O arcebispo de Porto Velho, Dom Roque Paloschi, relembrou as experiências que teve com o papa Francisco e a preocupação que tinha com os povos originários.
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NotíciasTranscrição
00:00Nós acionamos a partir de agora o Gabriel Regis, ele vai conversar com o acerbispo de Porto Alegre,
00:05D. Roque, fala ao vivo com a gente sobre a morte do Papa Francisco, ele que nos deixou nessa madrugada,
00:11aos 88 anos de idade, ele que nos deixou um legado, né? Ele faz uma passagem com a cara dele,
00:19do jeito que ele gostaria, eu tenho certeza, domingo de Páscoa, próximo dos fiéis, fazendo as suas últimas
00:25visitas nos últimos dias e nos deixa aí muitas coisas para a gente refletir.
00:30Seja bem-vindo, Gabriel.
00:35Obrigado, Lívia. Bom dia para você, bom dia para quem acompanha o Boa Brasil.
00:38Estamos aqui em Porto Velho, na Catedral, com o acerbispo Dom Roque, ele que teve experiências com o Papa
00:45e pode falar melhor. Dom Roque, fala um pouquinho para a gente mais uma vez, bom dia, obrigado por nos atender,
00:51sobre as experiências que o senhor teve com o Papa Francisco.
00:56Bom, o Papa Francisco veio ao Brasil em 2015, na Jornada Mundial da Juventude, perdão, 2013,
01:03logo que ele foi escolhido para ser o bispo de Roma.
01:06Então, ele falou aos bispos do Brasil e acentuou muito a questão amazônica,
01:11nós aproveitamos nós, os bispos da Amazônia, ter um encontro com ele rapidinho,
01:15e assim a gente foi criando.
01:18Em 2015, nós fomos a Roma, quatro bispos brasileiros, mais leigos e padres,
01:26trabalhando nessa ideia de um documento sobre a questão da ecologia integral,
01:32que o Papa estava preparando e depois lançou, em seguida, a Laudato Si.
01:38Então, também naquela oportunidade tivemos um encontro rápido na Praça de São Pedro com o Santo Padre.
01:42Em 2018, o Papa veio aqui para Porto Maldonado, muito próximo de nós, aqui de Porto Velho,
01:49aonde ele veio para falar para os povos originários da região amazônica.
01:54Então, nós estávamos lá com quase 200 indígenas aqui do Brasil,
01:59de várias partes do Brasil, mas sobretudo da Amazônia,
02:02e foi um encontro muito fecundo, porque o Papa delineou aquilo que a Igreja precisa viver
02:07junto aos povos indígenas, naquele discurso que ele fez lá em Porto Maldonado.
02:12Depois, como ele tinha convocado o Ciro da Amazônia em 2017,
02:17por razões da conjuntura, eu fui chamado a participar da comissão pré-sinodal.
02:26Então, tivemos em 2018, em maio, uma reunião de dois dias com ele,
02:31de manhã e de tarde, onde também se conversou muito pessoalmente,
02:35nas horas do cafezinho e assim por diante, e sempre esse bom humor.
02:38Em 2019, mais uma reunião da comissão pré-sinodal,
02:44e em outubro, o sino da Amazônia, que durou 21 dias,
02:48então, diariamente nos encontrávamos com o Papa,
02:51porque ele participava também da Assembleia Sinodal,
02:54efetivamente, todo o tempo, a não ser os momentos que saía
02:58para a oração da quarta-feira.
02:59Então, o Papa passou.
03:01E naquele encontro, também nós tivemos a oportunidade
03:04de conseguir com ele duas horas para que ele falasse com os indígenas
03:09que estavam lá, do Brasil, de toda a região amazônica,
03:14na expectativa dos caminhos do síndrome.
03:17Tínhamos indígenas dentro da Assembleia Sinodal,
03:20mas tínhamos indígenas que estavam também em contato lá
03:23com as organizações e com o público da volta de Roma.
03:27Foram duas horas onde ele se colocou para ouvir os indígenas.
03:31Falou pouco, mas quis ouvir muito os indígenas problemáticos,
03:35os desafios e tudo.
03:37E depois, no nosso último encontro com ele,
03:40foi na visita de Lime, com os bispos da região amazônica,
03:43Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima.
03:47Nos encontramos com ele e foi um encontro muito salutar, muito saudável.
03:52Além de tudo aquilo que já vem sendo colocado aqui no programa,
03:55o bom humor dele sempre era marcante.
03:58Um homem que ouvia, de sensibilidade,
04:01sobretudo, não nos pedia mais do que vamos caminhar, vamos andar.
04:09É preciso caminhar, que a igreja seja essa igreja de saída,
04:12a igreja da misericórdia, a igreja da compaixão,
04:15a igreja pobre para os pobres.
04:17A gente percebe, o senhor falando agora,
04:19que ele tinha um olhar especial para a Amazônia,
04:22para os povos originários, povos indígenas,
04:25e o senhor pôde perceber isso de perto,
04:28esse olhar sensível para a região norte do país,
04:30enfim, para os povos indígenas, não é, Dom Roque?
04:32Sim, e ele aprendeu isso em 2007,
04:36na Assembleia de Aparecida.
04:39Ele ficou impactado com os bispos da região amazônica,
04:42que falavam sobre a questão amazônica,
04:44a questão dos problemas sérios que nós vivimos aqui,
04:47não só da parte do Brasil,
04:48mas de toda essa região onde os povos originários
04:52sempre foram massacrados e dizimados.
04:55Muito bem, são experiências que o Papa deixou de legado para todos,
05:00principalmente agora, como o Dom Roque falou,
05:02os povos da Amazônia,
05:03um Papa sensível às questões climáticas
05:05e aos povos originários.
05:08Eu volto com vocês aí no estúdio.
05:10Obrigado, Gabriel, pela sua participação nesse Bora Brasil.
05:13's...