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00:00O ano que eu mais trabalhei, foi o ano que eu mais apresentei projetos, assim, eu acho
00:16que tive a possibilidade de fazer coisas que sempre esteve na minha cabeça, enfim, por
00:25falta de recurso, por falta de ânimo também, porque a artista tem meio que altos e baixos,
00:32acho que esse foi o ano mais potente, assim, pra mim.
00:35Eu tô feliz porque eu acho que show, pra mim, é mais do que fazer uma apresentação
00:43pras pessoas, é mostrar que o meu público é o que está também fora da internet, porque
00:51números são muito importantes, né, ouvintes mensais são muito importantes, mas fazer
00:57show, ver que as pessoas realmente cantam a sua música, que as pessoas realmente gostam
01:01da sua pessoa, que as pessoas realmente saem de casa pra poder prestigiar a sua apresentação,
01:08isso é muito gratificante pra mim, né, eu me sinto na responsabilidade de entregar o
01:13meu melhor pra essas pessoas e me sinto também feliz de saber que eu tenho o carinho dessas
01:18pessoas, porque eu, por exemplo, não sairia de casa pra ver alguém que eu não gosto,
01:24sabe?
01:25Então, só o ato de, sei lá, as pessoas saírem da faculdade, do trabalho, pra ir pro
01:31show e se arrumar rapidinho e sair de casa pra ir pro festival, pra ir pro evento, pra
01:37poder prestigiar, isso pra mim, eu ganhei o meu dia, assim, eu zerei pra mim, sabe,
01:44porque isso é muito importante, e estar nesses grandes festivais é um reconhecimento
01:50de que talvez eu sempre me preparei pra estar nesses lugares, e eu só me sinto muito na
01:57responsa também de dar conta e ser tão grande a altura desses lugares, sabe?
02:04Porque é desafiador, é a primeira vez que a gente tá indo pra Natal, é a primeira
02:10vez que a gente tá indo pro festival, e eu adoro essa dinâmica de viajar, porque
02:14eu gosto de conhecer as pessoas, gosto de ouvir o sotaque, gosto de experimentar as
02:18comidas, gosto de ver os rostos, os traços, que é, diferencia de cada parte do Brasil,
02:25e é muito legal pra mim ver que esses grandes festivais olham pra gente e lembram da gente,
02:31de sentir que esse palco aqui tem que ter duquesa, o show da duquesa vai ficar lindo
02:37nesse lugar, então não só de público, mas também da organização dos eventos,
02:42só de pensarem no meu nome pra completar a line, eu fico muito feliz.
02:45Ah, eu acho que o palco, ele traz uma dinâmica de expectativa do público muito interessante,
02:56que é, nossa, às vezes quando é palcos diferentes, é tipo, nossa, fulano de tal
03:00acabou naquele palco, vamos correr pro palco de cá que tá rolando tal pessoa, ou então
03:05tal horário é tal pessoa, eu preciso correr pra, tipo, pegar o show dessa pessoa aqui
03:09que vai começar em tal horário, então eu acho que o público de festival é um público
03:16que tá pra viver o festival, eles vão viver mesmo, se começar a tarde e vai até a noite,
03:22eles ficam a tarde e até a noite pra viver aquele momento, a experiência e tudo que
03:26o festival proporciona, então, tipo, é uma energia diferente, mas o show solo, meu, acho
03:32que as pessoas tão com a expectativa de ver o show, mas tão confortáveis de
03:39vai ter eu ali e ponto, é isso, tipo, é isso, vai ter eu, então eu acho que é uma expectativa
03:46diferente de cada lugar, mas é bom também.
03:50A gente tá dando continuidade ao que grandes mulheres, assim, dentro do cenário fizeram,
03:56sabe, tipo, ou abriá-las, assim, a Negra Li, Negra Giza, Dina D, eu acho que o que
04:05acontece, a Camila CDD também, e eu acho que o que acontece é que agora a gente tem
04:11um novo formato de linguagem, né, agora a gente tem um formato de linguagem e isso tanto
04:17é visualmente, esteticamente, como de letra, de dinâmica, de rima, porque eu acho que
04:27antes o cenário era tão machista que acabava que as mulheres que estavam presentes na
04:35cena não conseguiam expor a sua feminilidade, por exemplo, porque era um cenário onde não
04:42tinham respeito, se caso fossem muito mulherzinhas, entendeu, e eu acho que agora é um cenário
04:49onde a gente conseguiu impor nossa feminidade, nossa estética, nossa sensualidade e ser respeitada
04:56por isso, porque agora a gente tem um público feminino que apoia muito mais as mulheres,
05:02porque mesmo antes, o que eu percebo é que mesmo antes que as mulheres estavam inseridas
05:07ali no movimento, mas majoritariamente quem escutava essas mulheres e quem aprovava a
05:12qualidade do som dessas mulheres eram homens e agora a gente tem um público feminino muito
05:16forte que escuta mulheres, aprova mulheres e consomem mulheres e lotam shows de mulheres
05:23que escutam mulheres muito mais, então acabou essa aprovação de homens, sabe, alguns homens
05:31escutam mulheres e é legal e conseguem agora meio que respeitar essa estética, respeitar
05:38essa linguagem e entender que, olha, eu gosto do trabalho dessa menina, mas majoritariamente
05:42essa menina não está fazendo uma música para mim e tudo bem, sabe, eu acho que entrou
05:48esse consenso, isso é muito importante porque a gente entende também, nós mulheres escutamos
05:54os sons de alguns caras, obviamente que não é uma guerra de sexo, tipo, nossa, odeio
05:59homem, odeio, enfim, não é uma guerra, mas a gente entende que majoritariamente a música
06:04desse homem não é para nós, entende? E pensando nessa atualidade de público, a música
06:14feita por mulheres abraça muito mais outros nichos, como a comunidade LGBTQIA+, escutam
06:22mais mulheres, sentem mais a vontade em shows de mulheres, isso é muito importante porque
06:28até então o machismo era tão grande que não poderiam ir para um show, curtir sem
06:34ser afetado negativamente com o público masculino, que é muito escroto, na maioria das vezes.
06:42As mulheres também se sentiram mais à vontade de ir para um show, entender que é um lugar
06:46seguro para ir, para curtir, se ficar bêbada ali, enfim, se está se passando, é um ambiente
06:52seguro porque tem várias outras mulheres ao redor, então criou um ambiente seguro
06:58de curtir um evento, de escutar uma música, de se empoderar com as letras, de entender
07:04que parece um diálogo que você teria com qualquer outra amiga e eu acho que é isso
07:09que mudou o cenário, entende? Tracee subiu no palco, acho que foi uma das primeiras assim,
07:15eu acho que, enfim, não sei se eu estou exagerando muito, mas foi uma das primeiras
07:21mulheres do rap que eu vi subindo de minissaia no palco, então isso foi muito importante,
07:27sabe? Foi muito importante, eu acho que para eu do Queza, hoje em dia, colocar meu bundão
07:32lá no palco e ficar super confortável é porque eu me inspiro também nas minhas amigas
07:37da cena que tiveram uma coragem de mostrar sensualidade e rimas tão potentes quanto
07:44a dos homens. Então, eu acho que eu ter feito publicidade e propaganda, eu queria
07:51muito fazer uma faculdade, né? Minha família sempre prezou muito, minha família é muito
07:55tradicional, né? De tipo, fazer faculdade, terminar o ensino médio, aquela coisa toda
08:02e eu queria algum curso que eu me identificasse, que eu pudesse ser tão criativa, tão, é...
08:10aquele ar de revolucionário, assim, né? Acho que todo mundo que tá saindo do ensino
08:13médio, eu falo aqui, que é salvar o mundo, entendeu? Tipo, eu vou ser médico para salvar
08:19o mundo, enfim, aquela coisa toda. E a minha parte revolucionária é que eu vi um vídeo
08:25muito específico que falava sobre a cota de pessoas pretas em comerciais, sobre a pouca
08:36quantidade de pessoas pretas sendo frente de grandes campanhas e é por isso que não
08:44tinham tantas pessoas pretas nas revistas, na televisão, porque não tinham pessoas
08:50pretas para aprovar ou reprovar essa campanha, né? Tipo, geralmente as pessoas pretas dentro
08:55de agências são os designers, são as pessoas que têm um cargo ali muito mínimo e tem
09:02uma pessoa superior que é quem decide tudo e não é uma pessoa preta. Então, eu fiquei
09:08pirada, assim, eu era muito mais milituda do que eu sou hoje, assim, quando eu era adolescente,
09:14eu ficava, não, mano, a gente precisa mudar isso, a gente precisa mudar isso e eu quero
09:18mudar isso. E aí, depois de um tempo, eu vi que a Isa fez publicidade e eu falei, nossa,
09:24faz todo sentido, porque a Isa, ela é muito boa no audiovisual, na imagem dela, tudo conversa
09:30muito e eu acho que isso me inspirou na questão de ter muito mais pessoas pretas dentro do
09:36meu processo criativo, dentro de construção dos meus trabalhos, da identidade visual do
09:41meu álbum, da direção de arte do meu show, muito mais pessoas pretas no sentido de decidir
09:48coisas junto comigo. Então, eu não fui para uma agência, mas eu fui para o meu trabalho
09:52e se eu tive o mínimo de liderança dentro do meu trabalho, eu consigo incluir pessoas
09:58pretas para também serem líderes de todo o processo, sabe? E deixar a minha parte criativa
10:05é muito mais evidente, assim, sabe? E servindo de uma coisa para mim, não para uma outra
10:11pessoa, né? Que a agência, geralmente, você entrega muito sua criatividade para uma pessoa
10:16e às vezes o seu nome nem está nos créditos. A real bem real é essa. E no meu trabalho
10:22é diferente, o meu processo criativo, eu conto com muitas pessoas, mas eu me sinto
10:27muito livre para criar, de entender que, olha, meu álbum vai ter a cor vermelha e preto,
10:32olha, o nome vai ser esse, a ideologia vai ser essa, as músicas vão ser essas, os figurinos
10:39vão ser esse, a luz de palco, eu quero uma luz assim, assim, assim, porque vai ser assim,
10:44assim, assim, o meu clipe vai ser num ambiente tal, eu queria uma parada assim e tem várias
10:50outras pessoas opinando e me ajudando a construir. Então, isso é muito legal, ver que eu me
10:56formei em um curso que não obrigatoriamente eu exerci a profissão, mas tudo que eu entendi
11:05sobre marketing, sobre identidade visual, direção criativa, gestão de marcas, enfim,
11:11audiovisual, tudo eu consegui agregar para o meu trabalho enquanto artista e isso é
11:17muito bom, porque quando você é uma pessoa preta e principalmente jovem, dentro de uma
11:25reunião de negócios, muitas pessoas te descredibilizam, né? E ter o conhecimento
11:31de conseguir verbalizar o que eu quero, de conseguir direcionar uma equipe, de conseguir
11:38liderar, foi muito importante, porque eu me formei nisso, eu passei quatro anos estudando
11:45isso, então, não tente me descredibilizar em algo que eu me formei para ser e para falar,
11:53e é muito importante. Infelizmente, foi por esse caminho, né? Porque eu sei que a realidade dos
11:59jovens é que nem todo mundo consegue fazer uma graduação, mas enfim, o que eu aconselho a todo
12:06mundo é se você puder fazer um curso gratuito ou assistir um vídeo para conseguir entender termos
12:13técnicos e conduzir a sua carreira de uma forma mais profissional e mais burocrática,
12:19então, é burocrática, é chata? Abraço, é muito importante. Ah, eu adoraria gravar com a Pabllo,
12:27gosto muito da Pabllo Vittar, eu gosto muito da Isa, a Isa seria muito, muito, muito interessante
12:37fazer uma música com a Isa. A Lud, ela tá ali, tipo, no meio R&B, pagode, pop, mas eu gostaria
12:46colaborar também com a Ludmilla. Acho que é o meu top 3, assim, de colaborações que eu tenho vontade
12:54de fazer alguma coisa junto. Eu acho que esse ano, eu vou finalizar o ano muito... de coisas, sabe?
13:02Quando você tenta fazer um projeto e sempre tem alguns rascunhos ali, você fala, ah, eu acho que isso não,
13:09e tal, eu acho que eu vou jogar esses rascunhos para o mundo e vou finalizar o ano de uma forma
13:15bem agitada, do jeito que eu gosto, para as meninas rebolar a bunda, entendeu? Para a galera se sentir livre,
13:22dançar mesmo, pôr seu corpo, ser feliz. E ano que vem, talvez, eu estude alguma outra coisa que venha ser
13:36um pouco diferente do que eu plantei do ano passado para esse ano. Eu tô querendo aprofundar mais algumas
13:43coisas. R&B é uma coisa que eu já tenho um tempo que eu quero voltar a fazer, mas eu prometi a mim mesma
13:49que eu vou voltar a fazer R&B quando eu voltar, tipo, para aula de canto, para aula de música, para poder
13:57realmente fazer algo e entregar algo realmente bom, assim, superar tudo que eu já fiz antes e vir numa
14:06nova fase, assim, mais madura, né? Fazer 25 anos, eu quero um negócio mais, sabe, mais glamour, e aí eu acho
14:15que eu vou ainda me aprofundar nos estudos para depois entregar algo legal.

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