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  • 14/04/2025
A equipe médica que acompanha a recuperação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que as próximas 48h serão decisivas no quadro de saúde do político. Ele está internado desde a noite de sábado (12/4), no Hospital DFStar, na Asa Sul de Brasília, onde passou por mais de 12h de cirurgia na região do abdômen.
Bolsonaro chegou com dores abdominais e a sensação de barriga inchada, passou por exames e, de acordo com Dr. Cláudio Birilini, chefe da equipe cirúrgica, o ex-presidente precisou passar pelo procedimento cirúrgico por conta de uma elevação expressiva dada em um exame PCR (Proteína C Reativa), que foi alterado de 6 ml para 150 ml em poucas horas. O exame é usado para detectar a presença e a gravidade de inflamações durante o diagnóstico de doenças.

Créditos: Cássia André/Correio Braziliense

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Transcrição
00:00outros muito complexos ao longo de todos esses anos.
00:04E esse procedimento realizado ontem, nós categorizamos ele entre os mais complexos.
00:10O porquê? Foi uma cirurgia extremamente complexa, delicada,
00:15onde o doutor Claudio vai passar os detalhes daqui a pouco,
00:20mas foi uma cirurgia onde realmente tinha muita aderência,
00:25que são complicações desde o período inicial de 2018.
00:31Não houvesse aquela primeira cirurgia, as demais não teriam ocorrido.
00:36Então, esse procedimento, que foi extremamente complexo,
00:41felizmente terminou muito bem.
00:44Foi um procedimento onde o resultado final foi excelente,
00:49e é claro que um procedimento de grande porte, com 12 horas de duração,
00:54como vocês acompanharam, implica em alguns cuidados muito específicos do pós-operatório,
01:02da parte clínica, onde nós vamos acompanhar nesses próximos dias.
01:07Então, muitos ontem até estranharam, mas o porquê que durou tudo isso?
01:10Teve alguma complicação?
01:12Não, não houve nenhuma complicação.
01:14Realmente foi o que era esperado, um procedimento muito complexo.
01:19E agora, nos cuidados pós-operatórios, quando há um procedimento muito prolongado como esse,
01:26o organismo do paciente acaba tendo uma resposta inflamatória muito importante,
01:32fica muito inflamado.
01:34E isso pode ocorrer no pós-operatório, é comum, é normal,
01:39e isso pode levar a uma série de intercorrências no pós-operatório.
01:43Que intercorrências são essas?
01:44Aumenta o risco de algumas infecções, aumenta o risco de precisar de medicamentos
01:49para controlar a pressão, o organismo fica muito inflamado e os vasos dilatam.
01:54Então, ele precisa de uma série de medidas específicas.
01:57Há um aumento do risco de trombose, problemas de coagulação do sangue.
02:01Quando uma cirurgia é muito prolongada como essa,
02:04o pulmão também acaba, a gente acaba tendo um cuidado específico,
02:07porque muitas vezes a parte mais basal do pulmão pode colabar.
02:12Então, são uma série de coisas, de intercorrências que podem acontecer,
02:16que agora todas as medidas preventivas serão tomadas,
02:20por isso que ele encontra-se na UTI nesse momento,
02:23e essas medidas preventivas já estão sendo tomadas
02:25desde o momento que ele saiu da cirurgia,
02:28e vai ser um pós-operatório muito delicado e prolongado.
02:36Prolongado.
02:36Ontem já muitos perguntaram,
02:37mas ele vai ter alta nessa próxima semana?
02:40Não há previsão, porque a gente sabe que o importante é que ele saia 100% recuperado.
02:46Então, todos esses cuidados vão ser tomados,
02:49e no momento, é claro que não há nenhuma previsão de saída da UTI nesse momento.
02:54Com relação à sequência de eventos,
03:00na primeira avaliação em Natal, o presente estava estável,
03:06mas ao longo do sábado para o domingo,
03:09ele mantinha sempre um quadro de distensão abdominal,
03:13um desconforto abdominal persistente,
03:15e o que nós notamos foi uma elevação dos marcadores inflamatórios,
03:20que é o PCR.
03:23Nós optamos por trazê-lo aqui para Brasília,
03:26e na chegada à Brasília foi repetida uma tomografia
03:28que mostrou que ele mantinha um quadro de distensão abdominal,
03:33apesar de quase 48 horas de tratamento clínico que a gente diz,
03:36que é descompressão do tubo digestivo, jejum, etc.
03:39Isso, associado ao achado da tomografia e a essa elevação do PCR,
03:48nos levou a indicar o tratamento cirúrgico.
03:52A decisão tomada, a cirurgia foi conduzida durante todo o dia de ontem,
03:59e eu já tinha em mente que seria um procedimento bastante complexo
04:06e bastante trabalhoso, em função de uma experiência prévia
04:10com casos semelhantes.
04:14A grosso modo, a situação do ex-presidente era a seguinte,
04:20era um abdômen hostil, múltiplas cirurgias prévias,
04:25aderências causando um quadro de obstrução intestinal,
04:29e uma parede abdominal bastante danificada em função da facada,
04:34em função das cirurgias prévias.
04:36E isso já nos antecipava o fato de que seria um procedimento
04:43bastante complexo e bastante trabalhoso.
04:46Para vocês terem uma ideia,
04:50para a gente conseguir acessar a cavidade abdominal do ex-presidente,
04:54foram praticamente duas horas de cirurgia,
04:56mais umas quatro, cinco horas de liberação de aderências.
05:00e uma vez finalizada essa parte do procedimento,
05:04a gente começa a segunda etapa, que é a etapa de bolar uma estratégia de reconstrução.
05:13Porque tem diversas alternativas e a gente tem que decidir qual é a melhor forma de recolocar as coisas no lugar.
05:20Então, só para ter uma ideia, a liberação dessas aderências é feita de forma milimétrica, praticamente.
05:29Você liberar um intestino que tem 3,5 metros, você vai centímetro por centímetro tomando cuidado para não lesar o intestino.
05:35O intestino dele estava bastante, vamos dizer assim, sofrido,
05:40o que nos leva a crer que ele já vinha com esse quadro de uma subocusão subclínica há alguns meses.
05:48Isso se reflete pelas várias internações que ele teve ao longo desses últimos meses.
05:55Isso também contribuiu para a decisão da tomada, a decisão de uma intervenção cirúrgica.
06:02Bom, liberamos todas essas aderências, o intestino dele foi liberado desde o início até o final,
06:09foi revisto várias vezes para que não ficasse escondida nenhuma lesão desapercebida.
06:17O intestino foi reposicionado de forma ordenada na cavidade abdominal e nós reconstruímos a parede
06:24da forma que consideramos a mais adequada no momento.
06:31É importante que vocês saibam que reconstrução de parede abdominal nessas condições
06:37não está escrito no livro o que você tem que fazer.
06:41Você tem que tomar uma decisão em função do achado.
06:44Então ele tinha vários componentes que colocam essa condição como uma situação bastante complexa
06:54em termos de reconstrução de parede abdominal, mas o que nós fizemos ali foi o arroz com feijão,
07:00que é o que a gente costuma fazer em casos assim, e o resultado final foi bastante satisfatório.
07:08Ao término do procedimento nós nos demos por satisfeitos e agora nós temos essa primeira fase do pós-operatório,
07:17que são essas primeiras 48 horas, que são bastante críticas em função de tudo isso que o doutor Leandro comentou.
07:24Então a gente tem que ficar alerta, tem que ficar de olho.
07:25E aí, depois dessas primeiras 48 horas, a gente é numa fase, numa outra fase de pós-operatório,
07:34que é uma fase um pouquinho mais tranquila, mas já antecipo para vocês que não tenham grandes expectativas de uma evolução rápida.
07:42A gente precisa deixar o intestino dele descansar, desinflamar, retomar sua atividade,
07:48para só depois pensar em realimentação por via oral e, enfim, daí para frente, retomada de outras atividades.
08:02Nesse momento ele será mantido com uma nutrição, nutrição parenteral, que é nutrição na veia,
08:07sem expectativa de que ele volte a se alimentar hoje, amanhã ou depois,
08:14ele só vai voltar a receber alimentação por via oral no momento que o intestino retomasse a sua atividade fisiológica.
08:22Nós fizemos uma cirurgia com a ideia de que fosse uma cirurgia definitiva, vamos dizer assim.
08:29Naturalmente, novas aderências vão se formar, isso aí é inevitável,
08:36um paciente que tem um abdômen hostil, por mais que você solte tudo, essas aderências voltam a se formar.
08:41Então, embora a gente tenha tentado estabelecer a condição mais fisiológica possível para a cavidade abdominal,
08:50eu não posso falar, olha, está resolvido o problema.
08:53No pós-operatório imediato, essas aderências vão se formar e isso faz com que a recuperação
08:58nesses próximos dias seja um pouquinho mais lenta e a gente não tem nenhuma intenção em acelerar isso daí.
09:04No futuro, médio e longo prazo, pode realmente acontecer novamente de ter aderências, bridas,
09:14e a gente lida com cada caso de forma individualizada.
09:18Com relação à reconstrução da parede,
09:22a hérnia tem um problema, por mais que você faça, melhor e sempre a hérnia tem uma situação que pode recidir,
09:29pode voltar, mas eu acho que o resultado final ficou bastante satisfatório na minha opinião.
09:36Toda vez que você viola a cavidade abdominal,
09:40quando você faz uma laparotomia,
09:41no caso do presidente, a primeira cirurgia foi uma laparotomia de extrema urgência,
09:45porque ele estava morrendo,
09:46toda vez que você viola uma cavidade,
09:48você coloca inadvertidamente contaminantes dentro da cavidade,
09:52que é pó da luva, é fiapo das compressas que usa para fazer o controle do sangramento,
10:00e esses contaminantes causam uma reação inflamatória no peritônio,
10:06e o peritônio reveste tanto os intestinos quanto a parede abdominal.
10:11E essa reação inflamatória resulta em aderências.
10:13Se você abrir o abdômen de alguém que nunca teve nenhuma cirurgia,
10:20o intestino é todo soltinho,
10:22mas quando você abre um abdômen que já foi operado 4, 5, 6 vezes,
10:27as alças intestinais, elas ficam todas agrupadas,
10:32você não consegue individualizar,
10:34a menos que você faça a liberação dessas aderências.
10:38Todo paciente submetido à cirurgia abdominal tem aderências, ok?
10:43em grau maior ou menor.
10:47Grande parte dessas aderências, elas são assintomáticas,
10:50elas não causam nenhum problema,
10:51mas eventualmente, e todo paciente que já foi operado,
10:55sabe que pode cursar com a formação desse quadro
11:00que a gente chama de subocusão intestinal.

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