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00:00E você sabia que o Brasil já foi atingido por um tsunami?
00:04Pois é, mas esse não é um motivo de preocupação.
00:08Ainda bem, não é?
00:09Quem tem os detalhes é o editor executivo do Olhar Digital, Bruno Capozzi.
00:16Vamos com ele. Boa noite, Bruno.
00:19Muito boa noite pra você, Marisa.
00:20Muito boa noite pra todo mundo ligado, ligado aqui com a gente no Olhar Digital News
00:24desta quinta-feira de feriado em todo o Brasil.
00:27E estamos aqui hoje pra falar de um assunto super curioso
00:30que repercutiu bastante em nosso site.
00:33Olhar Digital fez uma baita pesquisa sobre tsunamis no Brasil.
00:39Reunimos bibliografias históricas sobre esse assunto, fatos históricos
00:44e ouvimos também especialistas e a gente compartilha tudo com vocês agora.
00:48Mas vamos do começo, de onde surgiu a ideia dessa reportagem.
00:52O vulcão Cumbre Vieja, localizado na ilha de La Palma, na Espanha,
00:57entrou em erupção pela última vez em 2021.
01:00A explosão liberou grandes quantidades de lava, além de nuvens e fumaça.
01:05Recentemente, o local virou tema de ficção.
01:09Inferno em La Palma, uma série da Netflix,
01:11conta a história de uma família norueguesa que passava férias na ilha
01:15quando o vulcão entra em erupção e gera um tsunami gigantesco,
01:20capaz até mesmo de chegar à América do Sul.
01:22Mas essa série, ela se embasa em fatos reais?
01:26A resposta é não.
01:27Só que há um ponto de partida.
01:29Essa hipótese aparece em um estudo de 2001 publicado pelo especialista em tsunami Simon Day
01:34e pelo geofísico Stephen Ward, na revista Geophysical Research Letters.
01:39Segundo a pesquisa, uma futura erupção no lado oeste do Cumbre Vieja
01:42poderia causar um imenso deslizamento de terra.
01:45Assim, o vulcão levaria uma enorme quantidade de rochas para o oceano,
01:50gerando um tsunami que atingiria até o litoral brasileiro,
01:53como a série da Netflix retrata.
01:56O vulcão fica bem longe da gente,
01:58a noroeste da África, próximo da costa do Marrocos e do Saaro Ocidental.
02:03E como você verá a seguir, essa hipótese é muito distante.
02:06Não só isso, também é cientificamente um tanto rejeitada.
02:10Por exemplo, um estudo do pesquisador estadunidense George Parara Karayanis,
02:15presidente da Tsunami Society International,
02:18apontou que um colapso dessa magnitude é extremamente raro
02:21e nunca ocorreu na história registrada.
02:24Ele ainda diz que as pesquisas mais recentes que prevêm tsunamis
02:27originados por uma erupção em Cumbre Vieja
02:29têm como base suposições equivocadas.
02:32O olhar de tal conversou com a professora doutora Alice Vestin Teixeira
02:37do Instituto de Geossciências da USP.
02:40Ela nos explicou que os estudos evoluíram muito de 2001 para cá
02:43e com isso a hipótese foi desconsiderada.
02:47Hoje em dia se sabe com esses novos dados
02:49que se esse escorregamento acontecer,
02:54quando ele acontece, na verdade que ele acontece,
02:56mas quando ele acontece, ele acontece em um volume muito menor
02:59do que o estimado por esses pesquisadores
03:02e numa velocidade muito menor,
03:05e essa rocha não cai de uma vez.
03:06Ela vai caindo fragmentos de rocha, pedaços de rocha.
03:11Então seria muito, digamos, difícil disso acontecer,
03:18de um tsunami chegar aqui com os dados que se tem hoje em dia.
03:21E também por modelamento de tsunami ocasionado por escorregamento.
03:25Hoje em dia os modelamentos estão muito mais modernos,
03:28e se sabe que a velocidade desse tipo de tsunami
03:32não é similar ao tsunami que acontece, por exemplo,
03:36nos limites de placas convergentes,
03:39que nós tivemos similares na Indonésia ou no Japão recentemente.
03:44E aí, Marisa, vale citar também que estudos sobre ondas induzidas por deslizamentos,
03:49como seria esse caso em Cumbre Vieira,
03:51mostram que as ondas se propagam em velocidades diferentes
03:54e interagem mais ao longo dessas grandes distâncias que percorrem,
03:59resultando em alturas de ondas menores conforme elas avançam pelo oceano.
04:03Então elas sairiam gigantes perto ali de Cumbre Vieira e chegariam aqui muito menores.
04:08Essas novas simulações sugerem que a altura máxima de uma onda
04:11ao longo da costa leste das Américas,
04:13em um cenário catastrófico em Cumbre Vieira,
04:15seria algo na ordem de 1 a 2 metros de altura,
04:18que ainda assim é algo perigoso,
04:20mas similar a uma tempestade comum como a gente tem aqui no Brasil.
04:24A título de comparação,
04:26as ressacas marítimas no Brasil
04:30atingem, as ondas atingem uma altura muito maior.
04:34Por exemplo, acho que em abril,
04:36a Marinha deu um alerta de ressaca marítima para a costa do Brasil,
04:39acho que de Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
04:42de até 3 metros e meio de altura.
04:43Bom, Marisa, sabemos então que o Cumbre Vieira
04:46não é exatamente uma ameaça para o Brasil.
04:49Mas será que, teoricamente, o nosso país pode ser atingido por um tsunami?
04:54A resposta é sim.
04:56Inclusive, isso já aconteceu.
04:58Mas esse fato não deve tirar o sono de ninguém, viu?
05:01No dia 1º de novembro de 1755,
05:05um tsunami que chegou ao litoral do Nordeste brasileiro,
05:08destruiu algumas habitações,
05:10duas pessoas desapareceram, segundo os registros históricos,
05:13o maremoto teve origem em um terremoto em Lisboa.
05:16O assunto foi abordado, inclusive, pela Rede Sismográfica Brasileira,
05:19com um vídeo do professor aposentado do Instituto de Geosciências
05:23e ex-chefe do Observatório Sismológico da UNB,
05:26José Alberto Vivas Veloso.
05:28Ele é autor do livro
05:30Tremeu a Europa e o Brasil Também,
05:33esse que você vê agora na sua tela.
05:35O trabalho serviu como ponto de partida
05:37para uma pesquisa da UERJ,
05:38em parceria com cientistas portugueses,
05:41que procurou e encontrou evidências físicas da chegada desse tsunami.
05:46Até então, o fenômeno estava registrado apenas em manifestações artísticas
05:50e documentos históricos, como livros, cartas e quadros da época.
05:54As ondas não chegaram por aqui muito altas,
05:57variando entre 1 e 2 metros,
05:58mas o volume de água foi grande,
06:00inundando até 4 quilômetros distantes da linha da costa.
06:05As informações dão conta de que o terremoto de 1755
06:08foi o maior que a Europa já viu,
06:11atingindo 8,7 graus na escala Richter.
06:14Lisboa foi destruída,
06:15assim como grande parte do sul da Espanha e também de Marrocos.
06:19Poucos são os registros dessa época,
06:22mas estima-se algo entre 20 e 30 mil mortos.
06:25Alguns cálculos também falam em mais de 100 mil vítimas.
06:28Então, foi uma tragédia muito grande
06:30e essa tragédia acabou dando origem aos estudos modernos da sismologia.
06:36Voltando aqui ao Brasil, Marisa,
06:38a nossa posição geográfica nos dá muita proteção contra terremotos e tsunamis.
06:44Então, ondas gigantes que começam em outros lugares
06:46podem até chegar aqui ao Brasil, como já chegaram, nós vimos,
06:50mas aqui no litoral do Brasil elas não seriam tão gigantes assim.
06:56Não há nenhuma possibilidade de uma tragédia dessas
06:58que a gente vê em outros países acontecer agora aqui no Brasil.
07:02E mesmo a possibilidade de chegar a um tsunami,
07:06sei lá, vamos supor que aconteça,
07:09a possibilidade de acontecer de novo em Lisboa,
07:13daquela magnitude.
07:14É muito improvável que isso aconteça
07:16e que chegue aqui no Brasil
07:18e que mesmo se chegar que cause uma tragédia.
07:23Isso aí.
07:24A tragédia é praticamente impossível.
07:27Tem mais informações lá no nosso site,
07:29olharodital.com.br.
07:31É só acessar o QR Code na sua tela.
07:33Eu fico por aqui.
07:34Um beijo a todos e um ótimo feriado.
07:36Está aí, participação do editor executivo Bruno Capozzi,
07:46trazendo história e tranquilidade para todos nós.
07:49Muito bom.
07:50Boa noite para você, Bruno.
07:51E aí, recursos do editor executivo do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do texto do