Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • anteontem
As exportações brasileiras de celulose cresceram mais de 23% em 2024, mesmo em meio à guerra tarifária entre EUA e China. O Relações Internacionais da IBÁ, José Carlos da Fonseca Júnior, analisou os impactos das tarifas e da volatilidade cambial no setor.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, TCL Channels, Pluto TV, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasil

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00E olha, o patamar de 10% nas tarifas dos Estados Unidos deixa o Brasil em uma situação de certa tranquilidade em diversos produtos.
00:09E um deles é a celulose. As exportações do setor registraram forte crescimento em 2024, com alta de mais de 23% sobre o resultado de 2023.
00:21E um outro ponto importante é que um dos maiores compradores de celulose do Brasil é justamente a China.
00:27A gente vai conversar agora sobre esse assunto com José Carlos da Fonseca Júnior.
00:32Ele é presidente da Associação Brasileira de Embalagens em Papel e Relações Internacionais da IBAR, Indústria Brasileira de Árvores.
00:42Bom, José, o cenário então está favorável para a celulose brasileira.
00:46Vamos contextualizar, por gentileza? Um bom dia para você.
00:50Muito obrigada por aceitar nosso convite e participar comigo e com a Mari aqui do Agora.
00:54Bom dia, Paula. Bom dia, Mari.
00:57É uma alegria participar mais uma vez aqui com vocês.
01:01Nós estamos vivendo um período do qual os historiadores lá no futuro vão se lembrar
01:09e vão imaginar como nós reagíamos nessa fase tão acelerada de acontecimentos tão sem precedentes,
01:17em que se alguém disser que sabe como termina o momento atual, eu acho que está com boas chances de ser chute,
01:27porque tem muita de fora da casinha, muito extraordinário.
01:33São movimentos para os quais não havia um ensaio feito.
01:37Nos cenários mais enlouquecidos das relações internacionais, eu acho que não estava previsto todos esses dilemas e desdobramentos que nós estamos assistindo.
01:49Então, estamos vivendo um momento histórico sem precedentes.
01:52Isso é um dado importante para qualquer reflexão que se faça.
01:55E todo mundo que está, e todos os players, todos os agentes econômicos, todos os processos do comércio internacional,
02:03estão impactados por essas semanas e dias tão momentosos e tão marcantes e tão sem precedentes, como eu já disse.
02:11No nosso setor, setor de árvores cultivadas, o carro-chefe das nossas exportações é a celulose.
02:20O nosso setor dá uma ideia, a IBAR representa 50 empresas que cobre toda a cadeia produtiva das árvores plantadas,
02:28todos os que cultivam árvores com finalidade industrial.
02:32Celulose, os diversos tipos de papel, painéis de madeira, uma série de outros bioprodutos que vêm dessa bioeconomia em larga escala,
02:40a partir da árvore que, para nós, é plantada, colhida e replantada como se fosse uma biorrefinaria.
02:46Mas o principal produto de exportação desse grande setor brasileiro é a celulose,
02:51da qual nós somos o maior exportador do mundo.
02:54Nós só ficamos atrás em termos de dimensão da nossa produção para os Estados Unidos.
02:59Os Estados Unidos produzem mais celulose do que o Brasil ainda, mas o Brasil exporta mais celulose.
03:04E, como você já bem assinalou, a nossa celulose tem uma distribuição geográfica no mundo bem equilibrada.
03:13Nosso principal destino de exportação é a China, a Europa tem um peso muito grande nas nossas exportações,
03:20a América Latina e os Estados Unidos têm um peso significativo igualmente.
03:24Então, assim, do ponto de vista do impacto direto sobre as nossas exportações de celulose,
03:30esse cenário tumultuado das últimas semanas em torno das tarifas,
03:36das ameaças de aumento de tarifas, da chamada guerra tarifária,
03:40tudo nos leva a crer, neste momento, vocês estão falando em cestar,
03:44estamos testando com a perspectiva de que a celulose está abrangida na tarifa
03:50que o presidente Trump definiu para a maioria dos países de 10%.
03:57Então, o impacto disso sobre as nossas exportações é algo que nós vamos sentir ainda mais à frente,
04:03mas temos muita convicção da competitividade do nosso produto.
04:08Sabemos que os Estados Unidos precisam importar a celulose,
04:11eles não podem, de uma hora para outra, fechar a torneirinha do suprimento de celulose,
04:16e o Brasil é o grande exportador, é o maior do mundo, como eu já disse.
04:19Então, assim, terminamos a semana observando esses aspectos.
04:24E tem um elemento adicional, se você me permite.
04:27Além da celulose, no nosso setor, nós, como eu disse,
04:31produzimos também outros produtos, vintos da árvore, das fibras vegetais.
04:35Alguns deles estão abrangidos numa investigação específica
04:44que cobre produtos de madeira e derivados, cobre, cobre, o metal cobre, e outros metais.
04:52E para esses, que aí poderia cobrir, por exemplo, painéis de madeira,
04:57que são utilizados para a indústria moveleira lá nos Estados Unidos,
04:59do qual o Brasil é um exportador expressivo, mas não é o maior,
05:04o maior é o Canadá e outros países muito à frente do Brasil,
05:08em termos de abastecimento do mercado interno,
05:10porque o nosso mercado doméstico é muito grande.
05:13Então, neste caso dos painéis de madeira,
05:15resta saber qual será o tratamento tarifário
05:18que eles terão ao final desse processo,
05:21que é um processo que corre à parte,
05:23portanto, não está necessariamente na definição dos 10% de tarifa
05:28que se aplica aos demais produtos, inclusive à celulose e aos papéis.
05:32Obrigada por esse panorama aí amplo em relação aos possíveis efeitos.
05:37A celulose, em particular, ela também é bem volada,
05:40ela bem reage muito à questão do câmbio.
05:43Então, o câmbio, ela tem exatamente por esse papel exportador que tem o Brasil,
05:47o câmbio é muito importante,
05:50uma variável que acaba afetando diretamente os volumes.
05:52No meio desse rolo todo tarifário,
05:54a China parece que está caminhando para um processo de desvalorização
05:58da própria moeda dela.
06:00Ela afirmou, inclusive ontem, de que ela não vai fazer isso de maneira abrupta,
06:05que é lento, que não vai ser exagerado,
06:07mas talvez afete, sim, o câmbio na relação com a economia internacional.
06:11Isso pode afetar também o mercado celuloso?
06:13O câmbio está super incerto agora,
06:15mas, assim, nessas condições,
06:16como que você vê este outro efeito para a cadeia?
06:20Como eu disse, nós vivemos um momento de muitas incertezas.
06:24Eu fui, durante quase 40 anos, diplomata de carreira.
06:28Então, a minha vida eu passei nesse mundo das negociações internacionais,
06:33do sistema internacional,
06:35agora há seis anos no setor de base florestal.
06:38Eu quero dizer, assim, que todos os manuais das relações internacionais,
06:42da diplomacia, do comércio internacional,
06:45então, podem ficar arquivados diante desse momento que nós estamos vivendo,
06:49porque é tudo muito novo, muito sem precedentes.
06:52Portanto, os desdobramentos, as repercussões, os impactos,
06:56inclusive na dimensão cambial,
06:58são também muito incertos, não há como prever.
07:02A China tem diante de si desafios tremendos,
07:06porque é a grande economia que emergiu nessas últimas décadas
07:12e se tornou o principal parceiro comercial de um sem número de países,
07:16inclusive do Brasil, desde lá no início dos anos 2000,
07:20quando ingressou no AMC e foi considerado uma economia de mercado,
07:24a China vem crescendo sem cessar,
07:27e é o dado novo do comércio internacional,
07:30ou da economia internacional desse século nosso,
07:33é a emergência, assim, muito acelerada e muito robusta da China.
07:37Então, mas diante da polarização e da escalada
07:40dessa disputa tarifária com o outro grande polo da economia,
07:44a principal economia do mundo que é os Estados Unidos,
07:47a China tem que ir manejando os reloginhos lá da sua central de comando
07:53com muita atenção,
07:54porque a interdependência em muitos processos produtivos
07:59de diversos segmentos de alta tecnologia e outros tantos,
08:02em que players, agentes econômicos americanos e chineses
08:07estão imbricados, estão ali dependentes para, sei lá,
08:11para produzir um iPhone, para produzir um equipamento
08:14de densidade tecnológica maior,
08:17é tamanha que, diante da escalada gigantesca das tarifas de lado a lado,
08:23vai ter, os dois países vão ter que se rearrumar
08:27em alguns daqueles arranjos produtivos,
08:30algum daqueles processos de suprimento, daquelas cadeias,
08:33e isso é algo que não se faz do dia para a noite.
08:35Então, de fato, quando os chineses,
08:37que, aliás, são muito prudentes em geral,
08:40muito da postura, da atitude oriental,
08:45e particularmente chinesa,
08:47ir devagar, pensado, refletido, planejado,
08:51eles terão que ter muito cuidado na questão do câmbio também.
08:55E, além disso, no caso específico nosso, da celulose,
08:58nós somos um grande fornecedor de celulose para a China,
09:02é o nosso maior mercado de exportação de celulose,
09:05eles também não podem, de uma hora para outra,
09:08desorganizar essa cadeia de suprimentos,
09:11porque vai lhes fazer falta,
09:13a estrutura produtiva deles conta com esse suprimento de fonte confiável,
09:21que tem cadeias de suprimento estabelecidas durante décadas lá na China.
09:26Então, são movimentos que vão ter que ser feitos com muita atenção,
09:31olhando as diversas perspectivas e ângulos
09:34para ver que tipo de implicações, às vezes, indiretas, eles geram,
09:38e tudo leva a crer que esses movimentos precisarão levar em conta
09:43um supridor tão importante, tão forte e tão confiável
09:46como o Brasil se tornou ao longo de décadas de celulose para o mundo,
09:50como o maior exportador do mundo,
09:52e, em especial, conforme a sua pergunta, para a China.
09:56Perfeito.
09:57Muito obrigada pelas suas informações.
09:59José Carlos da Fonseca Júnior,
10:01presidente da Associação Brasileira de Embalagens em Papel
10:04e Relações Internacionais da IBAP,
10:07a indústria brasileira de árvores.
10:08Uma ótima sexta-feira para você, bom fim de semana.
10:12Disponho. Um abraço, bom trabalho.
10:14Bom dia.

Recomendado