Ditadura Reservada aborda o regime militar em Joinville e região resgatando depoimentos de ex-presos políticos, histor | dG1fVFFlSEFqS0dibGc
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Short filmTranscript
00:00 [Música]
00:20 De repente eu olhei pra cá e parece que tinha alguém que me olhava, que me puxou a olhar pra lá, sabe?
00:25 Que eu olhei assim e eu disse "Ah, é o Edgar ali, doutor Breda".
00:30 Que eu olho e o Edgar tava pegado assim na grada, naquela tela, os dedos nem entravam assim pra tela, sabe?
00:36 Assim, sabe? Era dessas telas que eu quase tenho ali nos passarinhos pra o gamba não entrar.
00:41 Aí eu digo "É o Edgar".
00:44 E daí eu me grudei naquela tela, o Edgar por lá de cá, eu por lá de cá, grudado e chorando.
00:50 "Eu te amo", ele disse "Eu te amo" e não sei o quê.
00:53 Ali nós ficamos, era o Breda chorando, era o guardinha que tava conosco chorando.
00:58 [Música]
01:01 Porque eu desapareci dali, ninguém sabia pra onde eu tinha ido, sabe?
01:07 Aí eu fiquei em Curitiba, em Florianópolis, no subterrâneo lá um tempo.
01:12 Por isso a barba comprida e bem magro, né?
01:16 E eu passei por um liquidificador ali.
01:19 Naquela foto, 3x4, tô um cadáver, né? Como ter saído num campo de concentração.
01:25 E de lá, de Florianópolis, eu fui pro Aú.
01:31 E lá no Aú é que a Lúcia me localizou.
01:34 Aí que nós dois nos encontramos.
01:36 Meu Deus do céu, ali a coisa foi.
01:40 O Edgar era tão magro, tão magro, era pele e osso.
01:44 A roupa que ele tinha saído lá, que ele foi preso junto comigo lá, não era mais.
01:51 A roupa dele parecia que ia cair do corpo, de tão magro que ele tava.
01:56 ♪
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