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Vitória Começa Agora (Revista Alterosa - Belo Horizonte, 1961)

QUEM chega a Vitória - capital do Estado do Espírito Santo - e pergunta pelo seu passado, pelas obras dos jesuítas, tem uma decepção.
Poucas pessoas sabem contar alguma coisa, além de mostrar algumas igrejas e o orfanato Bom Jesus, que estão abandonados parecem provisórios, no novo sistema de vida que o progresso impõe à cidade.
Mas o visitante é convidado a conhecer alguns dos novos edifícios e surgem imponentes atrás dos velhos sobrados coloniais.

A faixa de terra onde está o comércio da cidade foi roubada mar, em ataques sucessivos e aterros e drenagens. Um novo avanço sôbre o Atlântico, vai permitir a construção de muitos edificios, principalmente de bancos, e têm grande interêsse no momento comercial do pôrto, que exporta 38,28% da tonelagem total do Brasil, e dos 200 estabelecimentos atacadistas, exportados de café, cacau, frutas, além de minério, de que é o primeiro América do Sul.

A ilha e a região que hoje constituem o Estado do Espírito Santo começaram a ser notícia quando Vasco Fernandes Coutinho, foi surpreendido no seu solar de Albuquerque, com uma ordem do Rei D. João, que o tornava donatario das 50 léguas de terras, limitadas ao norte pelo Rio Mucury e ao Sul pelo Rio Itabapoana.

O régio presente era a recompensa pelos serviços presta- dos ao rei de Portugal, na Africa e na India.
No dia 8 de setembro de 1551, os portuguêses conseguiram vencer os índios goitacases e expulsá-los para o interior. Estabeleceram-se nas fraldas do morro da Penha, onde o missionário Afonso Bras afirmou em uma de suas cartas ao rei:
«E' esta terra onde ao presente estou a melhor e mais fértil de todo o Brasil».

Algum tempo depois conseguiram se estabelecer na atual capital, onde erigiram a Igreja de São João, em homenagem ao monarca português e deram à ilha o nome de Nossa Senhora da Vitória, padroeira do donatário da Capitania.
Mais tarde os Jesuítas se estabeleceram no atual bairro de Santo Antônio, colonizado por Duarte de Lemos, que subindo o tranquilo canal instalou-se com sua família pagando anualmente a Vasco Fernandes o tributo de um «bom pão de açúcar».

Como aconteceu a muitos povoados do litoral, a ilha foi atacada por piratas franceses, holandeses e inglêses, sendo salva algumas vêzes, graças ao acidentes naturais do terreno que favoreciam aos portuguêses.
Na primeira invasão, os holandeses foram vencidos por Maria Ortiz, que da janela de sua casa derramou um tacho de água fervendo sobre Peter Pieterzoon Heferdif, capitão da expedição.
Até fins do século XIX a ilha era uma vila pobre, onde, segundo um cronista da época, as mulheres fiavam durante o dia para ganhar alguns vinténs.

No período de 1908 a 1912, o prefeito dr. Jerônimo Monteiro dotou a cidade de água e esgotos, alargou ruas, e instalou a rêde de energia elétrica. Vitória estava preparada para responder ao surto de progresso que invadia todo o País, e começava a luta contra o passado.

As propostas são tentadoras pe

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