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  • 13/04/2025

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Transcrição
00:00O que é que a gente vai ter que fazer com a garota?
00:13Eu sei, tô esperando ordens da chefia.
00:17Sabia que quando você fala assim, a chefia, eu fico com a impressão de que o mandante desses crimes todos é uma mulher, sabia?
00:24Por que você tá falando isso?
00:26Porque você fala assim, a chefia, mulher, né?
00:29Se fosse homem, você falaria o chefe e não a chefia.
00:37Eu falo chefia em vez de chefe?
00:40Justamente pra vocês não saberem se é homem, se é mulher, né?
00:45Chefia também pode ser ele, como pode ser ela, como pode ser eles.
00:49E é melhor os dois não ficarem mexendo nesse assunto, não.
00:52É bom que vocês sabam logo.
00:53Eu tenho uma ordem muito clara pra eliminar qualquer pessoa que descubra quem é o mandante.
01:00É, pra mim só pode ser alguém dessa família Mayer aí, dessa família dessa patricinha.
01:06Não faz nenhuma maldade com ela não, mano.
01:10A garota tá aqui numa boa, não tem nada a ver com essa história inocente, não representa perigo pra ninguém.
01:14Que ridículo.
01:16Tá de quatro pela moça, todo babão.
01:19Vou fazer diferente, vai.
01:21A gente pede um resgate pra ela.
01:24Pega essa grana, faz alguma coisa com a grana, mas deixa a garota embora, embora numa boa.
01:28Infelizmente não, amor.
01:30Até que dava pra ganhar uma graninha com essa daí, mas...
01:33Não é essa a intenção?
01:35A garota só se viu de isca pra gente atrair e eliminar o papaizinho dela.
01:42O mensagem, né? Contou tudo pra menina, ela já ficou louca, ó.
01:46Tava caladinha, quietinha, agora enlouqueceu de vez.
01:49Vamos ter que esperar a ordem de chefia pra saber o que fazer com a bonequinha.
01:51Não faz nada com ela.
01:53Não faz nada.
01:56A garota tá aqui numa boa, não merece passar nada com ela.
02:00Era só o que me faltava, olha isso.
02:01Um sequestrador safado, apaixonado agora pela sequestrada, só dá maluco nessa casa.
02:11Quieta, calada, tá? Fecha esse bico.
02:14Mas como lá, gemendo, chorando, eu vou te dar motivo pra isso.
02:16Fala com isso!
02:17Deixa, meu tio, deixa!
02:20É só trabalho, trabalho, trabalho.
02:21Eu gosto de tocar o rosto, você sabe disso.
02:23Eu tô te pedindo.
02:26O e-mail.
02:28Ih, deve ser mais uma ordem, né?
02:30Do mandante, da mandante, sei lá, já.
02:33Aí, aí, aí, acabou com a minha diversão.
02:36Tá dizendo aqui que não é pra tocar num fio de cabelo dessa daí.
02:40A chefia não quer que a gente faça nenhum mal com ela.
02:42Por enquanto, hein?
02:46Parece até que ele tá me adivinhando, né?
02:49A chefia ainda não sabe como é que vai usar a moça.
02:51Mas espero que a gente mantenha ela aqui no cativeiro por um tempo.
02:56Antes da destino.
02:57O que que é isso?
02:58Essa menina aqui dentro de casa?
02:59Minha casa de cativeiro de novo?
03:01Qual é?
03:01Eu não quero essa Patricinha aqui dentro, não.
03:03Eu vou falar logo, hein?
03:05Se essa menina ficar aqui na minha área, vai rolar...
03:07Vai rolar greve de sexo, é isso.
03:09Greve de sexo.
03:10Mais um irmão que se vai, né?
03:26E eu fico pensando...
03:31Será que eu vou ser o próximo?
03:35É, porque eu não tenho mais irmão.
03:37Eu não tenho mais nenhum irmão.
03:41Será que existe a possibilidade de eu ser a próxima vítima?
03:46Hein, Danilo?
03:47Ai, ó pai, isola eu, hein?
03:49Ô pai.
03:51Você tá desconfiando da tia Irma?
03:55Rodrigo.
03:56A Irma pra mim é a principal suspeita.
03:58Porque mulher do Platão nessa condição...
04:01Ela tem direito a metade da...
04:04Dos bens do meu irmão.
04:06E consequentemente a metade da herança do Sócrates.
04:08A outra metade vai, sabe pra quem?
04:11Pra Cléo e pra Regina.
04:13As filhas.
04:15Mas será que ela ia sequestrar a Regina?
04:17A própria filha?
04:18Isca, Rodrigo.
04:19Você não sacou?
04:21Isca pra ir o marido pra casa.
04:22Se isso for verdade...
04:25A Regina vai aparecer...
04:28E salva.
04:29Logo, logo.
04:29E sem o menor problema.
04:31O que eu acho mais estranho...
04:33É que nenhum sequestrador ligou pra cá...
04:35Pedindo nenhum resgate.
04:37Isso é muito estranho.
04:38Nenhum sequestrador ligou pra cá...
04:40Pra fazer contato com a gente.
04:42Isso não é estranho?
04:42Claro.
04:43Eu acho muito horrível essa história toda.
04:46Eu preferia ser pobre.
04:47Muito pobre do que viver essa situação de terror.
04:50Achando que eu...
04:51Achando que eu posso ser a próxima vítima.
04:53Que você?
04:54Ah, Danilinho.
04:55Quem é que vai querer acabar com você?
04:57Você é uma...
04:57Uma mosquinha inofensiva.
05:00Praticamente uma drosófila...
05:02Borboleteando sobre uma banana.
05:03Rodrigo, olha.
05:04Para com isso.
05:05Olha, eu sou Rodrigo.
05:05Eu também sou herdeiro do tio Sócrates, tá?
05:08Seu chato, desagradável, grosso.
05:09Muito mais grosso do que você imagina.
05:11Alisson, o que você fala com isso?
05:13Vamos parar, vamos parar.
05:13Vamos parar com isso, por favor, vocês dois.
05:16Parece duas crianças brigando, que coisa.
05:18Eu aí.
05:19Ô pai.
05:21Tem um assunto que a gente nunca conversou e...
05:24Eu quero conversar com você agora.
05:29O que que é?
05:30É sobre mim, pai.
05:32Você sabe.
05:33Não sabe?
05:35Você sabe que eu sou mutante?
05:37Como é que é, filho?
05:38Fala pra mim, pai.
05:42Fala pra mim.
05:43Eu sou mutante, eu sou?
05:45Ô, ô.
05:47Ô, Antônio, de onde é que você tirou essa história, hein, pai?
05:49Eu não sou igual aos outros.
05:52Eu sou diferente.
05:54Que diferente, rapaz.
05:56Que diferente.
05:56O que que...
05:57O que que tá enfiando essas minhocas na tua cabeça?
06:00Foi você, né?
06:01Eu, eu, hein?
06:02Eu, eu...
06:03Não me mente nessa história, não, hein, pai.
06:05Eu, hein?
06:06Se ele é assim, nasceu assim.
06:08E, além do mais, pai, você mente muito mal, hein?
06:10Olha aqui, gente.
06:11Eu tô num dia infernal.
06:13Vocês acabam de perder um tio.
06:16Eu perdi o irmão Danilo.
06:18Isso aqui não é hora nem local pra ficar de brincadeira.
06:21Vamos parar com isso?
06:23Então tá, pai.
06:24Se eu fosse normal,
06:26eu não ia conseguir fazer isso.
06:27Eu não ia conseguir fazer isso.
06:57Eu não sei, não, Batista.
07:01Mas eu achei tão estranha a reação da dona Irma.
07:05Bom, tudo bem que o marido dela foi assassinado, mas...
07:09Não sei.
07:11Parecia que ela tava exagerando, sabe?
07:15Representando, sei lá.
07:16Pode crer, Celinha.
07:17Eu também achei a mesmíssima coisa.
07:20Ela quebrou o vaso que vale uma fortuna, louco.
07:23Faz mais barato, né, meu?
07:24Nem me fala.
07:25Todo mundo ficou desesperado.
07:26Agora, por outro lado,
07:30o doutor Aristóteles...
07:31Ficou muito frio.
07:33É ou não é, Celinha?
07:34É?
07:35Você também notou?
07:36Só, né, meu?
07:37Ganhei a fita dos dois no ato.
07:39Os dois tiveram uma reação muito estranha.
07:42Pois é.
07:44Eu sempre achei que aqueles dois
07:45estavam escondendo alguma coisa, Batista.
07:47Vai saber o quê, né?
07:50Vai saber.
07:52Coitado do doutor Platão, isso sim.
07:56Eu, hein?
07:57Essa casa parece que tá amaldiçoada.
08:00Agora, todo dia, tem sequestro, morte.
08:03Eu não tô gostando nada disso.
08:05E eu, Celinha?
08:06E eu?
08:07Ô, eu quase morri nesse sequestro.
08:09Ai, coisa horrível.
08:11Mas me fala, Batista,
08:13você pelo menos conseguiu ver a cara dos sequestradores?
08:16Médio, eu vi um pouco o olhar do que veio na minha direção.
08:19Olhar de mal, manja.
08:20Também não foi um estudo muito rápido.
08:22O cara chegou a milhão, me enquadrou,
08:24mandou um aerosol na minha cara.
08:25Eu capotei no ato.
08:28Bom, ainda bem que não aconteceu nada com você.
08:30Ah, vá.
08:32Mas não me diga, Celinha.
08:34Quer dizer que se tivesse acontecido assim alguma coisa comigo,
08:37você ia ficar triste, é?
08:40Batista, é claro que eu ia ficar triste.
08:43Poxa, você é meu amigo, tá sempre aqui.
08:47É meu colega de trabalho.
08:48Ô, meu.
08:49Ai, essa doeu foi direto no fígado.
08:52Colega de trabalho é dose, hein?
08:55Só isso, Celinha?
08:58Ó, Batista, Batista, por favor.
08:59Agora eu tô falando sério com você.
09:02Olha, tá tudo muito perigoso por aqui, viu?
09:06Eu não sei se eu vou continuar trabalhando nessa casa por muito tempo, mas não.
09:09Mas não sei mesmo.
09:11Olha os caquinhos que sobraram de um vaso aqui, ó.
09:14Será que se a gente pegasse caquinho por caquinho,
09:17colasse tudo bem direitinho,
09:20será que esse vaso ainda vale alguma coisa?
09:22Não, não sei.
09:24Mas a gente bem que puder tentar, hein?
09:29Ô, louco, o que que tá escrito aqui, ó?
09:33O que que é isso?
09:34Made in China?
09:36Batista!
09:38O vaso, que até então valeu uma fortuna,
09:42chinês, que a dona Irma quebrou.
09:44Mas não vale nada.
09:46Não é de verdade.
09:48É uma cópia, meu.
09:49Meu Deus, Antônio, quer fazer o favor de descer aí antes que alguém te veja?
10:01Sai daí, meu filho.
10:03Realmente...
10:03Você sabe, pai.
10:05Você sabe há muito tempo.
10:07Eu sou diferente.
10:09Eu também sou diferente.
10:10Todo mundo é.
10:10Mas não é assim.
10:12Ó, peraí.
10:12O Tony é diferente porque faz essas coisas malucas aí.
10:15Agora você é diferente porque é...
10:17Rodrigo, não começa.
10:20Não, até que você não é tão diferente assim não, né, Dalinha?
10:22Tem, tem muita gente aí igual a você.
10:27Fala a verdade pra mim, pai.
10:29Conta a verdade pra mim, eu já sei de tudo, pai.
10:31Eu sou lutante, não é?
10:33Meus genes foram modificados em laboratório
10:35pelaquela maluca daquela doutora Júlia Zacarias.
10:38Não é isso?
10:39E você...
10:39E você e minha mãe sabiam de tudo, né, pai?
10:44Meu Deus.
10:44Tudo acontece no mesmo dia, né?
10:49Eu tenho que...
10:50Tá bom, Tony, eu vou te contar a verdade.
10:54Antes de você nascer naquela época,
10:58a doutora Júlia fez uma proposta
11:00pra mim e pra sua mãe.
11:03Ela nos ofereceu
11:05que o nosso próximo filho
11:07fosse especial,
11:09superdotado.
11:10Ela falou com tanta convicção,
11:13Antônio,
11:14com tanta segurança.
11:16A gente discutiu naquela noite
11:18sobre esse assunto e...
11:20A gente chegou à conclusão, Antônio,
11:22que seria melhor pra você
11:23que ia ser bom pra sua vida.
11:29Aconteceu, meu filho.
11:31Que mal é nisso.
11:32Eu sabia, pai.
11:39Eu sabia.
11:41Mas por que vocês me contaram isso antes?
11:43Porque você nunca me perguntou.
11:46E eu também nunca achei conveniente
11:48tocar nesse assunto com você.
11:50Achou conveniente, pai.
11:53Você não percebe, né?
11:55Você não percebe que minha vida...
11:56Minha vida é uma mentira.
11:57Tô mergulhado em uma mentira.
11:59Não, não.
11:59Isso não é verdade.
12:00Não, as minhas medalhas, pai.
12:03Os meus títulos de Kung Fu.
12:05Tudo mentira.
12:06Não, filho, eu...
12:07Minha vida é uma farsa, pai.
12:08Não é, filho.
12:09Não é uma farsa.
12:10Você tem...
12:11Você tem que aceitar
12:12você do jeito que você é.
12:15Você tem uma grande diferença.
12:18Você é melhor do que os outros, Antônio.
12:22Você consegue entender isso?
12:25Você é melhor.
12:26Eu só quero te pedir uma coisa.
12:31Não quero que você toque nesse assunto com ninguém.
12:34Eu não quero que ninguém saiba.
12:36Eu não quero que esse assunto saia dessa sala.
12:39Principalmente a irmã.
12:41Ninguém pode saber.
12:43Estamos conversados.
12:45Entra.
12:45O papai falou que se acontecesse alguma coisa com ele.
13:00Como que acabou de acontecer?
13:05Ele disse que se ele morresse...
13:07Se acontecesse alguma coisa com ele, o quê, Cléo?
13:09Ia chegar um dossiê nas nossas mãos.
13:13Um dossiê...
13:14Pra mim ou pra Regina.
13:16Um dossiê com todas as provas contra o culpado disso tudo.
13:20Você viu esse dossiê, Cléo?
13:22Fala pra mim.
13:23Você olhou?
13:24Calma, mãe.
13:25Não, não olhei.
13:26Meu Deus, que perigo.
13:27Se o dossiê não apareceu ainda, eu não sei de nada.
13:29Cléo, você vai me prometer.
13:31Quando você receber esses documentos,
13:33você vai me entregar sem nem olhar pra eles, Cléo.
13:37Promete.
13:37Mas por quê, mãe?
13:41Por quê que você quer que eu entregue esse dossiê pra você?
13:45Um dossiê que pode desmascarar o mundante de todos esses crimes?
13:48Por quê que você quer tanto saber?
13:51Mãe?
13:53Você não tem nem que eu dê uma olhada.
13:55Como assim?
13:56Ficou maluca?
13:57Maluca, você é Cléo de se meter nessa história.
13:59Tudo isso é muito mais perigoso do que você tá imaginando, Cléo.
14:04Cléo, você quer ser a próxima vítima, é isso?
14:07Não.
14:08Você não pode estar falando sério, mãe.
14:10Não pode.
14:10Não é possível.
14:11Mas você tá delirando.
14:12Você tá muito abalada.
14:14O que que é?
14:15Isso é pra esquecer?
14:16Que alguém mandou matar meu pai, é?
14:18Cléo.
14:19Eu já perdi o seu pai.
14:20Eu não sei onde é que tá a sua irmã.
14:23Esse dossiê não vai me trazer ninguém de volta, Cléo.
14:26Por amor de Deus.
14:26Quanto menos você souber, Cléo.
14:28Quanto menos você souber, mais protegida.
14:31Você vai estar, tá entendendo?
14:33Você não pode estar falando a verdade.
14:34Não é possível.
14:35Não é isso que eu tô ouvindo.
14:36Não.
14:37Não é mentira, mãe.
14:38Pelo amor de Deus, Cléo.
14:40Promete pra mim que assim que você receber esses documentos, assim que você receber
14:44esses papéis, você vai me entregar pelo seu próprio bem.
14:47Cléo, pela sua mãe, promete pra mim que você vai entregar esses papéis.
14:51Promete, Cléo.
14:52Promete, Cléo.
14:53Eu não posso.
14:54Eu não posso.
14:54Eu não posso.
14:55Eu não posso.
14:55Eu não posso.
14:56Eu não posso.
14:57Eu não posso.
14:58Eu não posso.
15:00Sabe você o que é o amor, não sabe, eu sei.
15:07Sabe o que é um trovador, não sabe, eu sei.
15:13Sabe andar de madrugada, tendo a amada pela mão.
15:19Sabe gostar, não sabe nada, sabe não.
15:26Ah, você não sabe não.
15:36Não sabe não.
15:39Que loucura.
15:42E agora?
15:43O que a gente vai fazer?
15:45Vai ser lá, né, meu?
15:47Como assim, ser lá, Batista?
15:48Não é melhor a gente avisar alguém?
15:50Vamos avisar quem?
15:51Seu Aristóteles.
15:53Dizer pra ele que, na verdade, o vaso chinês era falso.
15:58É.
15:59Eu acho que você tem razão.
16:00Eu vou dar um toque no doutor ali.
16:01Vou mostrar pra ele esse caquinho escrito Made in China aqui.
16:05Não.
16:07Ah, como não?
16:08Não, não vai mostrar nada, não.
16:11Você quer saber de uma coisa?
16:12Batista, tô aqui pensando, Batista.
16:15Será que a dona Irma já sabia que esse vaso era falso?
16:21Faz sentido.
16:23Vai ver que foi por isso que ela quebrou.
16:25Ah, vá.
16:26Você tá achando que a dona Irma trocou o vaso verdadeiro pelo falso?
16:31Batista, a dona Irma é do tipo bem gananciosa, que ama dinheiro.
16:37Será mesmo que ela teria coragem de quebrar um vaso tão caro?
16:44Não tem como nos confiar, né?
16:46É.
16:47Eu acho que você tem razão, Celia.
16:49Eu vou puxar o freio de mão.
16:50Não vou falar nada pro doutor Ari.
16:52Hum, agora afinou, foi?
16:54Queima, né?
16:55A questão de afinar.
16:56A questão que eu acho que a gente não tem que se meter nessa treta.
16:59Eu não preciso te lembrar o velho ditado.
17:01Acorda sempre.
17:02Sempre arrebenta pro lado, mas fala.
17:04É isso aí.
17:05Eu sei disso, você já falou isso.
17:08Agora, Batista, eu acho que você devia parar de ser tão pessimista.
17:11Ah, má, que mané pessimista o que é, Celinha?
17:14Você é uma princesa.
17:16E como toda princesa é um pouco ingênua, manja, presta atenção na minha explanação.
17:21Se alguém trocou esse vaso, trocou porque quis.
17:24O que é que nós temos a ver com isso?
17:25Liufas.
17:26A gente apenas trabalha nessa casa.
17:28Você é empregada, eu é o motorista e ponto com.
17:31Eu já sei disso, Batista.
17:33Eu sei que eu sou empregada e você é o motorista.
17:36Não precisa ficar me lembrando toda hora, tá?
17:39Mas, mesmo assim, eu vou guardar esses cargos.
17:44E assim, depois, como quem não quer nada, eu vou dar um jeitinho de mostrar.
17:49Rodrigo.
17:50Ah, ô louco, Celia.
17:51Pelo amor de Deus, deixa isso aqui, vai.
17:53Você tá me deixando com medo, meu.
17:55Medo, Batista?
17:56Medo por quê?
17:58Por quê?
17:58Porque eu gosto de você, Celinha.
17:59Eu te adoro.
18:00Eu não quero que nenhum mal te aconteça.
18:02Essa família tá zoada, meu.
18:03Tá o maior clima cabuloso aqui.
18:05Todo mundo em pé de guerra.
18:06Vai acabar sobrando pra você.
18:08Celinha, fica esperto, hein, meu.
18:10Cola na minha que você passa de ano.
18:12Vamos já.
18:12Eu te amo assim como jamais amei alguém, meu bem.
18:20Com você eu descobri que amar e ser amado é o que mais importa pra viver.
18:26Eu te amarei como jamais amei alguém, meu bem.
18:33Com você eu descobri que amar e ser amado é o que mais importa pra viver.
18:39Ah, que bom ver meu filho em casa, cantando, tocando violão.
19:01Tem que tocar, né, mãe, pra esquecer um pouquinho disso tudo que aconteceu comigo.
19:04Sua delegacia, sabe?
19:06Quando eu paro pra pensar naquele Taveira, naquele Dino lá, mãe, foi horrível.
19:10Me ameaçaram, sabe?
19:12Ah, mas não esquenta a cabeça não, meu filho.
19:15É, a mamãe tá certa, Gude.
19:16Por favor, meu irmão, evita entrar em confronto com o Taveira.
19:19É muito arriscado se envolver com esse pessoal, meu irmão.
19:21Eles te ameaçaram e tudo, tá?
19:22É, mas a melhor proteção é entrar com uma queixa contra o Dino e contra o Taveira assim na corrigedoria,
19:27dizendo que você foi ameaçado.
19:28Carvalho, acho que é isso que eu vou fazer mesmo, viu?
19:33Olha, meu filho, pensa bem, hein?
19:35Olha o que eles fizeram com a Maria, hein?
19:38É, a situação da Maria tá muito complicada, gente.
19:42Eu tô muito preocupado com ela.
19:44O circo tá se fechando.
19:45Ana Luiz falou que um policial federal quase prendeu a Maria hoje.
19:49Como é que é?
19:49É, o policial Marcelo Montenegro, aquele que esteve lá no circo,
19:52investigando a Maria, o mesmo que ajudou ela a fugir da prisão.
19:55Puxa vida, gente, mas ele quase se prendeu.
19:57Como é que ele escapou?
19:59É, a sorte é que a Maria é muito ágil, né?
20:00Ele a abordou, mas ela conseguiu escapar.
20:03Ainda bem que a Ana e o Pepe já arranjaram um lugar pra Maria ficar.
20:07Ô, mãe, coitada da Maria, né?
20:09Eu achei ótimo ela ter saído daqui.
20:12Eu tava vendo a hora que todo mundo aqui ia pra prisão.
20:17Ah, mamãe, não é bem assim, né?
20:18Claro que é.
20:20Olha, tem graça.
20:21Ela não tava aqui em casa?
20:23Nós não tínhamos escondendo ela da polícia?
20:25Ela é fugitiva da polícia.
20:28Gente, mas que ótima notícia que eu acabo de receber por e-mail, meu Deus.
20:35O que foi?
20:36Saiu a resposta de uma bolsa de estudo, mamãe, que eu tava concorrendo.
20:40Eu fui aprovado.
20:42Que maravilha, Bené.
20:44Ah, eu vou estudar em Portugal.
20:46Eu vou estudar em Coimbra, meu irmão.
20:48Que Deus do céu.
20:48Na Europa.
20:51Que honra, Bené.
20:52Dá um beijo aqui, um abraço, cara.
20:54Que honra, meu irmão.
20:55Que honra, que lindo.
20:57Parabéns, Bené.
20:58Você merece.
20:59Ele merece sim, meu filho.
21:01Quem estuda, passa e vai pra frente.
21:07Ai, minha mãe.
21:09Ai, eu nem acredito que eu tô aqui.
21:29A Maria, eu quanto tempo sem pisar no brincadeiro.
21:32Ai, minha filha, nem fala.
21:34Tudo ficou tão triste assim.
21:36Quando você não entra, sabe, é horrível.
21:38Pois é, Maria.
21:39Ficou apagada.
21:40O circo parece que deu aquele apagão, sabe.
21:41É uma tristeza sem você.
21:43Pai, mas o espetáculo não pode parar, hein.
21:46Ah, o espetáculo é como a vida.
21:48A gente é que escreve a cena.
21:50Tem que valer a pena.
21:51A alma não pode ser pequena.
21:56É isso aí.
21:57O espetáculo é como a vida.
21:59Não acaba nunca, nem depois da morte.
22:01Eu tenho fé.
22:03Eu tenho fé que tudo vai dar certo.
22:06A verdade vai aparecer.
22:08E o nosso circo vai renascer.
22:11O espetáculo é como o espetáculo.
22:12Que delícia, gente.
22:15Ai, como é bom estar aqui com vocês.
22:18Aqui no picadeiro.
22:20Eu tava com tanta saudade daqui.
22:21E a felicidade brilha como o sol em céu azul.
22:30Eu te amo assim como jamais amei alguém.
22:36Meu bem.
22:39Com você eu descobri que amar e ser amada
22:42É o que mais importa pra viver.
22:46Eu te amarei como jamais amei alguém.
22:52Meu bem.
22:54Com você eu descobri que amar e ser amada
22:58É o que mais importa pra viver.
23:01Ah, minha filha.
23:24A verdade vai aparecer.
23:26Eu não sei de que jeito.
23:28Mas nós vamos conseguir.
23:29E você vai conseguir provar que é inocente.
23:35E vai voltar a se apresentar
23:38No grande circo do Pepe
23:43Surpreendental
23:45Surpreendente e fundamental
23:48Será, pai?
23:50Será que algum dia eu vou deixar de ser um fugitivo?
23:54Será que um dia eu vou ter a minha vida
23:55Em liberdade de novo?
23:58Uma vida normal
23:59Como a maioria das pessoas
24:02Sem ter que ter medo da polícia
24:04Sem ter que
24:05Viver me escondendo por aí
24:07Eu tenho tanto medo de morrer
24:19Medo da maldade dessas pessoas que estão cometendo esses crimes
24:24Maria
24:25Você não tem que ter medo
24:28Você é protegida
24:31Gente que nem nós, Maria
24:33Devoto da alegria
24:35A fé
24:36Da verdade
24:38Não podemos temer nada
24:40Não, mas fora essa agonia
24:42Eu estou muito preocupada com vocês
24:45Preocupada com o circo
24:47Maria
24:48O teu problema é complicado
24:51Quanto a nós
24:52Aqui no circo
24:54Ah, vamos levando
24:55A gente vai levando e se empurrando
24:57Sabe?
24:58Não, pai
24:59O circo
24:59O circo já está cheio de dívidas
25:02A gente está sem patrocínio
25:04Já está no prejuízo
25:05Só tem público aos sábados
25:07Puxa vida
25:08O dinheiro não está dando nem para a folha de pagamento mensal
25:11A situação do circo
25:17Piorou bastante depois dessa confusão toda, meu amor
25:21Nem no sábado está enchendo
25:23Mas já conseguiu um crédito no banco
25:28Para pagar a luz, pelo menos
25:29Cortar a luz
25:32Não acredito
25:38Vocês não pagaram a conta de luz
25:40A gente está rindo de nervoso
25:42Foi danado, eu sabe
25:44A gente ficou
25:44Imagina um circo sem luz
25:47E sem pagar a conta
25:50Não tem luz que eu não vi de cerco
25:53Nem a luz da Ana
25:54Vocês não tem luz
26:00É verdade, é
26:15Você tem razão
26:16Vamos logo passar a despilho
26:17Passar a despilho?
26:18Ninguém pode ouvir a gente aqui.
26:33Ué, Grazi, por aqui essa hora ainda?
26:38Ah, eu tava sem o sono, aí vem o mal pra fazer pra distrair a cabeça.
26:44Posso falar contigo?
26:45Pode, já tá falando.
26:49Grazi, eu senti uma coisa muito forte por ti, no teu olhar.
26:56Eu queria muito ficar contigo.
27:00Essa história de novo, Fernando.
27:02Mas o que eu posso fazer? Eu tô amarradão.
27:05Olha, eu quero te namorar.
27:08Eu não acredito em você.
27:10Por que não?
27:12Eu não confio em você.
27:14O quê?
27:14Primeiro você namorou a Maria.
27:17Dizia que amava a Maria, que era apaixonado por ela.
27:20Traiu ela com a Esmeralda.
27:22Depois dizia a mesma coisa pela Esmeralda, que amava a Esmeralda, que era apaixonado por ela.
27:26Agora você quer namorar comigo?
27:28Quero.
27:28Como é que eu posso acreditar em você, confiar em você?
27:31Porque agora é sério.
27:33Grazi, eu juro, contigo vai ser diferente.
27:37É?
27:38É.
27:39Te dou minha palavra, de honra.
27:40Eu tô te querendo, Grazi.
27:43Eu te acho linda demais.
27:46Fica comigo, vai.
27:48Você sabe de quem eu gosto de verdade.
27:53É do Gude?
27:55Que tu gosta, né?
27:56É.
28:01Agora me deixa, eu quero terminar de arrumar as coisas.
28:03Olha, Ernesto, eu tô pra ver um lugar com mulher mais bonita que aquele cirquinho do Dom Pepe.
28:28É, verdade.
28:31A Esmeralda é muito linda.
28:34Extraordinária.
28:35Não, Maria é gatíssima.
28:36Apesar de ser bandida.
28:38Mas é aquela tal de Grazela.
28:41Nossa, é que mulher deliciosa, Ernesto.
28:43É filha do Noé?
28:45Você gostou dela?
28:46Que maruco.
28:47Que filezinho.
28:49Você vê aquele bocão, Ernesto?
28:50Aquilo levanta qualquer defunto.
28:52Eu faço qualquer coisa pra beijar aquela boca.
28:54Olha aqui, você falando dela, eu acabei de encontrar a ficha do pai dela.
28:59Noel Machado.
29:00Dá uma olhada.
29:04Então era Noel, não era Noel?
29:06É.
29:07Noel Machado.
29:08Por isso que o Taveira não encontrou nada antes.
29:11Preso por roubo, agressão ao companheiro de cela, ainda deixou o cara em coma.
29:17É, e depois ele fugiu da cadeia.
29:19Pra fechar com chave de ouro o currículo desse traste.
29:22É.
29:22Vincadinho.
29:25Você gamou mesmo na filha dele?
29:27Ernesto, essa Grazela vai ser minha.
29:28Escreve aí o que eu tô te dizendo.
29:29Pode escrever.
29:31Ah, ô, Dino, dá um tempo.
29:32Cai na real, cara.
29:34Você acha que você vai conseguir conquistar a menina perseguindo o pai dela?
29:37Ela vai te detestar pro resto da vida, cara.
29:38Acorda?
29:39Não vai nada.
29:40Essa mulher já tá na minha.
29:41Olha isso, você não sabe de nada.
29:42Você viu como ela olhou pra mim?
29:44Com ódio.
29:46Fala sério, Ernesto.
29:48Por isso que você tá solteiro até hoje.
29:50Tá aí.
29:50Você tá explicado, você não entende de mulher.
29:52Tá, tá.
29:52A menina tava lá chorando e mesmo assim ela tava doidinha pra lá em cima de mim.
29:56No teu pescoço e te estrangular, você quer dizer?
29:59Hã?
29:59Eu tenho culpa.
30:00Se eu sou um policial e o pai dela é um bandido, eu meto o pai dela no buraco.
30:05E aí, quando ela estiver sozinha em defesa, miguezinho nela e crel.
30:15Ah, Esmeralda, eu nem te conto, guria.
30:17O que que foi, Ronita?
30:18O Pepe e Ana Luiz trouxeram a Maria aqui pro circo, tu acredita?
30:23Tá lá escondida na sala dos espelhos.
30:25A Maria tá aqui?
30:26Ronitos pode ser perigoso, hein?
30:28Você tem certeza?
30:29Claro que eu tenho, guria.
30:31Então vê se não contes pra mais ninguém, tá?
30:33Mas a Maria, ela não devia tá aqui no circo.
30:35Ela devia tá presa na cadeia, tá?
30:37Ah, é?
30:38E o que que você tem a ver com isso?
30:40Hein?
30:41Você já dedurou ou não é pra polícia.
30:42Se dedurar, a Maria vai acabar perdendo seu emprego aqui no circo.
30:45Abre seu olho.
30:46E além do mais, a Maria é inocente, tá?
30:50Todo mundo sabe disso.
30:51Ah, todo mundo sabe?
30:53Todo mundo sabe, não é menos a polícia.
30:55Olha só, guria, se bobear, eles acusam a gente até de ser cúmplice da Maria, tá?
31:01Tu pensa?
31:09Pai, você vai procurar a Maria de novo?
31:11Vou, minha filha.
31:12Mas antes eu vou comer, porque saco vazio não pá em pé.
31:14Eu tô com uma fome.
31:16Deve ser porque você correu muito atrás dela, né?
31:18É, deve ser.
31:19Bom, mas com a famosa macarronada da dona Dalva, a sua fome vai passar rapidinho, né mãe?
31:24Vem logo, vó!
31:25Pronto, filha, já tô indo.
31:26Tá aqui, ó.
31:28O cheiro tá bom.
31:30A macarronada preferida da Tati.
31:33Pronto, só tá faltando a salada que eu vou buscar.
31:35Não, não, vó, peraí.
31:36Não, não, vó, peraí.
32:06Tá morrendo, não, vó, peraí.
32:10Olá.
32:12Filha, Tati.
32:13Mas como é que pode?
32:15Que danadinha, hein?
32:17Surpresa!
32:18Minha filha, você tá aprendendo a controlar a sua mente.
32:21Não tô, mas por enquanto ainda tô treinando.
32:23Mas quando eu conseguir, você vai ver.
32:24Eu vou mostrar pro seu chefe.
32:26E aí todo mundo vai acreditar na gente.
32:29Droga.
32:29O telefone sempre toca na hora da...
32:31Foi, tá?
32:37Alô?
32:38Marcelo Montenegro?
32:40Sim.
32:41Quem fala?
32:42Delegado Taveira.
32:43Delegado Taveira?
32:45Alguma novidade me ligando nessa hora?
32:47Tenho novidade, sim.
32:48Gostaria que você viesse prestar depoimento pra mim aqui na delegacia amanhã.
32:52Eu?
32:52Por quê?
32:53Taveira, você ainda continua a suspeitar de mim?
32:55É isso?
32:56Pode trazer seu advogado se quiser.
32:58Taveira, eu conheço os meus direitos.
33:01Eu não preciso de advogado.
33:02Eu não cometi um crime nenhum.
33:04Isso é o que a gente vai ver.
33:06Eu tô te esperando amanhã.
33:12Esse Taveira, ele é doido, viu?
33:15Ué, o que ele quer dessa vez?
33:17Ele quer que eu vá depor.
33:19Como suspeito.
33:21Depor como suspeito?
33:23Que injustiça, pai!
33:24Mas se esse delegado continua desconfiando de você, meu filho, como é que pode?
33:28É, ele acha que eu tenho culpa no cartório, porque o veneno utilizado pra matar a Mabel e o doutor Walker
33:34foi o mesmo que matou os sócios da progênese.
33:38Ele acha que eu sou cúmplice da Maria Luiz.
33:40Eu nem capaz dele querer me prender por causa disso.
33:42A Bianca tá grávida.
33:50Eu tenho certeza que ela tá grávida.
33:52Ela tá com todos os sintomas.
33:54Meu, só porque ela enjoou.
33:55Ela enjoou várias vezes.
33:57Eu vi a barriga dela mais pontiaguda, o rosto mais arredondado.
34:00Ela tá grávida.
34:01E você sabe que ela tá grávida.
34:02Felipe, faz um favor.
34:04Me deixa fora dessa, tá?
34:05Essa...
34:06Essa conversa você tem que ter com ela, meu.
34:08Não é comigo.
34:10Eu só não sei porque ela tá me tratando desse jeito.
34:12Eu preciso saber se o filho é meu.
34:14Só ela pode te dizer isso, Felipe?
34:17Ou então um desses exames de DNA.
34:20Não, espero não precisar fazer um exame desses.
34:22Eu quero que ela me fale.
34:24Eu não sei o que fazer pra Bianca se abrir comigo.
34:26A Bibi ficou muito chateada quando vocês terminaram, viu?
34:30A gente nunca chegou a namorar firme.
34:33Nós sempre fomos muito amigos.
34:34Amigos?
34:35Amigos que gostam de dar uns beijos, ficar de vez em quando.
34:40Tudo bem.
34:41A gente tinha uma relação, sim.
34:43Mas sem compromisso.
34:44Uma amizade colorida.
34:46Sei.
34:46E de repente ela ficou magoada comigo.
34:48Porque você terminou tudo, meu.
34:50Ai, normal, vai.
34:52De repente ela tava gostando de você.
34:55Tudo bem, Perpétua.
34:57Mas eu não entendo porque ela não se abre comigo.
34:59Diz que tá grávida, se o filho é meu ou não.
35:03Sei lá.
35:04Eu não gosto nem de dar pitaco nesse tipo de assunto.
35:07Olha, eu acho que se o filho fosse meu, ela falaria.
35:10Teria obrigação de falar.
35:11Talvez ela tenha ficado com vergonha porque ela engravidou de outro cara.
35:17Só pode ser isso.
35:18Ainda falando de mim?
35:24Oi, Bianca.
35:25Não precisa ficar constrangida.
35:27Não seja por isso, Felipe.
35:30Eu tô grávida, sim.
35:32Falei.
35:33Pronto.
35:33Eu tenho medo, Lucas.
35:41Muito medo.
35:43Genete, você tem que aprender a controlar esse seu medo.
35:45O seu poder, esse dom telepático que você tem, ele pode ser muito útil.
35:49Isso é uma doença, Lucas.
35:51É um karma, sei lá o que que é isso.
35:54Não é que nem você que pode escolher os pensamentos de quem você quer ler.
35:57Esse dom que eu tenho, como você diz, só me deixa exausta.
36:04Tá bom, eu tenho uma intuição que me avisa dos perigos, das ameaças, mas...
36:09Não sei, essa capacidade de ver longe daqui...
36:12Só me mostra o que eu não quero ver, eu não quero ver isso.
36:15Genete, Genete.
36:17Pensa no seu dom como uma bênção.
36:18Você consegue prever as tragédias antes delas acontecerem.
36:21Não é assim que funciona, Lucas.
36:24Eu...
36:24Eu sinto o perigo quando ele se aproxima.
36:27Eu consigo ver a aura das pessoas quando tá sombria, eu...
36:30Eu fico enjoada se alguém quer me fazer mal.
36:32Isso é poder, por acaso?
36:34Isso é algum dom, não é?
36:36É uma sina, isso sim.
36:38Mas quando aqueles bandidos fizeram aquela violência contra o papai,
36:41você conseguiu estabelecer um elo telepático com eles.
36:44E não adianta fingir que não, Genete.
36:46E esse seu poder, ele tá dando chance de você fazer justiça.
36:48Mas me deixa exausta.
36:50Me faz mal.
36:53Genete, você acha que eu também não sofria quando não sabia controlar os meus poderes?
36:57Era horrível sair na rua.
36:59As ruas sempre cheias de gente.
37:02Milhares de pensamentos entrando na minha cabeça sem eu pedir, como agulhas.
37:05Eu me lembro.
37:08Eu me lembro que você não gostava de ir pra escola,
37:10de ir pro parque, mas eu achava que era porque você era tímido.
37:14Eu não pensei que fosse por isso, Lucas.
37:16Posso?
37:17Pois é, Genete.
37:18Então, tenta mais um pouco.
37:21Ah, não.
37:22Genete, só você pode saber onde eles estão escondendo a Regina.
37:25Eu sei.
37:28Genete, confia em mim.
37:31Confia em mim.
37:31Você vai sofrer um pouco no começo.
37:33Pode ser difícil, mas...
37:35Mais com o tempo você vai aprender a controlar seus poderes.
37:37Você tem razão.
37:45Eu vou tentar.
37:46É isso.
37:54São dois homens.
37:56São uma mulher.
37:59Eles estão corrigindo, Lucas.
38:00Ai, meu Deus, ela tá desesperada.
38:05E eu não sei onde.
38:06Eu não consigo ver uma casa.
38:08Eu não...
38:09Genete, você tá bem, Genete?
38:21Eu tô só tonta, desculpa.
38:22É, isso é horrível.
38:25Eu tô até enjoada agora.
38:26Genete, tenta mais um pouco, por favor.
38:27Lucas, espera um pouquinho.
38:29Eu tô exausta, por favor.
38:30Genete, a polícia não pode fazer nada.
38:33Ninguém sabe quem são esses caras.
38:35Pense no que a Regina tá passando.
38:38Você é a nossa única chance, Genete.
38:42Eu vou tentar.
38:44Isso.
38:44Pela Regina, eu vou até onde eu conseguir.
38:56É isso.
38:58É greve.
38:59É greve de sexo, tá bom?
39:01Enquanto essa perua estiver aqui dentro da minha casa,
39:02enquanto ela estiver aqui no meu território,
39:04não vai ter nada pra você, não, tá?
39:05É greve de sexo, tá, querido?
39:07Vai nessa.
39:08Vai nessa, Rata.
39:09Vai pra ver se eu não te dobro no meio.
39:10Eu vou nessa, sim.
39:11Eu vou nessa, sim.
39:12E vou avisando logo, tá?
39:13Vou avisando pra vocês.
39:14Eu não faço mais nada nessa casa.
39:15Eu não cozinho mais.
39:16Eu não lavo mais a cueca de vocês.
39:18Eu não afofo mais uma almofada.
39:20Eu não passo um pano numa mesa.
39:21Vai virar um curtiço isso aqui, tá bom?
39:23Essa pirada.
39:24Vai tirar a garota daqui e levar pra onde?
39:26Dá pra ela não, mano.
39:27Dá pra ela não.
39:29Chefinha deu ordens expressas pra gente manter a garota aqui.
39:31E essa maluca resolve dar ataque.
39:33Que maluca?
39:33Que ataque?
39:34Eu não vou dar nada.
39:34Eu não tô dando nada e não vou dar, tá bom?
39:36Eu não vou dar nada mesmo, tá?
39:37Inclusive, ó, meu corpinho pra você.
39:39Tá bom, querido?
39:40Haja paciência, viu?
39:41Haja paciência.
39:42Não bastasse o trabalho duro que eu tenho, difícil, cheio de parada sinistra.
39:46Eu tenho que sequestrar, eu tenho que matar, eu tenho que venenar, tenho que perseguir
39:50a menina monstro, tenho que descobrir onde é que tá a miniatura do lobisomem e ainda
39:53tem que ouvir isso.
39:54É, você tá pensando o quê, hein?
39:55Você tá pensando que só esses garotos aí que você fica correndo atrás querendo
39:57matar esses mutantes é que tem poder?
39:59Eu também tenho poder, tá bom, queridinho?
40:01Eu tenho poder.
40:01Sabe qual é?
40:02Sabe qual é o meu poder?
40:03Meu poder é ser mulher.
40:05Meu poder é ser fêmea.
40:07Eu sou super mulher.
40:08Eu sou super fêmea, super gostosa, tá?
40:12Super carinhosa, é isso, tá?
40:14E disso tudo aqui, disso tudo aqui, o senhor não vai ter mais nada, não vai sentir nem
40:18o cheiro, tá bom?
40:18Tá viajando, tá lá, tá viajando.
40:20Posso te forçar se eu quiser, sabia?
40:22Ah, é?
40:23Força.
40:24Força pra você ver o que eu faço.
40:25Eu me mando daqui, tá bom?
40:26Tô louca pra pegar a minha parte dessa grana e mandar daqui.
40:29E força, força.
40:30É, vai ser bom.
40:31Sabe o que eu faço?
40:32Você já ouviu falar numa tal de Lorena Rebbit?
40:34É Bobit, imbecil.
40:35Não importa, Bobit, Rebbit, essa aí, sabe o que essa maluca fez?
40:39Ela cortou o do marido dela, tá bom?
40:42Força pra você ver o que acontece com você.
40:44Eu dou uma de Lorena, tá bom, meu amor?
40:45Eu dou uma de Lorena e enquanto você estiver dormindo eu corto, tá?
40:48Olha aqui, sua maluca, é nosso trampo.
40:50A gente tá ganhando uma grana alta pra fazer esse serviço.
40:53Não vai fazer nada.
40:54Não muda nada, deixa a garota aqui como tá.
40:56Não deixa não, eu não quero ela aqui.
40:58E eu vou levar ela pra onde?
40:59Pra onde você vai levar ela?
41:00Ela não me interessa.
41:01Só sei que onde se ganha o pão não se come a carne, é isso.
41:04Enquanto a minha casa for cativeiro, enquanto essa menininha estiver aqui dentro, não vai
41:08ter nada pra você não, tá?
41:10É greve, é greve.
41:11Tá, tá, tá, tá bom, tá bom, tá bom.
41:13Ah, também duas mulheres dentro de casa.
41:14Uma chorando de emenda, outra gritando, não dá.
41:17Vamos levar ela pro galpão abandonado, sim.
41:19A gente mantém ela lá.
41:21Mas vai dar um trabalho.
41:24Ué, que que é isso, trabalho?
41:25Não foi essa profissão que você escolheu pra você ser sequestrador, assassino?
41:28Agora se vira, mané.
41:29Que galpão é esse, mano?
41:32É aquele ali na subida da estrada?
41:35Não.
41:37Aquele é muito pisado.
41:39Melhor um que fica na descida, aqui mesmo, na Serra da Cantareira.
41:42Não tem erro.
41:44É perto e ninguém vai lá.
41:47Mas amanhã de manhã cedo é que a gente vai levar essa patricinha aí.
41:51Boa decisão.
41:53Gostei.
41:55Vai ser melhor pra você.
41:56Serra da Cantareira.
42:04Serra da Cantareira?
42:05Eles estão na Serra da Cantareira, é isso?
42:06Eu não sei se eles estão na Serra da Cantareira, mas vão levar ela pra lá.
42:10Janete, o que exatamente você ouviu?
42:13Sei, Lucas, um galpão.
42:15Parece que é um galpão abandonado na descida da serra, alguma coisa assim.
42:19Eles vão levar a Regina pra lá amanhã de manhã.
42:21Maravilha, Janete, maravilha.
42:23Você conseguiu, Janete.
42:24Parabéns, você conseguiu.
42:25Eu só espero que eu tenha entendido certo.
42:28Porque essas visões que eu tenho, elas são meio distorcidas.
42:30Eu não sei se eu ouvi direito também.
42:32Janete, você ouviu o que interessa.
42:34Um galpão abandonado na Serra da Cantareira.
42:37Eu acho que era isso mesmo.
42:39E é pra lá que a gente vai.
42:41Eu vou fazer muito bem, eu preciso de uma água.
42:44Vem aqui.
42:44Me ajuda.
42:45Vem aqui, Maninha, vem.
42:45Vem que eu te ajudo.
42:46Vocês viram?
42:55A Clara ressuscitou a borboleta.
42:58Ah, também a borboleta tava morta, né?
43:00Mas tava desmaiada.
43:02Mesmo assim, foi impressionante, Farinha.
43:04Esses poderes das minhas filhas são um verdadeiro milagre do DNA.
43:07O que é DNA, pai?
43:10DNA?
43:10DNA é o seguinte.
43:12Bom, o DNA...
43:14Peraí que eu vou pegar o letro, tá?
43:19Que isso, Lucas?
43:20É perigoso.
43:22São bandidos.
43:23A gente tem que chamar a polícia.
43:24E você acha que eles vão acreditar na gente, Janete?
43:26Eles vão perguntar pra gente como que a gente sabe e o que eu digo.
43:29Olha, se o delegado é minha mãe, ela tem o poder de clara evidência e ouvir os bandidos fazendo planos.
43:33Você tem razão.
43:36Então, Janete, a gente tem que ir lá pro lado da serra, tentar resgatar a Regina.
43:39Como, Lucas?
43:41Tem tanto lugar na cantareira.
43:43Não deve ter só um galpão abandonado.
43:44Como é que a gente vai saber qual que ela tá?
43:46É, não se preocupa com isso agora, não.
43:48Chegando lá, a gente vê o que faz.
43:50Eu tô achando isso muito arriscada.
43:53Janete, Janete, agora não tem mais volta.
43:56Você vai conseguir dormir tranquila sabendo que tem uma chance,
43:58talvez a única chance de resgatar a Regina e não vai fazer nada?
44:01A gente vai virar super-herói agora?
44:03É isso?
44:04Eu com o meu poder de ver as coisas, você lendo os pensamentos,
44:08eu acho que isso não é suficiente pra enfrentar assassino, não, Lucas.
44:12Eu sei, Janete.
44:13Eu não sou nenhum louco, não.
44:15Também não quero bancar o Salvador da Pátria.
44:17Mas a gente tem que tentar.
44:18A gente vai lá pro lado da serra e a gente vê o que faz.
44:22Eu não sei, eu não tô gostando nada disso.
44:25Maninha, vem cá, vem.
44:26Vem cá.
44:28Não se preocupa, não.
44:29Eu não vou fazer nenhuma loucura.
44:31A gente vai lá, descobre o cativeiro e liga pra polícia.
44:35Só isso.
44:35Sabe você o que é o amor?
44:56Não sabe, eu sei.
44:58Sabe o que é um trovador?
45:02Não sabe, eu sei.
45:05Ah, você não sabe, não.