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Restos do Passado (Diário da Manhã - 1926).

Quantas casas antigas tem Victoria?
De Carlos Xavier Paes Barreto.


Vitória ressurge! Vitória se remodela! Vitória adquire feições joviais, rosto limpo, aspecto vibrante!

Tais são os pensamentos de todos os habitantes da formosa capital do Espírito Santo, a velha cidade de Duarte de Lemos, onde outrora se abrigaram os portugueses expulsos das várzeas de Piratininga pela audácia dos aborígenes.

Mas Vitória ainda preserva alguns testemunhos eretos e silenciosos de seu passado, alguns edifícios que testemunharam, ao longo do tempo, a época da colonização: o aventureiro reinol, espada à cintura, chapéu ao vento, Cyrano-mirim desbravando as matas da vila, a corrida pela descoberta das minas, quando a coorte bandeirante percorreu o país, deixando vestígios, muitas vezes sangrentos, de sua passagem.

Vitória ainda abriga prédios que presenciaram a governança de Rubim, o típico déspota colonial, que castigava arbitrariamente, mas povoava e governava com sabedoria, aquela sabedoria que os compêndios não ensinam, mas que a experiência manda e provê.

Certamente há edifícios que viram Costa Pereira, o audaz iniciador do nosso progresso, Inglês de Souza e tantos outros varões ilustres enviados pelas determinações imperiais e logo seduzidos pela beleza da urbe, pelo encanto da baía, pela amenidade do clima — escaldante apenas nos meses ardentes de dezembro e janeiro, mas refrescante nos dez meses restantes.

É verdade que os governos, uns mais, outros menos, avançaram abrindo ruas, derrubando, demolindo...

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