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A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém, prevista para ocorrer em novembro de 2025, tem mobilizado setores diversos da economia e da cultura no Pará. Em Icoaraci, distrito com forte tradição ceramista, o evento é visto como uma oportunidade para aumentar as vendas, atrair turistas e obter apoio institucional.

Reportagem: Bianca Virgolino / Especial para O Liberal
Imagens: Wagner Santana

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Transcrição
00:00A minha vida é muito, muito ligada à cerâmica, assim, com o ofício que eu sempre fiz parte da minha vida.
00:07E hoje eu empreendo com a minha família, que pra mim é uma coisa que tem a maior importância a isso, né?
00:12Estar trabalhando junto em família.
00:14E nós tocamos aqui o projeto do Cerâmica Família Santana,
00:19que é uma cerâmica voltada, assim, pra tradição mesclada da tecnologia, pode-se dizer assim.
00:27Esse evento que vai acontecer aí é uma coisa que, até certo tempo, era um mistério pra gente.
00:33Mas, assim, a gente, de uma maneira ou de outra, a gente tem que se preparar de alguma maneira, né?
00:38Eu acho muito relevante que a Amazônia seja mostrada no seu total.
00:42Não pra gente chegar, fazer um evento que vai mostrar só a Amazônia que nós queremos passar pro mundo,
00:48porque tem outras coisas que envolvem.
00:51E a questão cultural, pra mim, é a que é mais importante, né?
00:55Então, a cerâmica, ela representa muito o que é essa cultura, né?
00:58É lógico que nós temos uma cultura muito forte na música, enfim, em vários tipos de artesanato.
01:06Mas a cerâmica é uma coisa que já começou aqui antes, mesmo de nós sermos uma cidade, né?
01:12Aconteceu, inclusive, aconteceu antes do evento do Brasil ser habitado, né?
01:18A cerâmica é um ofício muito antigo, né?
01:23A cerâmica começou quando o homem conseguiu dominar o fogo.
01:27E ela passa por várias etapas, assim.
01:29Aqui em Coracê não é diferente.
01:31Nós tivemos um período da cerâmica colonial,
01:35e depois já vai acabar a cerâmica, daí começou a cerâmica decorativa,
01:40e de novo entrou em crise e vai acabar.
01:42E aí ela vai ressurgindo.
01:45Então, a cerâmica não é uma coisa que alguém consiga derrubar.
01:50Embora, sim, na última década a gente tinha percebido uma escassez de mão de obra,
01:57uma das funções nossas aqui em casa é formar novos profissionais pra essa cultura, né?
02:04Ou seja, então a gente busca sempre, através das oficinas,
02:08através de pessoas que a gente prepara pra trabalhar com a gente,
02:10fazer com que as pessoas tenham uma ideia de cerâmica,
02:14mas que use a cultura como um ponto forte,
02:18mas também que a gente esteja atento às coisas que o momento atual nos pede, né?
02:23Questão de meio ambiente, questão de preservação,
02:26de usar com consciência os recursos que a gente tem.
02:29Então, a gente acha que tudo isso faz parte do nosso trabalho.
02:31A gente tenta implementar nele.
02:33Eu acredito que nós vamos ter um movimento bom,
02:36que eles vão ser muito bem-vindos.
02:38Eu espero que eles cheguem aqui, comprem, deixem um dinheiro bom na loja, né?
02:46Porque a gente está realmente precisando do evento dessa natureza, né?
02:52Porque a gente recebe muito turista, a gente tem uma venda até boa, né?
02:55Mas sempre é bom, né? Chegar assim e vir fazer o conhecimento,
03:00também conhecer as peças, né?
03:02Conhecer o nosso trabalho.
03:04Isso é uma das coisas que é o principal, mais do que é o dinheiro, né?
03:07Porque se toda pessoa chegar aqui e ver o que a gente faz,
03:10é uma satisfação pra gente.
03:12Então, a gente está esperando com muita ansiedade a COP, né?
03:15Que chegue pra somar com a gente.
03:17Existe muito, é uma das nossas maiores preocupações.
03:20Por quê?
03:20Porque nós tínhamos a nossa argila tirada aqui perto.
03:23Na época, a gente pagava R$2,00 na barra da argila.
03:27Aí aconteceu que não puderam mais se extrair daqui.
03:29Hoje vem de São Miguel.
03:31Hoje a gente já paga R$10,00 pela barra.
03:33Olha a diferença, né?
03:34Careceu muito o nosso produto.
03:36Então, pra nós é uma das preocupações, não só com argila,
03:40também com a mão de obra, que hoje está difícil.
03:43Hoje você procura desenhista, você tem muito pouco desenhista, não existe.
03:47Quem tem o seu desenhista, como no meu caso eu tenho de muitos anos,
03:51tem que conservar, preservar e não deixar ele sair.
03:53Porque não é fácil.
03:55Está se tornando cada dia mais difícil pra gente.
03:59Então, a gente tem o interesse de continuar a obra.
04:01Então, a gente tem que...
04:02Por isso que nós estamos com esse projeto de formar artesãos.
04:06Porque nós hoje temos essa dificuldade.
04:09A mão de obra está escassa pra nós.
04:11O risco existe, né?
04:12Como eu estou te dizendo, que está difícil, né?
04:14E se a gente não trabalhar mesmo, não tiver a consciência
04:18de que temos que ensinar o artesão, vai acabar.
04:21Porque vai no caminho que está ficando difícil.
04:24É como eu estou te falando.
04:25Está muito difícil a mão de obra.
04:27Então, é por isso que nós temos esse projeto
04:29de trabalhar dando cursos, os ensinamentos pras pessoas.
04:33Porque se a gente não fizer isso, não se unir e ensinar, vai acabar.
04:38Nós temos essa preocupação muito grande
04:40de ter que fazer esses cursos.
04:43Nós já tivemos agora esse mês, nós estamos tendo de vez em quando
04:47visitas de pessoas dos órgãos que estão vindo aqui
04:50pra ver o espaço da loja, pra ver o tamanho do terreno se dá
04:54pra colocar os carros grandes pra trazer, né?
04:57Então, eles já estão com essa preocupação.
04:58Eles já estão em movimento com a gente, né?
05:00Mas ainda não ofereceram nada que pudesse concretizar, né?
05:04Mas alguma coisa que a gente fazia.
05:06Como eu estou te dizendo, essa semana que vem
05:08a gente vai começar a mexer aí na loja.
05:09Vai ver o que dá pra arrumar daqui pra lá, né?
05:12Dentro das nossas possibilidades.
05:13A gente vai tentar dar uma arrumada
05:15pra ficar mais interessante o espaço, né?

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