Sir Thomas Cavendish e a invasão da Capitania do Espírito Santo (08/02/1592)

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Sir Thomas Cavendish e a invasão da Capitania do Espírito Santo (08/02/1592)

Belchior Azeredo assumiu as funções de capitão-mor de 1561 a 1564, com todos os poderes e jurisdições atribuídas anteriormente a Vasco Fernandes Coutinho. Posteriormente, Azeredo participou da expulsão dos invasores franceses da baía de Guanabara, no comando de uma das naus da esquadra de Cristóvão de Barros, sendo recompensado com a doação de uma vasta sesmaria, onde se fixou com seus familiares.

Vítima de ataques esporádicos de ingleses e de franceses, foi atacada pelo corsário inglês Thomas Cavendish em 8 de fevereiro de 1592, ocasião em que foi derrotado com a perda de oitenta homens de sua tripulação, não apenas por causa da invasão, mas também devido ao ataque de índios.

A chegada, entretanto, não foi como eles haviam previsto. Cavendish e seus homens não conseguiram adentrar a baía de Vitória com suas embarcações, pois o canal de acesso era muito mais raso do que o português havia informado. Sentindo-se traído, Cavendish ordenou a execução do português por enforcamento. Desanimado pelo fracasso inicial, Thomas Cavendish pensou em desistir da missão. No entanto, devido ao desejo de grande parte da tripulação de desembarcar e tomar a povoação, ele acabou cedendo e enviou 120 homens em dois botes, liderados pelo capitão Morgan e pelo tenente Royden.

O que deveria ser um ataque surpresa transformou-se em um desastre completo. Os portugueses, tendo avistado os ingleses na costa na véspera, construíram secretamente dois pequenos fortes para defender a vila. A capitania, administrada na época por D. Luíza Grimaldi, viúva de Vasco Fernandes Coutinho, o primeiro donatário da capitania, com a ajuda do capitão adjunto Miguel de Azeredo, resistiu bravamente. Com o apoio dos índios das aldeias jesuítas, os moradores infligiram grandes baixas aos invasores e os forçaram a recuar.

Knivet, que presenciou a batalha, relatou que o primeiro bote conseguiu tomar um dos fortins, expulsando os portugueses que lá estavam. O outro bote, no entanto, encalhou em um rochedo em frente ao forte, fazendo com que a maioria de seus ocupantes caísse no mar com todas as armas, resultando em muitas mortes por afogamento. Em desvantagem, os ingleses não tiveram outra opção a não ser fugir.

A retirada dos ingleses foi custosa: Knivet observou que oitenta homens morreram no ataque. Os sobreviventes, além de carregarem a derrota, sofreram com as flechas dos índios, já que dos quarenta que escaparam, todos estavam feridos, muitos com várias flechas em seus corpos.

A derrota inglesa no Espírito Santo demonstrou a consolidação da colonização na capitania. Atraindo a cobiça dos corsários pelos recursos econômicos da região, os moradores mobilizaram todos os meios disponíveis para resistir. Além disso, o ataque revelou os desafios e perigos enfrentados pelos colonos no Brasil do século XVI.

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