Felipe Teixeira, especialista em comércio exterior e CEO da Ningbo BR Goods, explicou como a disputa entre China e Estados Unidos pode impactar o Brasil. Ele comentou os efeitos nas cadeias produtivas, estoques, preços e o reposicionamento estratégico das empresas chinesas.
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NotíciasTranscrição
00:00Sobre os efeitos da guerra tarifária, que virou uma guerra de versões entre China e Estados Unidos,
00:06eu converso com o Felipe Teixeira, que é especialista em comércio exterior e CEO da Ningbo BR Goods.
00:14Antes da gente falar, propriamente dito, do comércio e tudo mais, Felipe, eu queria aproveitar a benevolência de você estar na China,
00:22você conhece o ambiente econômico chinês e as tratativas de negócio.
00:29Essa posição do Donald Trump falar, não, eu falei sim com o Xi Jinping, a Pequim está dizendo, não, não é bem assim.
00:38E os chineses, eles tradicionalmente têm uma certa seriedade, uma solidez quando se trata de tratativas de negócio,
00:47eles gostam muito da palavra confiança.
00:49Como é que deve ficar aí essa relação entre os dois países, diante dessa guerra de versões,
00:55na visão de como pensa um chinês no mundo dos negócios?
00:59Boa noite para nós aqui, bom dia para você do outro lado do mundo.
01:02Boa noite, Favale, boa noite a todo o público do Conexão, prazer falar com vocês novamente.
01:09E tem uma palavra aqui, Favale, que a gente usa, que é o guanchi, que é muito mais que a confiança,
01:15que é um relacionamento, a construção de relacionamento entre duas empresas ou duas pessoas ou dois países.
01:20E o Trump tem uma característica de ser falastrão nesse sentido e a própria imprensa já não leva tão a sério o que ele está falando
01:28e com o tempo isso vai perdendo credibilidade.
01:31A China age mais com cautela, então ela está negando esse contato.
01:37Obviamente, as conversas, eu acredito que isso esteja acontecendo desde a taxação,
01:42mas talvez não esteja chegando a um consenso aonde isso vai parar.
01:45Então, a China já fez a reclamação ao FMI, mas eu acho que esses ruídos acabam atrapalhando e gerando incertezas no mercado.
01:54Agora, Felipe, vamos falar, já que você entende bastante das produções, da linha de produção aí na China
02:00e de como o comércio deve começar a ser afetado na China por causa do tarifácio,
02:07este clima de desemprego, de desaceleração de produção já começa a ser sentido aí
02:14ou você entende que as empresas chinesas que forneciam para os Estados Unidos
02:19e obviamente estão deixando de cumprir esses contratos ou estão revendo os contratos
02:24porque tudo ficou impraticável, 245%, depois caiu para 145%, continua impraticável.
02:32Os fornecedores chineses já estão encontrando outros compradores
02:37ou esse clima de queda de produção e talvez a médio prazo o desemprego já começa a acenar por aí?
02:49Favale, ainda é muito cedo para esse clima já, o desemprego começar, vamos dizer, as demissões começarem,
02:56mas já há uma preocupação.
02:57Existem empresas que tinham 100% do foco no mercado americano.
03:01Nós atendemos também o mercado americano, mas não é o nosso principal mercado,
03:04então a gente não sofreu tanto, mas essas empresas que tinham 100% como mercado americano
03:09obviamente não sabem o que fazer nesse primeiro momento.
03:12A China já vem há algum tempo diversificando o mercado e além de diversificar o mercado,
03:17levando as suas empresas para os outros países, para pouco fugir dessa guerra tarifária,
03:23então as empresas já estão fazendo isso há algum tempo aqui na China.
03:26Agora, essa questão do desemprego imediato vai depender de como ocorrer as próximas negociações
03:34nas próximas semanas.
03:35Eu acredito que isso deve chegar no consenso, a gente não vai voltar ao que era antes,
03:39mas também não vai ficar em 145% e vai sim haver um impacto aqui no mercado interno,
03:45que se a empresa não conseguir realocar esse volume que ela tinha para o mercado americano,
03:50que é o maior mercado consumidor, realmente vai ter que diminuir o pessoal aqui na China.
03:55Agora, Felipe, se a gente olhar para o conceito básico da economia,
03:59sobra o estoque porque diminuiu a oferta, quer dizer, aumentou a oferta,
04:05mas diminuiu a procura, você começou a encher o seu estoque, o preço cai.
04:09Nós do Brasil, que estamos ainda numa periferia dessa guerra tarifária
04:14entre os gigantes Estados Unidos e China,
04:16poderemos ter alguma vantagem como consumidores?
04:19Talvez conseguir produtos mais baratos?
04:21É também uma possibilidade a China escoar esses produtos que vão ficar estocados
04:25a um preço menor ou essa característica chinesa de uma estratégia mais a longo prazo
04:31já tem aí uma segunda estratégia de deixar o material estocado
04:37para esperar o preço voltar a subir?
04:40A China já tem muito por política a fazer a estocagem de material, principalmente de matéria-prima,
04:49então isso já é normal aqui na China, levando em consideração a matéria-prima,
04:53ela é o suficiente nesse sentido.
04:55Mas, obviamente, as empresas aqui na China não vão vender abaixo do custo.
05:00Podem, sim, surgir algumas oportunidades para as empresas no Brasil,
05:03mas também é importante lembrar, Favali, que o nível de qualidade de produto que o mercado americano exige
05:09é um nível de qualidade diferente que, normalmente, o mercado brasileiro compra.
05:13Então, é um produto, normalmente, bem mais caro do que o mercado brasileiro aceita,
05:18são públicos diferentes, então, mas, pontualmente, alguns produtos,
05:22algumas empresas podem precisar de caixa e acabar vendendo esse produto de forma mais barata.
05:27Um outro ponto importante de se notar, Favali, é que o dinheiro,
05:30o custo de dinheiro aqui na China é muito mais baixo.
05:32Então, talvez, o governo lance alguns benefícios para essas empresas
05:39poderem se capitalizar para um período maior e manter esses produtos em estoque
05:42até isso se resolver.
05:44Agora, Felipe, eu vou usar um exemplo que é fácil a gente imaginar
05:47que ele pode ser multiplicado aí às dezenas, centenas ou na casa do milhar.
05:52O CEO da Apple estava dizendo, disse ontem, repetiu hoje,
05:57que existe um planejamento já avançado de mover parte da produção dos equipamentos da Apple,
06:05obviamente, que o produto mais famoso é o iPhone, para a Índia,
06:08para tentar fugir um pouco dessa tarifação.
06:10A China já tem reagido a essa estratégia que pode, de novo,
06:14ser multiplicada por outras empresas para não perder esse tipo de mercado?
06:18Favali, a gente escuta essa intenção da Apple já faz há muito tempo.
06:25Não é simples assim você mudar toda uma cadeia produtiva de um país para o outro,
06:29ainda mais a China vem se preparando, isso há muito tempo.
06:32A China hoje tem uma infraestrutura logística que nenhum outro país tem,
06:35portos, aeroportos, rodovias, ferrovias.
06:38Então, para a Índia conseguir toda essa tecnologia,
06:42toda essa infraestrutura vai levar anos para isso conseguir.
06:44Um outro aspecto é a questão cultural.
06:47A Índia tem uma questão cultural muito enraizada, muito diferente da China.
06:51Então, para a Apple ou outras empresas conseguirem costurar isso
06:54e conseguirem realmente fazer a produção com a qualidade,
06:58com a demanda que tem no mercado indiano,
07:00eu acredito que vai se levar um tempo também.
07:02Mas essa mexida no mercado acaba apontando ali a outros players,
07:06outros países que podem sim também ser a fábrica do mundo.
07:11A China realmente olha isso com preocupação.
07:13E eu falo que a China já está fazendo, os empresários chineses já estão fazendo
07:17um outro ponto, de levar as suas empresas para os países.
07:20Então, não só produzir aqui na China e fazer a venda,
07:23e sim de levar as empresas chinesas para os outros países.
07:25A gente começa a ver isso no Brasil, nos Estados Unidos, na União Europeia, na África.
07:30Então, a China já está com esse outro conceito também.
07:32Queria agradecer a conversa que eu tive com o Felipe Teixeira,
07:35que muito gentilmente nos atende no amanhecer de sábado na China,
07:40enquanto ainda é noite aqui de sexta-feira no Ocidente.
07:44Felipe Teixeira, que é especialista em comércio exterior
07:46e CEO da Ningbu BR Goods.
07:48Até uma próxima oportunidade, que eu tenho certeza que vai ser bastante em breve.
07:52Até mais!