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A guerra tarifária entre Estados Unidos e China pressiona ainda mais a disputa global por minerais estratégicos. Em entrevista ao Real Time, Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração, comentou os riscos e oportunidades para o setor no Brasil.

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Transcrição
00:00O mundo enfrenta uma grande disputa em torno dos minerais.
00:04Isso foi visto nas negociações entre os Estados Unidos e a Ucrânia,
00:08mas também ronda as disputas comerciais entre os americanos e os chineses.
00:13Para comentar os impactos da guerra tarifária no setor da mineração,
00:17nós recebemos agora o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração, Raul Jugman.
00:22Então já converso com ele.
00:24Presidente, muito bom dia. Obrigado pela presença. Seja bem-vindo ao nosso jornal.
00:28Bom dia, Eduardo. Prazer estar aqui com você. Fico à disposição.
00:33Presidente, como que o senhor avalia o impacto imediato da atual guerra tarifária
00:38entre grandes potências, como os Estados Unidos e a China,
00:41sobre as exportações brasileiras de minérios?
00:45Olha, Eduardo, o que nós estamos vendo é uma desordem global.
00:49Ou seja, a quebra de regras, a quebra de tratados, a quebra de contratos,
00:53que é promovido sobretudo e capitaneado, sabemos todos,
00:56exatamente pelos Estados Unidos.
00:59Mas isso tem reflexos, evidentemente, sobre todos os países.
01:05E no nosso caso especificamente, o reflexo, ele é mitigado pelo fato
01:10de que as nossas exportações minerais para os Estados Unidos especificamente,
01:15elas não são expressivas.
01:16Para você ter uma ideia, o minério de ferro, que é o carro-chefe da exportação brasileira,
01:20é apenas 1% que vai para os Estados Unidos.
01:24Na verdade, a única exportação mais expressiva que nós temos
01:29é aquela das rochas ornamentais e pedras naturais.
01:34Mas essa não é uma pauta expressiva em termos de valores, por assim dizer.
01:39De toda sorte, é muito importante que a gente consiga encontrar mercados alternativos
01:46para esses nossos produtos.
01:49Mas eu queria te chamar a atenção para o seguinte.
01:51O que está acontecendo no coração de toda essa questão que nós estamos vendo?
01:56Por que é que os minérios, sobretudo os chamados minerais críticos e estratégicos,
02:01já explico o que é que eles são, eles estão no centro da geopolítica global?
02:05Por uma razão muito simples.
02:07Os minerais críticos e estratégicos, eles são fundamentais para a segurança alimentar.
02:11Estou aqui falando do potássio, estou falando, por exemplo, do fosfato,
02:14que nós importamos, infelizmente, não temos uma produção que faça jus à força e à potência
02:21que nós temos através da agroindústria.
02:23E também é fundamental para a transição da economia de baixo carbono.
02:27Deixa eu dar uma paradinha aqui para explicar o que é isso,
02:30transição para a economia de baixo carbono.
02:31Eu estou querendo dizer o seguinte, o mundo não vai superar a questão da crise
02:37que nós estamos vivendo em termos de clima, e é só pensar no Rio Grande do Sul,
02:43é só pensar na seca da Amazônia.
02:45Nós não vamos superar isso sem que a gente tenha uma grande produção
02:50em termos de minerais críticos e estratégicos.
02:52Por quê?
02:52Porque você sair da economia baseada no carbono para uma economia sustentável,
02:59que é isso que você tem que fazer, ela vai demandar, Eduardo, muito mais minerais,
03:03mas muito mais.
03:04Além disso, minerais críticos e estratégicos, por exemplo,
03:07seu celular que está aí no seu bolso, acredito, ou do nosso ouvinte,
03:11ele tem 14 minerais que são minerais críticos e estratégicos.
03:15Então, por tudo isso, esses minerais passaram para ser, digamos assim,
03:18o topo da geopolítica mundial e da preocupação.
03:22E o Brasil precisa ter uma resposta para isso, porque o mercado é altamente demandador
03:28e o Brasil não pode perder esse passaporte para o futuro.
03:32Agora, o senhor citou que uma fração muito pequena dos nossos minerais
03:36são exportados para os Estados Unidos.
03:38Mas minha outra pergunta é qual que é a porcentagem que vai para a China?
03:42Nós sabemos que ela é muito elevada, a exportação de minério de ferro,
03:45e se essa guerra tarifária pode, de algum lado, impulsionar a exportação para a China ou não.
03:51A tendência de desaquecimento da economia global, então, o mineral também vai ser afetado.
03:57Boa pergunta, Eduardo.
03:59Olha só, para dar uma ideia do tamanho da expressividade da nossa pauta de exportação para a China,
04:08vale um número, 68% das nossas exportações para o exterior,
04:13que somaram só no primeiro trimestre desse ano,
04:17alguma coisa como R$ 9,3 bilhões, eles vão para a China.
04:22E isso é uma coisa que, de um lado, é muito bom,
04:24porque a gente tem um mercado gigantesco,
04:27mas, de outro lado, é uma vulnerabilidade,
04:30porque ele está muito centrado no minério de ferro.
04:32E o que é que a China vem fazendo?
04:34A China vem procurando reduzir o valor desse minério,
04:37como?
04:38Ela faz estoques, ela faz negociações,
04:42ela reduz, por exemplo, determinadas atividades,
04:45como aconteceu recentemente no caso da cirurgia e assim por diante.
04:49Então, a China é, por assim dizer, o nosso principal mercado
04:53e a Ásia é o principal mercado para todas as exportações,
04:57não apenas de ferro,
04:58mas de nióbio,
05:02de tântalo, de ouro, enfim,
05:05do que você imaginar,
05:07a Ásia hoje, ela lidera as nossas exportações.
05:11E a guerra tarifária, agora pensando um pouco em investimentos,
05:14essa disputa comercial pode afetar o investimento estrangeiro
05:18no setor mineral aqui no Brasil?
05:20O senhor tem percebido uma retração
05:22ou um redirecionamento de capitais?
05:25Olha, nós recebemos há aproximadamente três semanas,
05:29alguma coisa assim,
05:31a embaixada dos Estados Unidos.
05:33Eles vieram aqui, como veio o governo Biden.
05:35Então, isso já é...
05:37Os embaixadores que aqui estiveram,
05:40eles são já do governo Trump.
05:42E por que eles vieram aqui?
05:44Porque os Estados Unidos,
05:45eles listam 51 minerais,
05:48com minerais críticos e estratégicos,
05:50que é aqueles que eu me referi ainda há pouco.
05:52Pois bem, o Biden queria ter parceria conosco
05:57para a transição para a economia de baixo carbono.
06:00Aquela velha questão dos eventos extremos,
06:03a questão da crise, do clima e assim por diante.
06:06O governo Trump também continua querendo
06:09minerais críticos e estratégicos,
06:12se não para a transição,
06:14que não é prioridade para a economia de baixo carbono,
06:16no caso dele,
06:18mas ele quer para a defesa,
06:19ele quer para tecnologia e inovação.
06:23Particularmente, você deve saber,
06:25que é a questão das terras raras,
06:27que produzem ímãs,
06:28que são fundamentais para gerar energia,
06:31em baterias, em aerogeradores e assim por diante.
06:36Então, ele continua...
06:38Quer dizer, eu diria,
06:39muda o objetivo, está certo?
06:41Ou a finalidade dos minerais,
06:43mas a demanda pelos minerais, está certo?
06:45Que o Brasil tem em abundância,
06:47vários desses minerais,
06:49ela continua sendo a mesma.
06:51Então, os Estados Unidos,
06:52eles devem procurar,
06:54eles estão procurando parcerias com o Brasil,
06:56seja no governo Biden,
06:58seja no governo Trump.
06:59Agora, se isso vai ir quando vai se corporificar,
07:03se tornar alguma coisa concreta,
07:05é algo que nós temos que esperar um pouco.
07:08Eu acompanho muito, presidente,
07:10claro, o cenário de Brasília,
07:11sou de lá,
07:11nós já até conversamos algumas vezes pelo telefone,
07:14o senhor foi ministro.
07:15A minha questão é,
07:17o Ministério de Minas e Energia,
07:18muitas vezes,
07:19ele parece mais voltado para a questão da energia
07:21do que para a questão da mineração.
07:24Então, eu pergunto para o senhor,
07:25há espaço para políticas públicas
07:27mais agressivas do governo federal,
07:29no sentido de proteger e estimular
07:32a indústria mineral brasileira
07:34em meio a esse ambiente protecionista internacional?
07:38Olha só,
07:39vamos dar um número
07:39para a gente deixar bem claro
07:41como esse é um passaporte
07:42para o futuro do Brasil,
07:44nós não podemos perder.
07:44Segundo a Agência Internacional de Energia,
07:48que é um órgão da ONU,
07:50Organização das Nações Unidas,
07:52em 2023,
07:53esse mercado de minerais críticos estratégicos
07:55somava 320 bilhões de dólares.
07:58Em 2030,
07:59ele vai a 1 trilhão e 100 bilhões de dólares.
08:02Então,
08:03é claro que o Brasil precisa.
08:05Hoje mesmo,
08:06saiu uma notícia muito positiva,
08:08o BNDES,
08:09ele criou uma carteira,
08:10especificamente,
08:11para apoiar,
08:13é uma linha para apoiar,
08:14os minerais críticos estratégicos,
08:16ou seja,
08:17pesquisa,
08:18lavras e etc, etc.
08:20Pois bem,
08:21os projetos que deram entrada lá
08:23somam alguma coisa
08:24como 82 bilhões de reais.
08:26Parece muito,
08:27mas não é,
08:28porque esse setor,
08:29ele vai,
08:30embora seja fundamental,
08:32eu só faço aplaudir,
08:33exatamente,
08:34é algo que é fundamental,
08:36contar com a linha do BNDES.
08:37Mas,
08:38para você ter uma ideia,
08:39de 2025 a 2029,
08:42a expectativa de investimento
08:44do setor mineral,
08:45mas aí não apenas minerais críticos,
08:46o setor mineral como um todo,
08:48é de 64 bilhões de dólares.
08:52E, mesmo assim,
08:53fica aquém das nossas possibilidades.
08:55No que diz respeito
08:56ao Ministério de Minas e Energia,
08:57o ministro,
08:58recentemente,
08:59foi à imprensa para dizer
09:01que ele está elaborando,
09:02em breve,
09:03pretende lançar
09:04uma proposta
09:06de política nacional
09:08para a exploração
09:10e produção
09:11de minerais críticos,
09:12que é uma ótima notícia
09:13e que nós esperamos
09:15que se transforme
09:15em realidade
09:16o mais breve possível.
09:17E, claro,
09:18que nós vamos acompanhar.
09:20Presidente Raul Jugman,
09:21presidente do Ibram,
09:22ex-ministro,
09:23muito obrigado
09:24pela sua participação
09:25aqui no Real Time.
09:26Espero que nós possamos
09:27conversar mais vezes.
09:28Até amanhã.
09:29Até amanhã, não.
09:29Até um dia.
09:30Até breve.
09:31Quem sabe.
09:32A sua disposição.
09:34Obrigado.

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