A Criação do bicho-da-seda e a Indústria Sericícola do Espírito Santo (1815 - 1943)
A indústria Sericícola no Espirito Santo (Vargem Alta - 1943)
Estação Sericicola de Vargem Alta
A industria Sericicola no Espirito Santo
SUBSIDIO HISTÓRICO
NOVEMBRO, 1943
Eng. Agrôn. MARIO VILHENA
'Pelos anos de 1815, o acaso fez com que dois estudantes, vagando pelo bosque do Convento da Penha, na vila do Espírito Santo, descobrissem, além das frutas silvestres que buscavam, casulos de insetos que despertaram sua curiosidade.
Supondo eles, pela delicadeza, tenacidade e brilho dos fios que desenrolaram, ser esta a mesma matéria com que se fabricava a seda na Ásia e na Europa, apresentaram os casulos ao Capitão Antônio João Castelo, que os informou que, embora se assemelhassem muito aos do bicho-da-seda criado em Portugal, dificilmente esse inseto poderia ser propagado aqui, devido à falta de amoreiras.
Outro acaso fez com que os mesmos jovens curiosos encontrassem depois cópias de casulos semelhantes na mamona (Ricinus communis Lineu) e, presumindo, à vista de sua quantidade, que as folhas dessa planta poderiam substituir as da amoreira europeia, ampliaram a coleção de casulos, solicitaram novas ilustrações e conseguiram alguns fios de seda crua.
Naquela época, governava a Província do Espírito Santo Francisco Alberto Rubim, que, informado desses primeiros resultados, incentivou tanto o gênio do mais ativo descobridor, Antônio José Vieira da Vitória, que ele conseguiu reunir, por sua eficácia, uma coleção de ovos, larvas, casulos e borboletas, meadas de seda, rendas etc., de tudo enviando remessa e relatório ao Governo, por intermédio do Intendente Geral da Polícia, Paulo Fernandes Viana.
O descobridor foi depois fazer pessoalmente seu relatório e manifesto à Junta do Comércio. Submetidas suas meadas ao exame de um fabricante, o resultado foi tão promissor que, quando a consulta foi enviada, acompanhada de uma fita fabricada com a nova matéria, o Rei concedeu ao descobridor uma pensão de 400$000 réis, e, encarregando-o de promover esse ramo da indústria por três anos, prometeu remunerá-lo ao final de acordo com os resultados.
Vieira voltou da Corte cheio de esperanças e de informações sobre os processos, e, projetando a construção de uma cabana, aguardava o resultado do cultivo das plantas, a fim de decidir-se na escolha daquela que mais contribuísse para a tenacidade, alvura e brilho dos filamentos.
Apesar de todos os nossos esforços e, como frequentemente ocorre em casos semelhantes, não nos foi possível recolher dados precisos sobre a história da indústria sericícola no Espírito Santo. Em 6 de dezembro de 1940, o "Correio da Manhã" relatava que, "embora não se possa determinar precisamente quando se iniciou a criação do bicho-da-seda no Espírito Santo, há informações de que, no século passado, colonos italianos realizaram criações e produziram meadas de seda, que, apresentadas ao imperador, receberam grandes elogios. Esses colonos, não obtendo, à época,
A indústria Sericícola no Espirito Santo (Vargem Alta - 1943)
Estação Sericicola de Vargem Alta
A industria Sericicola no Espirito Santo
SUBSIDIO HISTÓRICO
NOVEMBRO, 1943
Eng. Agrôn. MARIO VILHENA
'Pelos anos de 1815, o acaso fez com que dois estudantes, vagando pelo bosque do Convento da Penha, na vila do Espírito Santo, descobrissem, além das frutas silvestres que buscavam, casulos de insetos que despertaram sua curiosidade.
Supondo eles, pela delicadeza, tenacidade e brilho dos fios que desenrolaram, ser esta a mesma matéria com que se fabricava a seda na Ásia e na Europa, apresentaram os casulos ao Capitão Antônio João Castelo, que os informou que, embora se assemelhassem muito aos do bicho-da-seda criado em Portugal, dificilmente esse inseto poderia ser propagado aqui, devido à falta de amoreiras.
Outro acaso fez com que os mesmos jovens curiosos encontrassem depois cópias de casulos semelhantes na mamona (Ricinus communis Lineu) e, presumindo, à vista de sua quantidade, que as folhas dessa planta poderiam substituir as da amoreira europeia, ampliaram a coleção de casulos, solicitaram novas ilustrações e conseguiram alguns fios de seda crua.
Naquela época, governava a Província do Espírito Santo Francisco Alberto Rubim, que, informado desses primeiros resultados, incentivou tanto o gênio do mais ativo descobridor, Antônio José Vieira da Vitória, que ele conseguiu reunir, por sua eficácia, uma coleção de ovos, larvas, casulos e borboletas, meadas de seda, rendas etc., de tudo enviando remessa e relatório ao Governo, por intermédio do Intendente Geral da Polícia, Paulo Fernandes Viana.
O descobridor foi depois fazer pessoalmente seu relatório e manifesto à Junta do Comércio. Submetidas suas meadas ao exame de um fabricante, o resultado foi tão promissor que, quando a consulta foi enviada, acompanhada de uma fita fabricada com a nova matéria, o Rei concedeu ao descobridor uma pensão de 400$000 réis, e, encarregando-o de promover esse ramo da indústria por três anos, prometeu remunerá-lo ao final de acordo com os resultados.
Vieira voltou da Corte cheio de esperanças e de informações sobre os processos, e, projetando a construção de uma cabana, aguardava o resultado do cultivo das plantas, a fim de decidir-se na escolha daquela que mais contribuísse para a tenacidade, alvura e brilho dos filamentos.
Apesar de todos os nossos esforços e, como frequentemente ocorre em casos semelhantes, não nos foi possível recolher dados precisos sobre a história da indústria sericícola no Espírito Santo. Em 6 de dezembro de 1940, o "Correio da Manhã" relatava que, "embora não se possa determinar precisamente quando se iniciou a criação do bicho-da-seda no Espírito Santo, há informações de que, no século passado, colonos italianos realizaram criações e produziram meadas de seda, que, apresentadas ao imperador, receberam grandes elogios. Esses colonos, não obtendo, à época,
Category
📚
Aprendizado