Compreender os estágios da doença, os sintomas que se manifestam e as formas de oferecer suporte e cuidado aos pacientes e seus familiares é crucial. A pesquisa científica continua avançando na busca por tratamentos que possam retardar a progressão do Alzheimer e melhorar a qualidade de vida daqueles que convivem com essa complexa condição.
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NotíciasTranscrição
00:00Olha gente, vamos fazer agora um alerta na área da saúde.
00:03A doença de Alzheimer, uma condição neurodegenerativa progressiva,
00:09afeta mais de um milhão de brasileiros.
00:12Considerada a forma mais comum de demência em pessoas idosas,
00:16ela compromete a memória, o comportamento e a autonomia dos pacientes,
00:21além de impactar profundamente a vida dos familiares e cuidadores.
00:26Quem tem um parente com Alzheimer sabe a sensação de impotência.
00:32Uma doença progressiva e sem cura.
00:35Os tratamentos disponíveis até aqui conseguem retardar alguns efeitos,
00:39como a perda de memória.
00:41Agora, um remédio recém-aprovado pela Anvisa usa o composto Donanemab
00:46e tem uma ação diferente.
00:48Injetado uma vez por mês, ele libera anticorpos que agem no cérebro
00:52e promovem a remoção das placas de proteínas beta-amiloides,
00:56que se acumulam e levam à morte dos neurônios.
01:00É a primeira droga que impede a progressão da doença e não os seus sintomas.
01:05Quatro em cada dez pacientes em um ano e meio,
01:09quando receberam Donanemab, não evoluíram para a fase seguinte da doença.
01:13Eu não tenho dado ainda de longo prazo que me garanta que essa placa não vai retornar.
01:17O que suma não reverte os danos já causados e é indicado para um perfil específico.
01:23Príncipe de fase inicial, pacientes que apresentem pouco comprometimento da sua rotina,
01:32pouco comprometimento da sua atividade social e profissional.
01:37Nos próximos meses, será definido o valor de vendas.
01:42Lá nos Estados Unidos, o tratamento é pouco acessível.
01:45Custa 32 mil dólares por ano, cerca de 183 mil reais.
01:51E preço é justamente a maior preocupação do brasileiro.
01:55Nas pesquisas no Google, nas últimas 24 horas, por esse princípio ativo,
01:59este foi exatamente o termo mais pesquisado.
02:03Atenção, há contraindicações.
02:04Por isso, são recomendados diversos exames, para evitar o risco de hemorragias e inchaço do cérebro.
02:12Olha, gente, para entender melhor o que é essa doença e como ela evolui e quais são os sinais de alerta,
02:19nós recebemos hoje aqui a médica neurologista, a doutora Marina Amorim.
02:23Doutora, muito boa tarde para a senhora.
02:25Boa tarde, boa tarde a todos.
02:26A gente já viu ali na matéria a questão do remédio, mas vamos deixar daqui a pouquinho,
02:30quando a gente começar a falar do tratamento, porque a pergunta é a seguinte,
02:36qualquer esquecimento é sinal de Alzheimer?
02:40Quando a pessoa deve se preocupar?
02:42O que é efetivamente o Alzheimer?
02:46Então, a doença de Alzheimer é a principal causa de demência no mundo,
02:50no Brasil e no mundo.
02:51Então, como você já disse, é uma doença neurodegenerativa progressiva,
02:56em que a perda progressiva das funções cognitivas, em estágios progressivos,
03:01afetando as habilidades funcionais desse indivíduo.
03:05Nem todo esquecimento é uma demência, assim como nem toda demência é por conta da doença de Alzheimer.
03:11A doença de Alzheimer é a principal forma, mas existem outras formas também.
03:15Nem todo esquecimento é uma demência, então por isso que o paciente precisa conhecer
03:21que existem vários tipos para procurar ajuda médica e ser diagnosticado o mais precocemente possível.
03:27Então, quais são os primeiros sinais de que realmente eu não estou tendo um esquecimento simples assim?
03:32Então, esquecimentos do dia a dia, o que foi fazer, o que foi pegar,
03:35costuma ser muito comum, inclusive em pacientes mais jovens, né?
03:38Mas quando que a gente sempre fala que os esquecimentos podem ser patológicos,
03:42quando eles são um sinal de alarme, quando eles são progressivos,
03:45então eles estão piorando ao longo do tempo,
03:48quando eles impactam nas atividades do dia a dia,
03:50então eles começam a ter problemas no trabalho, na vida social, na vida familiar, né?
03:55Então, quer dizer, eles vão piorando a ponto de comprometer a funcionalidade desse paciente, desse indivíduo.
04:01Agora, o Alzheimer, ele é hereditário ou eu pego como uma doença assim?
04:06Como é que é que funciona isso?
04:08Então, essa base é bem complexa, porém, assim, essa é uma dúvida de muitas pessoas,
04:12porque sempre tem um familiar, né? Um conhecido,
04:14mas a grande parte dos casos de doença de Alzheimer, ele é esporádico.
04:19Então, é uma somatória, né? De fatores também ambientais, comportamentais, hábitos de vida,
04:24tem sim um componente genético, mas a grande maioria das vezes isso não é primordial,
04:29tem vários outros fatores envolvidos.
04:31Os casos de doença de Alzheimer hereditários, né?
04:35Primariamente genéticos, eles são a minoria, ao contrário do que muita gente acredita.
04:40Agora, como é que é feito o diagnóstico, doutora, né?
04:43A pessoa chega lá, como é que bate o martelo e fala assim, olha, você está com Alzheimer.
04:48E eu gostaria que a senhora também explicasse a questão dos estágios, né?
04:52Claro.
04:53O diagnóstico, ele é essencialmente clínico e a gente tem o apoio dos exames complementares.
04:58Então, a gente tem que começar, sem dúvida nenhuma, conversando com o familiar, né?
05:02Que vive próximo a esse paciente, conversando com o próprio paciente, entendendo a história,
05:07entendendo a progressão e a evolução desses sintomas.
05:10E a gente faz algumas avaliações, alguns testes neuropsicológicos,
05:14também fazemos alguns exames de sangue para descartar, principalmente, outras causas de demência e de esquecimento.
05:20E também exames de imagem, né?
05:21Existem outros tipos de diagnóstico também, como, por exemplo, o uso de biomarcadores,
05:26que são mais específicos, mas nem todos os pacientes precisam dessa indicação.
05:31Isso varia conforme o sintoma e conforme a evolução de cada caso.
05:34Existem formas de prevenção? Tem como eu prevenir o Alzheimer ou retardar o Alzheimer?
05:40Muito importante.
05:42Os estudos recentes mostram que até 40% dos casos de doença de Alzheimer, né?
05:47Eles podem ser prevenidos ou, então, postergados, com mudanças no estilo de vida.
05:53Então, aumentar a escolaridade, o aprendizado das pessoas em geral,
05:58evitar hábitos que não são saudáveis, como fumar, consumir álcool, sedentarismo, obesidade,
06:04alterações sociais, isolamento social, depressão, alterações da audição.
06:10Então, hipoacusia, né? Que é a perda da audição.
06:13Isso tudo são fatores modificáveis que a gente consegue agir e intervir,
06:17prevenindo ao máximo os casos de demência.
06:19Agora, quais são os principais desafios nesse cuidado, doutora?
06:23Para uma família que tem um familiar e um parente com Alzheimer dentro de casa,
06:28quais são os principais desafios para essa família também?
06:31Como se trata de uma doença progressiva, então, ela vai piorando inevitavelmente com o passar do tempo.
06:37Infelizmente, até o momento, a gente não tem um tratamento curativo.
06:41Esse paciente, sem dúvida nenhuma, ele vai evoluir.
06:44E com o passar da evolução, ele vai ficando cada vez mais dependente de cuidados.
06:48Então, sempre tem um desafio.
06:50Uma mudança de comportamento, um esquecimento que vai se agravando cada vez mais a ponto
06:55de que nos estágios mais avançados, o paciente esquece, inclusive, do nome de familiares,
07:00inclusive das próprias informações básicas dele mesmo.
07:03Então, é sempre um desafio, né?
07:05O comportamento altera, os hábitos, sono, alimentação.
07:09Então, essas pessoas, elas têm que ser bem preparadas.
07:11Então, o ideal seria que a gente tivesse mais políticas públicas envolvendo a formação realmente,
07:17a conscientização das pessoas, para buscar ajuda médica sempre nos primeiros sinais,
07:22porque sempre que a gente começa o tratamento e o acompanhamento médico no início,
07:26a gente consegue controlar melhor esses sintomas e, inclusive, preparar o familiar,
07:30preparar o cuidador, preparar a casa desse paciente, né?
07:33Adaptar o ambiente para que isso possa causar o mínimo de impacto possível na vida dessas pessoas.
07:38A senhora falando em tratamento, a gente viu na reportagem sobre um remédio, né?
07:43O que oferece hoje para o paciente e o que esse medicamento novo que está chegando aí, ele promete também?
07:51A gente já tem bem estabelecido vários medicamentos, né?
07:54Que conseguem estabilizar os sintomas da doença.
07:57Então, são os tratamentos sintomáticos que são, sim, eficazes no controle desses sintomas.
08:04Nos últimos dias, a Anvisa aprovou um medicamento novo, que é o Donanemab,
08:10é um anticorpo monoclonal, então é uma classe nova de medicamento, né?
08:14Foi o primeiro a ser aprovado no Brasil, apesar de ainda não estar sendo comercializado.
08:19Mas o que ele tem de diferente dos remédios que já estavam no mercado?
08:23Ele não trata apenas o sintoma, ele é capaz de alterar a evolução da doença.
08:27Então, os estudos mostraram que ele consegue retardar, né?
08:32Mesmo que de uma forma ainda pequena, a evolução desses quadros.
08:36Mas, claro que muitos estudos ainda precisam ser feitos para a gente poder compreender melhor
08:40como será o comportamento dele nos indivíduos afetados pela doença de Alzheimer.
08:44O Brasil está preparado para um crescimento de casos, doutora, na sua visão?
08:48O Brasil é um dos principais países em números absolutos, né?
08:52Com pacientes que possuem doença de Alzheimer e mesmo assim,
08:56mais de 50% dos casos de demência leve e moderada não são diagnosticados.
09:01Então, os pacientes são diagnosticados já em estágios mais avançados.
09:05Isso por quê?
09:06Existe além do estigma, né?
09:08Que envolve a doença.
09:09Então, uma demora em procurar auxílio médico, uma demora em conseguir a consulta médica.
09:14Então, esse paciente chega a ser avaliado e ele já está com sintomas mais avançados.
09:18Então, as condutas já são mais limitadas.
09:21Com certeza, expandir as formas de acesso aos pacientes, à atenção de saúde,
09:28principalmente a especialistas, isso modificaria muito o curso desses pacientes e das suas famílias também.
09:33Agora, doutora, uma mensagem final para os familiares que tem alguém nessa condição
09:38ou que está em tratamento que a senhora poderia deixar.
09:41É sempre um desafio para o familiar, para o cuidador.
09:45Então, buscar assistência médica o quanto antes.
09:48Então, no início é sempre melhor, né?
09:50Que a gente consegue já tentar medicar e tentar auxiliar para melhorar a qualidade de vida de vocês todos.
09:56E também, o que eu sempre falo para os meus pacientes, o cuidador também precisa de cuidado, né?
10:01A atenção, ela não é só voltada ao paciente.
10:04Então, é toda aquela estrutura familiar e que envolve o ambiente desse paciente.
10:09E que a gente viu que os estudos mostram que até 2050 isso pode triplicar.
10:15Então, o número vai aumentar cada vez mais com o envelhecimento da população,
10:19que é o principal fator de risco.
10:20Ok, doutora Marina Amorim, muito obrigado pela sua participação.
10:23Gostaria de deixar algum contato, alguma rede social.
10:26Ah, vai ser um prazer.
10:28Gosto muito de publicar no Instagram vídeos informativos aos pacientes.
10:31Podem me seguir, vai ser um prazer.
10:33MarinaFim.neuro.
10:35Marina?
10:35Fim.
10:36Marina Fim, com M?
10:37Com M, F-I-M, ponto neuro.
10:40Muito obrigado, doutora.
10:41Um prazer.
10:42Olha.