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Álvaro Machado Dias analisou os impactos geopolíticos e os riscos das armas autônomas, em meio à tensão entre China e Estados Unidos e o papel do Brasil nesse debate internacional.

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Transcrição
00:00E as armas autônomas estão no centro de um debate global envolvendo empresas,
00:05controvérsias internacionais e a relação entre os Estados Unidos e a China.
00:11A discussão alcança até o papel do Brasil nas negociações sobre o controle e regulação dessas tecnologias.
00:18Para entender os impactos dessa questão, nós conversamos agora com um dos notáveis do nosso canal,
00:23que é o Álvaro Machado.
00:25Oi, Álvaro, muito bom dia para você. Obrigado pela presença.
00:28Vamos nessa conversa, então, que é muito interessante.
00:31Queria ouvir de você como que as armas autônomas estão transformando a indústria global de defesa
00:37e também as empresas que lideram essa corrida.
00:40Perfeito. É o seguinte, a gente tem uma nova tendência que é aplicar a lógica que originalmente é do Vale do Silício
00:48nessa indústria que é uma indústria muito mais tradicional.
00:52E qual é essa lógica? É uma lógica software first.
00:56Ou seja, a indústria bélica é uma indústria focada em estruturas físicas, em hardware, por assim dizer.
01:04Agora, existem startups que estão propondo uma inversão nessa lógica e elas estão trazendo software em primeiro lugar.
01:11Sobretudo, softwares orientados à inteligência artificial.
01:15Ou seja, armas autônomas são, em última análise, um ramo da inteligência artificial.
01:21E o que essas empresas estão lançando?
01:24Elas estão lançando armas que, ao menos em tese, são mais baratas e de fácil reposição
01:31que permitem, ao menos em tese, atingir alvos com muito maior precisão.
01:37Então, por exemplo, a gente tem a Anduril.
01:39Essa é uma das empresas mais conhecidas hoje em dia.
01:42É uma empresa americana, eu diria, ainda é uma startup, apesar de ser uma startup bilionária,
01:46que foi lançada pelo Palmer Luckey, que é o cara que concebeu e foi o principal, vamos dizer assim,
01:57CEO, ainda que tenham tido outros, da Oculus.
02:00Eu acho que vocês lembram daquele Oculus Rift, aquele aparelho de VR,
02:04essa empresa que depois foi vendida para o Facebook, a atual meta.
02:07Então, esse cara está na frente de uma empresa que tem várias interlocuções com o governo americano,
02:15lançando vários produtos tecnológicos.
02:19A gente tem, por exemplo, a Palantir, que foi criada pelo Peter Thiel,
02:22que está numa outra interface, que é muito mais a interface da informação,
02:27entender onde estão os alvos e assim por diante.
02:30E é uma empresa que, no ano passado, foi a que mais subiu,
02:33entre as que estão listadas no SP500, e esse ano já subiu outros 51%,
02:38ou seja, é uma empresa que está numa forte alta e atua internacionalmente.
02:44E a gente tem também empresas menores, como a Shield AI,
02:47que é uma que está focada em drones, lá da Califórnia também.
02:50Fora dos Estados Unidos, o assunto também continua, Edu.
02:53Então, por exemplo, a gente tem uma empresa turca,
02:56que tem uma participação grande do Estado, chamada STM,
02:59que também é muito forte em drones autônomos, e na Rússia também.
03:05A gente tem uma participação do Estado forte nesse desenvolvimento de armas,
03:09que, em última análise, propõe uma inversão na lógica,
03:12tanto da manufatura desses equipamentos, quanto na do uso.
03:16E quais lições, os conflitos geopolíticos mais recentes?
03:20Nós temos duas guerras, pelo menos em andamento,
03:22grandes, a guerra na Ucrânia, a guerra na faixa de Gaza.
03:25O que tudo isso traz de lição sobre a autonomia dos armamentos?
03:30O que se espera para o futuro?
03:32Tá, eu tenho uma leitura bem própria disso.
03:34É o seguinte, em 2023, mais especificamente em junho de 2023,
03:396 de junho de 2023, começou a contra-ofensiva ucraniana.
03:45E a contra-ofensiva ucraniana estava sendo discutida,
03:49desde o final de 2022, como um movimento que iria inverter o ponteiro da guerra.
03:57Infelizmente, no meu ponto de vista, não aconteceu.
04:00Por que não aconteceu?
04:02Há várias teses, mas aqui vai uma que ganhou muita força nos últimos tempos
04:08e que eu acho que, ao menos em parte, explica isso.
04:11Os russos estavam estruturados, estão até agora estruturados em trincheiras.
04:16E nessas trincheiras, eles têm vários jammers de sinais, embaralhadores de sinais.
04:22O que acontece?
04:23Essa foi uma guerra que inovou, por assim dizer, o campo de batalha,
04:28com drones voando de um lado para o outro, pilotados, né, por controle remoto,
04:32e aí fazendo muitos voos de reconhecimento e também alguns ataques.
04:36Com os jammers atuando, o controle dos drones vai se tornando cada vez mais lábio, mais fraco.
04:44E isso daí impediu, ao menos em parte, o avanço ucraniano.
04:49Ou seja, uma lição muito amarga foi vivida naquele momento pelo bloco ocidental, vamos dizer assim,
04:56que foi que existem limites para essas estratégias de reconhecimento.
05:00Tanto que os drones mudaram de figura.
05:02Hoje em dia a guerra segue uma guerra determinada por drones,
05:04só que mudou de figura o negócio.
05:06Agora são muito mais drones kamikaze, drones que vão lá e explodem, ponto final.
05:09Assim, a aspiração sobre o que o drone deve fazer diminuiu bastante.
05:14A arma autônoma entra aí, porque se você tem autonomia,
05:17você não tem uma relação entre a fonte de sinal e o equipamento, pelo contrário.
05:22E aí não tem como você usar um jammer, um embaralhador de sinais
05:25ou qualquer outra estratégia dessas para impedir o avanço dessa tecnologia.
05:29Em Gaza, a leitura é um pouco diferente.
05:32Olha só, Gaza é representativo de algo que eu acho que é muito forte hoje em dia, que é a urbanização do campo de batalha.
05:42Como o mundo está cada vez mais urbanizado, é natural que as guerras, as batalhas aconteçam em ambientes urbanos.
05:49E ambientes urbanos têm outra característica em relação aos campos de batalha tradicionais,
05:54que é que você tem um monte de civis e você tem uma dificuldade de encontrar alvos.
05:58Qual é a lição em Gaza?
06:01Que é muito difícil você usar, neste momento, armas autônomas ou qualquer tipo de estrutura autônoma
06:07para identificar efetivamente alvos.
06:11Inclusive, por exemplo, isso explica em parte por que os reféns não foram recuperados
06:15como se esperava tanto com as tecnologias do Exército de Israel e todo o apoio internacional,
06:21porque essa autonomia ainda não chegou nesse ponto.
06:24Então a lição em Gaza é que, do ponto de vista dos armamentos e das estratégias de inteligência,
06:31ainda tem que subir um nível para que efetivamente as tecnologias estejam a par
06:37desse novo conflito, dessa nova configuração geopolítica e urbana dos campos de batalha.
06:43Agora, Álvaro, tem um papo agora de guerra algorítmica.
06:47O que é isso?
06:48Explica para a gente e diga se a gente precisa ficar com medo ou não.
06:52Perfeito.
06:53Olha só, o medo é opcional.
06:55Cada um pode ter na medida que quiser.
06:57O medo adaptativo é o medo que responde a uma ameaça real.
07:01Não é ameaça real nenhuma no Brasil.
07:04Essas ameaças são sempre localizadas do ponto de vista geopolítico,
07:08mas a gente pode brincar de que está com medo numa boa.
07:10É tipo o medo de que a inteligência artificial vai acabar com a humanidade.
07:12Você pode ter, você é livre para se divertir com isso,
07:15mas não há nenhum sinal de que vai acontecer, ou pelo menos não nas próximas décadas.
07:19Dito isso, o que é guerra algorítmica?
07:21É um conceito que eu valorizo bastante.
07:23É a ideia de que o estrategista militar vai definir alvos a partir de dados numéricos
07:34que estão sendo injetados em softwares que vão orientar realmente a ação do ataque e também a defesa.
07:43Então, por exemplo, eu falei da Palantir.
07:45A Palantir é uma empresa que está atuando nessa interface militar civil com esse tipo de precisão.
07:51E eles fornecem essa tecnologia para o Exército Israel para tentar localizar alvos que são, por exemplo,
07:57líderes do Hamas e assim por diante.
07:59Qual que é a ideia?
08:00A ideia é que você tendo uma precisão usando, por exemplo, coordenadas de GPS, dados de celular,
08:07dados, por exemplo, de rastreamento com drones, vários dados que eles são pontualmente imprecisos.
08:14A hora que você tem tudo isso, você reduz essa imprecisão, você reduz o sinal de erro pela convergência das informações
08:23e aí você gera muito mais precisão.
08:25Então, essa é a visão geral da guerra algorítmica que, se a gente parar para ver,
08:30ela se aplica justamente numa outra esfera que não é física, que é da guerra cibernética.
08:36Vale lembrar que a Rússia, antes da segunda invasão da Ucrânia, ela promoveu fortes invasões
08:44a sistemas, a plantas industriais e plantas elétricas ucranianas com o objetivo de desestabilizar o país
08:51e, do outro lado, os ucranianos tentaram fazer a mesma coisa e tiveram até algum sucesso
08:57e, assim, a guerra começou antes que uma bala fosse disparada.
09:01E como é que está o Brasil nessa discussão toda de armas autônomas?
09:04É engraçado, né? Porque a gente tende a pensar no Brasil, assim, do ponto de vista do brasileiro.
09:10Ah, o Brasil está só olhando sentado no banquinho.
09:13É aquela ideia de que, de um lado, nós somos realistas, o que eu acho muito bom,
09:17e do outro, a gente tem um pouquinho de complexo de vira-lata.
09:20Só que, ao contrário do que sugeriria a intuição vira-lata,
09:25a gente é um dos maiores exportadores de armas do mundo, inclusive de balas.
09:30Então, o Brasil é muito forte nesse segmento bélico, por incrível que pareça.
09:35É uma indústria que contrata 40 mil pessoas, então não é uma indústria pequena.
09:41E tem o seguinte, a Embraer, em particular, ela tem uma forte atuação internacional.
09:46Então, por exemplo, tem um, no momento, tem um projeto em andamento na Europa
09:50de construção de aviões orientados às especificações da OTAN pela Embraer.
09:58Só que, a gente está falando aqui de armas autônomas. E onde está a limitação?
10:02O PL da inteligência artificial, o PL 2320, ele traz uma, vamos chamar assim,
10:07de uma jabuticaba, na medida em que a discussão ali é sobre software,
10:10que é o impedimento do desenvolvimento ou uso de armas autônomas no Brasil.
10:15Então, provavelmente, com a aprovação do PL com este parágrafo, a gente não vai ter,
10:21a gente vai, no final das contas, enterrar essa indústria, até porque ela vai convergir
10:26a autonomia no mundo como um todo.
10:29Eu acho bom armas autônomas? Não, quero te dizer, Eduardo, eu acho péssimo, tá?
10:33A minha visão é que é algo que seria muito bom que fosse proibido no mundo inteiro.
10:38Mas, o problema é, literalmente, combinar com os russos.
10:42Todas as grandes potências bélicas se negaram a assinar uma resolução da ONU
10:47propondo o banimento das armas autônomas.
10:49Nesse sentido, o trem está seguindo e o mundo será dominado do ponto de vista militar
10:55por armas autônomas. E aí, ficar fora dessa discussão, ou dessa indústria,
10:59talvez não seja a melhor estratégia.
11:02Álvaro Machado, um dos notáveis aqui do nosso canal, muito obrigado pela sua participação
11:07hoje no Real Time. Até mais.
11:09Eu que agradeço. Obrigado pra você que nos acompanhou. Até a próxima.

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