Frederico Siqueira, ex-presidente da Telebras, foi oficialmente nomeado ministro das Comunicações. A escolha teve forte influência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), que articulou a indicação com o presidente Lula (PT).
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NotíciasTranscrição
00:00E vamos falar de dança de cadeiras, o presidente Lula nomeou e empossou nesta quinta-feira Frederico Siqueira,
00:05ex-dirigente da Telebrás como novo ministro das comunicações.
00:09Luciana Verdolim vai trazer as informações pra gente agora, como foi essa cerimônia e agora as exigências, né,
00:16do governo federal pra manter Frederico à frente da pasta. Bem-vinda, Luciana Verdolim.
00:21Boa tarde, Cine, boa tarde a todos. Olha, o nome foi indicado, né, Davi Alcolumbre, inclusive,
00:30o presidente do Senado esteve ontem aqui à tarde no Palácio do Planalto conversando com o presidente Lula,
00:35participou inclusive de um encontro, né, de uma solenidade, mas antes ficou pelo menos uma hora de conversa com o presidente da República.
00:44Pra evitar qualquer tipo de problema, né, pra evitar que o ministro também, né, o outro indicado pela União Brasil,
00:50desistisse do cargo, ele só foi formalizado. O anúncio só foi confirmado aqui pela Presidência da República no início da tarde,
00:59depois, inclusive, de Siqueira já ter oficialmente assumido o cargo numa solenidade fechada e rápida,
01:07hoje cedo, aqui no Palácio do Planalto, sem convidados, foi uma coisa bem rápida,
01:12levando em consideração, inclusive, que é um nome técnico e o presidente Lula tá viajando hoje.
01:17Ele, em nota, o novo ministro fez questão de agradecer a indicação do União Brasil,
01:23diz que recebe com muita honra a indicação, né, e essa responsabilidade do União Brasil,
01:29e agradeceu também ao presidente da República por essa oportunidade.
01:33Ele tem experiência no setor, era até então presidente da Telebrás,
01:38conhece o ministério, por isso a expectativa é de que não haverá problemas nessa transição.
01:44Em nota, ele disse o seguinte, que a trajetória dele no setor de telecomunicações,
01:50tanto no setor público, quanto na iniciativa privada,
01:54reforça o compromisso com uma atuação técnica, responsável e orientada por resultados.
02:01Ainda de acordo com o novo ministro, ao lado do Ministério das Comunicações,
02:05com a Telebrás, ele sempre manteve uma parceria sólida,
02:09teve a oportunidade de trabalhar em projetos que impactaram positivamente a vida de milhares de pessoas,
02:16e agora, no comando do Ministério das Comunicações,
02:19ele disse que assume a responsabilidade de ampliar ainda mais esse alcance.
02:23As prioridades do ministério deverão ser mantidas, de acordo com o novo ministro,
02:29e a avaliação aqui dentro do Palácio do Planalto é de que fica ainda uma rusga, né,
02:34fica ainda um mal-estar, mas não haveria nesse momento como o presidente Lula deixar de atender, né,
02:41a uma orientação, a uma indicação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre,
02:46que está mantendo um bom relacionamento com o governo federal,
02:49e ontem, inclusive, durante solenidade aqui no Palácio do Planalto,
02:53o Cine elogiou os líderes do governo lá no Congresso Nacional,
02:57e não poupou elogios também à ministra das Relações Institucionais,
03:01Gleisi Hoffmann, que negociou, que é quem estava conversando também com a União Brasil,
03:06quando o deputado, né, Pedro Lucas, foi anunciado, inclusive,
03:10como novo ministro aqui do governo federal, antes de desistir do cargo.
03:15Muito obrigado, Luciana Verdolim, um ótimo trabalho pra você.
03:18José Maria Trindade, nós temos aí uma pessoa mais técnica assumindo esse cargo.
03:22Isso resolve a situação, todo esse embrólio em que se envolveram o governo federal e o Desunião Brasil?
03:31Pois é, isso me pareceu um casamento rápido demais,
03:35onde o padre não faz o discurso inicial e pega os noivos e dizem,
03:39já que vocês aceitam, considerem, se os declaram marido e mulher, pode beijar a noiva e pronto, né?
03:44Ele foi convidado, confirmado, nomeado e empoçado,
03:50numa sentada só pra se ter uma ideia, ou medo de dizer não, né?
03:53Foi o que aconteceu com o último convidado, né?
03:57O deputado Pedro Lucas, que é um deputado de segundo escalão no Congresso,
04:01rejeitou o ministério considerado de primeira linha na esplanada dos ministérios, né?
04:06O Ministério das Comunicações, ele é importante, normatiza,
04:10ele lida com as empresas de telecomunicações,
04:13existem grandes interesses ali no Ministério das Comunicações
04:17e é um cargo muito importante.
04:19Não é uma saída técnica, como tenta dizer aí certos setores do governo,
04:26é uma saída mais política ainda.
04:29Um profissional técnico, engenheiro, né, da Telebrás,
04:33que está acostumado ali com os meandros institucionais e práticos da burocracia,
04:39entrando para o Ministério, ele está nas mãos de quem o indicou, né?
04:44Não existe nada, por acaso, na política.
04:46É o presidente do Senado, Davi Alcolubre.
04:50E aí ele coloca um que nem ele, um ministro,
04:55que ele vai ter muito mais possibilidade de comando.
04:58O que que aconteceu?
05:00O União Brasil, que você disse muito bem, que é o desunião Brasil,
05:04tem uma disputa muito forte ali na Câmara dos Deputados.
05:08E a ideia é de que esse grupo do Rueda pudesse perder a mão na Câmara.
05:13Isso é muito importante.
05:14Na negociação das votações e assim por diante.
05:18E a grande novidade, eu fiquei sabendo, confirmado ontem,
05:22no encontro, numa conversa que eu tive com integrantes do partido,
05:26é que na terça-feira que vem, o União Brasil vai se unir ao PP,
05:31vai formar um grande partido político.
05:33E essa é a grande novidade da política.
05:35A tendência de formar aí grandes grupos, né, partidários,
05:39formando essas uniões.
05:41Então, o desunião Brasil vai desunir também o PP.
05:45Nessa edição, a gente vai trazer mais informações
05:47sobre essa federação entre PP e União Brasil.
05:49E aí, Gustavo Segret, a partir do argumento do Zé Maria Trindade,
05:52quando se tem uma confusão política,
05:54você traz alguém técnico para o cargo.
05:57Aí você fala, puxa vida, então,
05:58nós poderíamos acompanhar mais confusões
06:00que resultassem em indicações técnicas.
06:03O problema é que, embora a indicação seja técnica,
06:07ela está atrelada a um movimento político.
06:10No fim das contas, a gente sabe quem tem o poder.
06:14Eu imaginava, parecido com o que mencionava Zé Maria,
06:18do caçamento, em que o padre disse,
06:19vamos lá, rapidinho, dá um beijo e vamos embora,
06:22assim, aqui, e vai para a lua de meio, se quiser,
06:24e se não, volta para casa.
06:26Sabe aquela linha de pessoas que alguém pergunta,
06:29quem é candidato, quem quer pegar tal cargo,
06:33que dê o passo à frente,
06:35e todos menos um, dá um passo para trás.
06:38Então, só fica um aí, diz, eu?
06:40Espera aí, eu não era eu que queria.
06:43Aí fala, mas é o único que deu um passo na frente,
06:46mesmo que tenha dado todos um passo para trás,
06:48e ele ficou aí exposto.
06:50É a mesma coisa.
06:51Eu celebro que seja alguma pessoa técnica,
06:53mesmo que estamos falando de política,
06:55o fato de saber do que estamos falando,
06:57já é uma boa notícia.
07:00Agora, vamos ver o que ele vai fazer na sua gestão.
07:04Mas uma coisa me parece valorável,
07:06que não tendo um compromisso político eleitoral,
07:10e uma pessoa técnica, ele não está pensando na sua eleição
07:13para diputado, senador, o que quer que seja,
07:17me parece que pode dar uma liberdade
07:18para ele fazer uma coisa que deve ser feita,
07:21e não uma coisa que talvez deva ser feita,
07:24mas que por alguma restrição política,
07:27é melhor não fazer.
07:28Então, vamos ver.
07:29Tomara que dê certo.
07:30Eu desejo que dê certo.
07:32Ô Felipe Monteiro, você acredita que o governo acerte
07:34ao levar a esse desfecho?
07:37Deu tudo errado na negociação política?
07:39A gente traz um cara, então, que entende, pelo menos, do assunto?
07:42Eu acho que o governo errou, sim.
07:44Por quê?
07:44Eu te falo o porquê.
07:45Primeiro que é um técnico que trabalhou 21 anos
07:48em empresa de telefonia.
07:50O Ministério da Comunicação é muito mais que telefonia.
07:54Então, esse argumento que um técnico
07:55que está no Ministério das Comunicações
07:56poderia ajudar o governo,
07:58é um argumento que, na minha opinião,
08:00que é até, de certa forma, falso.
08:02Porque, além da questão da telefonia,
08:05tem televisão, rádio difusão, tem os correios,
08:07tem a questão da banda larga,
08:09tem a questão dos satélites.
08:10Ou seja, é um técnico restrito
08:12a somente uma área da sua atuação.
08:15Por isso que eu acho que o Ministério da Comunicação
08:16tem que ser ocupado por alguém
08:17que tem uma visão muito mais transversal
08:19e muito mais generalista do que o técnico, nesse caso.
08:23E, além disso, sim, tem um ponto que eu acho principal,
08:25que, no Brasil, infelizmente ou felizmente,
08:28dependendo do ponto de vista que você vê,
08:30que você enxerga,
08:31o cargo de ministro serve exatamente
08:34para você fazer uma base de coalizão
08:36no Congresso Nacional.
08:37A partir do momento que você coloca
08:39uma indicação do União Brasil,
08:41um técnico,
08:42que não tem ninguém que consiga exercer influência
08:45no partido político, dentro da Câmara de Deputados
08:48e no Senado Federal,
08:49praticamente o governo perdeu um pouco
08:52o seu poder de barganha nesse aspecto.
08:55Então, no meu modo de ver,
08:56o governo sai perdendo, sai perdendo muito.
08:58É um técnico que não tem,
09:01na experiência dele,
09:02condição de olhar para o todo,
09:05só é experiente na área de telefonia,
09:08e é um técnico também
09:10que não vai conseguir dar base de coalizão
09:12para o governo.
09:14E, além de tudo, na minha opinião,
09:15é um recado, como disse o Segred,
09:17como disse a Zé Maria,
09:18um recado dado pelo partido da Baselhada
09:21de que está todo mundo de olho
09:23na aprovação do Lula no ano que vem.
09:24Se o Lula, por exemplo,
09:25não tiver uma aprovação alta,
09:28grande chance desses partidos políticos
09:29desaguarem do governo.
09:31Você concorda com ele, Gani?
09:32Evandro, eu discordo da primeira parte
09:35do argumento e concordo
09:36da segunda parte do argumento do PP.
09:38Da primeira parte, pelo seguinte,
09:41quando a gente fala
09:42de um presidente de empresa,
09:44é claro que ele também tem
09:46habilidades políticas, né?
09:48Eu diria que, talvez, muitas vezes,
09:50mais do que um próprio político.
09:52E aí eu estou falando
09:53habilidades políticas
09:54no melhor sentido da palavra,
09:57capacidade de articulação,
09:58capacidade de enxergar outros setores.
10:01Eu digo que um presidente de empresa
10:03do setor privado,
10:05ele tem mais habilidades até
10:07do que um próprio político.
10:09Talvez ele não conheça
10:10o setor público por dentro, né?
10:13As negociações,
10:14mas como visão de futuro,
10:16como capacidade de inovação,
10:19de entender de produtividade.
10:20Isso não tem a maior...
10:21não tenho a menor dúvida
10:23de que um CEO
10:24tem muito mais essa visão.
10:26Esse é o primeiro ponto.
10:27Agora, o segundo ponto
10:29mostra, claro,
10:30que o governo foi humilhado nessa.
10:32Por quê?
10:33Veja, ninguém do segundo escalão
10:36aceitou,
10:36nenhum deputado
10:38de menor expressão aceitou.
10:40Primeiro, houve a aceitação
10:43por parte...
10:44Esqueci o nome dele, o...
10:46Pedro Lucas.
10:46Pedro Lucas aceitou
10:48e depois ele recusa.
10:51Então, é uma humilhação, claro,
10:52para o governo federal.
10:54E isso mostra que hoje
10:55os deputados,
10:57eles não estão muito mais
10:58preocupados em ter
11:00um ministério, Evandro.
11:01Por quê?
11:01Porque por parlamentar,
11:04de emendas,
11:04você tem 30 milhões de reais.
11:06E se você for lá
11:07do baixo clero?
11:08Não precisa mais estar
11:08no primeiro escalão
11:09para ter acesso a esse dinheiro.
11:1030 milhões?
11:11Então, assim,
11:12você ficou muito empoderado.
11:13Imagine um deputado, né,
11:17da alta liderança,
11:18com mais comando.
11:19Vai ter muito mais poder.
11:21E aí ele fez um cálculo político,
11:23evidentemente,
11:24de que compensaria muito mais
11:25a recusa do ministério,
11:27porque aumentaria a probabilidade
11:29da sua reeleição.