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Tudo começa em 1785, com a chegada da pequena infanta espanhola Dona Carlota Joaquina de Bourbon a Portugal para casar-se com D. João VI, que à época atendia por Infante Dom João de Bragança. Já em 1808, após muita indecisão, D. João VI resolve transferir a corte para o Brasil, para fugir dos ataques e do poderio bélico de Napoleão Bonaparte. Em paralelo à história dos monarcas, se desenvolve o romance da donzela Manoela com Francisco Gomes, o Chalaça - um dos melhores amigos de Dom Pedro de Bragança.

Categoria

Pessoas
Transcrição
00:00No capítulo anterior, Manuela tratou muito mal a Francisco Gomes,
00:10acreditando que ele não a tinha reconhecido,
00:13até o momento da grande surpresa.
00:15Não vai me xingar se nem de tua própria vida te lembras.
00:17Acreditas mesmo que não te reconheceria, Manuela?
00:21No Brasil, Dom Pedro tem uma decepção com Domitila.
00:25Já não te falei que não podias receber presente de quem negocia com o governo?
00:28Não, não vês, Domitila. Não vês a gravidade do que fizeste.
00:32Dás razão a tudo que escreve contra mim.
00:34E a decepção será muito maior com seu irmão, Miguel.
00:45Ah, Miguel.
00:49Miguel.
00:50Ias matar minha mulher, Miguel.
00:51Não, Pedro, não.
00:52Não me chame de idiota.
00:55Idiota.
00:56Tenho todo o direito. É o que foi.
00:58É o veneno?
01:07Quem é isso? É o veneno?
01:09Não vai tentar convencê-me que isso era mel para adoçar o leite.
01:13Hein, Miguel?
01:14Teta!
01:15Teta!
01:15Sou idiota mesmo?
01:19É o veneno, sim.
01:20Mas...
01:21É porque ela não presta, Pedro.
01:24É mais uma te arrastar para o fundo do poço.
01:26Quando uma mulher chega perto de ti, perde-se completamente o raciocínio.
01:30Entendes?
01:31O cheiro da mulher te enlouquece, Pedro.
01:33Eu jamais vou esquecer de uma possuída, omitila em pé.
01:36No corredor, feito um animal.
01:38Sem, sem, sem prestar atenção se vinha a gente ou não.
01:42Cala essa boca!
01:43Te entregas tanto aos teus desejos, Pedro, que deixas que te acusem por crimes que não
01:48são teus, e sim dessa mulher, e desse maldito chalaça.
01:53E se entregas a essa rameira de mim, te afastar, mas cada vez mais...
01:57Cala a boca!
01:59Pedro, tudo que faço é para o teu bem, meu irmão.
02:04Que bem me fazes matando minha mulher?
02:08Que bem me fazes armando um tiro contra Bonifácio e colocando a culpa em mim?
02:13Que bem?
02:14Eu não fiz isso, Pedro.
02:16Eu não fiz isso, Pedro.
02:17A verdade!
02:18Pedro, eu não fiz isso, Pedro!
02:21A verdade!
02:22A verdade, Miguel, a verdade!
02:25Há quantos anos?
02:27Todos emeritavam contra ti.
02:29Até nossa mãe!
02:31E eu não?
02:32Miguel é um irmão que me ama!
02:34Eu te amo.
02:37Eu te amo mais do que tudo nessa vida, meu irmão.
02:41Eu te amo mais do que tudo nessa vida.
02:42Por que eu tentaste me matar?
02:45O protetor do florete, Miguel.
02:48Minha mulher encontrou contigo?
02:50E não pega seu tempo.
02:52Eu tentara já te esportar.
02:54Qualquer um saberia, menos o tonto aqui.
02:57Tentaste me matar, Miguel!
02:58Queira, Pedro!
02:59Me tira daquela baixinha!
03:01Ela sabe que jamais vai ter de ti.
03:03A confiança que tu tens em mim, Pedro!
03:06Tinha!
03:07Tinha, Miguel!
03:09Acabou.
03:10E eu sou tão tolo.
03:11Presta atenção.
03:13O que temos...
03:15O que temos é o único, Pedro.
03:17Presta atenção.
03:18Somos do mesmo sangue, meu irmão.
03:20Passa daqui!
03:21Vai embora!
03:22Não vai expor-me pra fora da tua vida.
03:24Não quero mais nem ouvir tua voz.
03:26Vai embora!
03:27Antes que eu me arrependa, vai embora!
03:28Agora tens raiva de mim.
03:31Te permites condenar-me.
03:34Quando eu sofri humilhação atrás de humilhação,
03:40a vida inteira!
03:43Me humilhavas com a tua força, Pedro.
03:45Me humilhavas com os teus músculos.
03:47Me humilhavas com a tua saúde.
03:49Dei a minha mãe que dizia que eu era o favorito e preferia a mim.
03:55No fundo, era tu que ela amava.
03:56Eu sempre obedeci todos.
03:58Sempre.
03:59Tu os desafiava.
04:01E era tu que eles amavam.
04:04Sempre te amei, Miguel.
04:07Sempre te protegi.
04:09Desde que nasceste,
04:10te defendia dos outros garotos.
04:12Da mamãe do mundo!
04:14Foste meu primeiro filho.
04:15Eu te segurei em tua mão.
04:19Um cara tem pistode, Miguel.
04:22Ah, Miguel.
04:24Te amei tanto.
04:27Me amaste.
04:31E quando o papai morre,
04:33abdicas o trono em nome de tua filha.
04:36Uma menina ridícula, Pedro.
04:38Em vez de mim.
04:40Uma idiota que não sabe nada da vida vai ser rainha.
04:43Olha essa boca, Miguel!
04:45Cala essa boca!
04:47Cala essa boca!
04:49Cala!
04:49Não, não!
05:19Diz que é por amor! Diz que é por amor! Diz que é por amor!
05:22Diz que me ama tanto! Que me matas assim eu sofro!
05:26Espera!
05:28Socorro! Socorro! Socorro!
05:32Tudo pelo trono? Tudo pra ser rei?
05:35Comparte!
05:37Sempre fosse mais forte do que eu! Comparte!
05:41Não! Tu fosse forte!
05:43Se tu tivesse a coragem de me agredir, se me vestes sangrar,
05:47se me passasse na tua mão!
05:49Solta!
05:51A tu, Miguel!
05:53Se tivesse a força de me atacar, ele pôs mentir!
05:56Fora daqui!
05:58Fora!
06:00Essa casa também é minha!
06:02Força que não tem tempo!
06:04Não, Pedro!
06:05Não vai ser atrás dele!
06:06Senta, precisa acertar!
06:07É pior!
06:08Leva alguma coisa!
06:09Senta, Pedro! Senta!
06:11Solta!
06:12Sai!
06:17Tchau!
06:19Tchau!
06:20Tchau!
06:21Tchau!
06:22Tchau.
06:52Acreditas mesmo que não havia te reconhecido, Manoela?
07:04Por que não?
07:05Um homem como tu não fica a se lembrar de cada pedra que chutou do seu caminho.
07:10Sabia que havia uma sombra sobre mim.
07:14Desde o Brasil já havia percebido que a cada passo que dava alguém se aproximava a cheirar no pescoço.
07:22A antecipar meus movimentos.
07:26A intrigar-me contra Dom Pedro, contra tudo e contra todos.
07:31Achei que era coisa do irmão fresco.
07:34Mas logo vi que não, pois é apaixonado demais para preocupar-se com qualquer outro, pois não.
07:40Era coisa de mulher.
07:42A me pegar nos detalhes.
07:47A tirar cascas de banana em meu caminho.
07:50Quando te vi descer aquela escada, entendi.
07:55Esperavas o quê?
07:57Que fosse gritar?
07:59Me atirava ao chão pedindo ajuda dos céus por estar diante de um fantasma?
08:02Não.
08:05Não, eu pensei que eu fosse ver o choque em teu rosto.
08:08E que ia poder jogar-te na cara cada um de teus crimes.
08:11Que crimes?
08:12O que justifica teres fingido de morte e me perseguires até o fim do mundo, Emanuela?
08:16Tu o sabes!
08:19Me largaste só em Lisboa quando os franceses invadiam.
08:24Largueste só no cemitério, rota!
08:26Linda história.
08:28Linda história.
08:31Seria perfeita se eu não estivesse lá.
08:33Estavas com amor?
08:34Vi a casa arder e todos diziam que estavas lá dentro?
08:36Era minha mãe a morrer pelo fogo.
08:38Sim, agora sei.
08:40Mas desde que te vi com essas roupas de condessa lançar chispas de ódio em minha cara,
08:44saí a fazer perguntas, ora pois.
08:46A procurar por testemunhas.
08:48E encontrei um rapaz que saiu a correr.
08:50Trabalha no porto agora.
08:52Capanga do Bagaceira.
08:54Recorda-te.
08:54Ele salvou tua vida.
09:00Mas ninguém sabia disto.
09:02Ele pode confirmar que me viu a chorar pela rua?
09:06Não me enganas.
09:08Não me enganas com essas suas histórias de livros.
09:11Largaste-me só.
09:14Só a minha própria sorte.
09:17Então tudo o que disse antes era mentira.
09:18Me abandonaste.
09:21E é a isso que tudo se resume.
09:23Não, se resume a uma mulher que preferiu acreditar no ódio que no amor.
09:26Ao invés de procurar saber o que teria me feito partir sem ela, não.
09:30Preferiu acreditar no pior e gastar quanto tempo de sua vida para acabar com a minha.
09:34Para, chega.
09:35Não, tu não vai chorar agora.
09:37Tu vai a Lisboa comigo.
09:38Vai ouvir de todos os meus detalhes que te conto.
09:40Eu não quero ouvir mais nada.
09:42Eu não quero.
09:47Eu estava só.
09:51Numa terra em guerra.
09:53O que eu podia pensar?
09:56Qualquer coisa.
09:58Mesmo que eu era um monstro.
10:01Quando acabaste com a minha vida para acabar por te entregar a mim,
10:05se tudo o que quisias era mais um ato de amor.
10:08Nunca quis isso.
10:09Mas foi que conseguisse de mim.
10:11E foi o fim.
10:12Não.
10:13Não.
10:13Não.
10:14Tinha um amigo que se tudo sabia.
10:16Tudo sabiam, todas as pessoas.
10:17Era procurar testemunhas, procurar saber.
10:19Mas não.
10:20Não querias saber a verdade, poxão.
10:21Querias odiar.
10:22Isto sim.
10:23Vai ao cemitério das almas.
10:24Lá encontrarás teu túmulo.
10:26Antes de partir,
10:27dei o resto de dinheiro que tinha um amigo para cuidar teu enterro.
10:30Aproveita e enfia-te naquela tumba.
10:32Que leque é teu lugar.
10:32Por que não vieste falar comigo?
10:36Se de tudo sabias, desde o momento em que me viste,
10:38por que não vieste falar comigo?
10:40Queria saber até onde podias ir.
10:43Do que serias capaz.
10:45E vi que serias capaz até de morrer se me arrastasse junto.
10:50Foi quando percebi que não estava tão errado assim.
10:55Estás morta desde aquele dia, Manoela.
10:58Tuas nações espectro.
10:59Por anos me arrastaste pelo mundo dos mortos,
11:04mas agora estou livre de ti.
11:12Francisco.
11:17Francisco.
11:29Vosso marido saiu mesmo?
11:42Sim.
11:43Mas o que tens a dizer que ele não poderia escutar?
11:46Ai, eu sei quanto ao vosso problema.
11:48Tem possibilidade de ter filhos.
11:51Eu acho que eu tenho uma boa solução.
11:53Que solução.
11:55Se os médicos só fazem assustar, Fernão.
11:58Proibiu-me de sequer tentar engravidar.
12:00Ah, mas...
12:01Mas o que fazem pra evitar?
12:04Sem pudores, pode falar.
12:06Usamos a tabela.
12:07De dias que se pode e que não se pode.
12:09Ah, mas isso é muito fácil.
12:11Falsificas a tabela.
12:13O importante é conceber.
12:15Eu tenho uma mulher,
12:16uma parteira africana,
12:18que faz verdadeiros milagres.
12:19Foi-te tão boa pra mim
12:22desde que cheguei de Portugal
12:23que não posso deixar de ajudar-te nessa hora.
12:27A Máfia.
12:57Erei, eu Oxum, Oxum, minha avó, Alabedu, Oxum garante vosso pedido.
13:06E isso quer dizer?
13:07Que serás mãe. Ela é a rainha dos nascimentos.
13:10Mas os médicos dizem que eu não posso nem me arriscar em engravidar outra vez,
13:14que posso morrer ou parir.
13:16O que os médicos sabem?
13:19Eu vejo vós me ser com um menino nos braços e muito feliz.
13:24Um menino?
13:27Fernão morreria de felicidade.
13:29E o que ela precisa fazer pra consegui-lo?
13:32Nada. Oxum gostou muito da moça.
13:35Ela vai dar o menino de presente só pra vê-la sorrir.
13:41Só vai precisar tomar um chá com essas ervas e o milagre se fará.
13:47Ai, Branca.
13:49És minha fada madrinha, Branca.
13:51Ai.
13:57E pensar que tem tanta gente que acha que a minha verdadeira vocação é de bruxa amada.
14:08Vai direto a Portugal.
14:10Sem castigo algum.
14:12Se quebras algo, parta a tua espinha.
14:18Não é castigo maior do que ficar longe de Dom Pedro.
14:22Não é só ódio, não.
14:24É amor também.
14:26Feito de mulher.
14:27Sempre achei esse garoto esquisito.
14:30Coitado do Pedro.
14:31Ficou arrasado um bom par de dias.
14:34E na madrugada da briga, teve um daqueles ataques horríveis.
14:38É epilepsia.
14:40Nunca ouvi demorar tanto pra se recuperar.
14:43Mas os cuidados da esposinha e da marquesa, que de lá não saiu desde então,
14:48me devem ter ajudado bastante.
14:50Hora de deixar forte o demonão.
14:54Pobres galinhas do reino.
14:56Não podem ver uma mulher que fogem correndo.
14:59Não, canja nunca é demais.
15:00Eu quero que me diga se está boa de sal.
15:03Porque há pessoas na Europa que acham que comida sem gosto é que faz bem.
15:07Nesta terra pimenta-se tudo demais.
15:10Nem se dá chance ao paladar descobrir o que se come.
15:13Mas o bom mesmo é justamente a variedade.
15:16Um bocado disto hoje, outro bocado daquilo amanhã.
15:22E meus filhos, por que não vêm me ver?
15:24Ah, bem que tentei trazê-los, mas ela não deixou.
15:27Crianças são muito agitadas, Pedro.
15:29Podiam perturbá-lo quando precisava.
15:31Acima de tudo, descanso e silêncio.
15:33É.
15:35Sei.
15:36Estavam é com medo que me vissem babar.
15:38Isso sim.
15:39Ai, não vejo a hora de tê-los.
15:41Andar aqui em cima de mim, apuxar os cabelos de meu peito, bagunçando tudo.
15:46Ah, esta cama fica tão grande quando se dorme sozinho.
15:51Estás bem mesmo?
15:53Como novo.
15:55Então não há mais motivos para cuidados especiais.
15:59Não perdes uma oportunidade de querer ver-me pra fora, não é?
16:02Oh, oh, não há necessidade de brigas.
16:05Ambas não foram amigas quando temiam por minha vida.
16:07E, tanto tempo quieto nesta cama, deixa um homem a ter ideias.
16:15Ainda mais quando suas necessidades se acumulam, não é?
16:18Uma cama tão grande, duas mulheres tão lindas.
16:22Excita a imaginação.
16:24Ele quis, por acaso, sugerir...
16:26Pera-se um cachorro!
16:28Não, não, pera-se!
16:28Não, não, pera-se!
16:29Espera!
16:29Espera-se todos, vem, estou em braço!
16:30Tchau, tchau.
17:00Tchau.
17:30Tchau.
18:00Tchau.
19:00D. João nunca apoiaria.
19:02Lovato!
19:04Então é a vez de Miguel I.
19:09Pedro que esperneie no seu reininho.
19:11Vem, Emélia!
19:23Vem pra água!
19:23O que foi?
19:39Sei quando tenta disfarçar o nervoso.
19:41Miguel deu um golpe.
19:44Ele assumiu o trono de Portugal.
19:46Quanta coragem.
19:48Deve ter se varido das bolas de Galota Joaquina.
19:52Mamãe finalmente chegou ao poder.
19:54Agora eu que digo.
19:56Não te faças de calma só para que não me preocupes.
19:59Sei que estás a ferver.
20:00Fervo comigo mesmo.
20:01Por tanta burrice.
20:03Fico a lembrar dos momentos com Miguel.
20:05E estava tudo lá na minha frente.
20:07Só não via por absoluta sequência.
20:08Não o vias por amor, Pedro.
20:11Tua tolice é acreditar nas pessoas.
20:14Achar que todos são honestos como tu.
20:16Que o que dizem é o que pensam.
20:18Dá um gosto ruim viver desconfiado.
20:20Mas sem dúvida ser enganado.
20:22Tem um gosto muito mais amargo.
20:25Vou ter que voltar a Portugal.
20:27Agora?
20:27O trono é de Maria da Glória.
20:29Tenho que defender o futuro de minha filha.
20:31Mas com essa crise toda, Pedro.
20:33Se a oposição te acusa justamente de ser português demais?
20:36É direito de Maria da Glória.
20:38Existe coisa mais importante que garantir o futuro dos filhos?
20:41Não, meu pai.
20:43Eu não quero uma guerra por minha causa.
20:45Não é por ti.
20:47É por Portugal.
20:48Que futuro o reino pode ter na mão de um celerado?
20:51Mas é vós que deveis reinar.
20:53Estou a ficar velho.
20:55Há quanto tempo não ouves por aqui gritos por causa de mulher?
20:59Tu estás a ficar velho ou eu a ficar cega e surda?
21:02A oposição já te acusa por se preocupar mais com o antigo reino do que com o Brasil.
21:06A oposição só espera que eu caia duro qualquer dia desses.
21:09O povo é uma amante caprichosa.
21:12Cansa-se da rotina.
21:14Quero escândalos novos.
21:16Não vê mais graça nos meus.
21:18Te faz mal ter ódio do próprio irmão.
21:20O que me faz mal é ser tolo e acreditar no sorriso dos outros.
21:23Por enquanto fico aqui a escrever cartas.
21:26A pedir para todos os governos não reconhecerem Miguel.
21:28Um dia que estou velho.
21:31Eu escrevendo, pedindo.
21:34Vamos, velha da glória.
21:36Teu pai tem de trabalhar.
21:37Não.
21:39Ela fica.
21:41Quero que ela leia todos os decretos, veja todos os preitos.
21:44Quero que ela seja a maior rainha que Portugal já teve.
21:50Ah!
21:52Não vais receber os ministros de cerouras, Dão Pedro.
21:56A cavalo velho não se ensina truques novos.
21:59Deixa ser do meu jeito, Amélia.
22:00Dão Pedro há de me vingar.
22:08Pra que essa papelada velha?
22:10Porque aqui está o caminho da minha redenção.
22:12Os documentos de um governo são como seu padre.
22:15Escondem todos os seus pecados.
22:17E como os sacerdotes não pode sair falando neles, temos que soltar-lhes a língua.
22:21Mas o que tem a ver as contas de despesa do Barbacena?
22:23Quando veio tratado do casamento de Dão Pedro.
22:25Ah, logo verás.
22:27Logo verás.
22:28E a Manuela, que tem aquela, nunca mais se procurou?
22:31Nos primeiros tempos do ouvidinho que não batesse a porta da pensão.
22:34Aí sumiu?
22:35Deve ter se lembrado de voltar para o túmulo.
22:38Não disse que encontrava.
22:42Desta vez o Barbacena está perdido.
22:45Mas é uma injustiça.
22:47Demitido.
22:48E dê graças a Deus que não estás na masmorra.
22:51Gastar aquela fortuna alegando que foi comigo?
22:53Mas foi muito difícil conseguir uma noiva para Dão Pedro.
22:57A nobreza inteira bateu minha porta na cara.
22:59Nunca me deixe um pingente de cinquenta brilhantes.
23:02E a nota da despesa está lá.
23:04E nem adianta dizer que é mentira do Xalaça.
23:05Está tudo comprovado.
23:07O Xalaça.
23:08Vingança do Xalaça.
23:09Porque o pus para fora da corte.
23:12Infelizmente com a minha ajuda.
23:14E agora começo a acreditar que ao menos ele gostava mesmo de Pedro.
23:17Dão Pedro não está em condições de desprezar apoios.
23:21Ele há de se arrepender.
23:25Por que, Chico?
23:27Só porque eles querem?
23:29Mas eu não tenho medo deles e nem de ninguém.
23:31Perdida!
23:32Vagaburra!
23:33É isso mesmo!
23:34Perdida!
23:35Vagaburra!
23:39Vagaburra!
23:39Vagaburra!
23:41Filhos da mãe!
23:42Já que não tem coragem de vir até a quinta me atacar,
23:44vigam-se nela.
23:45Talvez o melhor seja ela se afastar do Rio.
23:48Não pense que me aproveite da situação, Pedro.
23:52Eu sei, minha filha.
23:56O que foi?
23:58Não podiam ao menos fingir que não conspiram pelas minhas costas?
24:02Sou bobo, mas não sou cego.
24:08Não podia ir até São Paulo viver com Domitila.
24:11Não tenho roubado tanto que me queres me ver pelas costas.
24:15Entendes o que eu digo?
24:16Aqui ela é um alvo.
24:17Sim, eu posso ir, mas não é a saída.
24:22Eu te conheço.
24:24Ficas um mês sem ela.
24:26Não aguenta, manda ela voltar.
24:29É bem possível.
24:31Tenho que dar a Domitila uma vida.
24:32Nunca pude lhe dar o que ela realmente merece, um nome, para poder andar na rua de cabeça erguida.
24:38Embaixador inglês se apaixonou por ela, parece até que fez proposta, mas ela o pôs para correr.
24:47Nem me contou.
24:49Se fosse outra, tinha usado isso para que eu tivesse ciúmes.
24:52Não sou um tolo quando digo que ela não é interesseira.
24:55Me ama de verdade.
24:56Não precisa dizer mais nada, Italiana.
25:01Sei o que devo fazer.
25:02Não faz isso, Pedro.
25:21Tu morre sem ela.
25:27Devo isso a Domitila.
25:28O embaixador inglês Wright.
25:38Um fã teu.
25:39É, já tive o prazer de conhecê-lo.
25:41Ele me contou que mal pôde conversar contigo.
25:44Devia dar uma chance a ele.
25:46Suas histórias de caçadas na África são impagáveis.
25:49Ficam melhores contadas por vós, Imperador.
25:52Com licença.
26:02Assim teus convidados ficam constrangidos.
26:04O que foi, Pedro?
26:05Queres te livrar de mim, é isso?
26:07Cansaste de mim e agora coloco um outro na minha vida para que me tire do teu rastro?
26:10Isso tudo por causa daquela anã sorridente?
26:13Tudo tem que ser uma guerra.
26:15Apresento-se alguém que quer conversar e só...
26:17Cansaste dos meus ataques, não é isso?
26:20De desviar dos vasos?
26:22Mas não me entrega a outro homem como se eu fosse uma peça velha de roupa sendo dada a um pobre.
26:27Eu não preciso de ti, nem nunca precisei.
26:31Se é a que me enfiei, foi para estar próximo ao homem que amava.
26:34Queres que eu saia? É isso?
26:37Não coloques em minha boca as palavras que tu queres dizer.
26:40Como se eu quisesse essa casa para viver presa.
26:43Ou como se eu quisesse ser a mulher mais odiada desse país.
26:47Desde que te conheci, tu só atrasaste a minha vida.
26:51Então, livra-te.
26:52Agora, eu estou virando inimigo.
26:53Tcham!
26:53Tcham!
26:58Tcham!
26:59Tcham!
26:59Tcham!
27:00Tcham!
27:01Tcham!
27:04Tcham!
27:06Tcham!
27:11Tcham!
27:13Tcham!
27:21A casa é tua.
27:26Vende e compra outra onde quiseres.
27:51Me deixa sozinha, Amélia.
28:05Não quero ficar.
28:07Choro por outra.
28:09Não deixe que te humilhe.
28:11Por quê?
28:12Já enfrentaste tanto por ela?
28:15Se me tirou o poder,
28:18se decreto a república,
28:19o que será dela?
28:22A ti e aos meninos,
28:24um navio presilho.
28:25A mim pode arrancar minha cabeça.
28:28Mas e a ela?
28:29Ninguém te derruba, Pedro.
28:31O povo te ama.
28:34Esse homem pode dar a única coisa que não pude.
28:37Um nome,
28:39um lado decente, respeito.
28:42Já é hora dela ter feito isso tudo.
28:46A cigana disse que morro jovem.
28:48Não.
28:49Não, não, não mais nunca.
28:51Te vejo velho do meu lado,
28:55todo trêmulo a tentar me enganar.
28:57Apoiando-se em sua bengala
28:59para ir atrás de alguma criada
29:00que irá sorrir de pena.
29:02E tu,
29:03o pavão de sempre,
29:05a ter certeza que ela te acha maravilhoso.
29:07eu vou me rir disso tudo,
29:10e eu vou me rir disso tudo, Pedro.
29:18Chora.
29:24Chora.
29:27Chora que não conto pra ninguém.
29:29O que gostas tanto daqui?
29:40Lembra-me a época em que era livre,
29:42feliz.
29:43És novamente?
29:45Até dinheiro o Dom Pedro vai te mandar.
29:47Dinheiro daquele só acredito vendo.
29:49A cabeça e o destino são de rei
29:51e a mão de comerciante.
29:52Mas tens um dinheiro a receber
29:54do conde,
29:55o marido da Manoela,
29:56lembrar um toque neste nome.
29:58Despreza-se teu pagamento, chalaça?
29:59Se é dela.
30:00Do marido.
30:02Não sabes que ela sumiu de Lisboa?
30:05Só vim porque eu chamava
30:06a hora do conde.
30:07É, é um momento só,
30:08porque logo tudo se resolve.
30:09Não há nada a ser resolvido.
30:11Uma dívida apenas a ser paga.
30:12E não me importa
30:13o que aquela mulher dele
30:14queria vir e trabalhar.
30:17Ah, não.
30:17Não, não.
30:18Estou velha demais pra este truque.
30:19Não, me escuta.
30:21Pra quê?
30:22Se já tivesse tudo o que querias.
30:23Não.
30:24Ainda não.
30:27Ainda não me perdoa.
30:29Me perdoa.
30:30Por tudo que é mais sagrado,
30:32me perdoa, me perdoa.
30:34Me perdoa.
30:35Como desautorizas minha ordem?
30:37Uma tolice fazer acordo
30:39com essas aves de rapina?
30:40São os deputados que me apoiam, mãe?
30:41Não tens de mendigar apoio?
30:45Primeiro você os assusta.
30:47Faz com que vejam
30:48como dependem de ti.
30:50Aí ofereces a mão.
30:52Vem beijá-la
30:53como cães agradecidos.
30:56Se tenho de fazer concessões,
30:58é porque vós viveis
30:59a provocá-los.
31:01Isto não é o reino de castela
31:03onde cresceste.
31:04Não temos mais o mesmo poder.
31:06Se não tens,
31:08é porque és um frouxo.
31:11Tanto não sou um frouxo
31:18que afasto agora
31:21pior dos aputres que me rondam.
31:31Que brincadeira é essa, Miguel?
31:33O rei é Dom Miguel
31:35e não Dona Carlota Joaquina.
31:42Para onde me levam, Miguel?
31:43Para o castelo do Porto.
31:46Lá é mais quente, mamãe.
31:48Tua saúde estará bem melhor cuidada.
31:50Maldito!
31:52Maldito!
31:54Cuspirei em teu túmulo, Miguel!
31:55Não faça isso!
31:58Miguel!
31:58Miguel!
31:59Agora esperamos, Poupedo.
32:01Um tedê, um?
32:02Organizado pelos liberais?
32:04E pelos militares.
32:05Dizem orar pela Constituição.
32:08Como se não fosse eu
32:09que mais se bateu por ela.
32:11Não sabias mesmo?
32:13Nem me convidaram.
32:14Querem vos atingir com pequenices.
32:17Plácido, prepara o Artigas.
32:19Não vás, por favor.
32:20Querem vos provocar.
32:22Não tenho medo de cara feia.
32:23O Artigas.
32:24Pedro IV, sim!
32:27Pedro I, não!
32:29Pedro IV, sim!
32:30Pedro I, não!
32:32O que eles gritam, afinal?
32:34Quem é Dom Pedro IV?
32:36Seria o título de Dom Pedro
32:37como rei de Portugal.
32:38Querem dizer que o preferem
32:39lá distante que como rei do Brasil.
32:41É muita ingratidão.
32:43Pedro IV, sim!
32:45Pedro I, não!
32:47Pedro IV, sim!
32:49Pedro I, não!
32:54Pedro II, não!
33:20Pai!
33:31Papai!
33:33Senta!
33:34Não te preocupes.
33:36Não vão ter um daqueles ataques.
33:38Pede chumbo.
33:40Acusa-me por ser português!
33:41Somos aproveitadores.
33:43Confundem o povo!
33:44Misture umas questões como se até a falta de chuva fosse por tua causa.
33:50Calma. Ninguém toca em ti sem que me matem.
33:53Há muita ruaça também no campo de Santana, Pedro.
33:55O que queres que eu faça?
33:56A milícia precisa conter essa gente. O exército, Pedro.
33:59O exército? Contra o meu povo.
34:01E existe outro caminho?
34:04Ou pões o exército nas ruas, Pedro.
34:06Ou é o fim.
34:10Então vai ser o fim.
34:20E aí

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