Resumo do primeiro turno do Somos Futebol 2017 - Tite, Bielsa e Capello

  • há 7 anos
A 2ª Semana de Evolução do Futebol Brasileiro foi iniciada na manhã desta segunda-feira (8), na sede da CBF, no Rio de Janeiro (RJ), com a palavra do técnico da Seleção Brasileira, Tite, que abriu as palestras para um auditório lotado de treinadores, ex-jogadores, representantes de Confederações e Federações, demais profissionais ligados ao futebol e membros da imprensa. Todos acompanharam atentamente os conceitos táticos, lições de jogo e correlações com o passado. O argentino Marcelo Bielsa, ex-técnico das seleções chilena e argentina, veio na sequência. Com a já conhecida irreverência, o treinador interagiu com a plateia e falou bastante sobre as variações táticas de acordo com as diferentes situações de jogo. O italiano Fabio Capello, ex-treinador das seleções italiana e russa, encerrou o ciclo de palestras da manhã. O profissional falou sobre os diferentes estilos de jogo utilizados em cada país e falou bastante sobre a própria carreira.

Finalizando o período da manhã deste primeiro dia da 2ª Semana de Evolução do Futebol Brasileiro, os três treinadores subiram ao palco com o tetracampeão mundial Carlos Alberto Parreira e o ex-jogador e comentarista da TV Globo, Caio Ribeiro, e realizaram uma roda de conversa. Os profissionais debateram sobre diversos temas do futebol e responderam perguntas de jornalistas e participantes.

Tite: inspiração e conceitos

O comandante da Seleção Brasileira falou sobre as inspirações que teve ao longo da carreira, revelou encantamento com a equipe canarinho de 1982, mostrou lances da época e fez comparações com os dias de hoje. Quando entrou no tema conceitos, jogadas e saídas de bola de grandes equipes do futebol mundial ilustraram estratégias defensivas, ofensivas e de transição. Para ele, tudo passa por três pilares: conceito, metodologia e gestão. Na hora de explicar como lida no relacionamento com jogadores no dia a dia, o profissional contou causos e passagens da carreira. Em um dos momentos mais importantes de seu discurso, Tite fez um apelo em nome da classe no país.

– Quero ratificar mais um conceito meu. Há uma supervalorização do técnico no Brasil. Somos supervalorizados. Não me ilude o fato de estarmos classificados, termos vencido as nove partidas. Ficam falando: 'ele é o cara...' Não é! É um conjunto todo que tem responsabilidade na estrutura. Da mesma forma, esse mesmo cara passa a ser criticado depois. Gostaria de viver no país que ganhasse menos, mas que tivesse mais estabilidade. Ficamos num clube em média três meses. Na Inglaterra, a média é 16 meses, segundo um livro que eu li. Não queremos superexposição, aparecer demais na mídia, queremos trabalhar mais – destacou.

Marcelo Bielsa: variações táticas

O treinador argentino arrancou risadas do início ao fim nos expectadores. Com ênfase na parte tática do futebol, o profissional destacou que existem dez diferentes formas de armar uma equipe e explicou a funcionalidade de cada uma delas. Bielsa fez distinção entre um esquema de início de partida e os momentos de jogo, destacando as variações táticas de acordo com defensividade e ofensividade. A Seleção Brasileira de Tite foi utilizada como exemplo pelo argentino, que destacou a flexibilidade da equipe e pediu licença a Tite para mexer no time. Com a experiência de alguém que acompanhou "mais de 50 mil jogos de futebol em 40 anos", Marcelo Bielsa focou na grande mudança nos conceitos táticos que vem ocorrendo.

– Os grandes times podiam mudar os esquemas táticos com os mesmos jogadores. Hoje temos o plano B. Cresci com a ideia de que se o jogador é bom, é possível mudar o esquema com os mesmo atletas. E não dá para falar de tática sem falar dos jogadores que vão exercer as funções – afirmou.

Fabio Capello: importância das identidades táticas

Seguindo a linha de Tite e Marcelo Bielsa, o italiano também abordou conceitos táticos, com ênfase maior para a defesa. Fabio Capello destacou a importância de conhecer a identidade do local onde trabalha. Sem usar slides ou a louça, diferentemente dos seus antecessores, o treinador preferiu ilustrar o que falava com passagens da carreira. Outro tema em que deu ênfase foi o relacionamento com os atletas. Por mais difícil que possa ser, o profissional destaca que é de suma importância fazer um grande esforço para passar instruções na língua no receptor.

– Treinar um time com jogadores de vários tipos de mentalidade sem que haja ao menos uma que viva pelo clube, é muito difícil. E em cada país há uma cultura de jogo. E você deve entender a de onde você vá trabalhar. Falamos também de comunicação. A coisa mais difícil para o treinador é dizer algo que outro tenha que transmitir – declarou.

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