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A Fazenda Muribeca (Alberto Lamego - 1944)

Esse artigo foi publicado na revista *Brasil Açucareiro*, em setembro de 1944.
Esta fazenda (Residência da Muribeca) era a maior e a mais importante propriedade da Companhia de Jesus. As suas terras se estendiam pelas capitanias do Espírito Santo e Paraíba do Sul, norte e sul do rio Itabapoana. Era formada de terras compradas a Bernardo Aires Samora, a Antônio Dortas e outros e das que foram doadas pelo Conde de Castelo Melhor (6 léguas) e pelo governador do Rio de Janeiro, D. Álvaro da Silva Albuquerque em 1702, compreendendo estas últimas as que se achavam entre os rios caudalosos Muriaé, Paraíba e Itabapoana.

Tinha de extensão 9 1/2 léguas de testada por costa e 8 1/2 para o interior e “principiava no rio Guaxindiba que fica ao sul de Manguinhos, correndo pela costa, até a última barreira do Siri da mesma parte do norte”.

Embora fossem as terras da **Muribeca**, tombadas pelo Dr. Mateus de Macedo, Ouvidor da Capitania do Espírito Santo, sobre elas houve sempre contendas, principalmente por parte dos confinantes os índios Guarulhos.

Os primeiros índios aldeados, no lugar que mais tarde teve o nome de Guarulhos e hoje Guarus, foram os Sabaris trazidos do interior do sertão pelo beneditino Fr. Bernardino, conforme a sua comunicação a Fr. Bento da Cruz, em 10 de dezembro de 1656, em que acrescentava uma índia Sabori conduzira aos ombros, em jornada de dois meses, sua mãe que parecia ter 200 anos e que a sustentava com o comer que primeiro mastigava, tendo sido batizada antes de morrer, dando-lhe o nome de Escolástica.

No princípio do século seguinte já não se fala mais em índios **Sabaris** e sim em **Guarulhos**.

Em 28 de maio de 1708, D. Fernando Martins Mascarenhas, governador do Rio de Janeiro, concedeu a esses índios uma légua de terras em quadra, junto à aldeia onde se achavam reunidos 37 deles, a pedido do Provincial da Ordem de Santo Antônio, do Rio de Janeiro, a quem foi confiada a sua administração, depois que foram afastados os capuchinhos franceses, os primitivos missionários dos Guarulhos. Essa légua de terras, porém, já tinha sido doada, anteriormente, ao Colégio do Espírito Santo e se achava integrada na **fazenda da Muribeca**.

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