O governo federal lançou nesta terça-feira (22) o programa "Minha Casa, Minha Vida" para a população de rua. De acordo com o texto, os municípios aptos para a modalidade deverão reservar 3% das unidades habitacionais para este público. Os municípios aptos são: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Juiz de Fora, Maceió, Manaus, Belém, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São José do Rio Preto. A prioridade para participar do programa é de famílias com crianças e adolescentes, mulheres, pessoas grávidas, pessoas trans, idosos e pessoas com deficiência. A modalidade será 100% financiada pelo governo.
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NotíciasTranscrição
00:00O governo federal lançou hoje o Minha Casa Minha Vida para a população de rua, porque
00:08de acordo com esse texto, os municípios aptos para essa modalidade deverão preservar 3%
00:18das unidades habitacionais para este público.
00:22Olha só, os municípios que até agora estão habilitados para o Minha Casa Minha Vida
00:29são Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Juiz de Fora, Maceió, Manaus, Belém, Porto
00:44Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São José do Rio Preto.
00:54Não vi São Paulo.
00:55A prioridade para participar do programa é de famílias com crianças e adolescentes.
01:03Mulheres, pessoas grávidas, pessoas trans, idosos e pessoas com deficiência.
01:11Todos estes têm a sua preferência.
01:15A modalidade será 100% financiada pelo governo.
01:20Muito bem, meu querido Ricardo Rouss, claro que há um déficit habitacional muito grande
01:26no país e o programa Minha Casa Minha Vida é sempre um programa bem-vindo, já que vai
01:32proporcionar financiamento para a crise.
01:35O que você achou de algumas dentre estas prioridades que foram estabelecidas?
01:40Qual o critério? Saúde, idade, fragilidade, vulnerabilidade? Qual foi o critério?
01:47E se você acha que teremos condições com a situação fiscal no aperto que se encontra,
01:53como é que vai ficar?
01:55Capês, primeiro ponto é dizermos o seguinte.
01:58Qualquer ação que visa ajudar a tirar as pessoas, as famílias que vivem em situação de rua é bem-vinda.
02:05Dito isto, o que é importante? É importante ver que aí é mais uma peça de publicidade do governo.
02:11Se você vê, ainda tem muita informação a ser divulgada, os critérios, como serão as famílias,
02:15cidades que foram escolhidas, por que esses municípios?
02:17Porque a gente tem o maior município do país, onde tem o maior número de pessoas em situação de rua,
02:21por exemplo, como a cidade de São Paulo, que não está na lista.
02:24Vários detalhes que a gente não entendeu.
02:26Eu vi a fala do ministro, o ministro também falou que além da seção da habitação em si,
02:32da casa, da moradia, também tem que ter atendimento psicológico,
02:35atendimento social, atendimento...
02:36Mas minha primeira pergunta é por que já não tem esses atendimentos hoje?
02:40Por que nós estamos esperando aí desenvolver?
02:43Quem sabe? Não há hoje.
02:44As pessoas estão em situação de rua hoje, já, agora.
02:47Então a gente vê que é mais uma fala do que um plano efetivamente bem elaborado
02:53com o objetivo de diminuir a dor dessas famílias que estão em situação de rua.
02:57Então realmente é aguardar um pouquinho para a gente poder entender um pouquinho os detalhes do programa
03:01para saber se ele sai só de uma peça publicitária ou se realmente ele é um programa
03:05que tem uma base importante, que é sólido e que pode, de fato, fazer a diferença na vida das pessoas
03:10que estão sofrendo em situação de rua.
03:12É.
03:13Sólido até agora eu não vi nada.
03:14Mas eu queria ouvir você, meu querido David de Tarso.
03:18Pois é, o Brasil hoje, em março, pelo menos os dados, os últimos que foram divulgados,
03:22tem 335 mil pessoas vivendo nas ruas.
03:26A maior quantidade, como o meu colega bem disse, fica aqui em São Paulo com cerca de 100 mil pessoas.
03:32Mas a gente vê processos de desocupação ocorrendo porque justamente pessoas invadem áreas que não podiam
03:39ou até mesmo imóveis que não são delas para conseguir viver.
03:43Só que o governo deveria pensar também o que levam as pessoas até as ruas.
03:47Muitas vezes, o vício em drogas, em álcool e os tratamentos que estão sendo desenvolvidos por meio dos CAPs,
03:56esses mesmos mecanismos que, inclusive, detectam quem mora na rua efetivamente, não estão sendo viáveis.
04:03Então, você tem uma população que é improdutiva, porque se a pessoa tem um vício,
04:07ela não consegue produzir e não consegue automaticamente trabalhar.
04:10E aí você vem com uma medida e fala assim, agora a gente vai ter o Minha Casa Minha Vida para você
04:15e 3% vai ser reservado para essa fatia da população.
04:19Mas o que levou aquela pessoa para a rua?
04:21Muitas vezes foi o álcool e a droga.
04:22Como é que ela vai pagar as custas do imóvel, apesar de receber muitos benefícios do governo?
04:28Porque tem contas, outras contas, apesar de subsidiar 100% do imóvel,
04:32depois tem água, tem luz, tem alimentação que a pessoa precisa colocar dentro desse imóvel também.
04:40Então, são outras questões que o governo precisa ver primeiro,
04:43para que a pessoa, primeiro, se torne produtiva e, dessa forma, consiga ter o seu próprio imóvel.
04:48Agora, ficar com essa medida populista de divulgação, que, olha, vamos dar casa para quem precisa,
04:54isso, na minha concepção, realmente, assim, não tem nem o que dizer a não ser populismo barato.
05:00Meu querido Rodolfo Maris, o programa aí pretende alcançar, até agora,
05:05faixas de salariais até 8 mil reais.
05:09Agora, ele ampliou para pessoas que ganham até 12 mil reais.
05:12Elas vão poder pegar um empréstimo, um empréstimo de 500 mil reais,
05:17taxa de juros de 10% ao ano,
05:20e aí eles podem alcançar até 120 mil novas moradeiras.
05:24Ele vai pagar durante 35 anos.
05:26É isso que está sendo anunciado.
05:27É a abertura de um crédito.
05:29Portanto, as pessoas têm que pagar.
05:31Qual a sua avaliação sobre essa ampliação do crédito para famílias de até 12 mil reais,
05:37pagando empréstimos de até 500 mil reais,
05:40juros de 10% ao ano e menos de 1% ao mês?
05:43Capês, eu, sinceramente, vejo como uma solução.
05:47Nesse caso, especificamente,
05:49família que ganha até 12 mil reais e que mora onde aluguel
05:52e que agora tem uma oportunidade de fazer um empréstimo de 500 mil reais
05:57para comprar a sua própria residência,
06:00na verdade, é uma solução.
06:01Há uma jogada de marketing, uma simiótica nisso tudo?
06:05Com certeza.
06:06O Lula 1 emplacou muito fácil as suas bandeiras.
06:09O governo Lula 2 emplacou também muito fácil as suas bandeiras.
06:13O Lula 3, o governo Lula 3, tem uma dificuldade imensa
06:18de tentar emplacar algumas de suas campanhas,
06:21algumas de suas bandeiras,
06:22tendo em vista que o Pé de Meia foi lançado recentemente,
06:25aprovado recentemente,
06:27sem mesmo o nosso teto, o orçamento de teto de gasto aqui,
06:31ter sido orçado, ter sido implantado.
06:34Ou seja, nesse caso, eu vejo como uma solução.
06:38Mas o Ricardo Rosso foi muito feliz aqui
06:40quando ele disse que a questão da moradia
06:42é uma problemática no nosso país.
06:44De fato, é uma problemática.
06:45E por que, Fernando Capês,
06:48São Paulo, que é a maior metrópole do Brasil,
06:50ficou de fora disso?
06:52Por que se expande para outros lugares esses 3%
06:55e São Paulo não está nessa seara?
06:58É uma grande pergunta que fica aqui.
07:00Sabendo que São Paulo é um grande berço político,
07:03a gente precisa anotar uma coisa nisso tudo aqui.
07:05que essa classe C, que sempre teve prioridade no governo,
07:10está perdendo espaço, principalmente,
07:11sobre as campanhas eleitorais que estão vindo por aí,
07:14para a classe B, que agora são essas pessoas
07:16que ganham até essas famílias, no caso,
07:18que ganham até 12 mil reais.
07:20Será que é por isso que São Paulo ficou de fora?
07:23Porque talvez aproveite melhor essa carta de crédito?
07:26Eu não sei por que São Paulo ficou de fora,
07:28mas ficou de fora.
07:29Meu querido Victor Miciato,
07:32eu vejo com preocupação.
07:34Eu queria ouvir a sua opinião,
07:37porque os Estados Unidos lançou crédito barato,
07:39juros de 0% em 2008, na crise do subprime,
07:43e novamente em 2020, quando teve o período da pandemia.
07:46O resultado é um endividamento
07:48que vai chegar a 38 trilhões de dólares.
07:51Eu tenho receios que isso gere endividamento,
07:54inflação, alta de juros e estagnação,
07:57que é normalmente o que acontece
07:58quando se dá presentes sem o devido planejamento.
08:01Eu queria ouvir você, que está mais por dentro.
08:05Eu faço das suas palavras,
08:09e das palavras do Rodolfo também,
08:11um caminho para a gente pensar
08:13aquilo que nós abordamos anteriormente
08:15com relação ao rombo das contas públicas.
08:18É um PIB do consumo.
08:20É um PIB pré-eleitoral.
08:22E é justamente um PIB voltado para a construção civil.
08:26A ideia agora é construir, como muito bem ilustrou a reportagem,
08:31casas populares longe dos grandes centros,
08:35abrigando essas pessoas, sim,
08:37mas como vocês muito bem colocaram,
08:39poucas pessoas em comparação com o grau de pessoas que nós precisamos.
08:43Então, São Paulo tem 100 mil pessoas.
08:45Não vai ser atingido por essa política.
08:48O que isso significa?
08:49Significa que nós estamos vendo, mais uma vez,
08:52aquele velho plano do Minha Casa Minha Vida,
08:54de alocar pessoas longe dos grandes centros comerciais,
08:58trazendo dificuldades para essas pessoas,
09:01trazendo cada vez mais dificuldades para essas periferias.
09:04E o que tudo isso ilustra?
09:05Ilustra um processo do governo federal com Minha Casa Minha Vida,
09:09apenas um processo eleitoral.
09:10Não é um processo urbanístico.
09:12Em nenhum momento se fala no bem-estar dessas pessoas.
09:15Em nenhum momento se fala na relação dessas casas com o meio ambiente.
09:18E, fechando, em nenhum momento se fala na sustentabilidade
09:21desse projeto urbanístico.
09:22Ou seja, é mais um projeto voltado para elevar o consumo
09:27e deixar o rombo das contas públicas para depois.