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Doutor de economia do Mackenzie, Hugo Garbe comentou, em entrevista ao Real Time desta segunda (21), os desdobramentos da guerra tarifária e comercial do norte-americano Donald Trump.

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Transcrição
00:01A guerra comercial entre Estados Unidos e China continua mexendo com as economias e mercados pelo mundo.
00:06O que a gente pode esperar para mais essa semana?
00:09A gente vai conversar agora com o Hugo Garbi, que é professor doutor de economia do Mackenzie,
00:14e comenta sobre o assunto.
00:16Bom, professor, bom dia, seja bem-vindo aqui ao Real Time.
00:20Bom dia, obrigado mais uma vez pelo convite, prazer estar aqui com vocês.
00:24O que a gente pode esperar dessa semana?
00:26A notícia que não tem a ver diretamente com a guerra comercial, mas está muito no radar dos investidores,
00:32é a possibilidade do Trump demitir o presidente do FED.
00:35Isso está mexendo bastante com os mercados, não é, professor?
00:39De fato, isso tem mexido com os mercados porque tem uma relação direta com a autonomia do Banco Central.
00:45Ou seja, em economias liberais, assim como a economia americana,
00:50e de fato essa independência do Banco Central é fundamental para atuar de forma direta na política monetária.
00:59E os Estados Unidos vêm atuando de forma bastante incisiva, principalmente logo após a pandemia,
01:06para controlar a inflação, aumentando taxa de juros e aplicando de forma ortodoxa a política monetária contracionista,
01:14que é o aumento de taxa de juros para poder conter a inflação.
01:18E, por outro lado, o Donald Trump não concorda com essa política.
01:22Ele vem criticando, desde a campanha, esse incremento de taxa de juros.
01:28Então, essa intervenção, essa forma protecionista do Trump de incrementar tarifas
01:35e também, efetivamente, ter ali uma política intervencionista no Banco Central,
01:41gera um temor de todo o mercado.
01:44E até essa dúvida, até onde vai realmente esse liberalismo econômico que os Estados Unidos foi no passado,
01:52mas demonstrou que hoje está longe de ser um país economicamente liberal.
01:58Como é que o senhor está vendo a postura da China nessa semana?
02:01Olha, a China não vem cedendo com as ameaças do Donald Trump.
02:09Ela vem, inclusive, incrementando tarifas e mostrando para o mundo todo
02:13o quão importante ela é como um jogador, como um player também,
02:18no cenário geoeconômico, geopolítico internacional.
02:22Grande parte das fábricas, das grandes fábricas americanas, estão localizadas na China.
02:26Os empresários americanos já vêm sofrendo essas consequências por parte do incremento das tarifas norte-americanas.
02:38Grande parte das importadoras ou fabricantes de automóveis já decidiram não levar mais automóveis para os Estados Unidos
02:47ou, pelo menos, frear por enquanto por conta desse incremento de tarifas.
02:51E assim também como produtos tecnológicos fabricados na China, porque com esse incremento de tarifas
02:57se tornou praticamente inviável a competitividade chinesa frente aos Estados Unidos.
03:02Então, a China vem adotando também uma postura dura.
03:06Ela já disse que eles estão dispostos a conversar, mas não vem cedendo.
03:11Inclusive, por outro lado, a China também é um credor americano,
03:16um dos maiores credores americanos de títulos públicos.
03:19vendeu muito título público americano na semana passada, na semana retrasada,
03:24como uma demonstração de força, por outro lado.
03:27Então, a China tem se demonstrado um player bastante forte nessa guerra comercial.
03:33A gente viu a notícia de que, agora há pouco, a China decidiu manter as taxas de juros inalteradas.
03:38O Banco Central chinês tomou essa decisão.
03:40E a imprensa internacional, o professor, tem interpretado isso como um sinal de que a China está em compasso de espera.
03:47Está observando para ver o que vai acontecer com os Estados Unidos.
03:51E está tendo paciência, que é algo fundamental.
03:53A gente pode fazer leitura de que o Trump está jogando de maneira um pouco agressiva
03:56nessa guerra comercial, tomando atitudes intempestivas.
04:00E tem pressa para resolver a situação, porque acho que não interessa para ele realmente
04:04fazer com que essa guerra se prolongue muito.
04:07A China, ao contrário, tem demonstrado paciência.
04:09Exato.
04:11Ou seja, os chineses sabem que essa política do Donald Trump não é sustentável.
04:16Ele vem adotando algumas medidas.
04:21Grande parte das medidas deles são medidas irracionais em termos econômicos.
04:26Ou seja, não faz nenhum sentido.
04:28Não tinha por que incrementar as tarifas com a China e com o mundo todo dessa forma como foi feito.
04:34De forma unilateral, sem negociar, sem conversar.
04:37E, de fato, quem vai sofrer mais com isso, ou não sei se mais, mas quem também vai sofrer muito com isso,
04:44são os próprios americanos.
04:46Porque, no médio prazo, essas medidas geram inflação.
04:50Grande parte dos produtos que são importados pelos Estados Unidos vão deixar de ser competitivos em termos de preço.
04:57Vai ficar mais caro para os americanos.
04:59E vai faltar produto, porque muita empresa importante vai deixar de mandar seus produtos para os Estados Unidos,
05:04porque acaba ficando muito mais caro e muito mais difícil você exportar.
05:09Então, os chineses, sabendo disso, eles estão no compasso de espera.
05:13Eles sabem que é uma questão de tempo.
05:15E vão deixar o Donald Trump acabar se enrolando e até dando ali, abre aspas, um tiro no próprio pé com relação às políticas que ele vem implementando.
05:25Vamos falar um pouco do Brasil, né?
05:27Até agora o Brasil teve, vamos dizer assim, consequências pequenas em relação à guerra comercial,
05:32mas é um país também que está assistindo a tudo isso com muita apreensão, né, professor?
05:38Pois é.
05:39Se a gente for analisar o incremento das tarifas,
05:42de fato, analisando todos os principais países que têm uma relação comercial importante com os Estados Unidos,
05:48o Brasil da América Latina é o país mais importante que tem essa relação,
05:53o Brasil e México, né, tem essa relação comercial mais estreita com os Estados Unidos,
05:57nós tivemos um incremento de 10%.
05:59Comparado com países que têm 40%, 50%, até a China, né,
06:03chegou a mais de 100%, 200% de incremento de tarifas,
06:07a gente tem um incremento modesto que não tem um impacto tão significativo assim no médio e longo prazo.
06:14O Brasil vem adotando uma postura que, no meu ponto de vista, é a postura correta,
06:20que é a postura de não ficar tomando partido para o lado americano ou para o lado chinês.
06:26O Brasil tem de continuar assim.
06:28O Brasil tem de aproveitar também as brechas econômicas que essa guerra comercial pode gerar
06:34como benefício para o próprio Brasil.
06:38O Brasil, ele tem como fornecedor principal dos Estados Unidos para grande parte dos seus produtos,
06:44principalmente commodities, árvore, né,
06:46e tem de continuar com essa postura isenta,
06:50não adotando postura para o lado A ou lado B,
06:53porque os dois países são importantes para o Brasil em termos econômicos,
06:56tanto os Estados Unidos como a China.
06:58Agora, olhando para o longo prazo, professor,
07:00um risco grande para o Brasil seria uma recessão mundial que aí não teria como escapar.
07:04O senhor vê esse resultado da guerra comercial como algo possível?
07:11Já existem estudos, a gente já tem aqui alguns estudos,
07:15que se essa política se prolongar por mais tempo,
07:20é possível sim que nós tenhamos uma recessão global,
07:23porque você incrementar tarifas para o mundo todo,
07:28que é o principal parceiro comercial do mundo, que é os Estados Unidos,
07:30de uma hora para a outra, você gera, assim, uma contração da economia mundial.
07:36Com essa contração da economia mundial, naturalmente, o Brasil vai ser afetado,
07:41porque você tem menos, quando você tem uma retração da economia,
07:45você tem menos compradores dos seus produtos,
07:47e isso tem um impacto direto no seu PIB.
07:50De forma direta, analisando no longo prazo, caso isso aconteça,
07:54de fato, a gente vai ter ali um impacto direto aqui na economia brasileira
07:58com relação às taxas de juros, ou seja, você tem menos atividade econômica,
08:02a sua curva de juros começa a cair.
08:05Então, esse é o principal impacto, queda do PIB,
08:08e, teoricamente, caso a gente quase se concretize esse cenário,
08:13nós vamos ter ali um decréscimo das taxas de juros aqui no Brasil no longo prazo.
08:19Professor, como é que o senhor está vendo a economia brasileira até o fim do ano?
08:22Porque, por um lado, a gente vê o Banco Central apertando nos juros,
08:25pode chegar a Selic a 15%, e, por outro lado, também o governo dá estímulos para a economia,
08:31como no caso do FGTS.
08:33O senhor acha que a inflação vai chegar até o fim do ano comportada?
08:38A tendência, caso a gente costuma dizer na economia,
08:42setteres paibus, que é um termo em latim que significa tudo mais constante.
08:47Se o governo continuar com essa política fiscal de incentivos,
08:51é difícil que a gente tenha uma inflação comportada,
08:54porque, analisando, sob retrospectiva, os últimos dois, três anos,
09:00o Banco Central vem fazendo a parte dele com uma política monetária contracionista,
09:04ou seja, reduzindo, aumentando ali as taxas de juros para poder controlar a inflação,
09:09mas, dentro da política econômica mais ortodoxa, ou seja, o que diz o manual,
09:14só a política monetária por parte do Banco Central não é suficiente.
09:18Você precisa também, por outro lado, que o governo,
09:20que tem uma ferramenta importante, que é a política fiscal,
09:23também acompanhe essas ferramentas que são tão importantes para poder conter a inflação.
09:29O que tem acontecido é o contrário.
09:31O governo não tem tido uma política fiscal adequada,
09:35vem gastando mais do que arrecada,
09:38e isso é muito ruim quando você tem um combate à inflação,
09:41porque você está gerando estímulo,
09:42e você está gerando também o processo inflacionário.
09:46O governo não dá sinais de que ele vai parar ou frear essa política dele de estímulos,
09:54principalmente para a classe política, que é o foco dele,
09:58principalmente um ano antes da eleição.
10:02Historicamente, os governos não freiam gastos no período anterior ao processo eleitoral.
10:10Tá certo.
10:10Hugo Garbi, professor, doutor de Economia do Mackenzie,
10:13muito obrigado pela sua participação aqui no Real Time.
10:15Bom dia.
10:17Eu que agradeço.
10:18Bom dia a todos.
10:19Obrigado.
10:20Obrigado.

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