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  • 21/04/2025
Adérito Lopes
Ator
Agência: https://teresamiguelamaral.pt/atores/aderito-lopes/
Instagram: https://www.instagram.com/aderitolopesoficial/
Facebook: https://www.facebook.com/aderito.lopes/
Linkedin: https://www.linkedin.com/in/aderitoborgeslopes/
IMDB: https://www.imdb.com/name/nm2354013/
Transcrição
00:00Música
00:00Sejam muito bem-vindos aqui ao A Conversa Com.
00:16Estamos a dar início a um novo mês, o mês de Abril, o mês da liberdade, da revolução,
00:22que este ano também é uma efeméride assim muito especial.
00:25De qualquer maneira, Abril, Projetos Mil.
00:28E o meu convidado de hoje realmente encaixa nesse perfil na perfeição.
00:32Ele é ator, ele é ensinador, ele é formador, é um estudioso, é mestre, é doutorado nesta arte de representar.
00:40E de facto, é visto com muita paixão.
00:41E não poderia ser uma outra coisa.
00:43Pois não, Anderito?
00:44Não.
00:45Bem-vindo.
00:47Obrigado.
00:47Bem-vindo.
00:48Obrigado.
00:48Muito obrigado.
00:49Achas que esta expressão de Abril, Projetos Mil, que encaixa naquilo que foi?
00:54Sim, sim.
00:55Encaixa, encaixa.
00:56É um sonho.
01:00Nós estamos sempre a sonhar, ter novos projetos, acordamos a pensar em projetos, deitamos-nos
01:06com outros projetos e tentamos realizá-los.
01:09Às vezes nem sempre é possível realizá-los.
01:11Claro.
01:11Mas estás sempre nesses projetos de amigo.
01:15Sim.
01:15É pensar o que é que vou fazer, quando é que isto é possível, juntar a área e agir
01:20e fazer isto com este colega e com o outro.
01:23De qualquer forma, tu nasces em Lisboa, já em pequenino já tinhas esta ligação.
01:29Sim.
01:30De alguma forma, familiarmente, ou como é que aconteceu?
01:33Não, foi eu na altura, quando eu era pequenina e 86, que tinha 6 anos, deu uma novela que era
01:41o Roque Santeiro e aquela novela marcou toda a gente.
01:46E eu e minha irmã brincavamos com os personagens do Roque Santeiro.
01:50A minha irmã é 4 anos mais velha que eu e ela começou a achar mais graça as brincadeiras
01:58de representar.
01:59Sim.
01:59Depois ela foi aluna da Maria Henrique, na altura do 9º ano.
02:03Nossa convidada há duas semanas.
02:05Exatamente.
02:06E ela, quando ela tinha 3 ou 14 anos, no 9º ano, na altura do 9º ano, também havia teatro.
02:13E depois ela foi ver a peça da Maria Henrique, entrava o João Baião, ainda estavam todos
02:18a começar.
02:19O Armando Cortes, Manuel Maria, que era quem mudava a fala da menina.
02:24E ela foi ver a peça da professora e eu também fui.
02:26E eu, ah, que giro.
02:27Ficaste deslumbrado.
02:28Fiquei deslumbrado.
02:29E continuaste o teu percurso, mas sempre aquela ideia de estudares e de te formares, que é
02:35algo diferente de, de facto, da dedicação que temos de muitas pessoas ou a forma como
02:40até podem encarar ou não o trabalho.
02:42Tu, no teu caso, foi um profundo também querer entender e compreender, não é?
02:48Sim.
02:48Que aí te acompanha até hoje, é um estudioso.
02:50Sim.
02:51Para ter mais segurança.
02:54Eu comecei com a escola de teatro de Cascais.
02:57Toma-me grande escola.
02:59Não te fui aluno de Carlos Avilés, João Vasco, Rásbana, Águia de Sena.
03:05Grandes mestres.
03:06Grandes mestres.
03:06E tive o José Costa Reis, o grande cenógrafo figurino e José Costa Reis, que é meu amigo
03:13até hoje.
03:14Foi das primeiras pessoas que foi ver o meu filho à maternidade.
03:18Quando há alguma coisa que eu não tenho tempo de lhe perguntar, geralmente corre-me sempre
03:22mal.
03:22Quando eu faço alguma decisão.
03:24Sabe bem que responsabilidade para o João também.
03:28Aliás, olha, para esta entrevista, telefonei-lhe, como é que eu devia vestir?
03:31Ah, qual é o programa?
03:32Não acredito.
03:33Ah, então, olha, leva o azul, camisa branca e tal e corre sempre bem e tal.
03:40Ah, que engraçado.
03:42Portanto, é...
03:43José, ele está muito bem.
03:46Muito obrigado, mestre.
03:47E aí, foste continuando, se o universo também fez com que tu, nesta tua mestria e experiência,
03:57passasses agora também a ter um papel muito importante na formação de tantos atores.
04:03Sim.
04:03Também és tu o mentor.
04:05Sim, sim.
04:08Isso começou com...
04:11Eu trabalhei com várias companhias, com vários ensinadores.
04:14Depois cheguei a trabalhar com o Maria do Céu Guerra, com quem ainda trabalho.
04:20Vamos ter um projeto, em breve, mostrar uma peça sobre a vida do Camões.
04:26Foi um espetáculo da Maria do Céu Guerra, com o Alder Mateus da Costa.
04:32E lá para junho.
04:35E quando eu comecei a trabalhar com o Maria do Céu Guerra,
04:42eu percebi-me que precisava de saber mais coisas.
04:44que precisava de mais.
04:47Ela é uma pessoa com uma cultura fora de sério.
04:53Fora de sério?
04:54Portanto...
04:55A quem dedicaste a tua tese, não é?
04:57Exatamente.
04:59E eu precisava de saber, para acompanhar,
05:03nós fizemos dois espetáculos juntos,
05:05a Dona Maria à Louca
05:06e o Menino da Sua Avó, que o fazia o Fernando Pessoa,
05:09e a Maria do Céu Guerra fazia a Avó Louca,
05:12a Avó Dionísia, a Avó do Fernando Pessoa.
05:14E eu senti que precisava de saber mais para acompanhar aquela senhora.
05:21Então foi quando eu resolvi regressar à academia.
05:25Depois entrei para o ensino.
05:29Também no Rio de Janeiro,
05:31o Maria do Céu Guerra deu um workshop para atores
05:35e eu fui assistente dela.
05:38E eu...
05:39Que interessante que isto é.
05:40Que bom.
05:43Que bom que isto...
05:44E foi quando eu também me interessei pela parte do ensino.
05:46A Maria do Céu Guerra deu uma grande volta...
05:50Na tua vida.
05:50Na minha vida, sim.
05:51Tu achas, na tua opinião,
05:53e no caso da Maria do Céu Guerra,
05:54e também do que tu tens feito,
05:56e de outros nomes também,
05:57que é um misto de talento com essa individualidade.
06:02Sim.
06:03É talento com trabalho, com estudo.
06:05Com trabalho, estudo e a criação de algo
06:07que quase não se explica, não é?
06:10Que quase não se explica, que lhe é natural.
06:12Mas tu optaste por registrar
06:14para também existir essa passagem de investimento, não é?
06:16Sim, sim, sim.
06:19Que é uma coisa muito comum
06:20de fazer-se no Brasil,
06:22cada entanto,
06:24de haver estudiosos
06:27e de registarem
06:29a metodologia
06:31de atores ímpares.
06:33Isso é muito interessante.
06:34Que cá não...
06:35Não se faz, pelo menos, com tanta regularidade.
06:39Também somos menos, não é?
06:40Seremos menos, mas somos um país
06:42com uma cultura e com uma dramaturgia
06:45e com uma...
06:45Sim, sim, sim.
06:46Sem dúvida.
06:47Com uma literatura avançadíssima.
06:48Sentes-te grátis também por essa oportunidade.
06:50É uma oportunidade incrível, não é?
06:51Sim.
06:51Muito, muito.
06:52Poder ter esse privar com uma pessoa assim.
06:56O que é que se aprende?
06:57Tudo.
06:58Tudo.
06:59Tudo.
07:00Não é só nível da profissão,
07:04do ator.
07:04A gente fala de todos
07:06os temas
07:08possíveis e imaginários.
07:17Aprende-se tudo.
07:18Retirou-te inseguranças?
07:20Sim.
07:21Completamente.
07:22Completamente.
07:24Aliás, eu também sou professor
07:25numa escola,
07:26que fui sugerido por ela
07:28à direção.
07:29Direção Executiva
07:32está a cargo
07:33da doutora Paula Branco
07:36e a Direção Pedagógica
07:37de Filomena Gonçalves.
07:39É um curso profissional
07:41com equivalência
07:42ao 12º ano.
07:44Curso de ator-atriz.
07:45No Largo da Luz, encarnido.
07:48Aliás, estão abertas as inscrições
07:50para o próximo ano de letivo.
07:51Fica já aqui, vamos a isto.
07:52ids.edu.pt
07:54Curso de Interpreta-Ator-atriz.
07:56Podem visitar a escola
07:57quando quiserem.
07:58os novos meninos.
08:00Têm que ter o 9º ano.
08:01E o que é que tem que ter mais?
08:02Vão aprender qual é o seu lugar?
08:06Esforçamo-nos para isso.
08:07Esforçamo-nos para isso.
08:11Não ser só um curso técnico
08:14de formação de atores,
08:16mas ser também formador de pessoas.
08:19Também sermos formadores de pessoas.
08:20Sem dúvida.
08:20Temos uma equipa de excelência.
08:23O curso é gratuito.
08:24É de frequência gratuita.
08:26Que é extraordinário.
08:27Nós temos este ano.
08:29E temos uma série de professores extraordinários.
08:33Samuel Moura,
08:34que é o meu braço direito.
08:36Temos a Maria Henrique.
08:38Temos o Rio Lisbrás.
08:40Maravilha.
08:41Ana Palma,
08:43Rita Fernandes,
08:44Sônia Costa,
08:45Joana Pupo,
08:47Maria da Luz Almeida,
08:48o Tiago Venturu.
08:49Muitas pessoas.
08:49É, muitas pessoas.
08:51Procurei no site,
08:52já vais ter lá
08:53muito mais alunos
08:54para também
08:55poderes também
08:57transformar as suas vidas.
08:58Tu tens também
09:00transformado várias vidas
09:02e a tua própria
09:03com muitas personagens.
09:05Sim.
09:05Mas tu,
09:07enquanto pai,
09:08como é que é
09:09teres também
09:10o teu filhote
09:11a seguir das pisadas?
09:13Pois,
09:13tenho uma filha
09:14na escola
09:15teatro de Cascais,
09:16onde eu andei.
09:17Onde eu andei.
09:17Ainda tentaste?
09:19A vida é.
09:19Ainda tentaste que ele não...
09:21Ainda tentei,
09:22ainda tentei.
09:23Nós tentamos resolver
09:24as nossas frustrações
09:25com os nossos filhos
09:26inconscientemente.
09:28Já está.
09:28Pronto.
09:29Eu não percebo nada de música.
09:31E tenho pena.
09:34Quando eu quis aprender música,
09:37aquilo já era muito difícil.
09:38Já era...
09:39Já estavas no outro.
09:40Já estava no outro.
09:42Então,
09:42mal o miúdo nasceu,
09:44pronto.
09:44Ele nasceu em 2006.
09:45O rapaz está com o
09:46Milhar quase com 18 anos.
09:51Coloquei logo no Instituto de Música
09:52Vitorino de Matono,
09:53com dois anos.
09:55Ele vai para ali.
09:56Está a aprender música.
09:58E música é fantástica.
09:59Depois foi para o Conservatório Nacional,
10:02piano,
10:03fez até o quinto grau,
10:05teve em cravo,
10:06fez até o quinto grau.
10:08E eu queria que ele fizesse
10:09até o oitavo grau,
10:09até o décimo segundo.
10:11E o real,
10:11vai continuar por aqui.
10:13Vai continuar por aqui.
10:14E ele...
10:15quer ir para a escola teatro de Cascais.
10:18E eu...
10:19Ah, é, Guilherme?
10:22Porquê?
10:23Estás tão bem.
10:24Estás tão bem.
10:24Mas porquê?
10:25Quais eram os teus receios?
10:28Acho que...
10:28Acho que a ferramenta da música...
10:33Acho que há mais espaço para a música
10:36do que para a representação.
10:37No nosso país.
10:39Tem mais saída profissional.
10:40Tem mais saída profissional.
10:41E eu pronto.
10:43Lá vai o rapaz,
10:44como eu,
10:45andar
10:45à procura do papel.
10:48E à espera.
10:49E à espera.
10:51É, pá.
10:51A sofrer.
10:52A sofrer.
10:53Ah, será que fiquei no casting?
10:55Será que não vou ficar?
10:56Será que?
10:57Chatear.
10:58Eu andei a chatear a minha mãe.
10:59Estava lá.
10:59Vai chatear a minha mãe.
11:00É, pá.
11:00Não.
11:01E eu, Guilherme,
11:02mas não queres fazer o 82º no conservatório
11:06e depois...
11:07Não, não.
11:07Que é para a escola que as...
11:07Eu não te dizia que era mau.
11:09Ah, não vais para aí,
11:09que isso é muito mau.
11:10Isso é muito contraditório.
11:11Exatamente.
11:11Tenhamos acabado de dizer
11:12e de chamar.
11:14Todos nos estão a ver
11:15para se inscrever.
11:16Exatamente.
11:17E agora dizer...
11:18Em casa de Ferreiros.
11:19Ferreiros Peto Paulo.
11:20Exatamente.
11:21Que engraçado.
11:22Pronto.
11:23E ele está lá.
11:23Vai acabar isto tanto.
11:24Está satisfeitíssimo.
11:25Pronto.
11:26Adoro as pessoas dele.
11:27Adoro a escola.
11:27E eu percebo perfeitamente
11:28que isto é uma paixão.
11:30Isto é uma profissão apaixonante.
11:33E conhecemos pessoas
11:34apaixonantes.
11:36Incríveis.
11:37Torna-se um vício bom.
11:38Sim.
11:39Não é?
11:39É a adrenalina do palco?
11:41É a adrenalina da aprovação?
11:44É a adrenalina das palmas?
11:46É o quê?
11:46Começa pela aprovação
11:47logo dos nossos colegas.
11:50Primeiro com a nossa.
11:51Claro.
11:52Depois com eles.
11:53Isto até chegar ao público é...
11:55Falta muito.
11:57Falta muito.
11:58É a gente tentar
12:01entrar na cabeça
12:02das outras pessoas.
12:05Nós geralmente
12:05costumo dizer isto
12:06aos alunos
12:08que é
12:09as pessoas comuns,
12:12as pessoas da outra profissão
12:13têm o seu lado,
12:18a sua visão de cidadão.
12:20Nós temos duas.
12:21Temos o cidadão
12:22e o artista
12:23que se divide.
12:25Ou seja,
12:25quando nós estamos a trabalhar,
12:26quando nós estamos a criar,
12:27um crime,
12:31eu enquanto cidadão,
12:32eu condeno um crime.
12:34Eu enquanto artista
12:35eu tenho que perceber
12:36porque é que aquele crime
12:37foi feito.
12:38Eu tenho que o defender.
12:40Eu tenho que acreditar.
12:41Eu tenho que estar
12:41do lado do criminoso.
12:42que é um advogado das emoções.
12:44Um advogado das emoções.
12:45Precisamente.
12:46Não é?
12:47É.
12:47Muito bem.
12:48Muito bom.
12:48Obrigada.
12:48Poderá ser esta uma expressão
12:49que eu tenho ouvido
12:53e daquilo que vocês vão partilhando.
12:56falam muito dessa defesa.
13:00Até mesmo do maior psicopata
13:01que possa insistir
13:02de perceberes.
13:04Temos que o entender.
13:04Não temos que o julgar.
13:05Não é que aquilo vem.
13:06Não é essa a nossa profissão.
13:07Não é julgar.
13:08Não é julgar.
13:08Exatamente.
13:09O nosso comportamento
13:10vem sempre de algum sítio.
13:10Exatamente.
13:11Portanto, diríamos que o Guilherme
13:13também em casa
13:14com um estudioso
13:15e um ator assim incrível.
13:17Muito obrigado.
13:18Era difícil.
13:19Também, pelo menos,
13:20não experimentar.
13:21Agora,
13:22como pai,
13:23tens lados muito difíceis.
13:26Sim.
13:26Pai, professor,
13:28ator,
13:29encarares o teu filho
13:30e até mesmo avaliá-lo
13:31assim para ti
13:32sem contares a ninguém.
13:34Como é que tu achas?
13:36Depois vai ver esta entrevista.
13:38Não pode ver.
13:39Sabes que eu não...
13:39Sabes que eu não...
13:41eu tento não avaliar.
13:42Eu vou só pela parte técnica.
13:46Eu não vou para a parte...
13:48Ou seja,
13:48eu não consigo fazer
13:48uma avaliação como deve ser.
13:50Pois.
13:51Porque...
13:52Estás conectado?
13:53Estás ligado?
13:54Estás conectado,
13:55exatamente.
13:55Com o médico.
13:55Estás ligado.
13:56Se é bom ator,
13:57se desempenha bem,
13:58se cumpriu ou não,
13:59se chegou lá.
14:01Isso eu não consigo ver.
14:02Sim, não consegues.
14:02Isso eu não consigo ver.
14:03Mas consegues no outro saludo.
14:04Só a parte técnica.
14:05Percebes?
14:05A parte...
14:06A voz está colocada,
14:07está no sítio,
14:08não saiu fora da luz.
14:10O básico.
14:10O básico.
14:11O básico.
14:12Agora,
14:12o nervo emocional de...
14:16De profundidade.
14:17Não consigo.
14:18Não consigo.
14:20E é normal para os nossos filhos.
14:21E no fundo,
14:22o facto de nós queremos
14:23sempre que eles sejam
14:24é...
14:24felizes.
14:25Sim.
14:26Não é?
14:27É.
14:27É um umbrella,
14:28é assim,
14:29um guarda-chuva,
14:30não é?
14:30Sim.
14:31teto muito...
14:32Que diz tudo.
14:33Que diz tudo.
14:34No fundo,
14:35saias em que área for.
14:37Exatamente.
14:37É muito curioso.
14:39Mas tu és muito feliz como ator.
14:41Sou.
14:42Sou.
14:42como é que é o peso da balança
14:44entre ensinar,
14:45representar,
14:46são coisas muito diferentes.
14:47São coisas muito diferentes,
14:48mas são as duas saborosas.
14:51São as duas saborosas.
14:52É como o...
14:54entre o teatro e a televisão.
14:57São duas maneiras de...
14:59de estar na profissão.
15:02São objetos diferentes,
15:06mas são saborosos.
15:09Gosto igual.
15:10É como se tivesse dois filhos.
15:12Eu só tenho um,
15:12por acaso.
15:14Porque, pronto,
15:15isto a vida não...
15:16não dá para mais.
15:18E está tudo bem.
15:18E está tudo bem.
15:19E está tudo ótimo.
15:21Mas se tivesse dois,
15:22acredito que iria gostar dos dois
15:23da mesma maneira.
15:24Pelo menos é assim
15:25que os outros pais
15:26que têm dois ou mais,
15:28é assim que eles me vendem as ideias.
15:29Eu vou acreditar neles.
15:30Sim.
15:31Que eu pergunto sempre
15:31mas gostas mais de qual?
15:32ou daquele ou daquele.
15:33Já lá.
15:34Oh, Dérita.
15:34Então, gostas dos dois.
15:35Pronto.
15:36Então, acreditando.
15:37Isto é a mesma coisa.
15:39É gostar das duas coisas.
15:40É, eu tenho dois amores.
15:41Tenho três ou quatro.
15:41Já sei a tomar palma.
15:43Exatamente.
15:43Agora, entre tantas novelas,
15:45entre tantas personagens
15:46que tu já fizeste,
15:48uma coisa é certa.
15:51Ninguém te tira o mérito
15:52de tantos médicos
15:53que te fizeram.
15:54Sim.
15:54O que é que será?
15:55Os médicos?
15:56Os médicos.
15:56Eu só devo ter ar de médico.
15:58Não, eu com a acreditar
15:59acredito mesmo.
16:00Eu com a acreditar
16:00acredito mesmo que sou médico.
16:02Uma vez uma avó
16:03de uma aluna minha
16:03pensava que eu era mesmo
16:04médico.
16:06Ai, pensava que eu era mesmo médico.
16:09Ai, ele...
16:10Pronto.
16:11Afinal, não.
16:11É o menor elegio.
16:12Afinal, ensina a fabricar
16:15médicos fictícios.
16:18Ficou assim que se vê
16:19depois com um bocadinho desiludida.
16:21Mas é o maior elegio.
16:22Podes ouvir.
16:22Eu pensava que ela era...
16:24Não, tenho cara de médico.
16:26Se calhar devia ter sido médico.
16:28Não sei.
16:30E tens feito esse...
16:33Mas de várias especialidades.
16:35De várias especialidades.
16:38Já fiz várias operações.
16:42Operações até muito difíceis.
16:44Transplantes.
16:46Tudo.
16:47E...
16:47Neurologia.
16:50De ciências neurológicas.
16:51Tem tanta coisa que aprendeste
16:53nesse momento, não é?
16:54Sim, sim.
16:55Porque na tua preparação...
16:57Acabas por aprender.
16:58Porque agora tens...
17:01Muitas das vezes...
17:03E nestas experiências que eu tive...
17:07Tinha profissionais, mesmo na área,
17:11ensinarem-me como é que eu funciono
17:13com as coisas.
17:15Realmente uma operação difícil
17:16na Impostora.
17:18Na novela da Impostora.
17:19Sim.
17:21Em que eu tinha uma profissional
17:25a acompanhar-me.
17:28Portanto, não é uma coisa...
17:30É incrível.
17:30Não é eu fazer como eu acho que...
17:33Não.
17:34É seguir mesmo os procedimentos
17:36que acontecem na realidade.
17:38Tenho uma pessoa no decor
17:39a acompanhar-me nesse procedimento.
17:43Claro, é um transponto de coração.
17:44Quer dizer, uma coisa difícil na vida.
17:48Portanto, a ficção não podia ser tratada
17:49de qualquer forma.
17:51E tinha...
17:52Mas os médicos geralmente é...
17:54Eu qualquer dia acredito.
17:56Eu qualquer dia acredito.
17:57Eu qualquer dia acredito.
17:59Que mesmo...
17:59Oh, se isto não funcionar,
18:00abre uma clínica falsa e de...
18:03É um horror.
18:04É um horror.
18:05Estamos a brincar, obviamente.
18:06Brincar, a brincar.
18:07Conta-me tudo.
18:08Na TVI começas com a Filha do Mar.
18:10Com a Filha do Mar.
18:10Recordas-te desse momento?
18:11Recordo.
18:12Como é que foi para ti?
18:13Do teatro?
18:14Foi com...
18:15Foi tudo no mesmo ano.
18:17Foi no ano em que eu me estriei
18:18no Teatro Experimental de Cascais,
18:21numa produção com o Teatro da Gragem,
18:23com o Carlos Pessoa,
18:24e depois prossegui com o Carlos de Vileges,
18:26para outro projeto.
18:27E era gravado nas Lesídias,
18:33na Companhia das Lesídias.
18:36Fazia um rapaz que tratava lá dos cavalos.
18:43A forma que eu falo é da personagem.
18:45Com tanto carinho.
18:47Não, era muito giro.
18:48Era muito giro.
18:48Colocou o José Eduardo,
18:50com o ator José Eduardo.
18:54Foi uma experiência única.
18:55Foi, de repente, pronto,
18:57sais do palco e estás ali no...
19:01Onde é que está o público?
19:02Sim, onde é que está?
19:03Ai, se estou a fazer isto,
19:05parece que estou a fazer isto sozinho,
19:06lá dentro com os cavalos.
19:07Primeira cena,
19:08com os cavalos,
19:12lá dentro,
19:14estou a fazer isto sozinho,
19:15estou aqui eu e o cavalo.
19:16O cabra estava ali do outro lado.
19:21E estava ali no estábulo,
19:23com os cavalos,
19:24eu e o cavalo.
19:25Será que alguém está a ver isto?
19:27Depois aparece o José Eduardo,
19:29e tal,
19:30então,
19:30como é que está o Lafões?
19:32Porque o Lafões estava dentro,
19:33um cavalinho.
19:35Ah, e tal,
19:36está assim,
19:37que giro,
19:37estou aqui,
19:38estou a falar com ele.
19:39saes do palco e vais para um cenário real,
19:45vais para uma...
19:46Tem o seu encantamento também,
19:48não é?
19:48Não, tem,
19:48tem,
19:49sem dúvida.
19:49É completamente diferente também esta caixa.
19:51Não, completamente,
19:51completamente.
19:52Que giro que isto também é.
19:56Engraçado,
19:56eu estou aqui,
19:58estou com os...
19:58Nós estamos a viver isto.
20:01Maravilhoso também.
20:02E encantaste-te.
20:03Encantei-me.
20:03Mas fizeste muitas novelas.
20:05Fizeste muitas novelas.
20:07Conte-me alguns episódios marcantes,
20:08algumas que tenham também marcado.
20:10É assim,
20:11o...
20:13Depois,
20:14passados uns anos,
20:14volto outra vez aos cavalos,
20:17no Feitiço de Amor.
20:19O Feitiço de Amor.
20:20Mas aí já era em vilão.
20:22Aqui era um bonzinho,
20:24era querido e tal.
20:27Eras um fofo.
20:28Era um fofo.
20:29Ali já volto a fazer,
20:31pronto,
20:31já tinha sido...
20:33Mauzão.
20:34Não era mauzão.
20:35Eu tinha dificuldades financeiras,
20:39fui corrompido
20:40e então envenendei ali o cavalo da Rita.
20:48E pronto.
20:49O cavalo da Rita.
20:50Foi...
20:50Engraçado.
20:52Foi pronto.
20:54Depois fui despedido,
20:55por o Manuel Cavaco.
20:56Foi...
20:57E a mesma forma como tu falas,
20:58que não dás o nome das personagens
21:00nos filmes de atores.
21:01Que giro.
21:02Mas o episódio,
21:04a coisa mais marcada
21:05que ainda hoje me perguntam,
21:06e eu fico satisfeito
21:07porque é sinal
21:07que não estou muito mais velho,
21:10ou pelo menos,
21:11não passaram tantos anos
21:12que ainda seja reconhecido
21:13o projeto,
21:15foi o episódio
21:17do ritual
21:17do Inspetor Max.
21:21Ainda hoje,
21:22os meus alunos...
21:23Falam disso.
21:24Ainda hoje falam disso.
21:25Foi só um episódio.
21:26E continua também no ar.
21:27E continua lá.
21:28E parece que com muitas audiências.
21:30Sempre.
21:30Muitas audiências.
21:33Ainda hoje,
21:34quando aquilo repete,
21:36pá,
21:36ah, não sei,
21:37ah, o professor entrou
21:38no Inspetor Max.
21:39Ah, eu vi no Inspetor Max.
21:40De facto,
21:41é uma série fantástica.
21:45Marcou.
21:45Os protagonistas marcou.
21:46Marcou.
21:46Até hoje.
21:47Ainda hoje.
21:47Aliás,
21:48eu entrei num episódio.
21:51Num episódio.
21:52e eu sou reconhecido
21:54por esse episódio,
21:56principalmente pelos meus alunos.
21:59Que é engraçado.
22:00É muito importante
22:00quando realmente
22:01vemos isto acontecer,
22:03e no caso da TV
22:04acontece muitas vezes,
22:05felizmente,
22:06e nós temos aqui também
22:07o caso disso,
22:08de sucesso,
22:09destas novelas
22:11que já foram um exit
22:12e continuam a ser
22:13aqui na TV Ficção.
22:14O que acontece também,
22:15e eu acredito,
22:17é que as histórias
22:17são muito bem feitas,
22:20tocam muito nas pessoas,
22:22não é?
22:22Bem me quer.
22:24Bem me quer.
22:26Foi uma situação
22:27muito engraçada
22:28com o PP Rapazote,
22:34com o Dessa,
22:38com o José Condessa.
22:38Foi uma situação
22:39muito engraçada
22:40do farmacêutico,
22:42vai estar na outra área,
22:43já não é bem médico,
22:44farmacêutico,
22:45que é raptado,
22:47coitado,
22:47ele não tinha nada
22:48a ver com o assunto,
22:50ele não tinha,
22:51foi para engano,
22:53foi para engano,
22:53de repente é raptado,
22:55é mordaçado,
22:57desce de cordas,
22:58numa carrinha,
23:03é chantageado,
23:04coisas,
23:06um bando de pessoas
23:07e que ele não sabe,
23:08completamente perdido,
23:10o que é que eu vou fazer,
23:11mas enganaram-se,
23:13enganaram-se no homem,
23:14levar o farmacêutico.
23:18Falas de uma forma
23:18tão engraçada,
23:19das personagens.
23:21Pode ser assustador,
23:22de repente tu,
23:23enganam-se,
23:24de repente és raptado
23:25e estão ali a ameaçar,
23:26não sei o que é o outro,
23:27e tu não sabes,
23:28ah, não sei,
23:28diga lá,
23:29não sei,
23:30enganaram-se no homem.
23:32Não sou eu,
23:33portanto,
23:33uma experiência também
23:34muito curiosa.
23:35Muito, muito, muito.
23:35Tiveste muitas,
23:37Cacau.
23:38Cacau,
23:39tive uma situação cómica,
23:42também de especialidade
23:43de medicina,
23:44fiz um teste de ADN,
23:45mas depois foi uma cena
23:49com peripécias,
23:52foi uma situação cómica
23:54que eu não vou estar a descrever,
23:56porque não foi para o ar,
23:57mas...
23:58Claro, não, não, não,
23:58não, não, não,
23:58mas gostaste muito
23:59dessa experiência,
23:59não é, Cacau?
24:00Sim, sim, sim,
24:00foi muito engraçado,
24:01foi muito engraçado,
24:02foi muito interessante.
24:02E é um grande projeto,
24:03não é?
24:03É um grande projeto.
24:04É um grande projeto.
24:05Bairro?
24:06Ah, o...
24:07Incrível.
24:07O bairro,
24:09pronto,
24:11e já foi um...
24:12Já é diferente.
24:13Os serviços jurídicos,
24:17um corrupto,
24:20que foi com a Maria João Bastos,
24:23e eu também gostei,
24:25também gostei muito
24:26também dessa cena,
24:29porque...
24:32Ele trazia-me de vivo ao pecula.
24:33Foi mesmo,
24:36de repente,
24:37que...
24:38que pessoa que eu estou a ser,
24:41mas está-me a saber tão bem.
24:43A representação tem este lado,
24:45que é tu poderes exorcizar
24:46as tuas...
24:48Algumas experiências maléficas,
24:51de...
24:52com a justificação,
24:53eu estou a trabalhar.
24:55Ah, eu acho isso fantástico.
24:56É uma constante terapia.
24:58É.
24:59Não precisas praticar o mal na tua vida.
25:04Podes praticá-lo por...
25:06Através de uma personagem.
25:10Porque emprestamos a nossa energia.
25:13E emprestamos as nossas...
25:15As nossas emoções.
25:18Mas a nossa vida,
25:18pelo menos a minha,
25:19acaba por ser muito mais prática.
25:20muito...
25:23O representar é o que dá cor
25:25na tua vida.
25:26Ou em teu filho, obviamente.
25:28É.
25:29É.
25:30Por isso é que tu és tão...
25:31E os anos passam...
25:32E os anos passam a ocorrer.
25:34A gente fala...
25:35É pelos projetos.
25:36Há no ano,
25:37não sei quanto,
25:37estava a fazer a peça X
25:39e entrei no projeto
25:41de televisão Y.
25:42Não, não sei o quê.
25:45Ah, o que é que aconteceu neste ano?
25:47A nossa história
25:47é um bocadinho...
25:50O que é que estávamos a fazer
25:51naquele ano?
25:52Já que estávamos no dia 5 de abril.
25:54Exatamente.
25:55Exatamente.
25:56Não é...
25:57Ah, naquele ano comprei um...
25:59Mudei de carro.
26:00Naquele ano comprei...
26:00Não, naquele ano...
26:02Estava a fazer aquela peça
26:03e estava com a personagem.
26:05Mas é uma vida também efêmbora.
26:07Também a nossa profissão.
26:08Nós tentamos adiar a morte.
26:13Tentamos ludibriar a morte.
26:19Os autores também sonham um bocadinho
26:21com o ser imortais.
26:22Do seu trabalho prevalecer sempre.
26:25Ficar.
26:26É mentira.
26:27Não fica.
26:28Não fica.
26:29É efêmbro.
26:30Não fica?
26:31Não.
26:31Somos...
26:33As personagens do...
26:36São efêmeras.
26:39São castelos de areia.
26:40E os próprios atores também.
26:42Não...
26:43Ficam os dramaturgos.
26:44Fica quem escreve.
26:45Fica o objeto.
26:47O nosso trabalho...
26:50Fecha o pano.
26:52Acabou.
26:52Achas?
26:53Curioso.
26:54Sim.
26:54Eu estou a falar mais até do lado do teatro.
26:56Estou a pensar do lado do teatro.
26:57Não estou a pensar no registro audiovisual.
26:59Não estou a pensar no audiovisual.
26:59Estou a pensar nas personagens do teatro dos castelos de areia.
27:03Exatamente.
27:04O cinema imortaliza.
27:06Mas penso no teatro.
27:08É esse um dos teus projetos, então, de futuro?
27:11Escrever?
27:11Escrever?
27:14Não sei.
27:15Não sei.
27:17Escrever ficção, não sei.
27:20Já pensei nisso.
27:20Mas não sei.
27:24É que eu, quando faço uma coisa, eu depois só tenho que realizar até ao fim.
27:28E às vezes é uma grande dor de cabeça.
27:31E às vezes pode ser um grande prejuízo.
27:34Mas eu depois tenho que fazer.
27:37Não sei.
27:38Eu agora, da parte académica, tenho parte dos registros mais...
27:45Ficar registrada a parte da época que estamos a viver agora, do teatro português.
27:54O que é que estava a acontecer naquele momento em Portugal?
27:58Que pessoas aqui assistiam?
27:59Como é que se fazia teatro em Portugal?
28:01Como é que se ensinava?
28:03O que é que se aprendia?
28:04Que autoras aqui assistiam?
28:07O que é que se dava nas escolas?
28:09Isso é tão interessante, não é?
28:10Perceber as diferenças.
28:11É, este lado é o que eu tive mais preocupação em registrar neste momento.
28:15Mas estamos no mês de Abril.
28:18Esta arte continua a revolucionar vidas?
28:21Sim.
28:22Sim.
28:23Sem dúvida.
28:24Sem dúvida.
28:27E liberta preconceitos.
28:31É uma arte que liberta preconceitos.
28:35Essa é que é a grande revolução, não é?
28:37Exatamente.
28:38Da arte?
28:38Sim.
28:39E a ficção televisiva tem feito esse trabalho.
28:44Então, meu querido, foi um prazer estar à conversa contigo.
28:46Muito obrigada.
28:46Já viste como é que isto voou?
28:47Voou.
28:48Voou.
28:48Correr.
28:49A correr.
28:50A correr.
28:50Tu queres deixar, por favor, uma pergunta para o nosso próximo convidado?
28:54Estou-vos a lhe perguntar...
28:56Qual é que seria o sonho dele, televisivo?
29:05Se lhe dessem um dia inteiro de televisão, para ele preencher, como é que eu faria?
29:14Não é preciso marcar 24 horas, mas...
29:18Tópicos.
29:19Tópicos.
29:20Os programas.
29:20O que é que ele nos oferecia, nós portugueses.
29:24Muito bem.
29:25Esta fica a tua pergunta, maravilhosa.
29:27Muito obrigada por tudo.
29:28Faltou perguntar alguma coisa?
29:29Não, não.
29:32Queres-me perguntar alguma coisa?
29:38Este programa...
29:39Não.
29:40Este programa...
29:40É só atores?
29:43Não só.
29:44Já tivemos também...
29:45São da área da ficção, mas temos também autores.
29:49E quem sabe teremos surpresas também.
29:51Este ano.
29:52Até porque aqui não teve ficção.
29:54Estamos sempre a surpreender.
29:55Que é onde vive a igreja.
29:56Muito obrigada, meu querido.
29:57Obrigado.
29:58Um grande beijinho.
29:58Com muita força lá para casa também.
30:00Para o Guilherme.
30:02Os nossos filhotes que nos enchem sempre o coração.
30:04Isso é que são revoluções diárias.
30:06Sim, sim.
30:07E surpresas.
30:08E surpresas.
30:09Olha, e não trazem guião.
30:11E não trazem guião.
30:12Exatamente.
30:12Não dá para a gente estudar a cena antes dela acontecer.
30:16É tudo improviso.
30:17É a vida acontecer.
30:18É a vida acontecer.
30:19Aqui numa conversa também é sempre assim.
30:21Estes momentos sempre tão curiosos.
30:23E sobretudo, sempre esta vontade de partilhar tudo.
30:26Tudo que se sinta inspirado.
30:29Até à próxima conversa.
30:30Uma excelente semana.
30:31Uma excelente semana.

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