Diretor executivo da Auto Avaliar, Geraldo Victorazzo analisou o impacto das novas tarifas dos EUA sobre a indústria automotiva e comentou os destaques do Auto Shanghai, o maior evento do setor no mundo. Com tecnologia de ponta, os modelos chineses avançam no Brasil mesmo com juros altos.
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NotíciasTranscrição
00:00A China cediu o maior evento automobilístico do mundo, é o Alto Xangai, que vai até o dia 2 de maio com quase mil expositores.
00:10Sobre a feira e os efeitos do tarifácio de Trump na indústria automotiva, eu converso agora com Geraldo Victorazzo, diretor executivo da Autoavaliar.
00:20Vitor, mais uma vez, muito obrigado. Geraldo Victorazzo, né? Eu chamei de Vitor que era para dar uma corruptela ali do sobrenome.
00:27Geraldo, obrigado mais uma vez por participar aqui da nossa programação. Vamos falar aí deste grande evento.
00:33Curiosamente, né? Eu tenho a impressão que os salões do automóvel saíram um pouco de desuso, principalmente depois da pandemia, foram suspensos.
00:41Agora me parece que estão voltando com mais força. Faço muita torcida, muitos votos para que o famoso Salão do Automóvel de São Paulo volte aqui em breve.
00:51Mas vamos olhar esse evento lá do outro lado do mundo, né? Antes, quando eu era mais jovem, faz tempo de fato, era ficção científica, né?
01:00O carro dirigia sozinho, ele era ligado na tomada. Hoje é mais do que uma realidade, principalmente dessa tecnologia que está vinda do Oriente, especialmente da China.
01:11O que te chamou a atenção desses modelos que estão sendo lançados aí agora na Alto Xangai?
01:16Boa noite mais uma vez. Obrigado de novo por participar aqui da nossa programação.
01:19Boa noite, Marcelo. Boa noite a todos que estão assistindo.
01:24A China surpreendeu aí nas últimas duas décadas, né?
01:28São mais de 150 montadoras em território chinês, né?
01:33Embora a gente que está no mercado automotivo entende que 80% dessas montadoras não devem vingar, né?
01:43É um mercado bem tecnológico, bem competitivo.
01:46A gente tem as questões tarifárias agora, mundo afora, né?
01:51Por incrível que pareça, o Brasil, entre os grandes mercados, é a menor taxa.
01:57Hoje é em torno aí de 20%, 25%, a depender do carro.
02:02Você tem taxas até de 125% que foram colocadas recentemente aí pelos Estados Unidos.
02:08Então, o mercado lá tende a se acirrar, né?
02:12E aí, falando especificamente do salão, né?
02:15A gente está vendo várias coisas lá, até através de clientes nossos, né?
02:21Hoje, nós somos a maior plataforma de gestão de estoque do setor de distribuição de veículos do mercado brasileiro.
02:29E tem muitos clientes lá, a gente vem interagindo com o que eles estão vendo lá, com veículos com tecnologia avançada, AI embarcada, baterias mais modernas, com autonomia até de 800 quilômetros, carros protótipos voadores, como a XPeng colocou agora no salão lá.
02:48BID, Great Wall, marcas que já são consolidadas, GAC.
02:54Então, é muita novidade, muita tecnologia e isso tende cada vez mais a vir para o Brasil, embora a taxa não seja baixa, mas entre os maiores mercados, você falando de Estados Unidos e Europa, o Brasil é o mercado mais acessível hoje, né?
03:11Tanto é que os carros chineses, em território nacional, já chegaram aí a 12,5% do total do mercado em 2024, atingindo 180 mil unidades.
03:23Então, os produtos são bons, são variados, né?
03:26Hatch, Sedan, SUV, o carro, o Hervi, que é o híbrido, o P-Hervi, que é a bateria junto com o motor a combustão.
03:36E você tem o 100% elétrico, que também está sendo bem aceito aqui no mercado nacional.
03:41Mas, de fato, impressiona o que está acontecendo lá em Xangai, no mercado de automóvel da China, e tende a fortalecer o salão do automóvel aqui em São Paulo também, Marcelo.
03:54Geraldo, falando agora de economia propriamente dita, você falou de duas marcas que já pertencem aqui ao inconsciente coletivo do consumidor brasileiro, né?
04:02A GWM e a BYD.
04:04A Ziker está chegando, claro que tem um carro para pessoas de mais alto poder aquisitivo.
04:11Vou colocar fora dessa conta.
04:13As duas montadoras já começaram uma produção nacional, assumiram fábricas que foram deixadas aí.
04:19A exemplo da BYD, que assumiu uma produção, uma linha de montagem que era da Ford, em Camasari, na Bahia.
04:24Mas, estes carros que circulam aqui no Brasil, da BYD e da GWM, ainda são majoritariamente importados.
04:33Ainda é um veículo caro, né?
04:35Com essa produção interna tende a baratear, essas duas montadoras, você acha que a presença delas aqui no Brasil vai ser inexorável?
04:45Porque a gente já teve uma experiência recente da Jack Motors, que veio com bastante pompa, mas depois não vingou.
04:52Você acha que a BYD e a GWM, a coisa vai ser diferente?
04:56É, é importante a gente destacar a questão da Jack Motors, que você citou muito bem, Marcelo.
05:03Houve um boicote à época, né?
05:06Colocaram um imposto ali de 40% da noite para o dia e, de fato, minou todas as chances da montadora vingar aqui em território nacional.
05:14Já a BYD e a Great Wall encontraram um cenário muito favorável, porque elas vieram com o carro com garantia estendida, preços abaixo da concorrência e entregando mais.
05:27E, principalmente, o que o consumidor brasileiro, ele olha?
05:30Ele quer o dinheiro dele bem investido.
05:33E essas marcas também garantiram, no médio e longo prazo, uma depreciação controlada desse produto.
05:41Então, eu tenho um carro bom, com garantia estendida e com uma previsibilidade de venda ok.
05:48Então, isso facilita a entrada dessas marcas.
05:51É só a gente olhar os números aí de 2024.
05:55E o primeiro trimestre de 2025 continua numa crescente.
05:58Então, a tendência é que elas ocupem mais espaço.
06:01E falando de preço, quem ganha com isso é o consumidor.
06:04Porque, no início de 2024, todo o mercado previa que a gente teria uma taxa Selic agora, em janeiro de 2025, de 9% ao ano.
06:16Que daria mais atratividade para financiamento de veículos.
06:20Hoje, 60% dos veículos vendidos em território nacional são financiados.
06:25Então, o que aconteceu?
06:27Várias marcas, mais de 12, Xangã, BYD, Great Wall, GAC, Ziker, várias aí que você citou.
06:35Elas vieram com o planejamento de vender 15, 20 mil carros cada uma.
06:39Pois bem, chegamos em janeiro de 2025, com a taxa Selic aí para cima de 14.
06:45Então, o mercado, ele naturalmente deu uma retraída, mas você tem um excesso de oferta.
06:52Você tem várias montaduras entrando em um produto de qualidade, com preços bons, competindo com as tradicionais.
06:59Isso favorece o consumidor.
07:01Então, você tem ali um alívio do impacto dos juros por um mercado favorável em ofertas.
07:08E aí, o consumidor, ele tem mais opção, tem mais escolha e tem mais bargana.
07:11Geraldo, eu queria agradecer aqui a sua participação no Conexão.
07:17A Alto Xangai vai até o próximo dia 2.
07:19A gente ainda vai ter bastante argumento para retomar essa conversa.
07:24Infelizmente, o nosso tempo é hoje muito curtinho.
07:26Geraldo Victorazzo, diretor executivo da Alto Avaliar.
07:30Obrigado mais uma vez por participar aqui do programa.
07:32Até uma próxima.