No Direto ao Ponto, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), relatou a gravidade das chuvas que devastaram o estado, com volume equivalente a dois terços da média anual em apenas cinco dias. Leite também detalhou o novo plano de obras e contenção para evitar futuras enchentes e proteger as cidades gaúchas.
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NotíciasTranscrição
00:00A Beatriz Manfredini acompanhou a tragédia à época e agora fez uma reportagem especial também sobre esse ano depois da destruição.
00:08Bia, então vou começar contigo. Bem-vinda.
00:10Obrigada, Evandro. Boa noite. Boa noite, governador e aos colegas.
00:13A gente passou oito dias lá, governador, conversando com as pessoas, com autoridades, os secretários.
00:19Eu queria falar um pouco pra frente. Eu sei que a questão imediata ainda é habitação,
00:23mas eu ouvi de alguns especialistas e também das próprias pessoas que têm o fator trauma ali, do medo desse um ano, dessa época de chuvas.
00:33E alguns especialistas colocaram que o plano pra contenção de enchentes deveria estar mais avançado do que já está.
00:40Sei que tem alguns editais publicados, alguns avanços nesse sentido, mas queria entender se o senhor também vê isso,
00:46que deveria, então, estar mais acelerado esse processo ou não.
00:51E pra quando que o senhor imagina um plano de contenção maior, se é possível que exista um...
00:57É, vamos lá. Tem uma configuração do sistema hidrográfico do Rio Grande do Sul que é bastante complexa.
01:03Então você tem um grande rio que vem do centro do estado, em direção à região metropolitana, né?
01:08Porto Alegre e a região metropolitana estão mais ao leste do Rio Grande do Sul,
01:14onde tem a Lagoa dos Patos e antes da Lagoa dos Patos tem o Lago Guaíba, né?
01:18E o rio Jacuí, este grande rio que recebe contribuição dos rio Pardo e do rio Taquari,
01:25rios que vêm de região dos vales e que acabam ali tendo a configuração...
01:32A enchente, foram muitas enchentes, isso é importante mencionar, né?
01:35Para a região central do estado, foram enxurradas que nesses rios destruíram muitas localidades.
01:42Então foi uma realidade de enchente para eles.
01:44Depois, todo esse volume d'água, porque choveu em boa parte do estado, especialmente na região norte do estado,
01:49a chuva de dois terços do ano inteiro.
01:52Aconteceu uma situação, assim, muito extraordinária em termos de volume de chuvas,
01:56o equivalente a dois terços do ano em cinco dias.
02:00E todo esse volume de chuvas vem pelos rios, como eu disse, citei, né?
02:04Rio Pardo, Rio Taquari, pelo Rio Jacuí até o Guaíba, onde está Porto Alegre,
02:08que recebe ainda as contribuições do Rio dos Sinos, do Gravataí e do Caí.
02:13Então tudo isso, em todas essas regiões, choveu muito.
02:17E veio essa contribuição toda para o Guaíba.
02:19E ali do Guaíba, essa água vai para a Lagoa dos Patos e da Lagoa dos Patos, por sua vez, para o mar.
02:24Por isso que a enchente começa...
02:27Agora mesmo estamos fechando um ano.
02:28Na verdade, ela começa entre o dia 29 e 30 de abril, na região central e na região dos vales.
02:33Nos dias seguintes, muitos problemas e desafios na Serra Gaúcha, onde houve muito deslizamento.
02:40Depois, no dia 3 de maio, é quando Porto Alegre colapsa, o aeroporto fecha,
02:46porque o sistema de proteção foi rompido e acaba a água invadindo a cidade.
02:50E só três dias depois, possivelmente, é que na região sul do estado, em Pelotas e Rio Grande,
02:57a água toda indo pelo Lagoa dos Patos, acaba afetando o lar.
03:00Então veja como é complexo para poder oferecer sistema de proteção em todas essas localidades.
03:05O estado já vinha fazendo estudos para a proteção do município de Eldorado do Sul, por exemplo,
03:09que está ao lado de Porto Alegre.
03:11Esse projeto já está mais adiantado, mas nós criamos um comitê científico com 41 especialistas,
03:19geólogos, hidrólogos, meteorologistas, engenheiros diversos.
03:22E esse comitê científico, a gente submete a ele todos os projetos para nos dizer,
03:28ó, tá ok, é isso, não é? Eu já me reuni com eles e disse,
03:31vocês têm liberdade para demandar ao governo, criticar, sugerir, apontar o que precisa ser feito.
03:36A gente precisa fazer o que é certo e resolver o problema.
03:38Quanto tempo levaria?
03:39Aí, então, o que eles nos disseram?
03:41Esse projeto de Eldorado do Sul, para dar um exemplo, ele precisa ser revisado,
03:45ele já estava numa fase adiantada, já tínhamos feito estudos de impacto ambiental,
03:48e ele vai precisar ser revisado.
03:49Então o estado contrata agora, já lançou o edital, está contratando a revisão do projeto,
03:54à luz das enchentes que aconteceram.
03:56Porque, possivelmente, o que estava no projeto não resistisse a essa enchente no volume que veio,
04:02porque ela era feita com o patamar de outras enchentes que o estado já tinha tido.
04:05Então isso vai ser revisado, em seis meses deve estar feita a revisão,
04:09e aí nós submetemos, levamos a licitação para fazer a execução da obra.
04:13Vai ser uma obra de entre meio bilhão e um bilhão só nessa cidade de Eldorado.
04:17Depois você tem o arroio feijó, entre Porto Alegre e Alvorada.
04:20É uma obra de dois bilhões de reais o sistema de proteção.
04:23Está mais ou menos na mesma situação do de Eldorado, já tinha uma fase mais adiantada,
04:27estudo de impacto ambiental, já aprovado no órgão ambiental,
04:29e a gente deve fazer a revisão, seis meses, contrata até o final do ano,
04:35projeto executivo e execução de obra numa mesma contratação.
04:38Mas você tem, por exemplo, Taquari Antas, tem estudos que precisam ser feitos,
04:42o CAI, que é uma outra região, é um outro rio de uma outra região,
04:46precisa ser feito os estudos.
04:47E aí tem um processo, porque é importante lembrar que não é simplesmente botar um maquinário
04:51e erguer diques de proteção.
04:54Tudo tem impacto ambiental.
04:55O dique tem impacto ambiental onde ele é instalado.
04:58A água que deixa de entrar naquela localidade vai para algum lugar.
05:02Tem que fazer o estudo de como é que vai se comportar toda essa questão hidrológica.
05:08Tem a própria água das chuvas dentro da cidade que precisa ser bombeada para fora,
05:12porque se você vai fazer um sistema de proteção, está bem, a água dos rios não entra,
05:17mas e a água da chuva? Sai como? Da cidade.
05:19Então, você tem que estabelecer todo um planejamento de drenagem urbana que é complexo.
05:25E é por isso que eu observei Nova Orleans, Holanda, onde eu visitei, o Japão.
05:30A maior parte dos lugares que tiveram desastres levaram entre 10 e 15 anos
05:34para poder dizer que eles estiveram efetivamente preparados para um novo evento climático.
05:38É claro que a gente vai lutar muito para fazer o mais rápido possível,
05:41mas o projeto que o Estado levará para recompor os sistemas existentes é mais rápido.
05:47Então, Porto Alegre tem um sistema que falhou, mas tem que ser recuperado e vai dar já proteção
05:53e isso deverá estar executado entre um a dois anos.
05:56Mas novos sistemas de proteção, esses vão levar de três a cinco anos,
06:01pelo menos aqui, para serem executados na plenitude.
06:05Aqueles que já têm algum nível de estudo mais adiantado.
06:08Os que estão ainda no estudo, vai ter que passar ainda pelo órgão ambiental,
06:11fazer as análises todas, encaminhar a execução das obras.
06:14Então, isso pode levar um pouco mais em algumas cidades.
06:16Mas não quer dizer que o Estado não está fazendo nada.
06:18Tudo está sendo feito, desastreamento de rios, dragagem, compra de equipamentos,
06:22radares meteorológicos, estações hidrometeorológicas, sistemas de proteção e prevenção
06:26para as nossas comunidades.
06:28Eu posso discorrer isso, não quero monopolizar aqui a fala,
06:30mas nós temos muitas ações no nosso Plano Rio Grande,
06:33que é o plano de reconstrução do Estado.
06:35Aliás, quem quiser conhecer mais, www.planoriogrande.rs.gov.br.
06:40Está tudo discriminado, com muita transparência,
06:43cada uma das ações do governo do Estado.