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Série documental focada na história do petróleo e nos conflitos que causou, muitos dos quais se mantêm até hoje.
Transcrição
00:00A Luta pelo Petróleo
00:07Terceiro Episódio
00:15O atentado com um carro armadilhado às Toros Cobar na costa do Golfo, rico em petróleo na Arábia Saudita, não foi resolvido até hoje.
00:30Em junho de 1996, deixou 19 americanos mortos no complexo de aluxamentos da base da Força Aérea dos Estados Unidos em Dharan.
00:39De acordo com rumores, a Al-Qaeda esteve por detrás do ataque.
00:43O governo saudita, contudo, colocou em traves à investigação, uma vez que não queria admitir a existência das redes da Al-Qaeda no seu país.
00:53O ataque ao World Trade Center em Nova Iorque no dia 11 de setembro de 2001 deixou o governo saudita seriamente embaraçado.
01:03As autoridades sauditas tentaram negar o envolvimento de 15 cidadãos sauditas.
01:07Em maio de 2003, começou uma nova fase no conflito com a Al-Qaeda.
01:16Em Riad, nove terroristas conseguiram entrar em três complexos maioritariamente habitados pelos estrangeiros
01:21e fizeram explodir carros armadilhados.
01:2426 pessoas morreram, entre elas, americanos e sauditas.
01:27O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Abdullah, o rei atual,
01:39anunciou duras medidas repressivas contra o terror durante a sua visita às vítimas dos atentados bombistas
01:44e avisou os clérigos ou hábitas relativamente a mostrarem qualquer tipo de simpatia indevida para com os assassinos.
01:51O ministro dos Negócios Estrangeiros, príncipe Faisal, meio-irmão de Abdullah, foi igualmente inflexível.
01:56A polícia começou a tomar medidas repressivas contra as células da Al-Qaeda,
02:13matando seis dos seus membros durante um confronto em Riad, em junho de 2006.
02:18A imprensa saudita começou também a informar sobre os ataques terroristas.
02:21Já não podia haver mais dúvidas de que a Casa Real e o governo da Arábia Saudita também se encontravam em perigo.
02:29Em Riad, todos os edifícios públicos e principais hotéis foram colocados sob a proteção de bloqueios de estrada em Betão
02:36e postos de controlo feitos pela polícia motorizada.
02:39Os estrangeiros tornaram-se potenciais alvos de atiradores furtivos,
02:43mas oficialmente este tópico continua a manter-se um assunto tabu.
02:46Neste lado do mundo, somos considerados bons tipos se nos mantivermos calados, de boca fechada.
02:59O presidente Bush queria levar a democracia ao mundo árabe.
03:03Esta não era uma razão popular para se entrar em guerra na região.
03:07Quando os seus soldados marcharam para o Iraque em abril de 2003,
03:10não foram autorizados a operar a partir das suas bases militares que ainda existiam na Arábia Saudita.
03:16Os americanos instalaram-se o quartel-general no Qatar.
03:21As verdadeiras razões para a guerra são pouco claras.
03:24Alegadamente, os americanos queriam distribuir as armas da distribuição maciça de Saddam Hussein,
03:28mas como essas armas nunca foram encontradas,
03:31presumiu-se que estavam essencialmente interessados no petróleo iraquiano.
03:34Esta pressunção corresponde provavelmente apenas à parte da verdade.
03:39Depois do 11 de setembro, a verdadeira razão terá sido o medo paranoico
03:43que eles têm de uma ameaça à sua segurança a partir do Médio Oriente.
03:51No início, os moradores de Bagdad comemoraram a expulsão de Saddam Hussein como uma libertação
03:56e derrubaram a sua estátua do pedestal.
03:58Tal como os americanos ignoravam alegremente que esta vitória iria significar a desintegração do seu Estado
04:07e a desestabilização do Médio Oriente.
04:22Saddam Hussein já tinha anteriormente subestimado a determinação americana.
04:26Nunca pensámos que Bush Sr. reagisse da forma que reagiu
04:31quando tomou o país e resolveu ir-se embora.
04:36Quando Bush Sr. resolveu expulsar Saddam do Kuwait,
04:41essa era a altura de determinar o trabalho relativamente às instituições iraquianas, ao Iraque.
04:47Se o trabalho tivesse sido feito, se não tivesse sido adiado para 2003,
04:52não teríamos tido o colapso total da infraestrutura da sociedade,
04:56dos ministérios, das instituições governamentais, a que assistimos em 2003.
05:01E o que aconteceu em 1991 e 2003, podemos traduzir uma palavra, sanções.
05:08As sanções minaram verdadeiramente o tecido social do Iraque.
05:11As sanções afetaram as pessoas erradas,
05:18as crianças que sofreram de escassez de alimentos e assistência médica.
05:22Apesar de Saddam Hussein ter encontrado algumas nações dispostas a negociar com ele,
05:26e que também lhe compraram ilegalmente o petróleo iraquiano,
05:29ele não estava realmente interessado na situação difícil das crianças.
05:33Ele usou a sua angústia como instrumento de propaganda
05:35para culpar o Ocidente pela difícil situação económica iraquiana.
05:38Por razões humanitárias, as Nações Unidas apresentaram o programa Petróleo por Alimentos
05:43para possibilitar a venda de certas quantidades de petróleo iraquiano
05:47em troca de bens, tais como comida e medicamentos.
05:50Para se assegurar em que os bens eram distribuídos às pessoas certas,
05:54envolveram-se no programa algumas organizações de auxílio internacionais.
05:57Saddam Hussein embolsou enormes quantidades de dinheiro
06:00de imensos acordos de petróleo realizados no mercado negro.
06:03Autoridades a ocuparem cargos superiores nas Nações Unidas
06:06também se envolveram nos acordos do programa Petróleo por Alimentos.
06:09Entre 1968 e 2003, tivemos algo que era excepcional,
06:16mesmo pelos padrões do Médio Oriente,
06:18que são os padrões muito baixos em geral.
06:23Não foi apenas um regime sórdido, brutal, repressivo ou autocrático.
06:28Foi um regime que foi possível devido aos extraordinários níveis de riqueza,
06:34que, é claro, só começaram realmente em 1973,
06:39com o quadruplicar dos preços do petróleo na sequência da Guerra de Outubro.
06:44E isso continuou a crescer.
06:46Foi com base nisso que o Estado totalitário no Iraque foi construído,
06:50com base nessa riqueza, nessa enorme riqueza.
06:53Não restou muito da antiga riqueza do país.
06:59Uma das duas grandes regiões petrolíferas do Iraque
07:01fica situada em Kirkuk, a área fronteiriça etnicamente mista
07:04e disputada entre a parte árabe e curde do Iraque.
07:09Com a ajuda da Peshmerga, a milícia curda bem armada,
07:13os curdos conseguem manter aqui uma segurança relativa.
07:16Concentram-se nos terroristas que lançam repetidos ataques
07:18às instalações petrolíferas e aos horreodutos.
07:24A caminho dos campos petrolíferos,
07:26a Peshmerga recolhe reforços do seu quartel-general
07:29no centro da cidade de Kirkuk.
07:32Loqueios de estrada e postos de controlo monitorizam o tráfego.
07:36Pessoas em perigo, como a nossa equipa,
07:38são guardadas de perto e conduzidas a alta velocidade
07:40através das zonas arriscadas à volta dos campos petrolíferos.
07:44A alta velocidade deverá evitar que bombistas suicidas
07:46se atirem entre os jips, acelerando uns atrás dos outros.
07:53A equipa tem que filmar com o carro em movimento,
08:00já que os Peshmerga não podem sequer garantir
08:02a sua própria integridade no interior do cordão de segurança.
08:13Os campos petrolíferos estão em mau estado.
08:16O gás é queimado sem ser utilizado,
08:18uma vez que não há bombas para o absorver.
08:20A maior parte da tecnologia remonta às décadas de 20 e 30.
08:25Não há dinheiro para modernizar os escritórios
08:27e as unidades de extração.
08:29Embora o petróleo esteja de novo a jurrar,
08:31a produção ainda está muito longe dos níveis que alcançou em 1990,
08:35antes da Segunda Guerra do Golfo.
08:37Depois das hostilidades terem cessado,
08:39foi reduzida à metade.
08:41O Iraque, que já foi o segundo maior país exportador de petróleo do mundo,
08:45já não desempenha um papel significativo no mercado petrolífero.
08:48O engenheiro-chefe explica porquê que as esperanças americanas
08:52em reiniciarem rapidamente a produção de petróleo foram desfeitas.
08:57O investimento no campo petrolífero no Kurdistão
09:01andou à volta de mil milhões de dólares.
09:05Gastámos mais de metade desse dinheiro
09:08em questões de segurança
09:09e o resto no campo,
09:12porque não faz sentido
09:15reabilitar um campo
09:16para ser atacado
09:18no dia seguinte.
09:21Não faz sentido
09:22mantê-lo dessa forma.
09:26Os próprios americanos
09:28ajudaram-nos com análises
09:30de engenharia
09:31para os projetos das unidades
09:34de exploração.
09:36Eles recuperaram
09:37essas unidades,
09:38mas nós perdemos
09:39metade desse investimento
09:41em questões de segurança.
09:42Na verdade,
09:43mais de metade,
09:44para ser mais correto.
09:48Mesmo no interior
09:49do cordão de segurança,
09:50os empregados executivos
09:51só podem andar
09:52de um lado para o outro
09:53acompanhados
09:54de guardas
09:54fortemente armados.
09:56O rapto de empregados
09:57é bastante comum.
09:59Os ataques
09:59aos campos petrolíferos
10:00são por vezes realizados
10:01pelos seus próprios empregados.
10:16Os danos deixados
10:17pela política petrolífera
10:18de Saddam Hussein
10:19depois do final
10:20da Segunda Guerra do Golfo
10:21ainda não foram reparados.
10:23Ele encorajou
10:23o aumento da produção
10:24de petróleo
10:25mais do que aquilo
10:25que conseguia vender
10:26devido às sanções,
10:27mesmo durante o programa
10:28Petróleo por Alimentos.
10:29O petróleo em excesso
10:32tinha que ser
10:33bombeado de volta
10:34para os poços.
10:36A situação atual
10:38é de 350 mil barris por dia.
10:43Todos os campos
10:44foram ignorados
10:45e postos de lado.
10:47Primeiro pelos políticos
10:49e depois pelos técnicos.
10:51muitos dos nossos campos
10:56foram arruinados
10:57pela injeção
10:58de petróleo
10:59nos poços
11:00durante a resolução
11:01das Nações Unidas
11:02do Petróleo
11:03por Alimentos.
11:07Durante esse período
11:08ficámos de mãos atadas
11:10por causa
11:10da limitação
11:11à produção.
11:14Mas todos os dias
11:15estamos a perder
11:16uns milhares.
11:18Todos os dias.
11:19Os curdos
11:24consideram
11:25Kirkuk
11:25a sua cidade.
11:27Mas milhares
11:27deles ainda
11:28residem no exterior
11:28da sua antiga
11:29terra natal
11:30num antigo
11:30campo de futebol
11:31utilizado agora
11:32como campo
11:33de refugiados.
11:35Eles tiveram
11:35que dar lugar
11:36aos árabes
11:37que foram instalados
11:38à força
11:38sob as ordens
11:39de Saddam Hussein.
11:41Muitos curdos
11:41perderam as suas
11:42casas e património.
11:43O regresso
11:44às suas casas
11:44de origem
11:45está a fazer-se lentamente
11:46uma vez que o governo
11:47central em Magdad
11:48não tem interesse
11:49que Kirkuk
11:50seja integrada
11:51num Kurdistão
11:52autónomo.
11:56Ao mesmo tempo
11:56há também a questão
11:57das receitas do petróleo.
11:59A solução do problema
12:00de Kirkuk
12:00tem vindo a ser
12:01portanto adiada
12:02uma e outra vez.
12:03Al-Talibã
12:19uma antiga membro
12:20do parlamento
12:20iraquiano
12:21em Bagdad
12:22está categoricamente
12:23a pedir ajuda
12:24para os curtos expulsos
12:25de Kirkuk.
12:26Esta cidade
12:34onde nos encontramos
12:35é Kirkuk
12:36e toda a gente
12:37diz que é a cidade
12:38do petróleo
12:39mas é assim
12:39que o petróleo
12:40está a ser gasto.
12:42Estes são os serviços
12:43que temos.
12:44Esta é a realidade.
12:48Não creio que ninguém
12:49no mundo inteiro
12:50acredite que o dinheiro
12:51do petróleo
12:52está a ser utilizado
12:53para melhorar
12:54as condições de vida
12:55do povo de Kirkuk.
12:57Tanto eu
12:57como outras pessoas
12:58esta é a realidade
12:59que conhecemos
13:00e este é o único
13:02facto que conhecemos.
13:04O dinheiro do petróleo
13:06as receitas do petróleo
13:08foram sempre utilizadas
13:09para a compra de armas
13:10para comprarem armas
13:12de destruição em massa
13:13e para nos destruírem.
13:19Fomos torturados
13:20constantemente.
13:22o dia seguinte
13:25era pior
13:25que o anterior.
13:35Não consigo lembrar
13:36dos detalhes
13:37e não quero.
13:39A nossa única culpa
13:40era sermos curdos.
13:43Não sei porque é que
13:44Deus nos criou
13:45como curdos.
13:45O presidente
13:51da Câmara
13:51de Kirkuk
13:52um curdo
13:53tem o seu
13:53gabinete
13:53num edifício
13:54com uma parede
13:55de segurança dupla.
13:58As pessoas
13:59em Kirkuk
13:59estão muito
14:00desiludidas
14:01pelo facto
14:01do petróleo
14:02nunca lhes ter
14:02trazido qualquer
14:03prosperidade.
14:04Bem pelo contrário.
14:06Foi por causa
14:06do petróleo
14:07que foram perseguidas
14:07e discriminadas.
14:09Nunca tirámos proveito
14:10da riqueza
14:11do petróleo.
14:12Nunca.
14:12por causa
14:13do petróleo
14:14a nossa cidade
14:15e o nosso país
14:16sofreram imenso
14:17com armas químicas
14:18a serem utilizadas
14:19contra nós.
14:22Com o dinheiro
14:23da venda
14:23do petróleo
14:24foram fabricadas
14:25e adquiridas
14:25armas de destruição
14:27em massa
14:27e com esse dinheiro
14:28foram travadas
14:29guerras contra nós
14:30e os nossos vizinhos.
14:32O petróleo
14:33não nos trouxe
14:33qualquer prosperidade
14:34só nos trouxe
14:35destruição
14:36e miséria.
14:37Portanto
14:38desde que sou
14:38presidente da Câmara
14:39lutamos para
14:40deixarmos de ser
14:41discriminados
14:42e para nos
14:43certificarmos
14:44que as receitas
14:44do petróleo
14:45irem beneficiar-nos
14:46no futuro.
14:51Desde 1991
14:52os curdos
14:53conseguiram
14:54em grande medida
14:55recuperar o controle
14:56da sua região.
14:58Tendo sido
14:58declarado
14:59refúgio
14:59das Nações Unidas
15:00a força aérea
15:01aliada americana
15:02e britânica
15:02protegeram a zona
15:03curda
15:03dos ataques
15:04de Saddam.
15:05Na sua capital
15:17Zulay Mania
15:18ergueram uma estátua
15:19representando a liberdade
15:20a quebrar as correntes
15:21da opressão.
15:23Um curdistão
15:23amplamente autónomo
15:24desenvolveu-se
15:25no interior
15:26da zona protegida
15:27tendo-se orientado
15:28segundo os modelos
15:28ocidentais
15:29e tendo conseguido
15:30desencadear
15:31uma modesta
15:31expansão económica.
15:33Os curdos
15:34principalmente os jovens
15:35desfrutam
15:36da sua pequena liberdade
15:37à vista de todos.
15:38Podem passear
15:39pela cidade
15:40sem terem medo.
15:41Embora também
15:42exista aqui
15:42um partido islâmico
15:43radical
15:44a sua influência
15:45é mínima.
15:47É autorizada
15:47a venda de álcool
15:48e as mulheres
15:49podem vestir roupas
15:50ocidentais
15:50sem terem que se cobrir.
15:53Ainda frágil
15:54liberdade
15:55de imprensa
15:55do Curdistão
15:56permite a venda
15:56de CDs
15:57e DVDs ocidentais
15:58bem como a publicação
15:59de revistas
16:00e jornais.
16:04Fotos de
16:17Tchalal Talabani
16:18o chefe popular
16:19da tribo
16:20com o mesmo nome
16:20Talabani
16:21e do presidente
16:22em Bagdad
16:22também se encontram
16:24à venda.
16:25Foi o acordo
16:26de paz
16:26entre os dois clãs
16:27curtos rivais
16:28o Talabani
16:29e o Barzani
16:30que tornou possível
16:32a expansão
16:32econômica
16:33da região.
16:35Juntando forças
16:36contra Saddam Hussein
16:36os curdos
16:37aprenderam
16:38que não devem
16:38lutar entre si.
16:40Um reacender
16:41dos velhos feudos
16:42deitaria por terra
16:43todas as esperanças
16:44de transformar
16:44o Curdistão
16:45numa comunidade
16:46próspera.
16:49O melhor obstáculo
16:50de momento
16:51é a escassez
16:51de gás e petróleo.
16:52O Curdistão
16:53recebe apenas
16:54uma cota limitada
16:54das ajudas petrolíferas
16:56do Iraque.
16:57O combustível
16:57tem consequentemente
16:58que ser racionado.
16:59Longas filas
17:00nos postos
17:00de combustíveis
17:01tornaram-se já
17:02um acontecimento comum.
17:03O acesso
17:03às bombas de gasolina
17:04é estritamente regulado
17:05para evitar
17:06que as pessoas
17:06passem à frente
17:07nas filas.
17:10O combustível
17:11vem da Turquia
17:12mas a qualidade
17:12está constantemente
17:13a mudar.
17:14Por vezes é bom
17:15outras é mau.
17:16Há dias que não há
17:17combustível de todo
17:18para ser distribuído
17:19e outros dias
17:19conseguimos combustível
17:20apenas para duas horas.
17:23O combustível
17:24só é vendido
17:25em troca de cupões.
17:26Os cidadãos comuns
17:27podem comprar
17:27um tanque por semana.
17:29Os taxistas
17:29podem adquirir dois.
17:30gasto 25%
17:32do meu salário
17:33em combustível.
17:36Quem não for
17:36atendido
17:37até ao fecho
17:37da estação de serviço
17:38tem que deixar lá
17:39o seu carro
17:40até à manhã seguinte
17:40para não perder
17:41a vez na fila.
17:44Um litro
17:44de combustível
17:45racionado
17:45custa o equivalente
17:46a 82 centimos
17:47de dólar.
17:48Esta situação
17:49é mais uma razão
17:50para os curtos
17:50não estarem dispostos
17:51a desistirem
17:52de Kirkuk
17:52e do seu petróleo.
17:55Não acredito
17:55que enquanto
17:56o problema
17:56de Kirkuk
17:57não for resolvido
17:58não teremos
18:00os nossos direitos.
18:02Ou seja,
18:02enquanto Kirkuk
18:03não pertencer
18:04ao Kurdistão
18:04considero que
18:05o Kurdistão
18:06está incompleto.
18:13Grande parte
18:14do combustível
18:14vem da Turquia
18:15onde o petróleo
18:16iraquiano
18:16é processado
18:17porque o país
18:18não tem as suas
18:19próprias refinarias.
18:20Na fronteira turca
18:21com o Kurdistão
18:22longos engarrafamentos
18:23de caminhões
18:24vão-se desenvolvendo
18:24em ambas as direções.
18:26Sendo a ligação
18:27mais próxima
18:27ao mundo ocidental
18:28a Turquia
18:29é também
18:30um importante
18:30parceiro comercial.
18:32O mercado negro
18:33também floresta
18:34através da fronteira
18:35pouco vigiada
18:35com o Irã.
18:36O líquido precioso
18:37é transportado
18:38em grandes recipientes
18:39de plástico
18:39no dorso de cavalos
18:41até cidades próximas
18:42onde é então
18:42vertido para
18:43recipientes mais pequenos
18:44por grupos
18:45de contrabandistas.
18:47Durante este processo
18:48é frequentemente
18:49diluído
18:49com água.
18:52Os negociantes
18:54motorizados
18:54do mercado negro
18:55tomaram conta
18:56da venda do combustível
18:57ao longo
18:57da beira das estradas.
18:59Um litro de combustível
19:00custa aqui
19:00um dólar.
19:06O combustível
19:07que vem do Irã
19:08tem má reputação.
19:09até agora
19:19o Kurdistão
19:20tem sido poupado
19:21uma guerra civil
19:22tipo a luta
19:22entre sunitas
19:23e xiítas
19:24embora ultimamente
19:25os árabes sunitas
19:26tenham recorrido
19:27com mais frequência
19:28a ataques suicidas
19:29contra os curdos
19:29em Kirkuk.
19:30esta é a transformação
19:50de Saddam
19:51no Milozovic
19:51que se tornou
19:53o principal nacionalista
19:54sérvio
19:54que atiçou ódios
19:56de muçulmanos
19:56e sérvios.
19:57foi a ascensão
19:59de Saddam
19:59que deu origem
20:00a isto
20:01não o Saddam
20:02o homem que se seguiu
20:04que lidera
20:05a insurreição atual
20:06que atiçou
20:06a ideologia sunita
20:07eles disseram
20:09os xiítas
20:10estão na rua
20:10para vos apanharem
20:11o poder deles
20:12está a ficar
20:13demasiado forte
20:14e usaram isto
20:15para atiçar
20:15para concilidar
20:16a sua base
20:17entre uma pequena
20:18secção da população
20:19porque eles tinham
20:20perdido a população
20:21tinham perdido o país
20:23enquanto seu lar.
20:27um lugar afastado
20:54no canal
20:55de Shat Al Arab
20:56a sul de Bassorah
20:57está sob constante
20:58vigilância
20:58de petrulhas
20:59americanas
20:59e britânicas
21:00terroristas
21:02mas também
21:03contrabandistas
21:03de armas
21:04e petróleo
21:05operam na única
21:06porta da entrada
21:06do Iraque
21:07para o Golfo Pérsico
21:08principalmente
21:09porque o Irão
21:09está muito próximo
21:11a fronteira
21:13corre ao longo
21:14da vasta
21:14foz dos rios
21:15eufrates e tigre
21:16Bassorah
21:18controlada
21:18pelos xiítas
21:19é um centro
21:20de milícia xiita
21:21e de violentos
21:22grupos de contrabandistas
21:23os guardas
21:25do exército
21:26avaliam as informações
21:27da vigilância aérea
21:28antes de utilizarem
21:29as lanchas rápidas
21:30para interceptarem
21:31e entrarem
21:31a bordo
21:32dos barcos
21:32dos contrabandistas
21:33durante estas operações
21:44cooperam com
21:45unidades espaciais
21:46iraquianas
21:47que são responsáveis
21:48pelo controlo
21:48do contrabando
21:49em operações
21:50de contrabando
21:51em larga escala
21:52são frequentemente
21:53utilizadas barcas
21:54a sua carga
21:55é transferida
21:56para embarcações
21:57maiores
21:57depois de deixarem
21:58as águas rasas
21:59do canal
22:00as embarcações
22:02de pesca
22:02também são
22:03controladas
22:03os seus proprietários
22:04podem adquirir
22:05óleo diesel
22:06racionado
22:06mais barato
22:07que vendem
22:08frequentemente
22:08por um preço
22:09mais elevado
22:09aos contrabandistas
22:10desta forma
22:11conseguem ganhar
22:12mais dinheiro
22:12do que através
22:13da pesca
22:14qualquer político
22:15com clara evidência
22:17compreenderá
22:17que a verdadeira
22:18fonte da futura
22:19riqueza
22:19a riqueza
22:20do petróleo
22:21está no sul
22:22em recursos
22:23e fontes
22:23não corrompidas
22:24portanto
22:25se alguma coisa
22:26vai dividir o Iraque
22:27não vai ser
22:28a questão
22:28de Kirkuk
22:29Kirkuk é uma
22:30exigência
22:31curda
22:31estão a exercer
22:32pressões
22:33e a lutar
22:34por ela
22:34é uma questão
22:35política
22:36uma grande questão
22:37para eles
22:37e para o Iraque
22:38e continuará a ser
22:40veremos como é
22:41que se vai resolver
22:41mas nunca dividirá
22:43o Iraque
22:43a questão
22:44a grande questão
22:46reside no sul
22:46e no que vai acontecer
22:48ao petróleo
22:49que lá se encontra
22:50e já agora
22:51os curdos
22:52em particular
22:52compreenderam
22:53é uma grande ilusão
22:56tenho ouvido dizer
22:58na Europa
22:59que os curdos
23:00são os grandes
23:01esparatistas
23:01do Iraque
23:02mas não é verdade
23:03os curdos
23:05fizeram mais
23:06para manter
23:07o governo central
23:07do Iraque unido
23:08do que possivelmente
23:09quaisquer outras forças
23:10é a casa árabe
23:16hoje em dia
23:16que está numa
23:17completa desordem
23:18e não a casa curda
23:19do lado direito
23:22da autostrada
23:22na direção
23:23do novo aeroporto
23:24internacional
23:24foi construída
23:25a imponente mesquita
23:26Khomeini
23:27no sul de Teherão
23:28ainda não está terminada
23:30mas já a constituem
23:30um local não oficial
23:31de pregrinação
23:32um quarto de século
23:35depois da morte
23:35do Ayatollah Khomeini
23:36o líder da evolução
23:37islâmica
23:38o seu regime
23:39continua a debater-se
23:40para manter vivos
23:41os objetivos
23:42que introduziu
23:43depois de proclamar
23:46a teocracia
23:46Khomeini
23:47considerou-se a si próprio
23:48não só um líder
23:49espiritual
23:49mas também líder
23:50secular
23:51da república islâmica
23:52ele estabeleceu
23:54o cargo de Faki
23:55de líder da nação
23:56os religiosos
23:59iranianos
23:59consideraram esta
24:00autovalorização
24:01como arrogância
24:02ao contrário
24:03dos muçulmanos
24:04unidas
24:04os xiítas
24:05só aceitam
24:05o genro de Maomé
24:06Ali
24:07e os seus filhos
24:08fruto do seu casamento
24:09com Fatima
24:10filha de Maomé
24:11como sucessores
24:12legítimos do profeta
24:13como imãs
24:14bem como os seus
24:15respectivos descendentes
24:16masculinos
24:17uma vez que
24:18o décimo segundo
24:19imã desapareceu
24:20durante a sua infância
24:20por volta do ano
24:21870
24:22esperando-se que
24:23volte a aparecer
24:24como messias
24:24um dia
24:25os xiítas
24:25não têm nenhum
24:26imã que os guie
24:27esta missão
24:29caiu agora
24:30sobre a comunidade
24:31dos ayatolas
24:32esta disputa familiar
24:33entre os descendentes
24:34imediatos de Maomé
24:35transformou-se desde então
24:36numa feroz
24:37controvérsia religiosa
24:38entre muçulmanos
24:39junitas e xiítas
24:41uma delegação
24:45dos maassijis
24:45também se reuniu
24:47debaixo do santuário
24:48comene
24:48os maassijis
24:49foram na sua origem
24:50a organização
24:51da juventude
24:52do regime
24:52como o ramo
24:54dos Paz-Daram
24:55os guardas revolucionários
24:56fundados por Comene
24:57no início da guerra
24:58irão-Iraque
24:59carregavam
24:59um fardo maior
25:00do que as forças armadas
25:02do Estado
25:02na guerra contra o Iraque
25:04as forças maassijis
25:07que segundo os dados
25:08oficiais
25:09têm uma força potencial
25:10de 20 milhões de homens
25:11são alegadamente
25:12os pilares do regime
25:14o seu líder
25:19exorta-os a defenderem
25:21os ideais
25:21e objetivos
25:22da revolução
25:23as rosas vermelhas
25:24são os símbolos
25:25dos mártires
25:25que sacrificaram
25:26as suas vidas
25:27pela causa
25:28para os iranianos
25:44ainda mais importante
25:45do que a luta
25:45pelos objetivos
25:46da revolução
25:47é a luta
25:47pela via quotidiana
25:49a privação total
25:50é rara
25:51mas a vida é difícil
25:52os preços
25:53estão constantemente
25:54a subir
25:55especialmente
25:56os preços
25:56dos alimentos básicos
25:57mesmo nos bazares
26:27os tapetes caros
26:31são vendidos
26:32praticamente só
26:33a turistas
26:33e a estrangeiros
26:34em visita de negócios
26:35construído
26:48de acordo
26:48com um centro comercial
26:49americano requintado
26:51o luxuoso complexo
26:52no norte de Irã
26:53parece fazer parte
26:54de outro mundo
26:55é aqui que os iranianos
26:57ricos vivem
26:58num ambiente
26:58mais climatizado
26:59e mais limpo
27:00no supé
27:01do monte
27:01de Álvaros
27:02a administração
27:04do centro comercial
27:05pede contenção
27:06durante as filmagens
27:07uma vez que
27:08as ayatolas
27:09são constantemente
27:10hostis
27:10relativamente
27:11ao empreendimento
27:11e já ameaçaram
27:12esse rolo
27:13a razão
27:14para tal comportamento
27:15em breve
27:15se torna evidente
27:17entre os visitantes
27:18encontram-se muitas
27:18mulheres jovens
27:19vestidas com roupas
27:20ocidentais
27:21usando os seus lenços
27:22de cabeça
27:22como se fossem
27:23acessórios de moda
27:24as lojas elegantes
27:25vendem principalmente
27:26marcas de designers
27:27ocidentais
27:28incluindo artigos de luxo
27:29como maquilhagens caras
27:31joias e roupas
27:32e aí
27:36Tchau, tchau.
28:06Para muitos jovens, o centro comercial é meramente um local de encontro.
28:15Andam pela área da entrada, onde há cafés e balcões de comida.
28:20Aqui podem encontrar os seus pares, até mesmo do sexo oposto,
28:23o que não é exatamente fácil em Teherão, embora não seja proibido.
28:29Como em todas as outras sociedades islâmicas, no Irã, as mulheres são discriminadas e as adolescentes intimidadas.
28:36O que é isso?
28:54No Irã, as raparigas, a partir dos nove anos de idade, são legalmente responsáveis e os rapazes, a partir dos quinze.
29:14Portanto, se uma rapariga de dez anos cometer um crime, receberá a mesma sentença de uma mulher ou homem de quarenta anos.
29:30Por este motivo, os seres humanos com menos de dezoito anos podem ser executados no Irã.
29:37Outro exemplo de uma má lei é a que regula o casamento entre menores.
29:50Uma rapariga pode casar a partir dos treze anos.
29:54Um rapaz, a partir dos quinze.
29:59Não consigo imaginar que uma rapariga de treze anos consiga lidar com a vida de casada.
30:07Quero sublinhar que todas estas leis foram introduzidas depois da Revolução Islâmica.
30:17No interior do centro comercial, as jovens habitantes da Teherão vivem como querem durante um breve momento,
30:37como jovens americanas ou europeias, livres para moldarem as suas próprias vidas.
30:42Contudo, estas circunstâncias excepcionais terminam assim que abandonam o enclave inspirado no Ocidente.
30:48Segundo a lei iraniana, todas as mulheres, não importa se são muçulmanas ou não,
31:11iranianas ou não, têm que usar um lenço na cabeça.
31:16Se não o fizerem, serão castigadas com açoites.
31:28No Irã, esta lei está em vigor há cerca de 27 anos.
31:34Nas ruas de Teherão, muitas mulheres usam os seus lenços soltos para que se possa ver algum cabelo.
31:53É o seu sinal de protesto contra a lei do lenço de cabelo.
31:57As ruas do centro da cidade, em redor da universidade, estão cheias de jovens que neste momento prefazem dois terços da população.
32:10Aqui, as mulheres também usam os seus lenços de cabeça de uma forma muito mais ousada do que aquela que é prescrita.
32:15Todavia, a imagem informal é ilusória.
32:18O chefe dos manuais de inglês e francês e obras selecionadas de autores clássicos,
32:23não há qualquer literatura ocidental à disposição nas livrarias universitárias.
32:28No campus, os estudantes parecem descontraídos e relativamente sem medo de um microfone ocidental.
32:33Há alguns problemas, por exemplo, eu estou em geologia e é impossível para mim ir a um poço de petróleo,
32:46a um campo de petróleo, para ver a exploração do petróleo e coisas do género.
32:56Tenho que confiar no trabalho oficial e fazer algum trabalho de computador.
33:03E também há algumas limitações para as senhoras, mas já nos habituámos a elas.
33:13Para a maioria, os seus estudos não conduzem necessariamente a um emprego.
33:18Tendo em conta a taxa de desemprego de 20%, as perspectivas de futuro não são nada boas.
33:33A zona sul do Tearão deixa uma impressão completamente diferente da zona norte.
33:39Vivem aqui as pessoas pobres, trabalhadores e a classe média baixa.
33:43Tudo parece mais pobre e mais miserável.
33:45As ruas, as casas, as lojas e as ruas distreitas que conduzem às estradas principais.
33:51Nos pequenos cafés, só os homens se sentam e desfrutam dos seus ucás.
33:55As brasas para os ucás são pré-aquecidas na rua.
34:00Na zona sul, onde a taxa de desemprego é particularmente elevada, há um ressentimento crescente.
34:05Durante as eleições presidenciais, muitas pessoas aqui votaram em Améria e Dijá.
34:10Agora, estão desiludidas pelo preço do pão estar a subir
34:13e por ele não ter cumprido a sua promessa e as incluídas na riqueza petrofífera do país.
34:18No interior, não há praticamente sinais da riqueza petrofífera.
34:49Majed Soleimã, onde foi perfurado o primeiro petróleo no Médio Oriente há 100 anos,
34:53pouco aproveitou do fluxo de ouro negro debaixo do seu solo.
34:59Há milhares de anos que o petróleo tem aparecido em esplêndidas poças à superfície.
35:04Mas aqui, nas ruas por pavimentar dos arredores da cidade,
35:07os habitantes veem-no apenas como uma porcaria mal cheirosa contra a qual são impotentes.
35:12Cheio de amargura, um embargado reformado da companhia petrolífera e do município
35:20conduz-nos à sua casa, onde o petróleo se infiltra através do chão e das paredes.
35:24Vejam.
35:31Vejam.
35:32Em 1983, informámos novamente a companhia e eles não fizeram nada.
35:48Há já 20 anos que pede à companhia petrolífera estatal que repara os danos.
35:56Nada foi feito.
36:00Na verdade, eles não querem ajudar as pessoas.
36:03A administração da companhia petrolífera estatal iraniana está situada num único grande
36:16edifício da cidade que fica no centro de um dos maiores campos petrolíferos iranianos.
36:22Fora isso, Majed Soleimann parece tão subdesenvolvida e pobre como muitas outras cidades do interior.
36:29Nunca ninguém fez grande coisa pelas pessoas pobres aqui.
36:32Nem os britânicos ou as companhias petrolíferas, nem o Shah ou o Jaiotolas.
36:48O Irã é um país rico.
36:55Infelizmente, segundo as últimas estatísticas, mais de 10 milhões de pessoas vivem abaixo
37:07do limiar da pobreza.
37:09Ou seja, um em cada sete iranianos tem que viver com menos de um dólar por dia.
37:25Isto demonstra a má liderança administrativa e econômica que temos tido.
37:37O petróleo não nos trouxe sorte.
37:52Uma área de estacionamento para camiões perto da antiga refinaria nos arredores de Tiarão.
37:59Os camiões circularam até quebrarem.
38:01Toda a infraestrutura de tráfego do país está ultrapassada.
38:04Um motorista de 90 anos de idade, ainda em atividade, fala-nos das suas condições de trabalho.
38:17Quanto tempo trabalhei como motorista de camiões?
38:22Há 70 anos que guio camiões.
38:25E 50 deles para a companhia petrolífera.
38:27Trabalhei sempre por conta própria.
38:30Nunca tive seguro, nem privado, nem por conta da entidade que requisitava os serviços.
38:36Quantos quilómetros conduzi nos últimos 70 anos?
38:39Já dei definitivamente a volta à terra algumas vezes.
38:42Os seus colegas discutem a questão quanto ao facto de estarem ou não melhor
38:53desde que o regime dos molás tomou completamente conta do negócio do petróleo.
38:57Tudo o que aqui temos está um pouco ultrapassado.
39:08Mas também houve bastantes mudanças ao longo dos anos.
39:12Portanto, as coisas estão a mudar para melhor.
39:14A nacionalização não trouxe quaisquer vantagens.
39:30O que é que eu lucro com isso?
39:32Um jovem iraniano?
39:34Como é que beneficio do facto de uma refinaria de petróleo mudar de nome?
39:38Portanto, agora chama-se refinaria de petróleo nacional iraniana.
39:50O que ele quer dizer é que afinal não estamos melhor.
39:53Pelo contrário, estamos pior.
39:57Não devemos dizer isso.
40:00Mas somos todos iranianos.
40:03Afeta-nos a todos.
40:03O petróleo alimenta apenas uma pequena fração da população.
40:13Em 1950, somente o 0,7% de todos os empregados
40:17trabalhavam na indústria petrolífera.
40:22Em 2001, a porcentagem continua a ser a mesma.
40:25Não tinha mudado.
40:26A metrópole de 12 milhões de habitantes
40:34está frequentemente em volta numa nebulina espessa.
40:37Uma vez que não há transportes públicos,
40:39há parte de uma linha de metro e algumas ligações de autocarro,
40:42os habitantes da Tiarão dependem dos seus carros.
40:45O país tem predominantemente modelos antiquados
40:48que não possuem catalisador
40:49e consomem bastante combustível.
40:53Dados elevados subsídios ao combustível
40:54que chegam aos 14 cêntimos de dólar por litro,
40:57os iranianos consomem 40% da sua própria produção de petróleo.
41:02Como o país teve que gastar 6 mil milhões de dólares por ano em subsídios,
41:05o combustível é racionado desde o verão de 2007.
41:09É interessante considerando que o Irã se vê a si próprio
41:12como o segundo maior produtor de petróleo da UPEP.
41:16As orações das sextas-feiras no campus da Universidade de Teherão
41:20são como um comício político.
41:22No Islão, não existe uma separação entre a religião e a política.
41:26Todas as semanas, no Domingo Islâmico,
41:28os ayatolas propagam aqui os seus ferozes slogans políticos.
41:32O slogan de Khomeini,
41:34apoiaremos sempre os palestinianos,
41:36continua a ser uma verdade hoje em dia.
41:38O ayatola Janati,
41:44o companheiro de Khomeini de 84 anos de idade
41:47e presidente do Conselho dos Guardiães,
41:49o corpo religioso que supervisiona o governo e o parlamento,
41:52pertence aos ultraconservadores.
41:55Contudo, não faz muita diferença quem está a pregar em qualquer momento.
41:59O espaço onde se encontra a enorme assembleia,
42:01que não se parece em nada como uma mesquita,
42:04está sempre repleto de homens idosos
42:05que são levados para o local em autocarros.
42:12O grito ritual,
42:14Abaixo Israel, Abaixo América,
42:16é repetido entusiasticamente.
42:18A parte principal do sermão
42:20consiste na denúncia do Ocidente,
42:22seguida da acerção de que o Irã
42:24jamais abdicará do seu direito
42:26a enriquecer o urânio
42:27e do apelo aos iranianos
42:28para que sigam os princípios morais do Islã.
42:36Juntamente com os crentes,
42:38o ayatola inclina-se em oração
42:39na direção de Meca,
42:41altura em que todos socam o chão várias vezes
42:43com a testa e os joelhos.
42:45O antigo presidente Ashmi Rafsanjani
42:57é uma das figuras mais poderosas
42:59entre os ayatolas.
43:00A sua popularidade foi abalada
43:02na sequência de rumores
43:03de que é uma das figuras mais corruptas
43:05entre a liderança clerical.
43:08A sua fortuna privada
43:09está estimada em 4 mil milhões de dólares.
43:12Os ayatolas
43:13reviram parte dos seus elevados rendimentos
43:15das chamadas fundações.
43:17Depois da Revolução Islâmica,
43:19todas as empresas estatais do tempo do chá
43:21foram transformadas em fundações
43:23controladas pelos ayatolas.
43:26Eles cobram comissões elevadas
43:28para emiterem autorizações
43:29para a maior parte das transações económicas.
43:32Os seus parentes masculinos mais próximos
43:34são com frequência administradores da topo,
43:37tanto nas empresas do Estado
43:38como nas privadas.
43:40Uma boa parte das receitas
43:42do petróleo
43:43vai para as instituições políticas.
43:49O rendimento
43:50das receitas do petróleo
43:51foi sempre uma parte importante
43:53do orçamento do Estado.
43:56Os líderes religiosos
43:58desfrutam da parte de leão
44:00das receitas do petróleo.
44:04Hoje em dia,
44:04alegadamente,
44:0540% das receitas via corrupção
44:07são embolsadas por um pequeno número
44:10de líderes políticos.
44:16As torres gémeas aquáticas do Kuwait
44:18são um símbolo de outro mundo.
44:20Não sendo mais do que uma pequena mancha
44:22no deserto entre o Irã e a Nábia Saudita,
44:25o pequeno Emirado
44:25progrediu mais em direção à modernização
44:28do que os seus poderosos vizinhos.
44:30O Kuwait possui
44:32a quarta maior reserva
44:33de petróleo da região.
44:35Com a ajuda das suas receitas
44:36do petróleo,
44:37há muito que reparou
44:38os danos da guerra.
44:39Hoje,
44:40a Bahia ao longo do Golfo
44:41é mais do que uma mera imagem
44:42da riviera francesa.
44:44Também podemos ver aqui
44:53mulheres com lenços pretos
44:55ou abaias pretas,
44:56mas usam o vestuário tradicional
44:58voluntariamente.
45:00Há já algum tempo,
45:01as mulheres do Kuwait
45:02têm o direito ao voto
45:03e estão autorizadas
45:04a conduzir carros.
45:06Também não são tão
45:07estritamente disciplinadas
45:08noutros aspectos.
45:10Durante um curto período de tempo,
45:12uma mulher chegou a ocupar
45:13um cargo ministerial.
45:15Um dos primeiros trabalhos
45:16de Massuma al-Mubarak
45:17foi lutar contra as restrições
45:19aos direitos das mulheres.
45:22Com uma base moral,
45:23uma nova lei proíbe as mulheres
45:24de trabalharem entre as 8 da noite
45:26e as 7 horas da manhã.
45:28Ainda assim,
45:28estar perto fisicamente de um homem
45:30enquanto o ensina a patinar
45:31num ringue de patinagem no gelo,
45:33ou mesmo ir além
45:34da mais breve das conversas com ele,
45:36seria impensável
45:37para uma mulher
45:38nos países vizinhos.
45:40A família do Sheik no poder,
45:42o Al-Sabaz,
45:43mantém os seus direitos ancestrais,
45:45mas avançou na direcção
45:46de uma monarquia constitucional
45:48com a instituição
45:49de um parlamento.
45:52Há alguns anos,
45:53na Arábia Saudita,
45:54as pessoas como o homem
45:55de negócios saudita
45:56Al-Khuzayr
45:57foram presas
45:58por exigirem
45:58uma monarquia constitucional.
46:00Creio que o rei Abdullah Azaman
46:08é realmente um homem
46:12que ama o seu povo.
46:13mas não se conseguem fazer
46:17todas as mudanças
46:18a menos que todo o sistema,
46:21a constituição
46:22e as instituições
46:24e não o indivíduo
46:27sejam boas.
46:29As economias
46:38globalizadas
46:39em rápido crescimento,
46:40principalmente a China
46:41e a Índia,
46:42estão famintas
46:43por um aumento
46:44do fornecimento
46:44de energia.
46:46Isto fez com que
46:46os preços do petróleo
46:47subissem.
46:48A nova riqueza
46:49petrolífera
46:49da Arábia Saudita
46:50tornou o regime
46:51mais seguro
46:52e autoconfiante.
46:53As eleições locais,
46:55em que pelo menos
46:56metade dos representantes
46:57são eleitos livremente,
46:58constituem um dos primeiros
47:00passos cuidadosos
47:01em direção à reforma.
47:03Em Daman,
47:04os saítas também participam.
47:05Também eles
47:06se sentem mais livres.
47:10Há 10 anos
47:11eu não podia dar-lhe
47:12esta entrevista.
47:16Há 10 anos
47:16as pessoas
47:17podiam ser presas,
47:18indefinidamente.
47:23Há 10, 12 anos
47:24existia a tortura.
47:25Portanto,
47:27agora temos
47:27liberdade de expressão.
47:31Antes,
47:31quando falávamos
47:32ao telefone,
47:32tínhamos medo.
47:34Portanto,
47:34as coisas melhoraram.
47:38A Arábia Saudita
47:39continua a ser
47:40um país centralizado
47:41e rigidamente governado.
47:43Mesmo nas grandes cidades
47:44como Daman,
47:45o governo local
47:45tem muito pouco poder
47:46e o parlamento local
47:48ainda tem menos.
47:52Aqui não temos
47:53um conselho municipal
47:54no sentido ocidental.
47:55ou no sentido comum.
47:59É um tipo saudita
48:00de conselho
48:00em que nos envolvemos
48:01na limpeza das ruas,
48:03na recolha do lixo,
48:05no estado das ruas,
48:06no interior das cidades,
48:07nos jardins.
48:08São questões
48:09muito limitadas.
48:11Não nos envolvemos,
48:12por exemplo,
48:12nas questões de saúde
48:13ou educação,
48:15nas áreas das cidades
48:16onde nos encontramos.
48:17portanto,
48:20não é como
48:20quando somos
48:21presidente da Câmara
48:22ou fazemos parte
48:24de um conselho municipal
48:25onde tudo se encontra
48:26sobre a nossa jurisdição.
48:29Não,
48:29aqui só nos envolvemos
48:30em coisas municipais
48:31como referir,
48:32limpezas,
48:33jardinagem e ruas.
48:35Portanto,
48:35é limitado.
48:36E, além disso,
48:36o ministro ainda tem
48:38a última palavra.
48:40Ele pode votar
48:41as nossas decisões.
48:42Todos os anos,
48:46durante um feriado nacional,
48:48a Unidade dos Clãs
48:49é comemorada em Riad.
48:50A Unidade dos Clãs
49:20As características individuais
49:34dos diferentes clãs do país
49:35continuam a persistir
49:36hoje em dia.
49:38Eles só concordaram
49:39em ser unificados
49:40numa única nação
49:41quando foram obrigados
49:42pela força.
49:43Todavia,
49:44o receio continua presente
49:45de que as rivalidades
49:46entre os clãs
49:47possam destruir
49:48o trabalho de unificação.
49:50A consciência
49:50tribal e a democracia
49:51serão compatíveis?
49:55Temos que introduzir
49:57a cultura das eleições
49:58e a consciência
50:00de quem devemos eleger
50:01quando temos direito
50:02de votar.
50:05Porque,
50:07até certo ponto,
50:09ainda somos
50:09uma sociedade tribal
50:10e tenho a certeza
50:12que estão todos ligados
50:14às suas tribos
50:15e escolherão
50:16um dos seus primos
50:17ou o chefe
50:18da tribo,
50:19mesmo que não saiba
50:20ler nem escrever,
50:22apenas por ser parente.
50:25Portanto,
50:26precisamos de mais tempo.
50:28Espero que não seja
50:29preciso muito.
50:31O rei Abdullah
50:32é considerado
50:33um homem propenso
50:34a reformas.
50:35Ele mantém
50:35uma posição forte,
50:37mas está com 82 anos de idade.
50:38numa sociedade
50:39dividida
50:40entre classes urbanas
50:41ricas,
50:42exigindo ainda mais liberdades
50:43e os puritanos
50:44fanáticos
50:45o hábitas
50:45que se querem
50:46manter fiéis
50:47à sua ditadura religiosa,
50:49todos os passos
50:50na direcção
50:50da liberalização
50:51levarão muito tempo.
50:54É evidente
50:55que este conflito
50:56está a obrigar
50:56Abdullah
50:57a ser muito cuidadoso.
51:00E o que pensam
51:01os outros príncipes
51:01poderosos,
51:02os filhos
51:03do fundador
51:03do Império
51:04Ibn Saud,
51:05quase todos
51:06da mesma idade
51:07e entre eles
51:07o sultão
51:08Príncipe Herdeiro,
51:09o ministro da defesa
51:10do país,
51:11permanece um segredo
51:12bem guardado
51:13por detrás
51:13dos muros
51:14do palácio.
51:30Versão Portuguesa
51:32Pátio das Cantigas
51:33Pátio das Cantigas
51:38Pátio das Cantigas
51:38Pátio das Cantigas
51:40Pátio das Cantigas
51:40Pátio das Cantigas
51:41Pátio das Cantigas
51:42Pátio das Cantigas
51:42Pátio das Cantigas
51:42Pátio das Cantigas
51:43Pátio das Cantigas
51:43Pátio das Cantigas
51:44Legenda Adriana Zanotto

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