"A escola francesa amplia as desigualdades sociais"

  • há 8 anos
O veredito caiu mal: um relatório revelou que a França é o país da OCDE com mais desigualdades sociais nas escolas. Apesar de décadas de políticas específicas, como as “zonas de educação prioritária”, o balanço não é definitivamente o mais favorável. O Insiders foi tentar saber porquê.

A ajuda que os estudantes recebem na Escola Jean Moulin em Marselha não vem apenas dos professores. A maior parte dos alunos recebe bolsas de estudo. Esta escola do ensino básico situa-se num dos bairros mais desfavorecidos da cidade. O sistema francês delineou um nome para este tipo de contextos: zona de educação prioritária.

“O ponto essencial é que temos turmas com menos alunos. Numa escola comum, as turmas podem ter 27, 28, 29, 30 estudantes. Aqui, o limite é de 24. É mais confortável assim. Também implementámos grupos diferentes de acordo com as necessidades, ou seja, separamo-los por competências. Em duas turmas, há três grupos de competências”, diz-nos Arnaud Sallaberry, professor.

A “educação prioritária” foi criada em 1982 para tentar colmatar o impacto das desigualdades sociais sobre os alunos dos meios carenciados. Em 2015, a política foi alterada para redistribuir os apoios pelas escolas mais problemáticas.

O diretor da Jean Moulin, Dominique Duperray, afirma que “antes da reforma, só cerca de 40% dos nossos alunos passava nas provas finais do 3° ciclo e, desses, só metade é que continuava no ensino secundário. Hoje em dia, a taxa de sucesso passou para 70% e normalmente todos eles continuam a estudar, seja no secundário, seja no ensino profissional. Isto significa que esta possibilidade de termos mais meios graças à educação prioritária – e ao empenho das equipas que estão a criar métodos pedagógicos inovadores – permite, de facto, melhorar o percurso escolar dos alunos”.

Aqueles que o ranking não surpreendeu

Mas nem todas as escolas podem dizer o mesmo. A verdade é que, de acordo com um relatório recente, a França é mesmo o país da OCDE que regista mais desigualdades em termos de Educação.

[#Inégalités à l'école]
Découvrez le rapport Cnesco : mesure de l'ampleur et de l'accumulation des inégalités
>> https://t.co/x8zdgSuOet pic.twitter.com/Y2wSgTtG1Y— Cnesco (@Cnesco) 27 de setembro de 2016


Uma em cada cinco crianças francesas frequenta uma escola do ensino básico localizada numa zona de educação prioritária. Há cerca de 9 mil estabelecimentos destes em todo o país. Desde que o relatório foi publicado, o acesso da comunicação social às escolas tornou-se difícil.

A escola primária Marie Curie situa-se em Bobigny, nos arredores de Paris. Não fomos autorizados a filmar no seu recinto. Propusemos então à diretora, Véronique Decker, falar connosco no exterior. Esta escola é considerada prioritária. Mas os apoios suplementares, diz-nos Decker, não se fazem quase sentir. Aqui todos os alunos vêm de famílias de imigrantes que vivem em alojamentos sociais. O ranking do seu país no célebre relatório não a surpreende.

“Não há igualdade