias (hereditária significa que é passada de pai para filho). Essas capitanias eram basicamente um pedaço de terra gigantesco concedidos a donatários incumbidos de colonizar, proteger e administrar aquela região. Por outro lado, eles podiam explorar os recursos naturais da região.
Por mais que esse sistema não tenha dado muito certo, apenas as capitanias de São Vicente e Pernambuco deram certo, ele deixou profundas marcas culturais.
Durante mais da metade da nossa história faixas enormes de terra foram administradas por famílias, que por sua vez cediam porções menores de terra para outras famílias conhecidas (olha o nepotismo aí gente), que por sua vez arrendavam a terra para outras famílias e por aí vai...
Toda a tradição latifundiária e cheia de apadrinhamentos começou e se institucionalizou aí. Nessa fase nebulosa de nossa história...
Acontece que quando os portugueses perderam o domínio das rotas marítimas orientais para os ingleses e holandeses, estes principalmente, o Brasil passou a ter um papel bem importante na agenda de Portugal.
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Compreender o que vem acontecendo na política e na economia brasileira tem se mostrado uma tarefa quase que impossível. Isso porque a crise em que nós nos encontramos é, acima de tudo, uma crise ideológica.
E na tentativa de entender melhor que crise ideológica é essa, o episódio de hoje vai tratar sobre uma questão fundamental: a formação do povo brasileiro.
Antes da gente começar nossa análise eu queria deixar claro que definir o perfil sociológico da população brasileira é simplesmente impossível. O que a gente vai criar aqui é uma narrativa, baseada na história do Brasil, cujo objetivo é elucidar alguns pontos importantes de nossa trajetória.
Infelizmente não abordaremos muito do Brasil antes da conquista pelos portugueses. Não entendam isso como desconsideração por esse período, no fundo é apenas uma escolha estratégica feita por conta do recorte específico que queremos comentar.
Dito isso, vamos ao que interessa.
Em 1500 a expedição de Pedro Álvares Cabral chegou ao território que posteriormente seria conhecido como Brasil, não vou nem entrar no mérito se ele queria ter chegado até aqui ou se foi um desvio acidental, o fato é que ele veio e tomou posse da terra em nome do rei de Portugal, na época era o Manoel I.
Não sei se vocês sabem, mas desde 1494 estava valendo um tal de Tratado de Tordesilhas que dividia as terras “descobertas e por descobrir” entre o Reino de Portugal e o recém-formado Reino da Espanha, e olha que isso tudo tinha o visto do papa Alexandre VI.
Voltando ao Brasil.
Esse primeiro contato dos portugueses com o futuro Brasil se deu na costa da Bahia. Lá eles travaram contato com índios Tupi, não ao exato qual tribo, e aprenderam algumas coisas sobre o que rolava aqui. O escrivão da frota, Pero Vaz de Caminha, tomou nota dessas impressões e em uma carta dirigida ao rei relatou o episódio vivido.
Em linhas gerais o que ele escreveu foi o seguinte:
Os nativos são subdesenvolvidos, com tendências a submissão e precisam ter suas almas salvas pelo cristianismo. Ahhh, a terra tem valor.
Mas por que eu estou dizendo isso?
Essa carta não é nem de perto um retrato fiel do que os portugueses realmente encontraram, mas ela diz muito sobre como eles queriam que enxergassem o novo continente.
Nascemos perante o mundo ocidental como um pedaço de terra a ser explorado. Será que isso mudou?
Enfim, durante um tempo não rolou muita coisa por aqui, já que o real interesse de Portugal estava nas Índias Orientais. Então foi aquele esquema: umas feitorias aqui, outras ali, uns escambos (é bem nessa época que vigorava a exploração do pau-brasil, uma árvore cujo tronco servia para a produção de uma tintura vermelha utilizada na região de Flandres, nos Países Baixos, para tingir tecidos; aliás, o nome Brasil veio desse produto, sim Brasil é o nome de um produto), umas missas...
Como o negócio ia devagar o rei Dom João III decidiu mudar as coisas. Ele instituiu o regime de capitanias hereditárias (hereditária significa que é passada de pai para filho). Essas capitanias eram basicamente um pedaço de terra gigantesco concedidos a donatários incumbidos de colonizar, proteger e administrar aquela região. Por outro lado, eles podiam explorar os recursos naturais da região.
Por mais que esse sistema não tenha dado muito certo, apenas as capitanias de São Vicente e Pernambuco deram certo, ele deixou profundas marcas culturais.
Durante mais da metade da nossa história faixas enormes de terra foram administradas por famílias, que por sua vez cediam porções menores de terra para outras famílias conhecidas (olha o nepotismo aí gente), que por sua vez arrendavam a terra para outras famílias e por aí vai...
Toda a tradição latifundiária e cheia de apadrinhamentos começou e se institucionalizou aí. Nessa fase nebulosa de nossa história...
Acontece que quando os portugueses perderam o domínio das rotas marítimas orientais para os ingleses e holandeses, estes principalmente, o Brasil passou a ter um papel bem importante na agenda de Portugal.
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