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Com inflação em alta e núcleo pressionado, Ricardo Balistiero, economista do Instituto Mauá, analisou o impacto dos alimentos e dos preços administrados no IPCA 15 de abril, que alcançou 5,49% em 12 meses. A projeção é de alívio gradual a partir de junho.

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Transcrição
00:00E para aprofundar a análise sobre os resultados do IPCA 15 de abril, a gente vai conversar agora com o Ricardo Balistieiro,
00:06economista e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia.
00:12Ricardo, boa tarde para você, muito obrigado pela gentileza da sua participação ao vivo aqui com a gente no Radar.
00:19Queria começar lhe perguntando o seguinte, a gente viu aí que o acumulado em 12 meses do IPCA 15 chegou a 5,49% agora,
00:28o maior desde fevereiro de 2023 e esse ano ele está subindo sem parar.
00:32Em janeiro, esse acumulado estava em 4,5%, que é exatamente o limite máximo, o teto da meta.
00:38Subiu mais em fevereiro, subiu mais em março, subiu mais agora em abril.
00:42E subindo num cenário em que a gente tem taxa de juros aumentando desde setembro do ano passado,
00:49o dólar cedendo um pouco em relação ao nível dos quase R$ 6,30 que ele chegou a custar,
00:55mas isso não está trazendo a inflação para baixo.
01:00Eu queria te ouvir sobre isso e se a gente tem aí essa composição de choques de alimentos,
01:04preços administrados, outras coisas que os juros não controlam, nem o dólar,
01:09e que podem estar impactando esse resultado.
01:12Ok, Fábio, prazer é tudo meu em poder conversar mais uma vez com os telespectadores da Times Brasil,
01:23infelizmente sobre um assunto recorrente, que é a nossa inflação,
01:29que não se aproxima nem sequer do teto da meta.
01:33Então, lembrando aí que o teto da meta de inflação previsto para esse ano é de 4,5%,
01:40e nós estamos aí com a inflação rodando acima de 5%.
01:44Então, é sempre uma notícia que não é muito boa,
01:48principalmente quando dos principais componentes do IPCA,
01:54os alimentos, continuam ainda a sua trajetória de alta.
01:59Então, o que eu vejo de mais preocupante, eu tenho a impressão que a tendência para os próximos meses
02:05são os preços de alimentos cederem um pouco mais.
02:11Mas eu acho que a grande preocupação do IPCA 15,
02:15além da questão do núcleo, bem observada pelo Vinícius,
02:19é a questão do índice de difusão, que continua alto.
02:22Então, para o nosso telespectador entender,
02:25o índice de difusão é exatamente a quantidade dos preços que continuam subindo,
02:31a despeito da taxa de juros que está alta.
02:33Esse número se aproxima de 70%.
02:36Então, é um número muito elevado.
02:39Então, quando nós pensamos que o núcleo está elevado
02:42e que o índice de difusão também está elevado,
02:46justifica o entendimento de que talvez o Banco Central
02:50tenha que seguir a trajetória de alta da Selic
02:53para tentar compensar os preços que não são sensíveis à taxa de juros,
02:58como, por exemplo, os administrados e os alimentos,
03:03para poder, de alguma maneira, fazer com que o índice converja
03:07para alguma coisa mais próxima do teto da meta.
03:10Então, essa alta de juros vai mirar aquilo que nós chamamos de preços livres da economia,
03:16que são aqueles mais sensíveis à taxa de juros.
03:18Vinícius?
03:19Ricardo, nas últimas semanas, pelo menos,
03:24a gente ouviu uma conversa de que poderia haver um arrefecimento da inflação,
03:30maior do que era esperado,
03:31de que talvez a taxa de juros Selic, a básica, definida pelo Banco Central,
03:36não precisasse passar de 15%.
03:38Inclusive, grandes instituições financeiras do Brasil estão dizendo
03:41olha, a Selic pode ir a 14,75% e ficar mais alta por mais tempo,
03:46mas talvez não seja necessário ir além de 15%.
03:48Há três meses, dois meses, se discutir isso, ela ia perto de 16%.
03:52Por quê?
03:54Haveria o arrefecimento da economia brasileira,
03:56a economia mundial ia ficar mais fria também,
03:59preços cairiam, preços de commodities cairiam
04:00e o dólar ficaria mais acomodado.
04:02Essa é a tese.
04:03Então, tem gente que defende essa tese até hoje,
04:05mas a gente está vendo a inflação ainda subindo
04:07e mesmo pessoas que defendem essa tese dizendo que essa inflação
04:10vai até alta, sim, até setembro.
04:13Você acha que é possível esperar um arrefecimento,
04:15dadas já as condições de aperto financeiro,
04:17que 14,75% bastam, ou vai sair além de 15%?
04:21Tem gente achando que não.
04:25Primeiro, boa tarde, Vinícius.
04:27Eu prefiro trabalhar com o cenário de uma Selic próxima a 15%.
04:31Eu tenho a impressão que o Banco Central vai talvez utilizar
04:35as próximas reuniões, ao invés de subir talvez 50 pontos
04:40na próxima reunião, talvez fazer subidas menos intensas
04:43em 25 pontos, de modo a que se possa esperar
04:49alguma continuidade da queda da inflação.
04:53Ela cai de março para o mês de abril,
04:59mas ainda assim se mantém em patamares muito elevados.
05:02Eu tenho a impressão, não está no radar nesse momento,
05:06nenhum tipo de fenômeno climático mais intenso
05:11como aqueles que nós verificamos no ano de 2024
05:14e que de alguma maneira prejudicaram muito,
05:18principalmente lavoura, quando a gente pensa
05:20mais recentemente no tomate, que teve uma alta muito forte
05:25de preços, toda a quebra de safra que houve no café
05:29em âmbito internacional, quer dizer, isso tudo
05:32de alguma maneira contribuiu muito para essa alta
05:35e isso não deve se repetir esse ano.
05:38Por outro lado, Vinícius, nós temos um fator Trump,
05:41quer dizer, o fator Trump é um fator de instabilidade
05:45e aí, ao invés de nós termos o fenômeno climático,
05:48talvez nós tenhamos algum problema pelo câmbio,
05:52quer dizer, nós não sabemos exatamente qual será
05:54o comportamento do presidente norte-americano,
05:58que é muito errático, e certamente um não entendimento
06:02com a China, por exemplo, poderia ter impacto no câmbio
06:06e esse impacto do câmbio ser passado para preços.
06:08Então, eu acho que vem um alívio de alimentos
06:10nos próximos números, mas nós temos que observar
06:15o que vai acontecer com o câmbio, que daí pode ser
06:17uma correia de transmissão muito forte para os próximos IPCAs.
06:21Ricardo, agora, nesse resultado do IPCA 15 de abril,
06:25a gente observa uma perda de força da inflação de serviços.
06:29Aí, já pode haver um efeito dos juros subindo?
06:33Ah, sim, a Selic está fazendo o serviço.
06:37Nós temos que levar em consideração que a Selic está subindo
06:40desde agosto do ano passado.
06:42E existe um gap entre o início do processo de alta de juros
06:46e os efeitos acontecerem.
06:49Então, a própria desaceleração do crescimento econômico
06:52tem muito a ver com a taxa Selic.
06:55Uma vez que a taxa Selic, sendo uma balizadora
06:59das demais taxas de mercado, ela acaba contaminando
07:03toda a cadeia de crédito que existe no país.
07:06Então, certamente, a pessoa, por exemplo,
07:09que queria comprar um carro financiado,
07:11comprar um eletrodoméstico, trocar de celular,
07:14essa pessoa está adiando as suas compras,
07:17porque, certamente, o crédito ficou bastante mais caro
07:21nesses últimos meses.
07:23Então, a resposta é sim.
07:24A Selic já está fazendo o seu serviço
07:27e vai continuar fazendo esse serviço nos próximos meses.
07:31Então, eu diria que, do ponto de vista dos preços livres,
07:35talvez nós não tenhamos tanta preocupação.
07:38Serviços, enfim.
07:39Mas, eu ficaria muito de olho, principalmente,
07:43na questão cambial, que pode guardar surpresas,
07:46pressionar o IPCA para cima.
07:49Vinícius?
07:50Ricardo, você pareceu mais otimista no seu cenário
07:53e você falou, inclusive, de queda de alimentos,
07:55de preço de alimentos.
07:56Queda, não.
07:57Redução da taxa de crescimento do preço dos alimentos.
08:00Agora, a gente estava esperando uma queda mesmo.
08:03A gente ia, provavelmente, ver a partir de abril,
08:05a gente não viu muita coisa.
08:06E a gente tem pressões que não dependem da safra,
08:09tipo café, que está subindo por outros motivos.
08:11Agora, você acha que essa redução da velocidade
08:16da inflação de alimentos vai acontecer mesmo?
08:18Você prevê para quando?
08:19Porque ela voltou, praticamente,
08:22a um nível mais alto em dois anos.
08:25Nós temos uma previsão.
08:27Nós trabalhamos com o mês de maio, junho,
08:30com os preços de alimentos, repito,
08:34sem nenhum fenômeno climático intenso,
08:37que não está no radar,
08:38mas a normalização das safras
08:41a partir do mês de maio, virada de maio para junho.
08:45Então, ao que tudo indica,
08:47do ponto de vista dos alimentos,
08:50nós teremos uma inflação,
08:54os preços subindo a taxas decrescentes.
08:57O que significa isso?
08:58Significa que ele vai crescer em uma intensidade menor
09:00do que aquela que nós temos verificado até então,
09:04salvo se ocorrer realmente algo
09:07que não está dentro dos modelos,
09:10do ponto de vista da regularização dos estoques,
09:13o que aí certamente continuaria
09:15gerando pressões adicionais por parte dos alimentos.
09:18Mas tudo é constante.
09:22Provavelmente, nós assistiremos,
09:24na virada de maio para junho,
09:26uma redução nessa intensidade forte do preço dos alimentos.
09:31E aí, a gente já percebeu isso no arroz, por exemplo,
09:34agora mais recentemente.
09:36Isso deve acontecer, por exemplo, com o tomate.
09:39E pelas nossas expectativas,
09:42o café também deve ter um comportamento
09:44bem melhor nos próximos meses.
09:47Não há nenhuma razão para nós acreditarmos
09:49que isso volte a ocorrer.
09:52Assim como aconteceu com o ovo também.
09:53Houve uma pressão muito forte ali.
09:56Tivemos uma quebra gigantesca lá.
09:58Tivemos que sacrificar uma boa parte
10:00dos...
10:03Lá nos Estados Unidos,
10:04principalmente por conta da gripe aviária.
10:06Então, esses eventos são eventos que muitas vezes
10:09não são previstos e acabam gerando pressões.
10:11Não havendo fenômenos como esse,
10:13a tendência é que os preços entre maio e junho
10:15comecem a cair.
10:17Agora, Ricardo, a gente vem acompanhando,
10:19vem falando muito aqui no radar, inclusive,
10:21sobre o tanto que inflação de alimentos
10:24preocupa politicamente o governo,
10:26ainda mais no momento em que ele está
10:28com a popularidade ladeira abaixo,
10:29segundo as últimas pesquisas
10:31de vários institutos diferentes.
10:34O que que...
10:35O governo até fez alguns eventos,
10:38algumas reuniões, alguns discursos,
10:40no sentido de tentar tomar alguma providência
10:42para trazer o preço dos alimentos para baixo.
10:44Anunciou imposto zero de importação
10:47para alguns produtos,
10:48algo que desde o começo já se sabia
10:50que não faria um efeito significativo
10:52sobre esses valores.
10:54E como você está ponderando aqui,
10:57existem N variáveis afetando o preço dos alimentos,
11:00sejam problemas climáticos,
11:02sejam preços internacionais,
11:04seja câmbio, enfim.
11:05Agora, você enxerga alguma coisa
11:07que o governo possa fazer
11:08no sentido de ajudar essa queda
11:10do preço dos alimentos?
11:11Tem algum espaço para isso?
11:12Ou é só torcida?
11:13Olha, eu acho que nós abandonamos
11:16uma política que em alguns países
11:18é muito efetiva, né?
11:20Que é a política de estoque regulador.
11:22Então, em alguns alimentos,
11:23você pode ter estoque regulador.
11:24Muitas vezes, ele é difícil de ser gerenciado,
11:27mas funciona bem em alguns países.
11:29A China faz isso muito bem,
11:30a Índia faz isso muito bem,
11:32a Rússia faz isso muito bem,
11:33e outros países.
11:34Então, nós temos como pensar
11:37em políticas mais estruturais
11:39e menos conjunturais
11:41para poder enfrentar situações como essa.
11:44O que não dá para admitir, Fábio,
11:45é um país que, se não o maior,
11:48o segundo maior produtor de alimentos do mundo,
11:50enfrente problemas de preço de alimentos.
11:54Isso é muito complicado,
11:56salvo se nós tivermos realmente
11:58fenômenos muito intensos.
12:00Mas o estoque regulador serve exatamente para isso.
12:03Alguns colegas meus não concordam com isso
12:06porque acreditam, por exemplo,
12:07que o estoque regulador é difícil,
12:09que o governo não tem como cuidar,
12:11mas é um problema de gestão,
12:13não é um problema do mérito.
12:15Funciona muito bem em alguns países
12:17e nós abandonamos essa política
12:19há pelo menos uns oito anos no Brasil.
12:22Talvez seja o momento de nós
12:23voltarmos a pensar em alternativas como essa
12:27que possibilitariam, por exemplo,
12:29principalmente para a população
12:30de mais baixa renda,
12:31um amortecimento desses preços
12:33e o peso que esses alimentos têm
12:36na renda dessas famílias
12:39que praticamente consomem
12:41tudo o que recebem,
12:42uma boa parte vai
12:43em consumo de alimentos.
12:45Então, eu tenho a impressão
12:46que essa seria uma das saídas
12:48que possibilitaria que nós
12:51torcêssemos menos
12:52e agíssemos mais.
12:54Ricardo Balistieiro, economista,
12:57coordenador do curso de administração
12:59do Instituto Mauá de Tecnologia.
13:01Muito obrigado, Ricardo,
13:01pela gentileza da sua entrevista.
13:03Obrigado também ao Vinícius Torres Freire
13:05por participar.
13:07Um bom fim de semana para você.
13:08Obrigado.
13:09Obrigado.
13:10Obrigado.

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