Lucas de Souza Martins, professor de história dos EUA na Temple University, analisou o discurso de 100 dias de Donald Trump. Ele falou sobre tarifas, alianças com bilionários da tecnologia e os desafios de popularidade do presidente no segundo mandato.
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NotíciasTranscrição
00:00Eu converso agora com Lucas de Souza Martins, que é professor de História dos Estados Unidos na Temple University, que fica na Filadélfia.
00:09E assim como Michigan, onde o presidente dos Estados Unidos estava, ou está, passa essa noite do centésimo dia,
00:17a Filadélfia, na Pensilvânia, o estado pêndulo que votou a favor do Donald Trump na eleição que o elegeu no final do ano passado.
00:26Lucas, sempre uma gratidão nossa, um prazer te receber aqui no Times Brasil.
00:32Eu não sei nem por onde começar, porque ele falou mais de uma hora e meia, fatiamos alguns trechos importantes,
00:38mas outros pontos também são fundamentais para a gente entender essa retórica do Trump.
00:44Você hoje é o professor certo, na hora certa, no lugar certo.
00:48Para quem não conhece, o Lucas de Souza Martins estudou História dos Estados Unidos,
00:52da aula de História dos Estados Unidos para os americanos e, dentro desse estudo acadêmico,
00:57um recorte do estudo dos presidentes americanos.
01:01Lucas, você já viu um discurso de centésimo dia parecido com esse?
01:05Ele falou muito para a sua base de aliados ali, com alguns dados que é difícil a gente concordar com certeza absoluta,
01:14a respeito da maneira como as pesquisas são tendenciosas contra ele.
01:20Então, ele acaba desmontando a maneira científica como os dados são colhidos pelos institutos.
01:29Diz o Trump que é para prejudicá-lo.
01:32Mas, como você conhece a história dos presidentes dos Estados Unidos?
01:35Como é que você avalia esse discurso particularmente?
01:39Boa noite mais uma vez.
01:41Boa noite, Favale.
01:43Sempre muito bom falar com você, também com todos os nossos colegas aqui do Times Brasil.
01:48Este é um discurso típico do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
01:54E de estelionato eleitoral, seguramente os seus eleitores mais cativos jamais irão sofrer.
02:02Agora, claramente o Donald Trump veio para este discurso muito bem preparado com relação às críticas
02:09que já se fazem com relação ao seu segundo mandato.
02:12Ele começa pensando exatamente nessa questão emblemática que é fazer esse discurso no estado de Michigan.
02:20O estado de Michigan, aliás, ele é o símbolo da indústria automobilística norte-americana.
02:26Se tornou também um estado pêndulo importante na eleição de 2024.
02:32Donald Trump venceu naquele estado.
02:34E venceu também em todo o cinturão da perrugem, exatamente porque essa região acabou sendo a mais afetada
02:42por uma série de políticas que foram implementadas lá ali nos anos 2000, final dos anos 90,
02:48a partir da gestão de Bill Clinton, exatamente a questão da globalização e como isso afetou a realidade americana.
02:55Hoje nós temos, por exemplo, na cidade como Detroit, a inexistência de uma força automobilística americana
03:04e exatamente isso que o Donald Trump pretende restaurar neste novo mandato que ele possui.
03:10É por isso que ele aposta, ele coloca um discurso reforçando da importância de impor hipertarifas
03:19com relação a outros países, até porque o que se sinaliza a partir dessa política
03:24é exatamente o aumento da inflação, que foi exatamente um fator fundamental
03:28para que ele vencesse a eleição em 2024.
03:32Ele precisa encontrar maneiras de justificar essas políticas que ele tem adotado,
03:38até porque já existe, sim, indícios.
03:41Por mais que ele diga que as pesquisas tenham preferido eleitores democratas,
03:47é fato que a sua administração hoje, ela enfrenta dificuldades do ponto de vista de popularidade,
03:53até porque o que motivou a sua eleição foi exatamente o tema econômico,
03:58que não é necessariamente ideológico e existe uma preocupação a respeito da efetividade
04:04das políticas que ele implementa neste momento nos Estados Unidos.
04:09Lucas, é claro que eu preciso puxar a nossa conversa para esse DNA de negócios,
04:13que é o pilar de sustentação do nosso canal.
04:16Quando o Trump vai a Detroit, quer dizer, perdão, ele vai a Michigan,
04:21como você muito bem lembrou, é um berço da indústria automobilística,
04:25onde fica Detroit, mas ele estava numa outra cidade, cidade de Warren,
04:29e fala o seguinte, eu vou aliviar mais um pouco aí para a indústria automobilística,
04:33eles estavam choramingando e tal, vou dar uma colher de chá para eles,
04:37estou aqui meio que parafraseando, inclusive, essa expressão jocosa que ele usa.
04:41A gente também pode usar essa afirmação como uma margem para interpretarmos
04:46que ele está recuando com aquela mão de ferro, tarifária agora.
04:50Então, ele começa com um discurso duro, depois vai baixando tarifas,
04:55vai aplicando cada vez mais exceções que se parecem cada vez mais com regras.
05:00É um recuo algo que não é muito bem da personalidade do Trump?
05:07De fato, é sim, é um recuo, mas um recuo na maneira Donald Trump de se fazer um recuo,
05:13evidentemente se colocando em uma posição basicamente de responsável pela economia americana,
05:19alguém que realmente tem interesse pela política doméstica americana,
05:24no sentido de se colocar exatamente nessa posição de que, olha,
05:28pelo bem da indústria automobilística do nosso país,
05:32no momento em que nós colocamos os americanos em primeiro lugar e não a China,
05:37esse tipo de recuo, e obviamente ele não vai usar essa palavra,
05:41mas é exatamente o que significa esse gesto de dar essa colher de chá
05:46para essas indústrias americanas.
05:48Ele faz isso, mas obviamente colocando uma roupagem,
05:52mostrando que esse tipo de política sinaliza uma proximidade com o seu logo de campanha,
05:59fazer a América grande novamente, priorizar os interesses americanos,
06:03ou seja, o que nós podemos esperar.
06:05É uma série de recuos nesse sentido, mas sempre com uma roupagem no estilo Donald Trump,
06:12sempre colocando a questão ideológica para justificar certas ações que de fato são recuo, sim.
06:18Lucas, perdão cair num lugar comum, mas eu acho que essa frase fala por si só, né?
06:24Amigos, amigos, negócios à parte.
06:27O Jeff Bezos, que é o big boss da Amazon, de toda uma holding, tem várias empresas,
06:32assim como o CEO da Meta, o Elon Musk, que tem várias empresas, multibilionário,
06:37o CEO da Alphabet, que comanda a Google e os seus outros braços,
06:42todos eles estavam, no dia da posse do Donald Trump, na primeira fileira.
06:48Aparecem na fotografia oficial ali de quando o Trump faz o discurso de posse em 20 de janeiro.
06:54Antes disso, o Jeff Bezos, o Elon Musk, o Mark Zuckerberg, essa turma aí das big techs,
07:01deram um voluptuoso, uma voluptuosa contribuição de campanha para o Donald Trump.
07:08Tudo dentro da lei, tudo certo. Mas agora, talvez tenha vindo um retorno da política de Trump
07:14que atinge diretamente o bolso, que é sempre a parte mais sensível do empresário, né?
07:20O Jeff Bezos falou, olha, consumidor, está aqui o preço do produto e a tarifa.
07:26Você fica aí evidente, não sou eu que está subindo o preço, é a nossa realidade.
07:30O Donald Trump não gostou. A quebra dessas alianças, você que tanto estudou a história dos presidentes americanos,
07:38o que te sinaliza isso, hein?
07:42Então, Vale, a mera cogitação da Amazon de fazer deste instrumento da explicação ao seu consumidor
07:51a respeito do impacto dessas tarifas, só a indicação da possibilidade de que isso aconteça
07:57já mostra que existe aí um ruído entre o governo americano e essas grandes empresas,
08:04grandes empregadores e que também são grandes doadores de campanha,
08:08pensando também nesse futuro de Donald Trump e também nas eleições de meio de mandato
08:14no ano que vem, que vai redefinir cadeiras no Congresso e também no Senado dos Estados Unidos.
08:20Existe realmente um ruído entre Donald Trump e também aliados importantes,
08:25que foram fundamentais na sua eleição em 2024.
08:30Isso já evidencia também que a Casa Branca já tem uma maneira de lidar com esses até então aliados,
08:38que é exatamente revidada até com palavras duras.
08:41Inclusive, a utilização da palavra hostil já mostra que a Casa Branca está disposta
08:47a enfrentar esses aliados da forma que seja necessária.
08:52Nós podemos discutir o impacto disso do ponto de vista político.
08:57Aliás, é importante também destacar a coalizão que fez com que Donald Trump
09:02fosse eleito presidente dos Estados Unidos.
09:04Não foi necessariamente a vitória de conservadores, ideológicos.
09:09Esse grupo faz parte da vida americana, mas simboliza cerca de 15% do eleitorado total dos Estados Unidos.
09:17Foi fundamental também o voto não ideológico, o voto também influenciado por essas grandes companhias,
09:24o voto também do eleitor médio americano, que foi impactado pela inflação
09:28que esteve presente no governo de Joe Biden.
09:31Por isso que é importante olhar também para esses elementos,
09:35esses grupos do eleitorado americano que fizeram parte dessa coalizão vencedora do republicano Trump,
09:43para entender exatamente como anda esse apoio que foi fundamental a ele em 2024
09:48e não olhar somente para os seus eleitores cativos,
09:52que são um elemento importante nessa conta final,
09:56mas que não fazem a completa diferença no final de todas as contas eleitorais.
10:02Lucas, você que está nos Estados Unidos faz tempo, vai entender a piada, né?
10:06Agora eu vou te fazer aquela pergunta de opard, né?
10:10Me refiro a um jogo na televisão, um programa muito famoso,
10:14em que é um jogo de perguntas e respostas,
10:16e a pergunta de um milhão de dólares é a mais difícil de todas, fica para o final.
10:20É o seguinte, o Donald Trump, será que ele vai se adaptar a uma nova realidade?
10:25Porque ele é um político que está num segundo mandato, não consecutivo,
10:29foi presidente entre 2017 e 2021, mas é uma celebridade da televisão.
10:33Ele está acostumado a falar com plateia, escolher a câmera,
10:37jogar ali para a sua claque, ele sabe o que vai agradar um público específico.
10:42Hoje ele parecia estar falando com auditório, né?
10:45Faz deboche com o Joe Biden, aplaudido, as pessoas riem.
10:49Só que ele está numa fase da rede social, a internet consolidada,
10:52e a internet não esquece.
10:55Então quando ele faz promessas como ele fez hoje, eu vou baixar a inflação.
10:59Isso não depende do presidente americano, né?
11:02Ele vai ter que se acostumar com uma realidade que alguém vai voltar a fita,
11:06mostrar o print para ele.
11:08Como é que ele vai lidar daqui para frente?
11:10É difícil a pergunta, por isso que eu estou falando que é uma pergunta de opard.
11:15A primeira solução é sempre culpar alguém pela questão econômica.
11:20E ele encontrou esse culpado, que será o Federal Reserve.
11:24Então, no momento em que ainda não há mudanças na liderança do Banco Central americano,
11:30ele criticará, por exemplo, a gestão da política monetária, a questão dos juros.
11:36Ele vai tentar desviar o foco com relação à inflação e criticar exatamente a política de juros do Fed.
11:43Então, por enquanto, essa medida pode funcionar do ponto de vista eleitoral, do ponto de vista político,
11:49do ponto de vista de convencimento de alguns eleitores.
11:53Mas o fato é que o eleitor médio americano, ele quer encontrar soluções quando ele vai ao supermercado,
12:01quando ele vê ali o preço dos ovos, quando ele vê o preço do café,
12:05que foi exportado, por exemplo, do Brasil, da Colômbia,
12:08que já está sendo taxado, que já cresceu esse valor, que já pesa mais no orçamento.
12:14É exatamente com esse eleitor que Donald Trump vai precisar conversar.
12:18E não sabemos até que ponto culpar o Federal Reserve vai efetivamente funcionar do ponto de vista político.
12:26O que já se verifica é que ele possui, sim, a maior impopularidade para um presidente
12:32nesses primeiros 100 anos de mandato, em uma história de pelo menos 50 anos de presidentes americanos.
12:39Olha, Lucas, a gente marcou aí três meses, vai, cem dias e tal.
12:43Essa conta, aliás, foi criada nessa cultura americana de cobertura política.
12:48Cem dias, pouco mais aí de três meses.
12:51E daqui a pouco já os republicanos começam a olhar para as eleições de meio de mandato,
12:58ou seja, as eleições legislativas que acontecem no final do ano que vem.
13:02Ou seja, essa novela ainda vai ter muitos capítulos.
13:05Professor Lucas de Souza Martins, muito obrigado mais uma vez.
13:10Grande abraço daqui da gente para você aí na Filadélfia.
13:13Até uma próxima oportunidade que eu tenho certeza que vai ser muito em breve,
13:16porque o Donald Trump vai nos dar sempre muitos argumentos para conversarmos.
13:21É sempre um prazer, Lucas.