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O dólar caiu mais de 4,5% em abril, maior queda desde 2022. Jason Vieira, economista-chefe da Lev Asset, analisa os impactos da política tarifária de Trump, a busca por segurança no ouro e o papel das moedas globais neste cenário de incerteza.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

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Transcrição
00:00E o dólar sente os efeitos da política tarefária de Donald Trump e está se enfraquecendo no mundo.
00:06A moeda americana já perdeu mais de 4,5% em abril e registrou a maior queda mensal desde o fim de 2022.
00:14O índice Dix, que mede a força do dólar em relação a uma cesta das principais divisas mundiais,
00:20entrou em uma curva descendente. Será o fim da hegemonia do dólar?
00:24Bom, para entender este cenário, eu converso agora com o Jason Vieira, economista-chefe da Leve Asset.
00:32Oi, Jason, muito boa tarde para você. Seja bem-vindo aqui ao Money Times.
00:37Jason, até onde vai essa queda do dólar realmente perdendo força, enfraquecendo?
00:42O economista-chefe do Goldman Sachs disse recentemente que o dólar tem espaço para cair ainda mais.
00:49Você também tem essa percepção?
00:51Eu acho que nem ele nem eu sabemos.
00:56Esse é um ponto muito relevante dado o atual cenário.
00:59São tantas dúvidas do que está acontecendo com os Estados Unidos agora, especialmente em relação à questão da guerra comercial.
01:05Nós não sabemos efetivamente se vai haver um movimento mais extremado nos próximos dias.
01:11Nós não sabemos como é que vai ficar a situação, especialmente em relação a Xi Jinping,
01:15em relação às relações comerciais com outros países.
01:18E esse contexto de dúvidas faz com que praticamente todas as análises que foram feitas do início do ano para cá
01:24se tornassem basicamente, vamos dizer assim, exercícios de futilidade.
01:29Porque nenhuma chegou à conclusão nenhuma.
01:31Todas as previsões que foram feitas, umas em relação à recessão,
01:35outras em relação à inflação nos Estados Unidos,
01:39à inflação global,
01:40a excesso de oferta de produtos da China,
01:43tudo isso trouxe uma grande dúvida.
01:44Óbvio que, sendo o epicentro de todos os problemas relacionados à questão internacional,
01:53nós vemos o impacto no dólar de maneira muito forte.
01:56Nós vemos o impacto também nas curvas de juros nos Estados Unidos.
01:59O DXY tem já um movimento.
02:01Ele partiu agora de um pico mais recente, que foi a L108,
02:06e agora ele está em 99.
02:0799 praticamente, ou seja, ele perdeu 10 pontos de maneira relativamente acentuada.
02:13A gente pode dizer isso que só aconteceu em 20 dias,
02:15depois de ter se mantido num movimento de alta.
02:20Só que o cenário também, para o dólar americano,
02:24ele teve enfraquecimentos no ano passado também.
02:27Ele chegou a atingir esse mesmo nível que nós estamos falando agora.
02:30Ele chegou a subir para esse nível de 110 após a eleição de Trump.
02:35E, óbvio, aí desde janeiro vem uma queda bastante forte
02:37dentro desse contexto de excessivo ruído
02:40que tem sido criado pelo governo americano.
02:43Jason, nós estamos com o nosso analista também, o Felipe Machado,
02:45que vai participar dessa conversa conosco.
02:48Felipe, fica à vontade.
02:49Tudo bem, Jason? Boa tarde.
02:51Jason, a gente viu, como você falou bem,
02:53como a gente viu bem o dólar perdendo força aí
02:55nessa cesta de moedas mundial.
02:58E o euro subiu bastante nos últimos tempos.
03:01Eu queria que você falasse um pouquinho.
03:03Você acha que o euro...
03:04Eu sei que vocês trabalham com muitos cenários.
03:06A maioria das corretoras, enfim, todos os agentes econômicos
03:09trabalham com cenários diversos.
03:11Vocês trabalham com algum cenário em que o euro
03:13substitua o dólar como moeda mundial,
03:15de alguma forma, ou alguma outra moeda?
03:18Nenhuma.
03:19Nenhuma.
03:20Nós estamos falando da reserva global de valor.
03:22Nós estamos falando de uma economia global
03:23de mais de 30 trilhões de dólares.
03:25não há possibilidade nenhuma de substituição do dólar,
03:29pelo menos enquanto nós, dessa turma aqui, estivemos vivos.
03:34Não há confiança suficiente para se colocar dinheiro no Urimimbi.
03:38Não há.
03:39Não existe confiança.
03:40Nenhum país vai colocar suas reservas numa divisa
03:43que pode ser desvalorizada a qualquer momento
03:45de você ter uma quebra de valor, de riqueza de um país
03:50por conta de se estacionar em uma divisa que não tem controle.
03:54O país não é um país democrático, sabe que não tem práticas.
03:57Inclusive, boa parte dessa guerra comercial
03:59vem das questões das práticas não democráticas
04:03em termos comerciais mesmo, por parte da China.
04:06Já em relação à Europa,
04:07a Europa é um...
04:09Apesar de agora, no curto prazo,
04:11haver um movimento de demanda pelo euro,
04:14talvez por conta de todas essas confusões
04:16que nós estamos observando,
04:18a Europa em si é um continente
04:26com problemas graves em termos de crescimento econômico.
04:28Não há inovação tecnológica na Europa,
04:31muito limitada, muito centralizada em um ou dois países,
04:36a Europa tem problemas na sua indústria,
04:38a Europa tem um problema na energia,
04:41então não se vê a Europa como uma reserva global de valor
04:43também em médio prazo.
04:45E vai se estacionar no Ien,
04:47toda vez que se estaciona no Ien,
04:48você gera uma hipervalorização do Ien,
04:51que gera um problema grave para a economia japonesa,
04:53que é uma economia basicamente exportadora.
04:55E não suporta também, dado o tamanho do Japão em proporção,
04:59ainda que seja a terceira maior economia do mundo,
05:01sustentar ser reserva global de valor.
05:03Então não, não há possibilidade no curto prazo
05:07de perda da hegemonia do dólar
05:10e sequer de uma substituição por parte de uma moeda,
05:14que seja o euro, que seja a Libre, que seja o Ien.
05:17Bom, Jason, mas a gente vê aí uma corrida pelo ouro,
05:20o ouro que acabou extrapolando aí cotações históricas,
05:26passou de 3.500 dólares,
05:28talvez o investidor correndo aí para isso que é considerado
05:32o maior porto seguro, que é o ouro.
05:37Isso mostra aí um movimento talvez de desconfiança
05:40neste momento em relação ao dólar.
05:42A gente vê também perda de rendimento dos treasuries norte-americanos,
05:47fazendo com que o dólar também tenha essa queda.
05:50Como que você analisa esse cenário?
05:52Bom, para a gente entender a questão do ouro,
05:55o ouro ele vem no movimento de ascensão acentuado
05:58desde novembro de 2023.
06:01E continuou acentuado,
06:04deu ali num pouquinho pedaço do ano passado,
06:06deu uma devolvida de preço e continuou,
06:08e obviamente deu uma esticada agora.
06:10Um dos motivos vem exatamente disso que eu estou falando.
06:14Não há uma substituição crivo,
06:15você não consegue estacionar em euro.
06:18Você não consegue estacionar em Rimimbi.
06:22Você não consegue estacionar em IEM.
06:23Você estaciona em ouro,
06:25que é o que está acontecendo nesse momento.
06:27Dado o seu caráter limitado em termos de oferta,
06:29dadas as suas características de segurança,
06:32boa parte dos investidores globais tem,
06:34no curto prazo, até a situação se ajustar um pouco,
06:38tem optado pelo ouro.
06:39E o ouro rendeu mais nesse período,
06:41mais do que o S&P,
06:43mais do que juros de diversos países,
06:45mais do que muita coisa.
06:46Então, pelo menos no curto prazo,
06:48este sim tem sido a reserva global de valor
06:51de maneira mais crível do que qualquer outra moeda.
06:54Mas é aquela velha história.
06:56Tanto ele pode se tornar um enorme ativo de segurança agora,
06:59que vai ajudar caso alguma coisa muito pior aconteça,
07:02como ele pode se estabilizar em níveis elevados
07:04e caso haja uma resolução da questão nos Estados Unidos,
07:08ele efetivamente se preserva só como uma reserva paralela de valor.
07:13Jason, rapidinho, só para complementar,
07:16implementar a liquidação, por exemplo, dos Treasuries.
07:19Isso ajuda a derreter também o dólar?
07:21O investidor perde um pouquinho a confiança na moeda americana?
07:25O movimento das Treasuries é natural mesmo.
07:29É dentro desse escopo de tudo que nós estamos falando,
07:31inclusive da perda de valor do dólar.
07:33Ela, na verdade, começa através de uma dissolução de posições em Treasuries.
07:37E nós temos que lembrar de uma coisa muito importante,
07:40que as pessoas talvez estejam esquecendo,
07:43que ainda que em 2020 você tenha tido aquele movimento óbvio de corte de juros,
07:50o afundamento de praticamente para zero para as Treasuries,
07:56as Treasuries, elas saíram ali de 0,5%,
08:00que foi a taxa nominal que foi colocada naquele momento,
08:03para a faixa atual de 4 e alguma coisa por cento, 4,20, 4,25,
08:08e está praticamente estacionada nessa mesma faixa desde então.
08:12Então, houve uma dissolução, sim,
08:14mas se você for pegar a média de preço das Treasuries
08:17desde praticamente outubro de 2023, é o mesmo valor.
08:21O que aconteceu é que nós tivemos no ano passado
08:23um movimento que as pessoas estão ignorando
08:26de overcrowd nas ações de empresas americanas,
08:30especialmente as empresas de tecnologia
08:32e essas ligadas à inteligência artificial, notadamente a NVIDIA.
08:36E com isso, esse overcrowd,
08:38você deixou uma porta muito pequena de saída dos investidores,
08:42que precisavam em algum momento realizar lucro.
08:44A guerra comercial foi uma grande motivação de realização de lucros,
08:48só que o próprio S&P, dentro do atual cenário,
08:51todo mundo diz, não, mas o S&P está perdendo, tal.
08:54O S&P, no atual contexto, ele está de volta a valores de julho de 2024.
09:01Então, ainda muito próximos do recorde anterior.
09:04Então, sim, está havendo um reposicionamento, de certa maneira,
09:07está havendo uma realização de lucros em diversos aspectos,
09:10mas também existe muito ruído extra à Casa Branca.
09:15A situação é difícil, o Trump cansa,
09:17a gente brinca que parece que é o terceiro ano do governo Trump,
09:19que não é o terceiro mês, dado esse cansaço.
09:23A gente que trabalha aqui no mercado financeiro,
09:24toda essa volatilidade é uma coisa louca,
09:26especialmente nós fazendo gestão de fundos de investimento,
09:28uma coisa bastante difícil.
09:30Mas também há de se notar de maneira mais fria os números.
09:35Quando a gente observa de maneira mais fria os números,
09:38também tem muita cornetada em volta,
09:41fazendo uma traje de comédia junto com o que o Trump está fazendo.
09:46Sim, a situação é difícil, sim, está acontecendo muita coisa,
09:49mas se você for olhar para parar e ver os números,
09:52o dólar está em valores muito próximos do que ele esteve mais recentemente,
09:56o ouro vinha de uma escalada de alta já há dois anos,
10:00e o S&P, a Bolsa Americana,
10:02ela voltou para a metade do ano passado,
10:04quando ainda estava no ritmo de alta,
10:06quando ela saiu lá de 2023,
10:08e estava batendo novos recordes.
10:10Ou seja, a Bolsa Americana tinha acima de 5 mil pontos,
10:12esse tipo de coisa,
10:13nós ainda estamos em uma situação que os Estados Unidos
10:16continuam preservando a vanguarda.
10:18É aguardar se e quando essa situação vai se acalmar.
10:22Esse é o grande ponto.
10:24Ninguém sabe.
10:26Felipe, legal.
10:27Jason, eu ouvi uma tese meio polêmica,
10:29queria saber a sua opinião.
10:31Eu ouvia uma possibilidade de que o Trump estaria
10:34desvalorizando o dólar de maneira intencional,
10:37justamente para tentar ter um impacto ali na dívida americana,
10:40ou talvez facilitar as exportações.
10:43Queria saber a sua opinião sobre isso.
10:45É, você tem dois aspectos nessa situação.
10:48O primeiro, efetivamente, seria pela desvalorização
10:50para facilitar as exportações,
10:52mas dado o contexto de dúvidas em relação ao movimento internacional
10:54de tarifas,
10:56fica difícil botar isso num xadrez 4D, vamos dizer assim.
11:00Há tese, talvez, que ele estivesse desvalorizando
11:03e tentando forçar até um corte de juros,
11:05uma redução para reduzir o impacto do custo da dívida,
11:08que está muito elevada, foi muito elevada,
11:11especialmente pelo Banco Central americano.
11:17Aqueles quantitative easing que foram feitos ali em 2020
11:20exageraram demais a dose
11:22e alimentaram a parcela significativa da inflação
11:25que o mundo tem passado.
11:27Então, nesse sentido,
11:28tem-se essa teoria da conspiração
11:29de que talvez o Trump estaria tentando desvalorizar
11:32a moeda americana,
11:33ou, de certa maneira,
11:35reduzir o impacto nas curvas de juros
11:37para reduzir efetivamente o custo
11:39de carregamento da dívida americana.
11:43Mas o problema é que isso daí
11:45teria um custo muito mais elevado.
11:47A impressão que passa,
11:48pelo menos em outras análises
11:49que nós temos conversado,
11:50especialmente com o pessoal lá fora,
11:51é de que, muito provavelmente,
11:53a velocidade com que o Trump está fazendo isso tudo
11:56tenha muito a ver com as eleições de midterm do ano que vem.
11:58Ou seja, ele tem um prazo muito curto
12:00para tentar fazer com que tudo isso funcione.
12:02Mas a maioria,
12:04especialmente de quem nós conversamos nos Estados Unidos,
12:06eles têm a seguinte visão.
12:08O problema do Trump, muitas vezes,
12:10é o modo e não o conteúdo.
12:14É o método que ele faz.
12:16Muito aquela coisa do Art of the Deal,
12:17do livro dele,
12:18aquela coisa expansionista,
12:19aquela coisa barulhenta.
12:21Mas, de certo modo,
12:23quando você for observar as razões
12:25pelo que estão sendo feitos,
12:25ou seja, os Estados Unidos se tornaram muito passivos
12:28em relação à sua posição em nível global,
12:32já há muitos anos,
12:33inclusive durante o próprio governo dele,
12:34lá atrás,
12:35e perdeu parte do protagonismo,
12:37especialmente a partir da entrada do Xi Jinping
12:40na China em 2013,
12:42que entrou num ciclo muito expansionista
12:44em nível global,
12:45e não é só comercial.
12:47Ficou bandeiras na África,
12:49ficou bandeiras na América do Sul,
12:51se tornou protagonista de comércio
12:52em diversos países emergentes.
12:54Então, com isso,
12:55os Estados Unidos ficaram olhando isso
12:56de maneira muito passiva,
12:58porque, de certa maneira,
12:59preservava custos baixos
13:01para produtos e bens agregados
13:02nos Estados Unidos.
13:04O que o Trump está tentando fazer
13:06é realinhar os Estados Unidos
13:07na sua posição global,
13:10tentar rever essa questão
13:14de que os Estados Unidos
13:15é a polícia do mundo,
13:16mas ninguém paga para ter essa polícia,
13:18ou seja, a Europa,
13:19ela sustentou um welfare state,
13:21um estado de bem-estar social,
13:22muito pesado durante anos,
13:24porque quem defendia a Europa
13:26eram os Estados Unidos,
13:27sendo o grande protagonista da OTAN,
13:29e agora está querendo
13:30cobrar conta disso tudo.
13:32O problema é que ele está fazendo isso
13:34a la Trump.
13:35Isso tudo poderia ser feito
13:36em dois, três anos,
13:37num mandato inteiro e tal.
13:38Não, mas ele está fazendo a la Trump,
13:39e ele acredita que ele tem que aproveitar
13:41exatamente o espaço que ele ganhou,
13:43sendo que ele tem a maioria
13:44nas duas casas
13:45para tentar fazer com que isso aconteça agora,
13:47para que não tenha que disputar,
13:48por exemplo,
13:49a perda de uma das casas
13:50nas eleições de midterm
13:51no próximo ano.
13:53Jason Vieira,
13:54queria muito agradecer
13:56a sua presença aqui no Money Times,
13:57sempre bom tê-lo aqui conosco.
13:59Obrigado,
14:00uma ótima tarde para você.
14:02Obrigado,
14:02até a próxima.

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