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  • 14/04/2025
O economista Hugo Garbe, fundador da Wallet Holding, analisou os efeitos da política contracionista no consumo, no endividamento das famílias e nos preços dos alimentos. A alta dos juros e os gastos públicos pressionam a inflação, enquanto a população muda seus hábitos e responsabiliza o governo.

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Transcrição
00:00A gente vai conversar agora com o Hugo Garbe, ele é economista e fundador da Wallet Holding.
00:04Hugo, boa noite, obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:08Bom, a gente veio aí com várias reportagens, matérias para comentarmos.
00:13Então, eu quero começar pela pesquisa Datafolha que eu trouxe aqui em detalhes.
00:18A gente viu a população comprando menos, comprando menos alimento, saindo menos, mudando
00:24o hábito de consumo.
00:26Hugo, houve alguma surpresa para você nos dados dessa pesquisa?
00:31Olá, Cris, boa noite, prazer estar aqui com vocês novamente, obrigado pelo convite.
00:35Nenhuma surpresa, né, Cris?
00:37Acho que a política contracionista que a gente vem tendo no Brasil e que a política contracionista
00:42é para isso mesmo, ou seja, para poder arrefecer um pouco a economia e reter ali esses efeitos
00:49inflacionários que a gente vem sofrendo desde o pós-pandemia e a conta começa a chegar.
00:54Ou seja, o Banco Central vem fazendo esse trabalho nos últimos dois anos, dois anos e três meses.
01:01Essa influência, principalmente, da taxa de juros alta começa a estrangular a economia.
01:06A gente vem sofrendo no Brasil um recorde de recuperações judiciais, extrajudiciais e judiciais,
01:14o que de forma direta começa a afetar empregos, empregos diretos e como consequência a renda
01:20das famílias e a gente já começa a sentir os efeitos de uma política absolutamente contracionista
01:26para conter os efeitos inflacionários.
01:29É, se a gente olhar para março, mais uma vez, alimentos foram os vilões da inflação
01:33com alta de mais de 1% e a população culpa o governo.
01:37Na sua perspectiva, na sua visão, até quando a gente vai ver os preços dos alimentos subindo assim?
01:43A gente tem algumas variáveis importantes, Cris, para poder atribuir o aumento, principalmente,
01:51dos preços dos alimentos.
01:53A gente tem uma influência do dólar.
01:54O dólar tem um componente de custo importante dentro da cesta de inflação e também dos alimentos.
02:01A gente não pode esquecer que fertilizantes e grande parte do custo do agronegócio brasileiro
02:06tem uma relação com o dólar e o dólar não vem sedente nos últimos meses.
02:10Então, essa é uma variável importante para a gente poder considerar.
02:15Outra variável importante também é a questão fiscal.
02:18Ou seja, a gente, apesar do Banco Central ter ali feito a sua lição de casa nos últimos dois anos,
02:24que é uma variável importante para conter a inflação,
02:27a outra variável importante, que é a variável fiscal,
02:30e é uma outra perna que a gente tem que considerar combinada com o Banco Central,
02:35não vem sendo feita da forma como tem de ser.
02:38Ou seja, esse gasto do governo também gera inflação
02:44e também gera um efeito considerável no preço dos alimentos.
02:49Então, acho que, de fato, essa variável fiscal é a principal incógnita para os próximos meses do ano.
02:55Ou seja, o governo precisa ter essa consciência de redução de gastos
03:00para poder também, combinada com o Banco Central, conter a inflação,
03:04principalmente a inflação dos alimentos, que pega mais no bolso da classe média baixa,
03:07classe baixa no Brasil.
03:09Sem dúvida nenhuma.
03:10Eu vou passar para a pergunta dos nossos analistas.
03:13Vou começar pelo Vinícius.
03:14Vinícius, fica à vontade para perguntar para o Hugo.
03:17Hugo, na sua primeira resposta para a crise,
03:19você falou que essa política contracionista do BC está dando sinais aí
03:24com crédito de desaquecimento.
03:26Sei que a gente teve aí os indicadores do IBGE para comércio, indústria e serviços,
03:30mas ligeiro desaquecimento, mas pouco.
03:32E a gente viu o IBC-BR do Banco Central ainda quente.
03:37Onde está se manifestando mais, segundo você?
03:39Onde está mais evidente que a política contracionista
03:43está realmente fazendo efeito no nível da atividade?
03:46Eu acho que é uma ótima pergunta.
03:49Então, a gente tem no Brasil diversas variáveis que a gente tem de considerar,
03:52mas começa a ter um efeito principalmente no consumo das famílias.
03:56Quando a gente pega ali o consumo da família,
03:58que é uma variável importante, principalmente para varejo,
04:03alguns setores da economia dependem muito do consumo das famílias,
04:06a gente vem carregando, desde o pós-pandemia, o alto endividamento.
04:10Então, esse estrangulamento de dívida,
04:12a Serasa vem batendo recorde de consumidores negativados.
04:16E também, mesmo com o emprego,
04:20e aí tem algumas, assim, eu tenho minhas questões de metodologia do emprego,
04:26ou seja, aqui no Brasil.
04:28Mas, de fato, mesmo tendo um emprego alto,
04:33a gente tem um estrangulamento do consumo das famílias.
04:35Eles vêm tendo ali, de fato, um teto de consumo
04:40e uma margem de consumo muito baixa,
04:43a gente calcula ali entre 8% e 10% da renda média de margem,
04:48isso é muito pouco, para poder consumir.
04:49Então, esse estrangulamento vem já numa curva descendente
04:55e que vai influenciar, já vem começando a influenciar
04:58e vai influenciar no resto do ano no processo inflacionário.
05:01Quando a gente vê atividade ainda não cedendo,
05:05ou seja, nessa política contracionista,
05:07eu acredito e confio muito nessa outra perna fiscal.
05:10Ou seja, nós precisamos dessas duas variáveis combinadas
05:13para poder ter um decréscimo no processo inflacionário.
05:17Alberto, fica à vontade para a sua pergunta.
05:19Hugo, de forma técnica e objetiva,
05:23o que você faria para diminuir a inflação dos alimentos,
05:28três ou cinco itens, ações que você tomaria
05:31para diminuir a inflação dos alimentos no médio e no longo prazo?
05:35Acho que o primeiro ponto é você, como governo,
05:39ou seja, se eu estivesse na pele do ministro Haddad,
05:42é tomar consciência de que eu preciso ter menos gasto do governo
05:46e arrecadar mais.
05:50Ou seja, o equilíbrio fiscal é fundamental
05:52para que você tenha equilíbrio na inflação,
05:56equilíbrio nas questões fiscais, enfim.
05:59Essa é a base para que a gente consiga ter um equilíbrio
06:03e também uma inflação controlada.
06:05O segundo ponto seria atuar junto com o Banco Central
06:09no sentido de controlar dólar.
06:11Apesar que quando você tem um conceito fiscal equilibrado,
06:15o dólar naturalmente tende a ceder.
06:18Ou seja, nós temos ainda uma margem para poder controlar dólar no Brasil,
06:24ou seja, com leilões cambiais
06:25e também com a confiança do mercado internacional.
06:29Mas, de fato, a primeira ação seria a ancoragem da questão fiscal.
06:34Com a questão fiscal e o consumo das famílias controlado,
06:38de fato, a gente conseguiria ter um equilíbrio
06:43na inflação dos alimentos aqui no Brasil.
06:45Hugo, vou pedir para você continuar com a gente.
06:47A gente vai trazer outros ingredientes aqui para uma próxima conversa.
06:50Eu te chamo já já, em minutos.
06:52Vamos voltar a conversar com o Hugo Garbi, economista e fundador da Wallet Holding.
06:57Bom, Hugo, vamos falar da Argentina, né?
06:59A gente acabou de ver, nesse primeiro dia de redução dos controles cambiais na Argentina,
07:04a moeda do país teve essa forte desvalorização,
07:07títulos do tesouro subiram.
07:09Isso deve continuar assim?
07:10E quais são os outros efeitos previstos?
07:13Olha, Cris, a Argentina paga um preço árduo pela sua falta de liberdade econômica.
07:20A gente sabe que os países que têm uma intervenção muito forte e direta na economia
07:25sofrem com esse processo de desvalorização, de valorização, câmbio e inflação,
07:31enfim, todos aqueles efeitos colaterais de uma economia absolutamente interventiva.
07:36O Milley vem tentando reduzir essa disparidade com as economias mais saudáveis do mundo.
07:43Eu ainda me lembro, quando eu ainda era executivo financeiro de multinacional e responsável pela Argentina,
07:48a gente tinha que pedir uma autorização para o secretário de comércio
07:51para poder fechar um câmbio que estava acima da banda estabelecida pela Secretaria do Comércio,
07:59o que, na verdade, ainda se mantém.
08:00E 20 anos depois ainda mantém ali uma característica de intervenção brutal.
08:06O Milley vem conseguindo, de certa forma, reduzir o processo inflacionário
08:11com uma redução drástica de custos e uma agenda bastante ortodoxa econômica
08:17de tentar colocar nos trilhos de novo a economia argentina que vem sofrendo
08:22de forma sucessiva nas últimas décadas, com pacotes econômicos para lá de ultrapassados,
08:31como, por exemplo, o congelamento de preços.
08:34Então, esse processo deve, esse aumento de banda deve gerar, sim, um pouco de inflação,
08:41mas, conforme a agenda do próprio Milley,
08:45a gente deve ter ali uma recuperação econômica na Argentina gradual,
08:51caso ele consiga o apoio, principalmente do legislativo argentino,
08:55e manter a sua agenda econômica.
08:58Esse primeiro ano foi um ano bastante difícil para a Argentina,
09:00um ano de redução de despesas, mas, em termos técnicos, vem dando resultado.
09:05Vamos aguardar, vamos ver quais vão ser os próximos passos do Milley
09:09e as consequências na economia argentina.
09:11Vou passar para o Alberto.
09:12O Alberto fica à vontade para perguntar para o Hugo.
09:14Hugo, a Argentina está caminhando para o tripé macroeconômico?
09:20E, se sim, queria que se aproveitasse para explicar do que se trata
09:24e quais as vantagens desse modelo econômico.
09:27O tripé econômico, como você mencionou, é um tripé bastante utilizado
09:33pelas economias mais ortodoxas.
09:35É um termo macroeconômico, onde você controla a inflação, o crescimento,
09:41enfim, é uma condição macroeconômica que as principais economias do mundo adotam.
09:48A economia argentina, como eu disse nos últimos 30 anos, para ser bonzinho,
09:54na verdade, depois de Perón, a gente não vê uma adoção tecnicamente ortodoxa
10:02na economia argentina.
10:04E o Milley vem tentando adotar essas medidas no seu governo.
10:08Ele é um liberal.
10:11Ou seja, o que significa um liberal em estrito senso, em termos econômicos?
10:15Ele prega uma menor intervenção do Estado na economia,
10:20ele busca trazer mais investimento privado,
10:23ele busca gerar mais emprego e renda por meio dos investimentos
10:27de empresários e não só do governo.
10:32Mas, para isso, ele precisa trazer confiança de volta.
10:35E você só traz confiança de volta dentro de uma economia
10:39quando você cria um sistema econômico saudável,
10:42quando você cria segurança jurídica para que esses empresários
10:47possam investir e gerar emprego e renda.
10:49Isso empresários também estrangeiros.
10:51Ou seja, quando você fala dentro de uma economia endógena,
10:55ou seja, da economia interna,
10:57se você tem uma taxa de juros muito alta,
11:00como a economia argentina vem tendo nas últimas décadas,
11:02você cria uma própria concorrência com a geração de emprego e renda.
11:06Porque essa taxa de juros alta,
11:08ela vai desestimular o empresário a gerar empregos e a gerar renda,
11:13ou seja, a criar um investimento produtivo dentro da economia.
11:16Vinícius.
11:17A gente fica, Paulo, agora mesmo de liberação do câmbio.
11:24Agora, para fazer isso,
11:26a gente tem que lembrar que a Argentina conseguiu um dinheiro da FMI.
11:30De imediato, vai ter 15 bilhões, os 20 bilhões acordados.
11:34Conseguiu dinheiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento,
11:37do Banco Mundial.
11:38Alguns banqueiros deram um pouquinho,
11:41puseram um pouquinho,
11:41e também do Banco Popular, do povo da China,
11:45que é o Banco Central Chinês, que renovou uma linha de swap,
11:48uma linha de empréstimos aí.
11:50Você acha que com esses 28 bilhões,
11:53a Argentina vai conseguir pagar o FMI,
11:56intervir no câmbio,
11:58de modo a manter o peso, o dólar, no valor da banda,
12:02e ainda por cima,
12:03restaurar a confiança de que a Argentina não vai ter mais desvalorização,
12:08ou a situação é periclitante?
12:10Esses 28 bilhões é dinheiro bastante?
12:13Ainda mais pensando que a Argentina tem reservas negativas de 9 bilhões no Banco Central?
12:19Pois é.
12:19Dá para confiar?
12:22Essa é uma excelente pergunta.
12:24Ou seja, não adianta você fazer medidas bastante ortodoxas,
12:29e eu, honestamente, analisando de forma mais criteriosa e profunda,
12:32a execução do Millet,
12:35a gente vê ali que ele tenta criar medidas diferentes das que foram adotadas no passado,
12:41redução de custos, redução de despesas de gastos do governo,
12:44mas, por outro lado, o efeito colateral é quando você, abre aspas,
12:48precisa vender a alma para o capeta para poder conseguir fazer com que a economia cresça.
12:54Então, de fato, estima-se que a economia argentina precisaria,
12:57ao menos, de 60 a 70 bilhões para poder organizar a casa,
13:02e ela fez um empréstimo de quase 30.
13:04Ou seja, o dinheiro não é suficiente, de longe não é suficiente,
13:09e eu acredito que os próprios economistas argentinos,
13:14quando analisam de forma mais criteriosa o problema que eles têm nas mãos,
13:18não tem uma saída de imediato.
13:21Ou seja, eles estão continuando, continuam com a sua perspectiva
13:26de seguir a cartilha de economia liberal,
13:30mas a situação da economia argentina ainda é crítica.
13:33Houve um alívio, naturalmente, quando você está no fundo do poço,
13:36qualquer medida mais assertiva, ela gera um conforto inicial,
13:42mas a economia argentina, de longe, ainda tem diversos desafios para a sua recuperação.
13:47Hugo, muito obrigada, sempre um prazer te receber aqui.
13:51Boa noite e volte mais.
13:53Boa noite, sempre um prazer meu, um grande abraço a todos.
13:57Obrigada.

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