Confira a análise de Manoel Serapião, especialista em arbitragem
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EsportesTranscrição
00:00Olá, amigos do futebol e principalmente de sua arbitragem, que gera tanta controvérsia.
00:07Eu sou o Manuel Serapion Filho e vou conversar com vocês sobre o jogo entre Botafogo e Fluminense,
00:12ocorrido ontem, 26 de abril de 2025, e que houve dois lances interessantes.
00:18O primeiro deles, que é o mais importante, que impactaria efetivamente no jogo,
00:24foi a carga dada por Gregory em John Arias dentro da área.
00:31Para mim, aquilo é pênalti. O Gregory não cuidou de jogar a bola.
00:37Ele está dirigindo o carro dele por trás e impacta com uma carga por trás,
00:42e a carga por trás não vale por quê?
00:44Porque a carga é uma ação praticada por jogadores que estão disputando a posse da bola.
00:50Ora, se o João Arias já estava à frente do Gregory, e o Gregory não fez nenhum movimento com o pé
00:57para tentar jogar a bola, mas apenas a carga pelas costas do João Arias, o pênalti se marcou.
01:06Para haver uma infração, não é necessário que haja um empurrão grosseiro, uma falta grosseiro.
01:12A falta por trás não é de disputa de bola, é para impedir o jogador de continuar com a posse da bola.
01:19E, assumando-se a esse aspecto, houve ainda o braço do Gregory, que ajudou, além da carga inicial,
01:29ajudou o João Arias a se desequilibrar e perder a posse da bola, sofrendo o dano físico e o dano tático,
01:36porque perdeu a posse da bola, a possibilidade de arrematar para o gol.
01:40Então, pênalti claro, indiscutível, e vale a pena dizer, que houve até argumento desse estilo,
01:48que o braço do Gregory não estava estendido e não poderia estar.
01:53Se eles estavam próximos um do outro, eu estou próximo das suas costas, como eu posso estirar o meu braço?
02:00Não, meu braço foi feito dobrado na proximidade e que serviu de alavanca para derrubar o João Arias.
02:08Não é falta grosseira? Não.
02:12Mas a regra não exige que a carga seja grosseira, seja, no mínimo, imprudente.
02:17E este foi o caso, e que deixa de ser carga para ser empurrar o adversário, porque foi pelas costas.
02:24A carga, como eu disse, e vale repetir, é uma ação de disputa da posse da bola,
02:29quando ela está dividida entre os dois jogadores.
02:31Se um tem o domínio da bola, o outro não pode fazer carga em suas costas.
02:35É por isso que a carga pelas costas, a ação de carga pelas costas, não vale porque não está disputando espaço.
02:43Essa é a essência da regra e que precisa ser esclarecida para você, torcedor.
02:47Tá bom?
02:48Então, pênalti não marcado.
02:51Vale observar que pouco importa a posição do árbitro.
02:56O árbitro descreveu bem o lance, estava bem colocado, mas errou.
03:01E essa é a função do VAR.
03:03Então, o diálogo entre o árbitro e o VAR para narrar o lance pode servir de algum subsídio para uma situação especial.
03:11A falta que o dele foi por baixo para o VAR observar que não foi por cima e foi por baixo.
03:15E para chamar a atenção do VAR, aí vale.
03:17Mas para definir a situação, se foi ou não, o que define são as imagens, não a narrativa do árbitro.
03:25Esse jogo ainda teve um lance que merece registro.
03:29Nós já fizemos uma observação aqui e vamos fazer mais uma vez.
03:33Foi o escanteio marcado contra o Fábio Goleiro do Fluminense que passou mais de oito segundos segurando a bola.
03:41É preciso compreender a essência do futebol.
03:44O Fábio, o Fábio, defendeu a bola quase que deitado no solo.
03:49Então, não é a partir do momento que ele tem a bola em suas mãos que os oito segundos devem ser contados.
03:55Não também pode ser a partir do momento que o Fábio, porque está deitado, queira se levantar.
04:01Entra aí a essência do futebol.
04:02Então, cessada a dinâmica do corpo do Fábio para defender a bola, a partir daquele momento em que ele já pode se levantar para recolocar a bola em disputa,
04:15é que começa a contar o prazo.
04:17Porque se for quando ele se levantar, será o Fábio que está definindo o início da contagem dos oito segundos e ferindo a essência do futebol.
04:24Também não pode ser no momento em que ele já depende a bola, quando ela já não pode ser mais, defende a bola, digo melhor,
04:31quando ela já não pode ser disputada.
04:32Mas não é a partir desse momento.
04:34É a partir do momento que ele pode recolocá-la em disputa.
04:37Tem equilíbrio físico, cessada a ação para defender a bola.
04:43Ele começa a se levantar, a partir dali, sim, é que começa a contar o tempo para a marcação dos oito segundos.
04:51E que foram bem marcados, porque o Fábio realmente demorou, sobretudo quando já estava em pé, ainda ficou com a mão em seu braço,
04:58numa ação de demora, talvez supondo que o início fosse quando ele se levantou e não é assim que as coisas se passam.
05:07Então, torcedor, esses dois esclarecimentos valem para este jogo.
05:11E você, a você, eu tenho que agradecer mais uma vez por sua atenção.
05:16Um forte abraço e até uma próxima oportunidade.