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O professor de relações internacionais Gunther Rudzit concedeu uma entrevista ao Jornal da Manhã deste domingo (27) para analisar o encontro entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o mandatário ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante o funeral do Papa Francisco. Essa reunião pode ter sinalizado uma mudança de rumo no futuro da guerra no Leste Europeu.

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Transcrição
00:00Hora certa aqui na PAN 733, o encontro entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky,
00:05e o líder norte-americano, Donald Trump, durante o funeral do Papa Francisco,
00:10acendeu alertas para uma possível mudança de rumo no futuro da guerra entre Ucrânia e Rússia.
00:17O professor de Relações Internacionais, Gunter Kudzit, pode nos contar o que isso significa.
00:23Muito bom dia, seja bem-vindo aqui ao Jornal da Manhã, professor.
00:26Professor, desde fevereiro, depois que Donald Trump e outras autoridades também criticaram
00:33o posicionamento de Zelensky a respeito dele não ser grato, digamos assim, pela ajuda dos Estados Unidos,
00:40esse encontro, então, ele foi o primeiro. Trump disse que foi positivo.
00:45Gostaria da sua análise. A partir de hoje, digamos assim, Papa Francisco deixa, então, frutos em relação à guerra.
00:56Bom dia, Elisângela, a todos que nos assistem.
00:59Olha, se tratando de Trump, é meio difícil cravar, eu diria impossível cravar o que ele acha,
01:07porque ele pode mudar hoje e já ter outra opinião.
01:10Mas algumas coisas, alguns pontos são importantes.
01:13Primeiro, ficou muito claro que naquela reunião de sexta-feira, que ficou marcada pelo bate-boca ali na Casa Branca,
01:23o Trump foi fortemente influenciado pelo vice-presidente G.D. Vance.
01:27Isso ficou ainda mais claro com os diálogos que vazaram daquele grupo de um aplicativo de comunicação não secreto,
01:40que ele expressou profunda aversão aos europeus.
01:45Então, se vocês olharem de novo o vídeo daquele bate-boca, quem começa é o Vance.
01:53E o Trump acabou indo nessa direção.
01:56Estão sentados ali, nessa imagem muito forte, muito marcante.
02:01Os dois, isso, como estão vendo, frente a frente, conversando,
02:06somente eles, sem assessores, diretamente,
02:10mostra que Trump está com uma abertura melhor à Ucrânia.
02:14E parece que ele está entendendo, pelo post que ele fez na rede social dele,
02:20de que Vladimir Putin está enrolando.
02:23É mais ou menos isso a expressão que ele usou em inglês, né?
02:26Tapping me.
02:27Então, enrolando para quê?
02:30Para conseguir uma posição melhor no campo de batalha.
02:35Essa imagem também é importante.
02:37Antes dos dois sentarem, eles conversaram com o presidente Macron da França.
02:41E há uma outra imagem que também já circulou,
02:45que foi antes disso tudo, que estão os três e mais o Steinmer,
02:49que é o primeiro-ministro britânico.
02:51Portanto, parece que a ponte em que Macron e Steinmer
02:57tentaram fazer para recuperar as relações entre Trump e Zelensky deram certo.
03:04Zelensky moderou muito sua fala em relação aos Estados Unidos, à Rússia.
03:12Se disse aberto a uma negociação de paz sem precondições.
03:18E parece que também os sermões ali na cerimônia de construir pontes
03:27talvez tenham trazido um efeito ao presidente Trump.
03:31Esperamos que ele mantenha essa linha.
03:34Pois é, pontes que não só com a Ucrânia, professor, mas também com a Europa
03:38precisam ser, de algum modo, restabelecidas pelo governo dos Estados Unidos.
03:42Mas olhando para o outro lado, professor Gunter,
03:45tem o Vladimir Putin, que foi criticado agora pelo Donald Trump.
03:49Houve uma reaproximação dos Estados Unidos com a Rússia a partir da posse do Trump.
03:55Mas volta e veja, tem uma alfinetada daqui, uma alfinetada de lá.
03:58E o fato é que o Putin também não parece querer ceder a um processo de paz,
04:04a um acordo nesse momento, a não ser que tenha todas aquelas garantias
04:08e ficar com vários territórios ucranianos.
04:11O lado russo também é um ponto importante para tentar o convencimento.
04:16Não, professor Gunter, bom dia mais uma vez.
04:18Bom dia, Nonato. Você tem toda a razão.
04:21Na verdade, é o ponto central.
04:24Como o presidente Zelensky já diz há muito tempo,
04:28se a Rússia parar de atacar, a guerra acaba.
04:32Se a Ucrânia parar de lutar, a guerra acaba perdendo.
04:37Então, sem dúvida alguma, as vontades do presidente Putin são fundamentais.
04:45E como muitos vêm alertando há muito tempo, eu me incluo nisso,
04:52Putin não está disposto a um acordo de paz
04:57em que ele não consiga anexar os territórios que ele já ocupou.
05:04E isso é importante porque vai extremamente contra, radicalmente contra.
05:09Primeiro, a Carta das Nações Unidas.
05:11Segundo uma própria política do governo americano,
05:15há décadas de não reconhecer a anexação de território.
05:20Portanto, o ponto principal de...
05:25O que efetivamente Vladimir Putin quer agora vai ser importante.
05:30Porque ele inicialmente queria a remoção do presidente Zelensky do poder.
05:38Isso ele não vai conseguir.
05:39Ao que tudo indica, o governo americano aceitou em bloquear a entrada da Ucrânia na OTAN,
05:47que é uma exigência de Putin desde o começo e que faz todo sentido.
05:51E que os próprios europeus já eram contra antes dessa invasão.
05:57Agora mudaram de postura.
05:59Afinal de contas, houve a invasão, efetivamente.
06:02Terceiro, você ter uma Ucrânia neutra.
06:07O que seria neutra?
06:08Inicialmente, Putin dizia que ele queria uma Ucrânia desarmada.
06:12Ele já não faz mais essa exigência.
06:16Portanto, vamos ter que esperar o que efetivamente Vladimir Putin quer
06:22e o que o governo Trump, em especial o presidente Trump, vai aceitar.
06:27Eu acho ainda difícil conseguir conciliar.
06:31Mas, já que Trump mudou de postura e ameaçou, na postagem dele, de sanções secundárias,
06:40e isso seria realmente um fator importantíssimo para debilitar de vez a economia russa,
06:46talvez o presidente Putin consiga aceitar algumas das exigências americanas.
06:52Bom dia, professor.
06:54O Henrique Kringner está aqui do meu lado, ansioso para fazer perguntas.
06:58Já me disse que o senhor é o maior especialista em guerras do Brasil.
07:02Mas eu vou fazer uma pergunta sobre paz.
07:04Na verdade, duas.
07:06A primeira é sobre a OTAN.
07:07Qual é o futuro da OTAN?
07:08E como é que fica a OTAN agora, depois dessa situação toda,
07:12que veio enfraquecer, ou pelo menos trazer dúvidas,
07:16sobre a utilidade da OTAN, que acaba, no final, deixando na mão alguém que queria integrar
07:23e que acreditou nesta proposta?
07:25E a minha segunda pergunta é sobre esta política feita sob os holofotes,
07:29nessas cadeiras, diante das câmeras.
07:32Antigamente, tudo isso teria acontecido a portas fechadas.
07:35Hoje está tudo exposto, está tudo nas redes.
07:37Como é esta nova política de relações internacionais escancarada?
07:43Bom dia, Mônica.
07:44Bom, eu sou um especialista em guerra porque, se a gente não entender a guerra,
07:49principalmente, um fator que eu acho que todo mundo precisa entender,
07:53Carl von Clausewitz, um teórico da guerra europeu do século XIX,
07:58ele deixou muito explícito.
08:01Guerra é a continuação da política por outros meios.
08:04Portanto, do que nós estamos discutindo é a política.
08:07E discutir política é discutir paz, é conciliação.
08:10Então, infelizmente, para conseguir isso, temos que entender a guerra.
08:13E, efetivamente, o que se vai conseguir depende desses interesses políticos
08:22e que, como você bem colocou, ficaram escancarados nessa era das câmeras,
08:30em qualquer celular, e que, por isso mesmo, é utilizados.
08:36Essa imagem também foi utilizada pelo governo americano para mandar um claro recado
08:43o presidente Vladimir Putin.
08:45E, por isso mesmo, que não foi escolhido à toa o local,
08:51a forma e até toda a conjuntura da imagem que foi transmitida.
09:00Portanto, há uma mudança, uma mudança profunda,
09:05e que eu acho que a gente pode ter um pouco mais de esperança, sim.
09:08Talvez seja a gente possa atribuir um dos legados finais do Papa Francisco
09:14a esse início de um processo de paz na Ucrânia.
09:18Bom dia, professor.
09:20Um prazer estar aqui e nós podemos conversar mais uma vez.
09:24O senhor foi meu professor na Rio Branco, em uma das aulas dos temas,
09:28mas também um dos professores mais marcantes que eu levo para sempre
09:31com as memórias desse período da graduação.
09:34E, professor, eu queria trazer talvez um foco maior para a questão do Brasil
09:37nesse conflito.
09:39A gente tem visto aí um posicionamento da política externa brasileira
09:44mesmo durante o período Bolsonaro, como também agora durante o período Lula,
09:50de uma certa maneira mais pragmático, no sentido de
09:53temos acordos comerciais com a Rússia,
09:56temos uma opinião a respeito da questão da invasão na Ucrânia
10:01e queremos tentar o diálogo, porque ao Brasil não interessa
10:06se indispor com nenhum dos dois atores de uma maneira muito explícita.
10:11Essa é a postura mais acertada num momento em que o mundo agora
10:15começa a escolher lados de uma forma ainda mais veemente,
10:19como a Mônica trouxe aqui, ainda mais escancarada, ou não.
10:23Ou o Brasil deveria optar por uma proximidade maior com um lado ou com o outro.
10:27E aí, engatando nisso também, essa expectativa do presidente Lula
10:31de que o Brasil pode ser o grande pivô de um acordo diplomático ali,
10:36para trazer a paz, como ele mesmo colocou, é realista?
10:40Ou isso é só uma expectativa positiva demais fora da realidade?
10:47Bom dia, Henrique. Bom revê-lo aqui novamente.
10:51Começando pela segunda, que é mais fácil.
10:54Qualquer participação brasileira nisso, nesse processo de paz,
10:57é mero delírio de um verão.
11:00Então, o Brasil não tem condições nenhuma de influenciar nesse processo.
11:08Nós estamos mudando a postura, e aí eu acredito essa mudança muito mais
11:14ao chanceler Mauro Vieira, do que ao assessor especial
11:19para assuntos internacionais da presidência da República,
11:23o embaixador Celso Amorim,
11:24porque no início do governo Lula, o Brasil, pelas falas do próprio presidente Lula,
11:31colocou a responsabilidade da guerra nos dois lados.
11:35Algo absurdo quando um lado invadiu o outro.
11:40E que se a gente parar para lembrar,
11:42essa invasão já ocorreu em 2014,
11:45quando a Rússia anexou a Crimeia.
11:47Portanto, se a gente tinha uma postura muito mais pró-Rússia
11:53no início do governo Lula,
11:55com todas as consequências diplomáticas que levaram a essa postura,
12:04veio caminhando para uma postura mais central,
12:08de que distância,
12:10que não interessa ao Brasil em nenhum momento tomar partido,
12:13muito menos porque, com o governo Trump,
12:18essa tensão entre Estados Unidos e China vai crescer.
12:23E você tomar partido do lado da Rússia,
12:26significa que você está do lado da China.
12:29Porque a China é a maior parceira,
12:30quem efetivamente sustenta todo o esforço de guerra russo
12:34nessa luta contra a Ucrânia.
12:38E, portanto, se nós hoje dependemos do ponto de vista comercial,
12:44das nossas exportações de commodities para a China,
12:47que tendem a melhorar com essa nova guerra tarifária,
12:52mas, ao mesmo tempo, nós dependemos tecnologicamente,
12:55até mesmo para o nosso setor agro,
12:58da tecnologia desenvolvida na Europa,
13:01em especial nos Estados Unidos.
13:03Portanto, uma postura de neutralidade,
13:05que não interessa ao Brasil tomar partido,
13:08é adequada.
13:10Nós temos que torcer
13:11é que o governo Trump
13:13aceite essa postura de neutralidade.
13:16Porque, se partir efetivamente
13:19ou com eles ou conosco,
13:22nós vamos ter sérios problemas
13:23comerciais e diplomáticos.
13:26Muito bem.
13:27Nós conversamos, então,
13:28com o professor de Relações Internacionais,
13:30Gunter Hutzit.
13:32Professor, muito obrigada
13:33pela sua participação aqui no Jornal da Manhã.
13:35Tenha um ótimo dia.
13:37Eu que agradeço.
13:38Bom domingo a todos.

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